Martirológio
Romano: Na Irlanda, Santa Attracta, abadessa, que se diz ter recebido o véu das
virgens das mãos de São Patrício.
Provavelmente um monge cisterciense da
abadia de Boyle, em Connaught, que viveu no século XII, foi autor da Vita de Attracta (Araght, Tarahata,
Taraghta, seus nomes em irlandês), obra mutilada que se encontra na Biblioteca
dos Frades Menores de Dublin sob o cod. Attracta 24. O bolandista Henschen, que
reproduziu parte da Vita de Attracta
na edição de Colgan, omite alguns dos numerosos episódios fabulosos e
extravagantes contidos nela julgando-os fúteis.
São muitas as opiniões discordantes com
relação à época em que Attracta viveu. Lanigan sustenta que Attracta floresceu
na segunda metade do século VI, fundamentando a sua afirmação no fato, segundo
alguns, de ter sido contemporânea de São Corbmac, irmão de São Elvin, abade de
Roi Glas, e de São Nathy de Achonry, que viveu no século VI ou VII.
Alguns autores afirmam ser ela irmã de São
Patrício, mas entre os pretensos irmãos do Santo não há nenhuma mulher com este
nome. Embora não seja verdadeira a informação de parentesco entre eles, todavia,
como observa O’Hanlon, nas vidas antigas do Santo aparece o nome de Attracta,
discípula de São Patrício, que dele teria recebido o véu das virgens. Esta
informação portanto coloca Attracta no século V.
O
fato de Santa Attracta ter recebido o véu de São Patrício é corroborado por
Tirechán, no “Livro de Armagh”, de acordo com a seguinte passagem no “Documenta de S. Patricio” (ed. Edmund
Hogan, S.J.): "Et ecclesiam posuit
in cella Adrachtae, filiae Talain, et ipsa accepit pallium de manu Patricii".
Quanto às origens da Santa, pode-se dizer
que ela pertencia a uma família de boa condição, quiçá nobre; não se sabe se
seus pais eram cristãos ou pagãos, e o local de seu nascimento é incerto,
talvez possa ter sido na diocese de Killala (Mayo), ou na vizinha diocese de
Achonry (Roscommon).
Segundo a Vita, Attracta decidiu se dedicar a Deus desde a infância e quando
mais tarde seus pais pensaram em arranjar um bom casamento para ela, mantendo
seu propósito ela fugiu para Gregraighe (hoje baronia de Coolavin, Sligo) com a
criada Mitain e o servo Mochain.
A Santa consagrou sua virgindade a Deus,
prometendo dedicar-se ao próximo, em particular aos peregrinos, e passou a viver
no cruzamento de sete estradas, onde realizou numerosas obras de caridade.
Mochain encontrou este local nas vizinhanças do Lago Gara e a Santa ali fundou
um hospital que existiu até 1539. Este local tomou o nome de Killaraght ou Kill
Athracta.
Segundo a Vita tripartita Sancti Patricii, entretanto, Patrício havia fundado
um convento naquele local e ali havia colocado Attracta, na qual havia imposto
o véu virginal, encarregando-a do governo da comunidade. Nesta mesma fonte é
narrado que São Patrício doou ao convento o cálice e a patena com que havia
celebrado a Missa, e que enquanto os dois santos conversavam, caiu do céu uma
casula que o Santo também deixou para Attracta.
O nome de Attracta era tão famoso, que
numerosos locais o levam, por exemplo, Killaraght (Cill Attracta), Toberaraght,
Cloghan Araght, etc., e uma grande cidade que cresceu ao redor do seu oratório de
Killaraght, em Coolavin.
Colgan fala sobre a Cruz de Santa Attracta,
que era famosa durante a Idade Média, da qual é herdeira a família O’Mochain. A
confirmação da existência desta relíquia no inicio do século XV consta de um “Calendar of Papal Letters” (VI, 451)
onde se lê que em 1413 a cruz e o cálice de Santa Attracta (Crux ac Cuach Aracht) eram então venerados na igreja de
Killaraght, na Diocese de Achonry.
Em 28 de julho de 1864, Pio IX autorizou o
Ofício e a Missa de Santa Attracta, a serem celebrados na Igreja da Irlanda.
A festa de Santa Attracta, no dia 11 de
agosto, é celebrada na Diocese de Achonry, da qual ela é a patrona.
Etimologia:
Attracta, talvez seja uma forma
latinizada do nome desta santa. No italiano, attrata, particípio passado do verbo attrarre (atrair) significa atraída,
atraente.
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