Esposa, mãe,
viúva e religiosa: Uma santa lendária que viveu no século VII.
Hoje
a Igreja celebra Santa Amalberga de Maubeuge, também conhecida pelo nome de
Madelberga, Amalburga, Amélia e Amália. Ela não deve ser confundida com Santa
Amélia, mártir de Tavio que viveu no século III, mas, acima de tudo, com sua
homônima e contemporânea, Santa Amalberga de Temse, ela também comemorada em 10
de julho.
Santa Amalberga de Maubeuge nasceu em
Saintes, na Valônia, Brabante, atualmente Bélgica, de uma família de
ascendência nobre e cresceu na riqueza que convém a sua classe social.
Desposou
Witger [2], Duque de
Lotaríngia e Conde de Brabante, de cuja união nasceram três filhos: Santo Emeberto
[3], que foi bispo
de Cambrai, Santa Reinalda [4]
mártir, que morreu decapitada em mãos dos
hunos, e Santa Gúdula [5], abadessa
proclamada Padroeira da Bélgica e Bruxelas. Alguns falam de quatro filhos,
porque a Vita Gudilae, escrita por um
monge beneditino entre 1048 e 1051, conta a história de uma certa Santa Farailde, irmã de Gúdula, que como ela fora
educada no mosteiro de Nivelles, da prima Santa Gertrudes, embora na Vita
Pharaildis não se faça menção deste parentesco.
Esta
santa mulher que viveu no século VII, original da Lotaríngia [1] e pertencente a uma família que
conta com nada menos do que santas como Begga e Gertrudes de
Nivelles, filhas dos santos Pepino de Landen e Ida de Nivelles, nos dias atuais
passa quase despercebida,
mas permanece até hoje um dos maiores exemplos de esposa, mãe, viúva e monja.
Dela é dito ter sido uma mulher de rara
beleza, graciosa e de modos refinados e, ao mesmo tempo simples, humilde,
dedicada e zelosa com os necessitados. Seu estilo de vida sóbrio e sua caridade
foi certamente um exemplo para os filhos, mas também para o seu marido que em
algum momento da vida decidiu tornar-se monge.
Foi
depois do nascimento de sua última filha, Gúdula, e da morte de seu marido,
Santo Witger, que se tornara monge beneditino, que ela decidiu consagrar sua
vida inteiramente a Deus, recebendo o véu monástico das mãos de Santo Oberto. Entrou
no Mosteiro de Maubeuge, do qual se tornou abadessa, permanecendo lá até o fim
de seus dias.
Ela morreu em 690, e pouco tempo depois
seus restos mortais foram transferidos para Binche, na Abadia de Lobbes,
(Hainaut) hoje Bélgica, onde ainda são mantidos.
Um
monge da Abadia Beneditina de Lobbes elaborou sua história entre 1033 e 1048; a
ele devemos o que se sabe sobre ela e sua vida. Embora este escrito não seja considerado
fiável e sua vida parece pouco mais do que uma legenda, deve-se ressaltar que
como nos mitos, ou nos contos de fadas narrados às crianças, juntamente com
aqueles elementos da história que nós definimos como fantásticos estão
presentes verdades.
Em particular, na vida desta santa emerge
uma verdade acima de todas: a verdade que está em Cristo, Aquele que na cruz
subverteu toda a lógica e o pensamento humano, "Aquele que morrendo
destruiu a morte" e redimiu o mundo. É por isso que a história, ou se
quisermos, a legenda de Santa Amalberga de Maubeuge, como a de muitos outros
santos e beatos antes e depois dela, é "algo que tem de ser lido”.
Ela é lembrada por proteger as pessoas
contra a dor no braço, contusões e febre. É representada segurando uma palma e
um livro aberto com uma coroa a seus pés, de pé sobre um grande esturjão.
Notas:
[1]
A Lotaríngia foi um reino da Europa ocidental resultante da divisão do Império
Carolíngio no Tratado de Verdun, e que consistia numa estreita faixa de terra
ao longo dos rios Reno e Ródano. Este reino compreendia as regiões que hoje são
a Holanda, a Bélgica, o Luxemburgo, a Renânia do Norte-Vestefália, a
Renânia-Palatinado e o Sarre (estados da Alemanha), e ainda a Alsácia e a
Lorena – que herdou o nome do antigo reino (em alemão, o nome desta região de
França atualmente é Lothringen).
[2]
Quase nada se sabe de Santo Witger de Hammes, a não ser que foi esposo de Santa
Amalberga e pai dos três filhos também santos, e que se tornou monge em
Hainaut.
[3]
Santo Emeberto, ou Ableberto foi Bispo de Cambrai, em Flandres, na Bélgica e
teria morrido em 710. De acordo com o Gesta
Episcoporum Cameracensis (Atos dos Bispos de Cambrai), ele foi enterrado em
um lugar chamado Hammes, localizado nas imediações de Cambrai. Seu corpo foi
depois levado para a Abadia de Maubeuge, onde sua mãe havia se tornado abadessa.
Memória litúrgica: 15 de janeiro.
[4]
Reinalda ou Reinilde de Saintes (630 - 700), duquesa lotaríngia que dedicou sua
vida inteiramente aos pobres e sofreu o martírio nas mãos dos Hunos, sendo
decapitada junto com o diácono Grimoaldo e o seu servo Gondolfo. É padroeira de
Saintes, onde é particularmente venerada. Lá há uma fonte chamada "poço de
Santa Reinalda", que registra inúmeras curas de doenças da visão, tendo
surgido um Patronato de Santa Reinalda por causa disso. Na iconografia é
representada como princesa, ou por vezes como peregrina com o cajado, ou como
mártir com a espada. Memória litúrgica: dia 16 de julho.
[5]
Gódula ou Gúdula (646 - 680/714), é padroeira da Bélgica e da cidade de
Bruxelas. Vide sua vida no dia 8 de janeiro de 2012 neste site.
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