sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Santa Ariadne de Primnesso, Mártir - 18 de setembro

    
     De acordo com alguns críticos, Ariadne, ou Ariana, é identificada como uma mártir Maria mencionada no Martirológio Romano no dia 1 de novembro, da qual se possui Atas Latinas, a Passio S. Mariae ancillae. Esta identificação parece ser apoiada por uma passagem no Sinassário de Sirmond. Segundo outros, a Passio de Ariana e de Maria são apenas invenções piedosas escritas para a edificação dos cristãos após o período de perseguição. Finalmente, existem aqueles inclinados a admitir a existência histórica de Ariadne, mas negam qualquer valor às Atas, consideradas anacrônicas e irreais.
     No entanto, Franchi de Cavalieri mostrou a confiabilidade desse documento que tem um sabor de autenticidade, como pode se constatar comparando-o com obras literárias do século II-III. Assim, parece que o redator se utilizou das fontes contemporâneas de Ariana, colocando acontecimentos claramente mais tardios. Examinando a história do martírio de Ariadne descoberto em 1899 por João Mercati no cod. Vaticano grego 1853, Franchi de Cavalieri a dividiu em cinco partes, duas certamente autênticas e as outras duvidosas.
     Resumindo criticamente a legenda, ela é apoiada por estes fatos: Adriano e Antonino promulgaram um decreto de perseguição contra os cristãos, que previa a pena de morte para aqueles que recusassem alimentos sacrificados aos deuses, e prometia aos informantes os bens confiscados dos cristãos, e mais 400 denarios. Parte deste edito é certamente falsa, porque é fato conhecido que nem Adriano nem Antonino promulgaram decretos contra os cristãos. No entanto, a menção de uma recompensa de 400 denarios nos remete a um tempo antes da crise cambial do século III: o edito certamente foi publicado, não pelo imperador, mas provavelmente por um magistrado local.
     Ariana era uma jovem escrava de Tertulio, decurião de Primnesso na Frígia, que se recusara a quebrar o jejum no dia do aniversário do filho de Tertulio, foi descoberta como cristã e, depois de ser açoitada, foi presa em casa por um mês. Tertulio foi denunciado por espiões com a acusação de que supostamente escondia uma cristã em sua casa. Tertulio, levado a julgamento, foi habilmente defendido por Nicagora e saiu ileso do processo argumentando que Ariana fazia parte do dote de sua esposa e que ele não sabia nada de sua fé.
     Depois segue o interrogatório de Ariana, que proclamando-se cristã, de família cristã, se recusou a sacrificar aos deuses. Condenada à tortura no cavalete, ela foi salva pela intervenção das pessoas comovidas por sua juventude, intervenção que por sua ilegalidade despertou a ira do juiz, forçado no entanto a dar a Ariana três dias para que ela pudesse mudar suas intenções e sacrificasse, salvando sua vida.
     Estas duas partes, a defesa de Tertulio e o interrogatório de Ariana, são, sem dúvida, autênticas por sua extraordinária vivacidade e precisão e pela lembrança de um procedimento (o processo coram populo) anterior à perseguição de Diocleciano.
     Ao fim dos três dias, Ariadne fugiu para uma área montanhosa, mas, vendo-se perseguida, elevou a Deus uma oração pedindo para ser escondida na rocha, e Deus o ouviu. O juiz deu ordens ao chefe dos guardiões do templo para abrir a rocha e tirar dela Ariana para mostrar ao povo o poder dos deuses. Mas uma tempestade, durante a qual apareceram dois anjos, dispersou a multidão assustada.
     Assim termina a legenda de Ariadne.
     Esta última parte é a mais suspeita: de fato, não se vê como Ariadne obteve a coroa do martírio sem ter sofrido o martírio. Pode-se concluir que o autor foi influenciado por outras legendas, tais como, as de Santa Tecla e de Santa Bárbara, mas estas têm a justo título a menção de santas mártires, porque elas tentaram escapar daqueles que ameaçavam sua virgindade, enquanto Ariana, de acordo com o texto, nunca correu esse perigo.
     Quanto à comemoração de Ariadne, o Martirológio Romano a celebra em 17 de setembro, enquanto o Sinassario de Constantinopla a menciona em 18 de setembro e em 27 de setembro (juntamente com Santa Ripsimia).
Martirológio Romano: Em Primnesso na Frigia, atual Turquia, Santa Ariana, mártir.
Etimologia: Ariana, ou Ariadne, do grego Ari hágne = a muito respeitável, a muito santa, castíssima.

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