Nasceu em Poitiers (França), no
dia 7 de maio de 1684 e foi batizada no mesmo dia. Quarta de uma família de oito
filhos, recebeu uma sólida educação cristã tanto na família como na escola,
pois frequentou o colégio de religiosas, no Convento de Notre-Dame, onde
encontrou um ambiente de formação muito a seu gosto: as educadoras levavam uma
vida contemplativa na ação.
Cresceu no ambiente de oito irmãos sob a direção
maternal de uma mulher de caráter forte, e de um pai habituado a exercer o
direito e a julgar com retidão como consultor jurídico do governo da cidade.
A sombra da cruz projetou-se sobre esta
família: vitimada por grave doença, sua irmã Teresa falece, enquanto a irmã
mais velha, Joana, fica paralítica a partir dos 13 anos de idade até à morte. Sempre
que regressava a casa, Maria Luísa ocupava-se carinhosamente de sua irmã
paralítica, familiarizando-se com a dor e o carinho para com os doentes.
No ano de 1701, Isabel, outra irmã,
regressou emocionada do sermão que acabara de ouvir numa igreja da cidade.
Maria Luísa intuiu que ela havia feito uma grande descoberta. Indaga a razão da
grande emoção e chega ao conhecimento de que sua irmã tinha ouvido a pregação e
se tinha confessado com o capelão do Hospital, Padre Luís Maria Grignion de
Montfort. Sua fama de pregador e de confessor era já notável entre a juventude
desta região do Poitou.
Maria Luísa também quis conhecer e ouvir
o fervoroso sacerdote. No confessionário dá-se o primeiro encontro entre estas
duas almas sedentas de Deus, ambas desejosas de dedicação à salvação dos homens
e ao amparo dos desprotegidos. Diante dos sinais evidentes de vocação, o Padre
Montfort afirmou sem rodeios: "Foi Nossa Senhora que te enviou.
Tornar-te-ás religiosa".
Estas palavras marcaram o compromisso
entre estas duas grandes almas, um compromisso para a glória de Deus e louvor
de Maria, que eles tanto amavam, compromisso que tinha por base a Sabedoria da
cruz que o Verbo Encarnado quis abraçar.
Espontaneamente Maria Luísa oferece seus
serviços no hospital: ela consagra boa parte de seu tempo aos pobres e aos
enfermos. Mas logo o Padre Montfort lhe pede para "permanecer" ali. A
este chamado ela responde com um "sim" total. No hospital não há
posto livre para ela entrar na qualidade de "governante"; não
importa, Maria Luísa simplesmente consegue ser admitida como "pobre".
Tinha apenas 19 anos.
Sua mãe lhe havia dito: "Você ficará louca como este sacerdote".
Após um doloroso noviciado entre incompreensões e obstáculos, Maria Luísa dedica-se
ao serviço dos pobres e doentes do hospital de Poitiers. Entretanto, ficou
entregue aos cuidados do Espírito Santo, já que o Padre Capelão iria se ausentar
por um período de 10 anos para se dedicar à pregação de missões populares na
sua querida Bretanha.
No dia 2 de fevereiro de 1703, Maria Luísa
emitiu os votos religiosos sob a orientação do seu confessor, tornando-se assim
a primeira pedra da Congregação das Filhas da Sabedoria. O novo instituto, à
sombra da cruz e sob a proteção de Maria, teria por missão servir os pobres e
os doentes e dedicar-se à formação cristã da juventude.
A célebre cruz que São Luís de Montfort
desenhou foi colocada no centro do hospital. Maria Luísa levava uma cruz sobre
seu hábito cinza, mas sobretudo em seu coração. Com efeito, ela realizava o
serviço cansativo de cada dia, a ausência de companheiras, o falecimento de
duas de suas irmãs e de seu irmão, jovem sacerdote morto vítima da peste e de sua abnegação.
É o começo de uma aventura que é por sua
vez a história da Congregação das Filhas da Sabedoria. Em 1714, chega a primeira companheira, Catarina Brunet; em 1715,
acontece a fundação da primeira comunidade em La Rochelle (Charente)
com duas novas recrutas: Maria Régnier e Maria Valleau; em 1716, São Luís Maria
de Montfort morre prematuramente na idade de 43 anos.
A jovem Congregação se desestabiliza com
esta notícia tão dolorosa quanto inesperada. Maria Luísa experimenta a frase
escrita por São Luís de Montfort: "Se
não se arrisca algo por Deus, não se faz nada de grande por Ele".
Durante 43 anos, Maria Luísa de Jesus, só, forma suas companheiras, conduz e dá
vida às fundações que se multiplicam: escolas de caridade, visitas e cuidados
aos enfermos, sopa popular para os mendigos, gestão de grandes hospitais na
França.
Os pobres do hospital de Niort
(Deux-Sèvres) a chamam "a Boa Madre Jesus". Seu programa de vida é
muito simples: "É necessário que eu
ame a Deus oculto em meu próximo" (coro de um cântico composto por São
Luís Maria de Montfort destinado às Filhas da Sabedoria).
Quando Madre Maria Luísa morre no dia 28 de abril de 1759, em Saint-Laurent-sur-Sèvre (Vendée), a Congregação conta
com 174 religiosas presentes em 36 comunidades, mais a Casa Mãe.
Esta discípula de São Luís Maria Grignion
de Montfort, e sua colaboradora na fundação da Congregação das Filhas da
Sabedoria, descansa junto ao seu mestre na igreja paroquial de Saint-Laurent-sur-Sèvre.
No dia 16 de maio de 1993, Maria Luísa de
Jesus Trichet foi declarada beata pelo Papa João Paulo II em Roma.