Clarissa
e escritora mística, Catarina nasceu em Bolonha, no dia 8 de setembro de 1413 e
morreu na mesma cidade em 9 de março de 1463. Filha de Benvinda Mamellini e de João
Vigri, Catarina foi educada na corte de Ferrara, como dama de companhia de
Margarida, filha de Nicolau III, marquês D’Este, a serviço de quem estava seu
pai como diplomata. Nossa Senhora, um dia, aparecendo a João Vigri, disse-lhe:
- Tua filha será um grande e luminoso farol para o mundo!
Na corte de Ferrara Catarina prosseguiu o
estudo de literatura e das artes plásticas; um manuscrito pintado por ela, que
já pertenceu a Pio IX, é atualmente reconhecido entre os tesouros de Oxford.
Aos treze anos de idade, após ter ficado
órfã de pai e depois do casamento de Margarida com Roberto Malatesta de Rimini,
Catarina voltou para casa determinada a se juntar ao pequeno grupo de donzelas
devotas que estavam vivendo em comunidade e seguindo a regra da Ordem Terceira
de Santo Agostinho na cidade vizinha de Ferrara.
Foi exatamente na corte de Ferrara, num
ambiente moralmente deturpado, que a semente da vocação religiosa germinou no
coração de Catarina. Deixando a mãe, uma irmã e um irmão, ingressou no mosteiro
de Terciárias Agostinianas (1427) aos catorze anos. Era uma comunidade fundada
por uma grande dama de Ferrara, Lúcia Mascaroni que na época a dirigia.
Durante sua permanência na corte de
Ferrara, Catarina mantivera estreito contato com os Frades Menores da
Observância no convento do Santo Espírito, onde recebia a orientação espiritual
que solidificou o seu desejo de servir a Deus. Percebendo que a comunidade na
qual ingressara não vivia com radicalidade evangélica sua opção, sentia cada
vez mais o anseio de que de comum acordo passassem a viver a Regra de Santa
Clara, e que tivessem a orientação dos Observantes, cujo testemunho de vida
sempre a impressionara.
Com o apoio sincero e confiante da senhora
Lúcia Mascaroni, depois de inúmeras dificuldades e vicissitudes motivadas por
divisões internas do grupo de mulheres que viviam então no Mosteiro Corpus
Christi, mas por influência decisiva de Catarina, adotaram finalmente a Regra
própria de Santa Clara.
O Papa Eugênio IV, em uma bula de abril de
1431, enviou algumas clarissas de Mântua para que formassem as componentes da
nova comunidade clariana, estimulando a exata observância da Regra no seu
primitivo rigor, atendendo assim às santas aspirações de Catarina e das suas
companheiras. Depois de algum tempo de aprofundamento neste estilo de vida – o
que considerou como o seu noviciado – Catarina professou em 1432, com dezenove
anos, a Regra de Santa Clara, pela qual tanto lutara.
Catarina era de saúde muito delicada, mas
esquecia-se complemente de si mesma, impondo a si os trabalhos mais pesados e
difíceis para poupar as demais. Desempenhou muitas funções a serviço de sua
comunidade, entre elas a de padeira e de enfermeira. Foi exemplar na humildade
e na obediência, em meio a inúmeras tentações de rebelião e de desespero,
durante boa parte de sua vida em Ferrara. Era sempre pródiga na caridade para
com suas irmãs.
Dotada de uma inteligência e de uma
sensibilidade e perspicácia únicas, destacou-se como grande escritora, poetisa,
pintora e mística do renascimento italiano. Seu estilo literário é original,
precioso para o estudo da própria língua italiana da época, no dialeto de sua
região. Jamais quis aceitar o ofício de abadessa em Ferrara, mas foi longamente
mestra de noviças. O seu livro “As Sete Armas Espirituais” é uma síntese
belíssima de sua pedagogia espiritual.
O número crescente de vocações, no
entanto, tornou necessário estabelecer outros mosteiros das clarissas, na
Itália, e no cumprimento do Breve de Calisto III, "Ad ea quae omnipotentis
Dei gloriam", conventos foram fundados em Bolonha e em Cremona.
Na perspectiva de realizar uma nova
fundação em Bolonha, Catarina foi escolhida como abadessa, na véspera da
partida das fundadoras, em cujo grupo ela já se contava. O temor em
relação à difícil missão que o Senhor lhe pedia fez com que adoecesse
gravemente naquela noite, tanto que pensavam as Irmãs que não sobreviveria. Mas
na manhã seguinte, como por um milagre, partia com quinze companheiras para
Bolonha, numa viagem memorável, em carruagem adaptada como clausura, que o povo
acompanhava ou aclamava com júbilo. É o ano de 1456. Em pouco tempo o número de
Irmãs em Bolonha se vê multiplicado.
A fama de santidade de Catarina atrai
muitas jovens. A própria mãe de Catarina e sua irmã se fazem clarissas. O
Mosteiro Corpus Domini de Bolonha torna-se um verdadeiro centro espiritual
naquela cidade de douta cultura. O número de clarissas rapidamente chega a
sessenta. Dentre as mais fiéis colaboradoras que Catarina teve no trabalho de
implantação do ideal de Santa Clara, estão as Bem-aventuradas: Joana Lambertini
(+1476), Paula Mezzavaca (1426-1482) e Iluminata Bembo (+1496).
