Teresa só pôde frequentar até o quarto ano
do primeiro grau, pois com o seu trabalho de pastorinha procurou contribuir
para o sustento da família. Trazia o Terço sempre consigo e no campo nunca
parava de rezar.
Teresa
era uma jovem extremamente reservada, modesta, delicada no relacionamento com
as pessoas, sempre pronta a dar a sua ajuda. E bela: dois grandes olhos escuros
e aveludados sobressaíam num rosto sereno e pensativo, emoldurado por grandes
tranças castanhas. Bela, mas sem qualquer vaidade. Sabia atrair a admiração
respeitosa dos conterrâneos: “Uma garota assim, eu nunca tinha visto antes e
jamais vi depois”, afirmou um deles. “Havia nela algo de diferente das
demais garotas”, recorda uma amiga. “Era a melhor de nós todas”,
confia sua irmã Ana.
Ginin – como era chamada – sacrificava de boa vontade preciosas
horas de sono desde que pudesse comungar. A igreja não ficava tão perto de sua
casa, e a missa era ali celebrada ao alvorecer. Mesmo assim, Teresa jamais
renunciava à Santa Missa, por nada no mundo. A Eucaristia, a devoção a Nossa
Senhora e a espiritualidade das obrigações, eis o segredo da sua santidade.
Na casa da família Bracco chegava regularmente o Boletim Salesiano.
Do número de agosto de 1933, Teresa cortou a terceira página que trazia a
figura de Domingos Sávio, filho de camponeses como ela, que havia sido declarado
venerável há pouco, e que tinha feito o seguinte propósito: “A morte, mas
não o pecado”. A pequena – tinha apenas nove anos – ficou fascinada por
ele, e colocou a página na cabeceira da cama. Desde então, o mote de Domingos
foi também seu. Declarou guerra ao pecado: “Antes, eu me deixo matar”,
escreveu. E manteve o propósito.
Em 28 de agosto de 1944, uma feroz investida alemã chega a Santa Giulia
e Teresa, assim como outras mulheres e crianças da região, foi tomada como
refém de guerra por soldados alemães. Entendendo as intenções não benevolentes
dos oficiais, Teresa tentou fugir indo em direção à floresta, mas foi alcançada
por um oficial que, tomado pela raiva, a estrangulou e disparou um tiro de
pistola no coração. O soldado ainda chutou o corpo já sem vida de Teresa,
provocando a quebra do crânio.
O corpo da jovem foi encontrado na floresta dois dias depois. Teresa
tentara inicialmente fugir às atitudes brutais do soldado; depois, vendo a
inutilidade de seus esforços, preferiu renunciar à vida a perder a virtude tão
ciosamente conservada. O seu sacrifício não foi senão o último de uma vida
inteiramente vivida pelo Evangelho. Toda a dinâmica do assassinato foi
esclarecida pelo exame dos restos feitos em 10 de maio de 1989, sob a ordem do
tribunal eclesiástico.
João Paulo II beatificou-a em Turim no dia 24 de maio de 1998, memória
de Maria Auxiliadora, durante sua peregrinação ao Santo Sudário.
Fontes:
santiebeati e Bollettino Salesiano,
Março, 2004
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