segunda-feira, 9 de março de 2020

Santa Catarina de Bolonha, Mística - 9 de março

    
     Clarissa e escritora mística, Catarina nasceu em Bolonha, no dia 8 de setembro de 1413 e morreu na mesma cidade em 9 de março de 1463. Filha de Benvinda Mamellini e de João Vigri, Catarina foi educada na corte de Ferrara, como dama de companhia de Margarida, filha de Nicolau III, marquês D’Este, a serviço de quem estava seu pai como diplomata. Nossa Senhora, um dia, aparecendo a João Vigri, disse-lhe: - Tua filha será um grande e luminoso farol para o mundo!
     Na corte de Ferrara Catarina prosseguiu o estudo de literatura e das artes plásticas; um manuscrito pintado por ela, que já pertenceu a Pio IX, é atualmente reconhecido entre os tesouros de Oxford.
     Aos treze anos de idade, após ter ficado órfã de pai e depois do casamento de Margarida com Roberto Malatesta de Rimini, Catarina voltou para casa determinada a se juntar ao pequeno grupo de donzelas devotas que estavam vivendo em comunidade e seguindo a regra da Ordem Terceira de Santo Agostinho na cidade vizinha de Ferrara.
     Foi exatamente na corte de Ferrara, num ambiente moralmente deturpado, que a semente da vocação religiosa germinou no coração de Catarina. Deixando a mãe, uma irmã e um irmão, ingressou no mosteiro de Terciárias Agostinianas (1427) aos catorze anos. Era uma comunidade fundada por uma grande dama de Ferrara, Lúcia Mascaroni que na época a dirigia.
     Durante sua permanência na corte de Ferrara, Catarina mantivera estreito contato com os Frades Menores da Observância no convento do Santo Espírito, onde recebia a orientação espiritual que solidificou o seu desejo de servir a Deus. Percebendo que a comunidade na qual ingressara não vivia com radicalidade evangélica sua opção, sentia cada vez mais o anseio de que de comum acordo passassem a viver a Regra de Santa Clara, e que tivessem a orientação dos Observantes, cujo testemunho de vida sempre a impressionara.
     Com o apoio sincero e confiante da senhora Lúcia Mascaroni, depois de inúmeras dificuldades e vicissitudes motivadas por divisões internas do grupo de mulheres que viviam então no Mosteiro Corpus Christi, mas por influência decisiva de Catarina, adotaram finalmente a Regra própria de Santa Clara.
     O Papa Eugênio IV, em uma bula de abril de 1431, enviou algumas clarissas de Mântua para que formassem as componentes da nova comunidade clariana, estimulando a exata observância da Regra no seu primitivo rigor, atendendo assim às santas aspirações de Catarina e das suas companheiras. Depois de algum tempo de aprofundamento neste estilo de vida – o que considerou como o seu noviciado – Catarina professou em 1432, com dezenove anos, a Regra de Santa Clara, pela qual tanto lutara.
     Catarina era de saúde muito delicada, mas esquecia-se complemente de si mesma, impondo a si os trabalhos mais pesados e difíceis para poupar as demais. Desempenhou muitas funções a serviço de sua comunidade, entre elas a de padeira e de enfermeira. Foi exemplar na humildade e na obediência, em meio a inúmeras tentações de rebelião e de desespero, durante boa parte de sua vida em Ferrara. Era sempre pródiga na caridade para com suas irmãs.
     Dotada de uma inteligência e de uma sensibilidade e perspicácia únicas, destacou-se como grande escritora, poetisa, pintora e mística do renascimento italiano. Seu estilo literário é original, precioso para o estudo da própria língua italiana da época, no dialeto de sua região. Jamais quis aceitar o ofício de abadessa em Ferrara, mas foi longamente mestra de noviças. O seu livro “As Sete Armas Espirituais” é uma síntese belíssima de sua pedagogia espiritual.
     O número crescente de vocações, no entanto, tornou necessário estabelecer outros mosteiros das clarissas, na Itália, e no cumprimento do Breve de Calisto III, "Ad ea quae omnipotentis Dei gloriam", conventos foram fundados em Bolonha e em Cremona.
     Na perspectiva de realizar uma nova fundação em Bolonha, Catarina foi escolhida como abadessa, na véspera da partida das fundadoras, em cujo grupo ela já se contava. O temor em relação à difícil missão que o Senhor lhe pedia fez com que adoecesse gravemente naquela noite, tanto que pensavam as Irmãs que não sobreviveria. Mas na manhã seguinte, como por um milagre, partia com quinze companheiras para Bolonha, numa viagem memorável, em carruagem adaptada como clausura, que o povo acompanhava ou aclamava com júbilo. É o ano de 1456. Em pouco tempo o número de Irmãs em Bolonha se vê multiplicado.
     A fama de santidade de Catarina atrai muitas jovens. A própria mãe de Catarina e sua irmã se fazem clarissas. O Mosteiro Corpus Domini de Bolonha torna-se um verdadeiro centro espiritual naquela cidade de douta cultura. O número de clarissas rapidamente chega a sessenta. Dentre as mais fiéis colaboradoras que Catarina teve no trabalho de implantação do ideal de Santa Clara, estão as Bem-aventuradas: Joana Lambertini (+1476), Paula Mezzavaca (1426-1482) e Iluminata Bembo (+1496).