Todas elas ingressaram em Ferrara, antes
da observância da Regra de Santa Clara; participaram do grupo que fundou o
Mosteiro de Bolonha e foram exemplares em seu testemunho de vida. Iluminata foi
a primeira biógrafa de Santa Catarina. Seu manuscrito “Espelho de Iluminação”
conserva-se atualmente no Mosteiro Corpus Domini de Bolonha, com as obras
pessoais de Catarina: As Armas necessárias às batalhas espirituais, Breviário,
Tratado sobre o modo de comportar-se nas tentações, Regras de vida religiosa,
Louvores e Devoções, Cartas, Louvores espirituais e poesias, todos manuscritos
autógrafos, alguns inéditos.
Favorecida com o dom dos milagres, tendo
divinas visões, anunciou uma grande queda: a do império do Oriente e a tomada
de Constantinopla pelos turcos. Humilde, para satisfazer o desejo de
penitência, pediu para tratar da padaria, vivendo apagadamente. As altas
virtudes, porém, um dia, levá-la-iam a ser mestra das noviças. Deus
recompensou-a com imensa delicadeza.
Contam de Santa Catarina de Bolonha que,
certa vez, quando então era porteira e com alegria atendia os pobres que batiam
à porta do convento, um venerável velho apareceu-lhe para uma esmola. A santa
deu-lha, e ele, a olhá-la com grande doçura, retirou-se, sem dizer uma palavra,
agradecendo tão somente com os olhos que falavam.
No dia seguinte, tornou a aparecer. Recebeu
humildemente o que a santa lhe oferecia e se retirou, silencioso,
agradecendo-lhe a esmola só com o olhar, como já o havia feito anteriormente.
No terceiro dia, o suave velho tornou a surgir, à mesma hora, trazia nas mãos
uma escudela muito singela, mas muito transparente, que estendeu à santa
porteira, dizendo: - Toma para ti. Era a pequena taça em que Maria dava de
beber ao Menino Jesus.
Catarina, assombrada e maravilhada,
tomou-a nas mãos que tremiam. E a pensar se as teria tão puras que pudessem
tocar tão pura beleza - quando percebeu, já o venerável e suave velho
desaparecera misteriosamente. Era São José? Era. Deus, fizera-o saber, depois,
por uma revelação.
O Papa Pio II, em 1458, emitiu uma bula que dizia que, entre as clarissas, a abadessa
seria superiora somente por três anos. Catarina exultou: teria agora
oportunidade de não ser nada. Grande engano! Findos que foram os três anos de
governo, efetuada a eleição, novamente sobre ela recaiu a escolha das
religiosas - e a santa, até o fim de seus dias, ocupou-se da administração do
convento da cidade em que nascera.
As tentações persistentes que nos
primeiros dias de sua vida religiosa tinham provado sua paciência, humildade e
fé, especialmente esta última virtude, nos últimos anos deu lugar ao consolo
espiritual mais abundante e gozo das alturas da contemplação.
A partir de 1461, Catarina passara por
períodos sucessivos de grave doença, até sua morte a 9 de março de 1463;
faleceu exclamando em meio às religiosas que a assistiam: - Jesus! Jesus!
Jesus! Estava com quarenta e nove anos, e o corpo foi enterrado no cemitério da
comunidade. Muitos milagres foram realizados à beira do túmulo da santa
abadessa, que dezoito dias depois foi desenterrada e encontrada sem qualquer
corrupção. A descoberto, ficou ela exposta no coro da igreja. E dois grandes
prodígios se deram.
Às religiosas que a rodeavam saudou-a por
três vezes com suaves sorrisos. E, tendo vindo uma menina venerá-la, chamava-se
Leonor Poggi, Catarina, como se fora viva, abriu os olhos e fez-lhe sinal para
que mais se aproximasse. A menina sem se espantar, calmamente achegou-se do
corpo. E a comunidade toda, maravilhadíssima, ouviu-a dizer à jovem, com muita
clareza: - Leonor, sê boazinha, que eu quero que sejas religiosa neste
convento, que sejas minha filha e guarda de meu corpo. E assim foi, alguns anos
mais tarde.
Foi beatificada pelo Papa Clemente VII e em
1712, Clemente XI declarou-a santa. Seu corpo se conserva incorrupto, em
perfeito estado de conservação e flexível, na Igreja do Mosteiro Corpus Domini.
Nos anos 1500, Santa Catarina de Bolonha apareceu a uma das freiras e pediu que
seu corpo incorrupto fosse colocado sentado em uma parte especial da capela.
Sua pele tornou-se escurecida ao longo do tempo devido às velas e luzes
votivas.
O corpo de Santa Catarina, que se mantém incorrupto, está preservado na capela
das Clarissas em Bolonha. Santa Catarina foi canonizada pelo Papa Bento XIII.
Sua festa é mantida no dia 9 de março em toda a Ordem dos Frades Menores.
Fontes:
WADDING,
Annales Minorum, X, 184; XII, 307; XIII, 324; e passim; Acta SS,. Março, II,
35-89; LEO, Vidas dos santos e beatos das Três Ordens de São Francisco
(Taunton, 1885), I, 394-437; ZAMBONI, La Vita di Santa Catherina di Bologna
(Bolonha, 1877).
STEPHEN M. DONOVAN (Enciclopédia Católica)
STEPHEN M. DONOVAN (Enciclopédia Católica)
site: http://www.capuchinhos.org.br)
Livro
Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume IV, p. 293 à 297)
Postado
neste blog em 9 de março de 2013
Santa Catarina de Bolonha, rogai pelo Papa Francisco e por toda a Igreja. Pedi a São José que seja para todos nós Pai adoptivo (mas pelo coração, tal como o foi para Jesus, Pai verdadeiro). E que nos venha buscar para o Céu na hora da nossa morte!
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