domingo, 8 de fevereiro de 2015

Beata Eusébia Palomino, Religiosa Salesiana - 9 de fevereiro

    
     No crepúsculo do século XIX, no dia 15 de dezembro de 1899, nasceu Eusébia Palomino Yenes em Contalpino, pequeno povoado de Salamanca, Espanha, em uma casinha baixa, escura e fria. Seu pai Agostinho Palomino tinha uma saúde frágil e sua mãe, Joana Yenes de Villaflores, nunca sabia o que colocar à mesa para saciar a fome de seus filhos. Mais tarde ela diria: “Lembro-me tanto da minha querida casinha, onde passei a minha infância”.
     Quando criança precisava pedir esmolas pelas ruas com seu pai, que após sofrer um acidente no trabalho braçal, não podia mais exercer nenhuma atividade física pesada. Mas esta jovem recebeu do pai desde muito cedo a fé. Nas recordações mais queridas de sua infância estão a participação nas pregações dos missionários que passaram por sua cidade e um grande susto, do qual foi livrada pela intercessão de Nossa Senhora, quando caiu no poço ao tirar água para a família.
     Seu pai, pobre de bens, mas rico dos valores do Sumo Bem, fazia questão de ensinar a ela as primeiras lições de catecismo, e instrui-la o mais que podia na bondade e caridade.
     Frequentando a escola, Eusébia se deparou com outro mundo que não era seu, mas teve que  deixar os livros para ajudar a mãe a procurar lenha no bosque. As poucas forças não a impediam de caminhar alegremente pelas estradas para se preparar para o grande dia da 1ª Comunhão. Então sim, aprendia com facilidade, porque eram coisas de Deus. No dia da Ascenção de 1908, quando tinha 8 anos de idade, recebeu Jesus Sacramentado pela primeira vez; viveu este acontecimento com um fervor inusitado em tão pouca idade.
     Estava convencida de que não era feita para este mundo. Escreveu: “O pouco que tinha era muito para mim, pois nada me podia distanciar das delícias que gozava pensando no céu”. Suas devoções: Nossa Senhora e as Santas Chagas de Jesus Cristo.
     Devido à necessidade extrema de sua família, Eusébia trabalhava para uma família como babá pela manhã e à tarde de ajudante na roça da propriedade desta mesma família. Trabalhando em contato direto com a natureza, Eusébia passou a contemplar o Criador de todas as coisas e a desejar se consagrar inteiramente a Ele.
     Aos 13 anos, no verão de 1912, Eusébia partiu com sua irmã Dolores para Salamanca superando a dor da saudade da casa e passou a trabalhar em um asilo, onde ajudava na limpeza, cozinha, arrumação e costura.
     Aconteceu então um fato singelo e significativo: trabalhando na horta do asilo, Eusébia encontrou uma medalha de Maria Auxiliadora e teve a certeza de que aquela doce Senhora seria companheira de toda a sua vida. Em poucos dias, deu-se o segundo e providencial encontro: no dia 24 de maio, Festa de Nossa Senhora Auxiliadora, saindo da missa na Igreja dos Jesuítas, viu passar uma procissão com a imagem de Maria Auxiliadora e imediatamente pensou que poderia fazer-se religiosa.
     Duas semanas depois, encontrou uma jovem que insistiu que fosse com ela ao Oratório das Irmãs Salesianas. Vendo ali a imagem da sua Auxiliadora, Eusébia ouviu uma voz interior que dizia: “É aqui o teu lugar”. Mas Eusébia resistia, pois sua pobreza não lhe permitia ficar naquele lugar.
     E quem era aquela jovem que a convidou para ir ao Oratório? Ela não soube e nunca mais a encontrou em sua vida! Eusébia passou a frequentar o Oratório assiduamente, até as Irmãs salesianas a convidarem para morar com elas e assim ajudar nos serviços da casa e estudar.
     Ela só pode ingressar no Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora em 1921, emitindo seus primeiros votos religiosos em 5 de agosto de 1924.
     Foi destinada à casa de Valverde del Camino, uma pequena cidade que na época contava com 9.000 habitantes, situada na zona mineira de Andaluzia, nos confins com Portugal. Nesse local, se ocupava da cozinha, da portaria, da rouparia, no cuidado da pequena horta e na assistência às meninas do Oratório.
     Eusébia sempre foi muito tímida e simples. Dedicada no Oratório, na catequese e nas atividades domésticas, Irmã Eusébia destacava-se por sua humildade, singeleza e sinceridade. Não atraía pela espontaneidade, mas pelo carinho e afeto com que realizava as mais simples tarefas.
