Infância e vocação
Maria Roqueta Serra nasceu no dia 20 de
abril de 1878 em Gabarra, uma pequena cidade na província de Lérida, e foi
batizado um dia após o nascimento. Seus pais, Maria Serra e Francisco Roqueta,
eram pessoas de vida e de fé simples: morreram, respectivamente, quando ela
tinha oito anos e quinze.
Aos dezenove anos, em 1º de abril de 1897,
entrou no noviciado das Irmãs Carmelitas Missionárias em Barcelona, congregação
fundada pelo Beato Francisco Palau y Quer. Fez sua profissão em 20 de dezembro
de 1898 e a profissão perpétua em 23 de abril de 1904. Seu nome religioso era Irmã
Maria Refúgio do Santo Anjo.
Foi designada à vários serviços braçais em
várias casas da congregação, desempenhando-os sempre com o mesmo estilo:
fervorosa e cuidadosa no trabalho, embora doente do coração. Ao fazer os
trabalhos mais difíceis, ela rezava.
Quando se tornou claro que o martírio
estava próximo, ela disse que imediatamente começou a rezar assim que ouvia
alguns disparos, porque o seu coração não iria aguentar. Apesar do medo, ela se
preparava para o pior, o que também se refletia em seus sonhos: durante uma
recreação da comunidade, disse que tinha sonhado ser morta junto com a superiora
da casa, a Irmã Esperança da Cruz, da qual era vicária.
Na perseguição da guerra civil
Em 20 de julho de 1936, dois dias após o
início da Guerra Civil Espanhola, as Irmãs decidiram não abandonar a casa de
Vilarrodona, enquanto as crianças da escola estavam em férias. No dia seguinte,
sabendo que as Irmãs eram vigiadas por militantes revolucionários, Irmã Esperança
as reuniu na capela e lhes deu a Comunhão, de modo a esvaziar o Tabernáculo.
Em 22 de julho, as Irmãs tiveram que
deixar o colégio e procurar refúgio com as famílias de conhecidos. Irmã Refúgio
foi recebida pela família do Dr. José Gabalda, residente em frente à igreja
paroquial.
Na mesma casa estavam refugiados o pároco e
o capelão da escola das freiras, Pe. José Maria Escoda, mais preocupado com a
devastação da igreja do que por sua vida. Quando, na noite de 23, o edifício
sagrado foi saqueado e o mobiliário da igreja, juntamente com as imagens,
entregues às chamas, perdeu o controle de si mesmo. Ele procurou sair e se opor
ao desastre, mas os donos da casa o impediram: ele chegou a forçar a porta, mas
caiu no chão inconsciente. Mais tarde, em 25 de julho, foi executado.
Irmã Refúgio, que havia escondido a chave
da casa para evitar que o sacerdote saísse, viveu aqueles momentos tentando
ficar tranquila, considerando-os uma preparação para a morte.
"Até logo, no céu!"
Em 24 de julho, um grupo de milicianos aprisionou
todas as Carmelitas Missionárias: reuniram-nas na praça e as colocaram em uma
van, escoltada por dois automóveis em que estavam mais homens armados. Eles
pararam momentaneamente para fingir um tiroteio, em seguida, continuaram a
andar.
Na noite seguinte, o Pe. Escoda e as Irmãs,
graças à intervenção de uma amiga, se refugiaram em sua casa: seis dias se
passaram na incerteza, mas cuidados com carinho pela proprietária da casa. O
sacerdote foi, então, pego e fuzilado junto com seu coadjutor, ordenado apenas
um mês antes.
Em 31 de julho, as religiosas foram
libertadas, com permissão para ir a Barcelona para se reunir com suas famílias.
Ao se separar das coirmãs, junto com a madre superiora, Irmã Esperança da Cruz,
Irmã Refúgio a ouviu saudar: "Até logo, no céu"
O martírio
As duas foram para a casa da irmã de Irmã
Refugio, mas ninguém abriu-lhes a porta. Depois de alguns momentos de
desespero, elas foram novamente detidas e entregues ao Comitê Revolucionário do
lugar, que as trancou em uma casa nas proximidades.
Pouco tempo depois elas foram novamente
retiradas e levadas para a sede do Comitê; de lá, elas foram conduzidas em uma
caminhonete e levadas para fora da cidade. Fizeram-nas descer numa estrada de
La Rabassada e ali as fuzilaram. Irmã Esperança tinha 61 anos de idade, dos
quais quarenta de vida consagrada. Irmã Refúgio tinha 58 anos, 38 dos quais
viveu entre as Carmelitas Missionárias.
No dia seguinte, 1º de agosto, os corpos
de Irmã Esperança e Irmã Refúgio foram recolhidos, junto com os de duas outras
irmãs de sua própria congregação, da casa-mãe de Gracia, mortas no mesmo lugar:
Irmã Daniela de São Barnabé e Irmã Gabriela de São João da Cruz. Após a
autópsia, os quatro corpos foram enterrados em uma vala comum.
A causa de beatificação
As quatro Carmelitas Missionárias foram
incluídas num processo que abrangia um total de 64 mártires: além destas, 44
Irmãos das Escolas Cristãs, 14 Carmelitas Descalços, uma Irmã Carmelita da Caridade
e um seminarista.
Para todos eles se fez um único processo:
obtida a autorização da Sagrada Congregação dos Ritos (que se ocupava então com
as causas de beatificação e canonização), as sessões foram celebradas a partir
de 13 de novembro de 1952 a 7 de junho de 1959.
A investigação diocesana foi validada em
18 de outubro de 1991 e finalmente, em 22 de junho de 2004, o Papa João Paulo
II autorizou a promulgação do decreto que declarava mártires também as Irmãs
Daniela, Gabriela, Refúgio e Esperança.
Os 64 mártires foram beatificados em 28 de
outubro de 2007, em um rito que elevava aos altares um total de 498 religiosos
e leigos reunidos no martírio havido durante a perseguição da guerra civil
espanhola.
Fonte:
www.santiebeati.it/
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