     Todas elas ingressaram em Ferrara, antes da observância da Regra de Santa Clara; participaram do grupo que fundou o Mosteiro de Bolonha e foram exemplares em seu testemunho de vida. Iluminata foi a primeira biógrafa de Santa Catarina. Seu manuscrito “Espelho de Iluminação” conserva-se atualmente no Mosteiro Corpus Domini de Bolonha, com as obras pessoais de Catarina: As Armas necessárias às batalhas espirituais, Breviário, Tratado sobre o modo de comportar-se nas tentações, Regras de vida religiosa, Louvores e Devoções, Cartas, Louvores espirituais e poesias, todos manuscritos autógrafos, alguns inéditos.
     Favorecida com o dom dos milagres, tendo divinas visões, anunciou uma grande queda: a do império do Oriente e a tomada de Constantinopla pelos turcos. Humilde, para satisfazer o desejo de penitência, pediu para tratar da padaria, vivendo apagadamente. As altas virtudes, porém, um dia, levá-la-iam a ser mestra das noviças. Deus recompensou-a com imensa delicadeza.
     Contam de Santa Catarina de Bolonha que, certa vez, quando então era porteira e com alegria atendia os pobres que batiam à porta do convento, um venerável velho apareceu-lhe para uma esmola. A santa deu-lha, e ele, a olhá-la com grande doçura, retirou-se, sem dizer uma palavra, agradecendo tão somente com os olhos que falavam.
     No dia seguinte, tornou a aparecer. Recebeu humildemente o que a santa lhe oferecia e se retirou, silencioso, agradecendo-lhe a esmola só com o olhar, como já o havia feito anteriormente. No terceiro dia, o suave velho tornou a surgir, à mesma hora, trazia nas mãos uma escudela muito singela, mas muito transparente, que estendeu à santa porteira, dizendo: - Toma para ti. Era a pequena taça em que Maria dava de beber ao Menino Jesus.
     Catarina, assombrada e maravilhada, tomou-a nas mãos que tremiam. E a pensar se as teria tão puras que pudessem tocar tão pura beleza - quando percebeu, já o venerável e suave velho desaparecera misteriosamente. Era São José? Era. Deus, fizera-o saber, depois, por uma revelação.
     O Papa Pio II, em 1458, emitiu uma bula que dizia que, entre as clarissas, a abadessa seria superiora somente por três anos. Catarina exultou: teria agora oportunidade de não ser nada. Grande engano! Findos que foram os três anos de governo, efetuada a eleição, novamente sobre ela recaiu a escolha das religiosas - e a santa, até o fim de seus dias, ocupou-se da administração do convento da cidade em que nascera.
     As tentações persistentes que nos primeiros dias de sua vida religiosa tinham provado sua paciência, humildade e fé, especialmente esta última virtude, nos últimos anos deu lugar ao consolo espiritual mais abundante e gozo das alturas da contemplação.
     A partir de 1461, Catarina passara por períodos sucessivos de grave doença, até sua morte a 9 de março de 1463; faleceu exclamando em meio às religiosas que a assistiam: - Jesus! Jesus! Jesus! Estava com quarenta e nove anos, e o corpo foi enterrado no cemitério da comunidade. Muitos milagres foram realizados à beira do túmulo da santa abadessa, que dezoito dias depois foi desenterrada e encontrada sem qualquer corrupção. A descoberto, ficou ela exposta no coro da igreja. E dois grandes prodígios se deram.
     Às religiosas que a rodeavam saudou-a por três vezes com suaves sorrisos. E, tendo vindo uma menina venerá-la, chamava-se Leonor Poggi, Catarina, como se fora viva, abriu os olhos e fez-lhe sinal para que mais se aproximasse. A menina sem se espantar, calmamente achegou-se do corpo. E a comunidade toda, maravilhadíssima, ouviu-a dizer à jovem, com muita clareza: - Leonor, sê boazinha, que eu quero que sejas religiosa neste convento, que sejas minha filha e guarda de meu corpo. E assim foi, alguns anos mais tarde.
     Foi beatificada pelo Papa Clemente VII e em 1712, Clemente XI declarou-a santa. Seu corpo se conserva incorrupto, em perfeito estado de conservação e flexível, na Igreja do Mosteiro Corpus Domini.
     Nos anos 1500, Santa Catarina de Bolonha apareceu a uma das freiras e pediu que seu corpo incorrupto fosse colocado sentado em uma parte especial da capela. Sua pele tornou-se escurecida ao longo do tempo devido às velas e luzes votivas.
     O corpo de Santa Catarina, que se mantém incorrupto, está preservado na capela das Clarissas em Bolonha. Santa Catarina foi canonizada pelo Papa Bento XIII. Sua festa é mantida no dia 9 de março em toda a Ordem dos Frades Menores.
Fontes:
WADDING, Annales Minorum, X, 184; XII, 307; XIII, 324; e passim; Acta SS,. Março, II, 35-89; LEO, Vidas dos santos e beatos das Três Ordens de São Francisco (Taunton, 1885), I, 394-437; ZAMBONI, La Vita di Santa Catherina di Bologna (Bolonha, 1877).
STEPHEN M. DONOVAN (Enciclopédia Católica)
site: http://www.capuchinhos.org.br)
Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume IV, p. 293 à 297)

Postado neste blog em 9 de março de 2013

Um comentário:

  1. Santa Catarina de Bolonha, rogai pelo Papa Francisco e por toda a Igreja. Pedi a São José que seja para todos nós Pai adoptivo (mas pelo coração, tal como o foi para Jesus, Pai verdadeiro). E que nos venha buscar para o Céu na hora da nossa morte!

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