segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

São Paulo legou um verdadeiro manual de apostolado - 25 de janeiro

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     Os sacerdotes das gerações antigas, verdadeiros depositários da verdadeira fé, deram um ensinamento que chegou até nós. Podemos saber qual é a tradição e, com esta, qual é a verdade. Porque o que a Igreja ensinou ontem, não pode ter ficado erro hoje, tem que ser verdade sempre. E se há uma contradição, está no novo.
     Então, devemos ser homens que perseveram, quer dizer, que continuam, que estão na mesma fé de antigamente e que nela permanecem fiéis. Essa é a primeira recomendação.
     Depois ele continua:
“Conjuro-te, diante de Deus e de Jesus Cristo que há de vir julgar os vivos e os mortos, pela sua vinda e pelo seu Reino...”
     Ou seja: eu te peço diante de Cristo, e lembra-te que esse Cristo – em presença do qual eu te faço esse pedido – virá à terra julgar os vivos e os mortos, e vai te julgar, portanto, a ti, a quem eu faço esse pedido; e vai te julgar em função do atendimento que deres a esse pedido. Eu te peço em presença de Jesus Cristo, eu te peço pelo amor à vinda dele, pelo amor ao Reino dele eu te peço. Peço o quê? Agora vem o dever:
“... prega a palavra”.
     Nós não somos sacerdotes, mas temos o direito – como leigos – de transmitir a palavra pregada pelos sacerdotes genuínos, que dão a doutrina verdadeira e que são sacerdotes fiéis ao passado. Então, logo depois da fidelidade à doutrina católica vem o enunciado da doutrina católica para outros, da doutrina tradicional, afirmação da qual é a verdadeira doutrina católica. Então:
           “prega a palavra, insiste a tempo e fora de tempo”.
     Ou seja, insiste caso os outros gostem, mas caso os outros achem que você é importuno, insista também. A expressão latina é mais rigorosa do que está aqui: “oportune et importune”: insista oportunamente e inoportunamente.
     Quer dizer, fale com os outros, ainda que eles não gostem. Seja homem! Seja católico! Seja guerreiro da palavra! Se não gostem, afirme de novo. Combata. Faça-lhes entrar a palavra pelos ouvidos adentro. Seja soldado de Jesus Cristo. Isso é que São Paulo pede a Timóteo. E isso é que nós devemos fazer: não ter medo de ensinar a verdade, não recuar, não nos aborrecermos com o fato dos outros não nos darem atenção ou até de nos responderem mal. Ensinar de novo e ensinar com varonilidade sobrenatural. É uma coisa que é nosso dever e com o que damos glória a Deus.
     Depois ele continua:
“Repreende...”.
     Repreender é censurar, é chegar para as pessoas e dizer: “Tu fizeste mal”.
     Há uma certa escola de apostolado que acha que o apóstolo nunca deve censurar os outros, que deve ser sempre gentil, sempre amável: “Fulano, você abandonou sua mulher, tomou uma outra. Ora, pobre coitado... quanto drama sentimental!
     Eu compreendo que o outro goste de ouvir, mas não podemos dizer isso. Nós temos que dizer o que disse São João Batista a Herodes, o que disse o profeta Natam a Davi: “Tu pecaste, tu andaste mal, cometeste uma ação censurável e eu te digo que é censurável, porque Deus censura, porque é contra a lei de Deus. E ouça e ouça porque eu estou falando”. Essa é a atitude do verdadeiro católico.
     Depois, continua:
          “Repreende, suplica e admoesta com toda paciência e doutrina”.
     Não basta repreender, às vezes é (necessário) suplicar. Repreende-se o pecador que procura dizer que seu pecado está bem, que procura cinicamente pavonear-se com o pecado que cometeu. Mas quando se trata de um pecador que reconhece que anda mal, que sabe que o seu vício é mau e o esconde, então pode-se agir com benignidade. E aí é o momento de suplicar, de ser humilde, afável, generoso, de pedir para que se pratique a virtude, assim como o último dos mendigos pede a mais preciosa das esmolas. Quer dizer, aí é o momento do afeto fraterno, é o momento da caridade, é o momento do carinho, que faz tanto bem para as almas fracas.
“Suplica, admoesta com toda paciência e doutrina”.
     Quer dizer, advirta, mostra que está errado com toda paciência, para esses que estão fracos, que se envergonham, que reconhecem que andam mal. Então, para esses, com toda paciência, admoestar.
     Nunca começar uma admoestação com algo do gênero assim: “Fulano, até quando você deixará de ouvir o que eu te disse? Afinal de contas, eu perco a paciência com você!” Isso é orgulho. Deve-se fazer o contrário. Nunca perder a paciência, nunca ter a palavra dura, nunca manifestar-se cansado de tanto repetir as (mesmas) coisas. Tomar um ar – ao se dar conselhos – de que a gente está achando uma delícia dar aquele conselho, nunca deixar transparecer que se pode estar cansado, que se pode estar caceteado, nem nada.
     Mas isto não basta. Além de admoestar com toda paciência, é preciso admoestar com toda doutrina, ou seja, é preciso dizer coisas razoáveis, é preciso dar conselhos bons, saber empregar os argumentos bons em favor da verdade, de maneira a tocar o entendimento e mover a vontade da pessoa a quem se dirige. E isso, então, é exatamente o modo de apostolado nosso que, mais do que Timóteo, fomos colocados em situação tão triste. E com isso os senhores tem um verdadeiro manual de apostolado.
     Os senhores têm igualmente a justificação de métodos de apostolado empregados nos periódicos "Catolicismo" (no Brasil), em "Cruzada" (Argentina), em "Fiducia" (no Chile), com o estilo de se exprimir que é tão diferente de tantas folículas católicas e não católicas que circulam por aí. São publicações combativas, que insistem “oportuna e importunamente”. E temos fundamento em São Paulo para sermos assim.
     Do fundo dos séculos, ouvimos a voz de São Paulo a Timóteo e essa voz nos diz, em outros termos: Filhos, vocês têm razão, contem com as minhas orações e com a proteção do Céu.
     Assim, São Paulo que nos abençoe e que nos ouça no pedido de termos a plenitude do magnífico espírito dele.
 
Plinio Corrêa de Oliveira
Santo do Dia 25 de janeiro de 1967

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