Edith de Wilton (também
conhecida como Eadgyth, seu nome
em inglês antigo, ou como Editha
ou Ediva, a forma latina de seu nome)
era filha ilegítima do Rei Edgar da Inglaterra, o Pacífico, com Wulfrida, uma dama
de nobre nascimento que o rei forçara a sair da Abadia de Wilton. Ele levou-a
para Kemsing, próximo de Sevenoaks, onde Edith nasceu em 961. Sob a direção de
São Dunstan, Edgar fez penitência por este crime não usando sua coroa por sete
anos.
Assim que Wulfrida pode escapar de Edgar, ela retornou para a Abadia de
Wilton, levando consigo a pequena Edith, que foi educada pelas monjas da abadia;
sua mãe se tornou posteriormente abadessa. Na época, como parte da abadia, funcionava,
em dependências anexas, uma escola para jovens.
Edith se tornou monja aos quinze anos, com o consentimento de seu pai.
Ele ofereceu a ela o tornar-se abadessa de três importantes comunidades, mas
ela preferiu permanecer com sua mãe em Wilton. Seu pai faleceu em 975.
Em 979, Edith sonhou que havia perdido seu olho direito e acreditou que
era um aviso sobre a morte de seu meio irmão o Rei Eduardo, o Mártir, que de
fato foi assassinado naquela ocasião, quando visitava sua madrasta, a Rainha Elfrida,
no Castelo de Corfe, em Dorset.
Alguns dados indicam que foi oferecida a ela a coroa da Inglaterra pelos
nobres que haviam apoiado seu irmão assassinado contra seu jovem meio irmão
Etelred, mas ela recusou. Apesar de sua recusa a honras e poder, ela sempre se
vestiu com magnificência. Quando censurada por Etelwold de Winchester, ela
respondeu que somente o julgamento de Deus era verdadeiro e infalível, Ele que
vê através das aparências externas, acrescentando: “Porque o orgulho pode
existir sob o manto da miséria, e uma mente pode ser tão pura sob estas
vestimentas como sob suas peles esfarrapadas”.
Ela construiu uma igreja em Wilton dedicada a São Dionísio. São Dunstan
foi convidado para a sua dedicação e chorou muito durante a Missa. Quando lhe
foi perguntado qual a razão, ele disse que era porque Edith iria morrer dentro
de três semanas. Isto ficou provado quando ela faleceu em 15 de setembro de
984, e sugere que Edith sofria de uma doença fatal. Ela foi sepultada em Wilton,
na nova igreja de São Dionísio.
Edith era muito célebre por sua erudição, beleza e santidade, e alguns
milagres foram constatados logo após a sua morte. Uma semana depois de sua
morte, Edith apareceu gloriosa para sua mãe e disse-lhe que o demônio tentara
acusá-la, mas que ela quebrara sua cabeça.
Goscelin, monge beneditino que nos transmitiu a biografia de Santa
Edith, relata que treze anos depois ela apareceu em visões a São Dunstan e
outros, para contar-lhes que o seu corpo estava incorrupto no sepulcro. Ele
conta que quando São Dunstan abriu o túmulo, na presença de sua mãe, seu corpo
“exalava perfumes do Paraiso”. Entretanto, a data do evento é duvidosa, pois
São Dunstan morreu somente quatro anos após Edith. Foi sugerido que Goscelin
escolheu escrever a história de Edith associando São Dunstan à transladação de
seus despojos.
Após a exumação e o novo sepultamento, o túmulo de Edith tornou-se um
importante relicário. Ela foi canonizada por iniciativa de seu irmão Etelred, e
sua causa foi também apoiada por seu sobrinho Edmundo. Canuto, o Grande, era
conhecido por sua devoção a ela. Goscelin relata que em uma ocasião, ao
atravessar o Mar do Norte da Inglaterra para a Dinamarca com sua frota, Canuto
foi surpreendido por uma terrível tempestade, e, temendo por sua vida, apelou
para Edith. A tempestade acalmou e ao retornar para a Inglaterra Canuto visitou
Wilton para agradecer seu salvamento “com presentes, e publicando este grande
milagre com várias testemunhas”, encomendando um relicário de ouro para a Santa.
Santa Edith tornou-se centro de culto em Wilton e também um importante
santuário nacional. Goscelin escreveu sua vida sob o título de Vita Edithe em 1080. A comunidade de
Wilton tomou-a como sua patrona, lembrando-se dela como uma nobre dama que se
dedicou à sua proteção. Em seu livro Liber Confortatorius, Goscelin
escreveu que frequentemente ele pensava em Edith e sentia sua presença.
Tem-se a certeza da existência de três igrejas dedicadas a Santa Edith:
uma em Baverstock, próximo de Wilton, outra em Bishop Wilton, Yorkshire, e a
terceira em Limpley Stoke, Wiltshite.
O selo de Edith sobrevive. Datado do período 975-984, ele contém um
retrato dela de pé, com uma das mãos elevada e a outra segurando um livro. A
inscrição a identifica como regalis adelpha, ou “irmã real”, uma
referência ao seu status de monja e de irmã dos reis Eduardo e Etelred.
Sua festa é celebrada no dia 16 de setembro.
Fontes: Goscelin, Life of St Edith (of Wilton), ed. Stephanie
Hollis, Writing the Wilton Women: Goscelin’s Legend of Edith and Liber
Confortatorius (Medieval Women Texts and Contexts 9; Turnhout: Brepols,
2004) O. S. B., St Editha of Wilton (Catholic Truth Society, 1903, 6th
edition, 24 pp.)
Abadia
de Wilton
Foi fundada pelo Rei Egberto cerca de 870. Em 1003 o Rei da Dinamarca
destruiu a cidade de Wilton, mas não se sabe se a abadia teve o mesmo fim. Edith
de Wessex, esposa de Eduardo o Confessor, que fora educada em Wilton,
reconstruiu a abadia em pedra, pois ela era anteriormente de madeira. A Abadia
de Wilton possuía a baronia dada pelo rei, um privilégio somente concedido a
outros três conventos de monjas: Shaftesbury, Barking e Santa Maria de Winchester.
A última abadessa, Cecília Bodenham, teve que entregar o convento para os
emissários do rei Henrique VIII, em 25 de março de 1539, durante a Dissolução
dos Mosteiros. O local foi concedido a William Herbert, depois conde de
Pembroke, que iniciou a construção de Wilton House, que ainda hoje pertence aos
seus descendentes. Não há ruinas das edificações antigas.
Wilton House, Inglaterra |
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