     Graças a sua grande memória, ela costumava lembrar-se dos feitos missionários, vidas de santos, episódios da devoção mariana, fatos da vida de Dom Bosco, e surpreendentemente atraía para sua cozinha as jovens que desejavam sua agradável companhia, sempre carregada de fé, palavras de bondade e alegre amizade.
     Era conhecida por sua devoção pelo Rosário das Santas Chagas. Tinha o costume de rezar frequentemente a Via Sacra. Ela insistia muito na necessidade de confessar-se e comungar com frequência para sermos bons católicos.
     E as notícias corriam: se dizia dela que era humilde como jamais se tinha visto, rezava sempre, profetizava acontecimentos, tranquilizava as consciências, conduzia as almas à graça divina, fazia sinais milagrosos...
     Em 1930 a guerra civil já se fazia sentir. Eusébia predisse: “A Espanha viverá dias sangrentos. Haverá mártires”.  Ela mesma se oferece como vitima pela liberdade da religião; consagrou-se ao Senhor “como vítima de amor para a salvação das pessoas e para o crescimento do Reino de Jesus e de minha mãe Maria”, conforme as palavras que ela própria escreveu em sua autobiografia, redigida nos anos de enfermidade.
     Desde agosto de 1932 Eusébia começou a sofrer dores muito fortes provenientes da asma, uma enfermidade que há muito tempo tinha, mas que nunca se havia apresentado assim. Com esta, outras doenças e dores se fazem sentir.
     Até 1933, Irmã Eusébia ainda auxiliava nas atividades com as educandas, mas a partir deste ano, quando a República Revolucionária da Espanha decretou a ilegalidade da Igreja Católica, a sua saúde declinou ainda mais e estava acamada a maior parte do tempo. Quando percebia alguma melhora na saúde, por menor que fosse, descia para a capela para rezar ou ao pátio onde reunia em torno de si grande parte das alunas, atraídas pelo seu sorriso simples e amável.
     No dia 4 de outubro de 1934, enquanto algumas irmãs rezavam com ela no lugar onde ela se encontrava, interrompe e empalidece dizendo: “Rezem muito pela Catalunha”. É o inicio da revolução das Astúrias e da proclamação do Estado Catalão em outubro de 1934, que estavam dentro da revolução de 1934, começando a perseguição religiosa. Sua querida diretora, a Beata Carmem Moreno Benitez foi fuzilada com outra irmã em 6 de setembro de 1936.
     Em 1934, embora no quarto, ela pode se alegrar com a canonização de São João Bosco, a quem muito amava como pai e fundador e em quem se espelhava na confiança plena a Maria Auxiliadora.
     Irmã Eusébia Palomino morreu na noite do dia 9 para o dia 10 de fevereiro de 1935, em Valverde del Camino, Huelva. Nos seus momentos de agonia ela falava apenas de coisas belas do céu, da eternidade feliz e sorrindo adormeceu na paz de Nosso Senhor.
     O povo da cidade, as alunas, as irmãs, que conheciam de perto a heroicidade de Irmã Eusébia Palomino, já a consideravam santa e, em 25 de abril de 2004, foi declarada Beata pelo Papa João Paulo II.
     Humildade, alegria, piedade, prudência, virtudes simples, mas angulares para se alcançar a santidade. Elas foram vividas por Eusébia Palomino, Filha de Maria Auxiliadora, chamada a pérola da Igreja espanhola.
     Em Eusébia Palomino, encontramos uma Filha de Maria Auxiliadora que como boa salesiana soube viver a espiritualidade cotidiana do cumprimento do dever na alegria, fiel e confiante na Eucaristia e na Virgem Maria.
O Quadro Milagroso
     Sua história é a seguinte: por seis anos Manuel Parreño, pintor nascido em Valverde, ficou sem dar inicio ao quadro encomendado pelas religiosas. Ele não possui mãos, realizando suas obras com os dedos dos pés. Isto aumentava a dificuldade de obter um retrato perfeito da virtuosa morta.
     Um dia o pintor agnóstico se decide a começar a obra e dirigindo-se à futura beata, diz: “Vamos ver se é verdade o que dizem de ti!” Surpreendido e aterrorizado, em pouco mais de quatro horas dá por terminado o quadro de 1,30 x 0,80 m! Além disto, neste espaço de tempo a pintura aparecia completamente seca, sendo isto humanamente impossível, pois a pintura a óleo precisa de vários dias para sua secagem. Acrescente-se que Parreño normalmente levava 14 ou 15 dias para finalizar cada um dos seus trabalhos... Este acúmulo de maravilhas fez com que o pintor se convertesse em um católico fervoroso e um entusiástico devoto de Irmã Eusébia.
 
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