O
culto à Mater Dolorosa teve início em 1221, no Mosteiro de Schönau, na
Alemanha. Em 1239, a sua veneração foi divulgada em Florença, na Itália, pela
Ordem dos Servos de Maria (Ordem Servita). O Papa Bento XIII introduziu a festa
na Liturgia. A festa, celebrada no dia 15 de setembro, recorda as Sete Dores da
Virgem Maria:
- A profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas 2, 34-35): seu Imaculado Coração seria transpassado de dor;
- A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus 2, 13-21);
- O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas 2, 41-51);
- O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas 23, 27-31);
- Maria vendo o sofrimento e morte de Jesus na Cruz, Stabat Mater (João 19, 25-27);
- Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus 27, 55-61);
- Maria vê o corpo do filho ser depositado no Santo Sepulcro (Lucas 23, 55-56
Nossa Senhora das Dores é venerada em várias
cidades do Brasil, nos Estados de Minas Gerais, Bahia, Ceará, Rio de Janeiro,
São Paulo, Piauí, Paraná, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul.
Ela também é venerada em vários países:
Estados Unidos, Malta, Espanha.
Nossa Senhora, pelas dores oferecidas,
participou ativamente da Redenção de Cristo. Desta forma, Ela nos aponta para
uma vida em que o sofrimento é a oblação de si para a conversão dos pecadores,
pela conversão do mundo, como Ela pediu em Fátima, em 1917.
Um
exemplo de devoção a Na. Sra. das Dores no Brasil:
História
interlaçada com a história da cidade
Em 1752, Portugueses vindos dos Açores
estabeleceram-se à beira do Guaíba e formaram o primeiro núcleo da futura
cidade de Porto Alegre, próximo de onde, mais tarde, construiriam a Igreja
Nossa Senhora das Dores. Membros da irmandade devota a Nossa Senhora das Dores
rezavam missas na Igreja Matriz, atual Catedral Metropolitana, até 1807, quando
resolveram construir o seu próprio templo, lançando a pedra fundamental em um
terreno entre as ruas do Cotovelo e da Praia, às margens do Guaíba. No início,
esmolas eram levantadas pela comunidade local para construir e decorar a
igreja.
Em 1813, inaugurada a Capela-Mor, foi
realizado o translado da imagem de Nossa Senhora das Dores; a partir de então,
as energias e esmolas se voltaram para a construção do interior da igreja.
No período inicial da construção, um negro
forro conhecido como preto José, era o responsável pelas medidas da obra,
levando a crer que escravos participaram da construção da igreja, embora em
minoria se comparados aos operários contratados.
Porto Alegre, capital da província que foi
palco de inúmeros conflitos, passou por períodos nos quais careceu de verbas
para investir na cidade, quando nem mesmo para esmola havia dinheiro
circulando. A Igreja das Dores, mesmo com as obras paralisadas, permaneceu com
suas portas abertas.
Em 1857, com a cidade entrando em um novo
período de crescimento, foi retomada a construção da Igreja, com espaço para um
hospital, que atenderia os membros necessitados da Ordem. Provavelmente por
falta de verbas, esse espaço nunca foi utilizado. O governo da Província chegou
a solicitar à Irmandade, em 1865, que os enfermos da guerra contra o Paraguai
fossem tratados ali, porém não foram encontradas notícias sobre o uso do espaço
do hospital pelos soldados feridos.
Na década de 1860, foi colocado o
madeiramento do telhado e a abóbada da nave sob a coordenação do Mestre João
Couto e Silva. Em 1866, após a pintura do teto, realizada pelo artista Germano
Traub, o corpo da igreja foi inaugurado. Nos anos seguintes, foi construída a
escadaria para a Rua da Praia.
No início do século XX, Porto Alegre
contava com arquitetos e engenheiros de origem germânica, e o ecletismo
em voga na Alemanha foi apresentado e aprovado pela Irmandade para o projeto da
igreja, sob a responsabilidade do arquiteto Júlio Weise. A construção seguiu
até 1903 quando a igreja foi finalmente inaugurada, apresentando corpo em
estilo colonial português com fachada eclética: frontispício e altas torres,
ornamentados com esculturas em gesso.
Em 1938, a pedido da comunidade, A Igreja
Nossa Senhora das Dores foi tombada pelo IPHAN Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional por seu valor artístico e arquitetônico, na
categoria de Sítio Histórico Urbano Nacional.
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