sexta-feira, 10 de julho de 2015

Santa Amalberga de Maubeuge, Viúva e monja - 10 de julho

Esposa, mãe, viúva e religiosa: Uma santa lendária que viveu no século VII.
 
     Hoje a Igreja celebra Santa Amalberga de Maubeuge, também conhecida pelo nome de Madelberga, Amalburga, Amélia e Amália. Ela não deve ser confundida com Santa Amélia, mártir de Tavio que viveu no século III, mas, acima de tudo, com sua homônima e contemporânea, Santa Amalberga de Temse, ela também comemorada em 10 de julho.
     Santa Amalberga de Maubeuge nasceu em Saintes, na Valônia, Brabante, atualmente Bélgica, de uma família de ascendência nobre e cresceu na riqueza que convém a sua classe social.
     Desposou Witger [2], Duque de Lotaríngia e Conde de Brabante, de cuja união nasceram três filhos: Santo Emeberto [3], que foi bispo de Cambrai, Santa Reinalda [4]  mártir, que morreu decapitada em mãos dos hunos, e Santa Gúdula [5], abadessa proclamada Padroeira da Bélgica e Bruxelas. Alguns falam de quatro filhos, porque a Vita Gudilae, escrita por um monge beneditino entre 1048 e 1051, conta a história de uma certa Santa Farailde, irmã de Gúdula, que como ela fora educada no mosteiro de Nivelles, da prima Santa Gertrudes, embora na Vita Pharaildis não se faça menção deste parentesco.
     Esta santa mulher que viveu no século VII, original da Lotaríngia [1] e pertencente a uma família que conta com nada menos do que santas como Begga e Gertrudes de Nivelles, filhas dos santos Pepino de Landen e Ida de Nivelles, nos dias atuais passa quase despercebida, mas permanece até hoje um dos maiores exemplos de esposa, mãe, viúva e monja.
     Dela é dito ter sido uma mulher de rara beleza, graciosa e de modos refinados e, ao mesmo tempo simples, humilde, dedicada e zelosa com os necessitados. Seu estilo de vida sóbrio e sua caridade foi certamente um exemplo para os filhos, mas também para o seu marido que em algum momento da vida decidiu tornar-se monge.
     Foi depois do nascimento de sua última filha, Gúdula, e da morte de seu marido, Santo Witger, que se tornara monge beneditino, que ela decidiu consagrar sua vida inteiramente a Deus, recebendo o véu monástico das mãos de Santo Oberto. Entrou no Mosteiro de Maubeuge, do qual se tornou abadessa, permanecendo lá até o fim de seus dias.
     Ela morreu em 690, e pouco tempo depois seus restos mortais foram transferidos para Binche, na Abadia de Lobbes, (Hainaut) hoje Bélgica, onde ainda são mantidos.
     Um monge da Abadia Beneditina de Lobbes elaborou sua história entre 1033 e 1048; a ele devemos o que se sabe sobre ela e sua vida. Embora este escrito não seja considerado fiável ​​e sua vida parece pouco mais do que uma legenda, deve-se ressaltar que como nos mitos, ou nos contos de fadas narrados às crianças, juntamente com aqueles elementos da história que nós definimos como fantásticos estão presentes verdades.
     Em particular, na vida desta santa emerge uma verdade acima de todas: a verdade que está em Cristo, Aquele que na cruz subverteu toda a lógica e o pensamento humano, "Aquele que morrendo destruiu a morte" e redimiu o mundo. É por isso que a história, ou se quisermos, a legenda de Santa Amalberga de Maubeuge, como a de muitos outros santos e beatos antes e depois dela, é "algo que tem de ser lido”.
     Ela é lembrada por proteger as pessoas contra a dor no braço, contusões e febre. É representada segurando uma palma e um livro aberto com uma coroa a seus pés, de pé sobre um grande esturjão. 
 
Notas:
[1] A Lotaríngia foi um reino da Europa ocidental resultante da divisão do Império Carolíngio no Tratado de Verdun, e que consistia numa estreita faixa de terra ao longo dos rios Reno e Ródano. Este reino compreendia as regiões que hoje são a Holanda, a Bélgica, o Luxemburgo, a Renânia do Norte-Vestefália, a Renânia-Palatinado e o Sarre (estados da Alemanha), e ainda a Alsácia e a Lorena – que herdou o nome do antigo reino (em alemão, o nome desta região de França atualmente é Lothringen). 
[2] Quase nada se sabe de Santo Witger de Hammes, a não ser que foi esposo de Santa Amalberga e pai dos três filhos também santos, e que se tornou monge em Hainaut.
[3] Santo Emeberto, ou Ableberto foi Bispo de Cambrai, em Flandres, na Bélgica e teria morrido em 710. De acordo com o Gesta Episcoporum Cameracensis (Atos dos Bispos de Cambrai), ele foi enterrado em um lugar chamado Hammes, localizado nas imediações de Cambrai. Seu corpo foi depois levado para a Abadia de Maubeuge, onde sua mãe havia se tornado abadessa. Memória litúrgica: 15 de janeiro.
[4] Reinalda ou Reinilde de Saintes (630 - 700), duquesa lotaríngia que dedicou sua vida inteiramente aos pobres e sofreu o martírio nas mãos dos Hunos, sendo decapitada junto com o diácono Grimoaldo e o seu servo Gondolfo. É padroeira de Saintes, onde é particularmente venerada. Lá há uma fonte chamada "poço de Santa Reinalda", que registra inúmeras curas de doenças da visão, tendo surgido um Patronato de Santa Reinalda por causa disso. Na iconografia é representada como princesa, ou por vezes como peregrina com o cajado, ou como mártir com a espada. Memória litúrgica: dia 16 de julho.
[5] Gódula ou Gúdula (646 - 680/714), é padroeira da Bélgica e da cidade de Bruxelas. Vide sua vida no dia 8 de janeiro de 2012 neste site.

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