Elvira Moragas Cantarero nasceu em
Lillo, Província de Toledo, Espanha, no dia 8 de janeiro de 1881. Seu pai era
farmacêutico e quando Elvira tinha 5 anos a família transferiu-se para Madri. Elvira
fez o curso de Farmácia na Faculdade de Madri, sendo uma das primeiras mulheres
a alcançarem o título na Espanha. Após a morte do pai em 1909, Elvira assumiu a
farmácia da família.
Quando seu irmão Ricardo terminou
seus estudos de Farmácia, seguindo os conselhos do seu diretor espiritual, o
jesuíta Maria Rubio Peralta (mais tarde beatificado), Elvira decidiu abraçar a
vida religiosa.
Assim, em 1915, entrou no mosteiro das Carmelitas Descalças de Santa Ana
e São José de Madri, quando adotou o nome de Maria Sacrário de São Luís Gonzaga.
Na noite de Natal de 1916 fez a sua prima profissão; na Epifania de 1920 emitiu
a profissão solene.
No convento continuou a sua obra beneficente de farmacêutica com a ajuda
do irmão, demonstrando ser uma mulher de “caráter forte e enérgico, capaz de
levar até ao fim os mais altos ideais de santidade”, como foi testemunhado pela
sua Mestra de noviças. Foi eleita priora para o triênio 1927-1930.
No início de julho de 1936, Madre Maria Sacrário foi novamente eleita
Priora da comunidade, e dias depois o Carmelo foi assaltado por uma multidão
violenta que saqueou e destruiu muitas coisas. Madre Maria Sacrário não quis
fugir de Madri com o irmão para poder assistir as Irmãs dispersas pela cidade,
ficando hospedada em casa de pessoas amigas.
No dia 14 de agosto desse mesmo ano, os soldados levaram a Madre para a prisão
republicana da Rua Marquês de Riscal, famosa pelas crueldades que ali eram
feitas. Foi interrogada várias vezes,
mas Madre Sacrário não respondia, apenas escrevia num papel: “Viva Cristo
Rei!”, expressão dos mártires daquela época sanguinária. Durante a noite foi
transportada para a Padrera de San Isidro e nas primeiras horas da manhã foi
fuzilada. Era o dia 15 de agosto, Festa da Assunção de Maria. Madre Sacrário
tinha 45 anos; concretizou-se assim o seu desejo de morrer mártir por Cristo,
imolando-se pelo bem da Igreja.
Foi beatificada no dia 10 de maio de 1998 por João Paulo II na Praça de
São Pedro, Roma. Os
farmacêuticos da Espanha e do mundo encontram nela uma patrona celeste que
trabalhou com competência e bondade no laboratório e na farmácia, mas também
agiu com dignidade e heroísmo diante da morte.
A Igreja a recorda no dia 15 de agosto,
enquanto os Carmelitas Descalços comemoram-na no dia 16 de agosto.
Das
cartas e escritos da Beata Maria Sacrário de São Luís Gonzaga:
Jesus reine sempre em meu coração. O
Senhor pede-me que seja humilde, que chore meus pecados, que ame muito minhas Irmãs,
que não as mortifique em nada, nem eu me mortifique por nada, que viva bem
recolhida Nele, sem vontade própria, completamente abandonada à sua divina
vontade. Neste vale de lágrimas não podem faltar sofrimentos e temos de estar
contentes por poder oferecer algo ao nosso amantíssimo Jesus, que tanto quis
sofrer por amor a nós. O caminho da cruz é o que sempre devemos desejar; que o
Senhor não permita que eu me separe de sua divina vontade.
Bendito seja Deus que nos dá estes
trabalhos para que os ofereçamos por amor a Ele! Em breve chegará o dia em que
nos alegraremos por tê-los sofrido. Enquanto isso, sejamos generosas, sofrendo
tudo, se não o pudermos com alegria, ao menos com muita conformidade à divina
vontade de que tanto padeceu por amor a nós; pois por grandes que sejam nossos
sofrimentos, nunca chegarão aos seus.
Se quiseres ser perfeita, procures ser por
primeiro muito humilde no pensamento, palavra, obras e desejos, pensa bem o que
isto quer dizer e trabalha com fervor para consegui-lo. Mantém sempre o olhar
em nosso amantíssimo Jesus, perguntando-Lhe no íntimo de teu coração o que quer
de ti, e não lho negues nunca, ainda que tenhas que fazer muita violência à tua
natureza.
Bendito
seja quem proporciona tudo para o nosso bem! Tendo a Ele, tudo teremos.
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