Enquanto o filho,
depois de tantos e tantos séculos, ainda é muito célebre, a mãe caiu no
esquecimento da História. Trata-se da Beata Bertranda (ou Berta) de Laon, mãe
do imperador São Carlos Magno.
Tendo nascido em
726, foi esposa de Pepino, o Breve, e Rainha dos Francos. Ela faleceu em 12 de
julho de 783 e foi enterrada em Saint-Denis, junto com o esposo, onde o seu
túmulo, mandado restaurar pelo rei francês São Luís IX, leva como única
inscrição "Berta, mater Caroli Magni".
Os historiadores
dizem que o grande imperador nutria uma ternura respeitosa por sua mãe e que
ouvia os seus conselhos com certa deferência.
Não sabemos nada
de certo sobre as origens de Bertranda: segundo alguns era a filha de
Cariberto, Conde de Laon, enquanto outros defendem que ela era filha de um
imperador de Constantinopla.
Porém, é do
conhecimento de todos os historiadores como os reis dos Francos se preocupavam pouco
com as origens mais ou menos ilustres de suas esposas; ninguém nunca se ocupou em
descobrir verdadeiramente de onde veio a Rainha Berta, já que até mesmo a
antiga poesia heroica e as várias legendas também deixam de fora a questão.
Seu culto como
"beata" tem um caráter estritamente local. Às vezes ela é conhecida
como "Berta a Piedosa".
A Beata Berta é
considerada padroeira das fiadeiras. “Do tempo em que a Rainha Berta fiava”.
Este adágio, que remonta aos nossos avós, demonstra qual era a veneração que
eles tinham por Berta, que permanecera em suas lembranças como um tipo de
perfeição real e feminino. Este renome que atravessou os séculos é entretanto o
pouco que nos restou da Beata Berta.
Sua festa é
celebrada em 24 de março.
Dados Históricos
Ela
era filha de Cariberto, Conde de Laon, cuja mãe, Bertranda de Prüm, co-fundadora
do Mosteiro de Prüm, talvez fosse filha do rei merovíngio Thierry III; e de
Gisele da Aquitânia.
O casamento de
Bertranda com Pepino coloca uma série de problemas. A documentação
contemporânea, estudada pelo historiador Leo Levillain (1870-1952), retomada
depois por Christian Settipani, cita Bertranda como única esposa de Pepino, o
Breve.
Alguns
escritos indicam, entretanto, que Pepino fora casado primeiro com Leutburgie ou
Leutberga, com a qual ele teria tido cinco filhos, totalmente desconhecidos em
outros lugares. Esta legenda de uma primeira esposa talvez tenha erroneamente
origem no
Li Roumans de Berte aus grans piés (A história
de Berta dos pés grandes), em que o autor dá uma
primeira esposa, chamada Leutburgie, à Pepino.
A data de seu
casamento também é objeto de discussão. Os Anais
de Prüm mencionam 743 ou 744 e os Anais
de Saint-Bertin, escritos cem anos mais tarde, indicam 749. Em qualquer
caso, Pepino era então prefeito do palácio.
A data de nascimento
de Carlos Magno também é controvertida. De acordo com Einhard em sua Vita Caroli, Carlos Magno tinha 72 anos quando
de sua morte em 814. Mas o seu testemunho é incerto. Os Anais Petaviani dão a data de 747, mas eles também afirmam que
Carlos Magno nasceu após a ida de seu tio Carlomano à Roma, num evento que
ocorreu após 15 de agosto de 747, ocasião em que Carlomano assinou uma carta a
favor da Abade Anglinus, de Stavelot-Malmédy. Além disso, em 747 a Páscoa caiu
em 2 de abril e os colunistas não teriam deixado de notar a coincidência. É por
estas razões que o nascimento de Carlos Magno é provavelmente considerado no
dia 2 de abril de 748, e o casamento de seus pais em 743 ou 744.
Bertranda deu à
luz a Carlomano em 751, ano em que Pepino tornou-se rei dos Francos após a
deposição do último rei merovíngio Childerico III. Ela foi coroada com o marido
em Soissons.
Em julho de 754,
por ocasião da sagração do marido em Saint-Denis, ela recebeu a bênção do Papa Estevão
II, bem como seus filhos Carlos e Carlomano.
Após cerca de 10 anos de casamento, Pepino tentou se separar
de Berta, mas o papa persuadiu-o com firmeza a mantê-la como esposa; ela lhe deu
sete filhos dos quais três atingiriam a idade adulta: Carlos
Magno (748-814 ou 742); Carlomano (751-771); Gisele, abadessa de Chelles
(757-811).
Dotada de uma
personalidade doce e afável, Berta era muito ativa durante o reinado de seu marido,
a quem ela muitas vezes dava conselhos.
Após
a morte de Pepino (768), Carlos e Carlomano tornam-se reis dos Francos, tendo o
reino sido dividido entre eles, de acordo com os costumes francos. Bertranda se
esforçou para manter alguma influência sobre eles. Ela inclusive tratou do
casamento de Carlos, em 770, com Désirée da Lombardia, mas ele a repudiou em
771. Ela também tentou manter a harmonia entre os dois irmãos.
Com a morte de
seu irmão em 771, Carlos apossou-se de seus territórios em detrimento de seus
sobrinhos. Ele afasta sua mãe, que deixa a corte para se retirar na Abadia de
Choisy-au-Bac, local de sepultamento de alguns reis merovíngios (na Igreja de
Sto. Estevão), perto de Compiègne, onde ela morreu em 783.
Ela foi sepultada na Abadia
de Saint-Denis, junto ao esposo Pepino, o Breve.
Inspiração
literária
Berta inspirou o
trovador Adenet le Roi, que escreveu, em 1270, Li Roumans de
Berte aus grans piés. Neste poema ele narra uma suposta substituição
no casamento de Pepino, que foi enganado e desposou uma falsa rainha,
surpreendentemente parecida com sua noiva Berta, princesa húngara. Esta última
foi finalmente reconhecida pelo comprimento dos pés.
Berta dos pés grandes também é citada na
Balada das damas de outrora de François
Villon. Em 21 de outubro de 2014, Rémi Usseil publicou Berthe au grand pied, uma canção épica moderna vagamente baseada no
poema de Adenet le Roi.
Fonte: fr.wikipedia.org/wiki/Bertrade_de_Laon
Como ela morreu?
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