Não podíamos deixar de
finalizar o mês de agosto sem relatar algo sobre este pequeno anjo que veio ao
mundo em 24 de agosto de 1903.
É tão extraordinária a vida desta criança que
faleceu aos 4 anos e cinco meses, que os céticos certamente vão dizer que é
impossível uma tão pequena criatura ter tais sentimentos e princípios. Mas
estes mesmos céticos “babam” vendo seus filhos, netos ou sobrinhos manuseando
smartphones, celulares e outras coisas do tipo aos dois, três anos de idade; colocam
nas mídias filmes que mostram seus pequenos imitando os trejeitos e as danças
despudoradas de pops stars...
Mas, as pessoas de Fé se edificarão com o
relato que segue e procurarão se tornar mais sérias em vista de uma santidade
tão precoce.
*
Quase um século depois de sua morte, a
memória da pequena Nellie Organ é mantida viva por uma página internacional na
Internet, onde também são citados dois livros de edição recente, enquanto que
na Europa ainda circulam páginas devocionais em recordação da "Pequena Violeta
do SSmo. Sacramento", com uma foto da época, em que ela aparece com seu
vestidinho branco da 1ª. Comunhão, divulgada pela "Maison du Bon
Pasteur" de Paris e impresso na Tipografia Pontifícia no Instituto Pio IX,
de Roma.
Nellie Organ, nasceu em Cork, na Irlanda
católica, em 24 de agosto de 1903. Seu pai, William Organ e sua mãe Mary Aherne
Organ se casaram em 4 de julho de 1896 e seu casamento foi logo abençoado com
quatro filhos: Tomas, David, Mary e Ellie, a mais nova. Os nomes sagrados foram
as primeiras palavras que Ellie (Nellie) aprendeu, e à noite a família rezava o
rosário. Sua mãe a ensinara a beijar o crucifixo e as contas maiores, um hábito
que Nellie conservou.
Sua mãe morreu de tuberculose, deixando seu
pai, que ganhava muito pouco, com quatro filhos menores de nove anos aos que
mal alimentava. Ellie (que era carinhosamente conhecida como Nellie) mostrava
sinais de incapacidade: uma séria queda quando era um bebê a havia deixado com a
cervical encurvada, afetando sua coluna, o que lhe proporcionava fortes dores e
a impedia, segundo ia crescendo, poder sentar-se direita.
Seu pai, assumindo finalmente que não podia
cuidar de seus filhos como era devido, decidiu deixá-los ao cuidado das
instituições. Tomas foi enviado para a Escola dos Irmãos da Caridade em Upton;
David ao convento escola das Irmãs das Mercês, Passage West; Nellie, junto com sua
irmã Mary, foi enviada às Irmãs da Misericórdia, e ali descobriram que ambas
padeciam de tosse ferina por isso foram trasladadas para o orfanato das Irmãs
do Bom Pastor, onde foram recebidas e cuidadas. Ali a pequena Nellie tinha todo
o cuidado, assistida pelas Irmãs e pela enfermeira, Srta. Hall, que ela começou
a chamar carinhosamente de "mamãe".
As religiosas ficaram logo surpresas com a
inteligência precoce da criança e da extraordinária disposição para as coisas
de Deus; um instinto misterioso de graça a atraia especialmente à SSma.
Eucaristia e à Paixão de Jesus. Para entender esses dons espirituais de Nellie
Organ é preciso considerar uma precocidade extraordinária de Fé, que Deus
certamente suscita ao longo do tempo a algumas de suas criaturas, enviando-as
para o mundo quase como um anjo de passagem, indicando os mistérios do amor e
da grandeza de Deus aos seus contemporâneos, para voltar velozmente ao amor
infinito do Pai. E acreditamos que essa foi a pequena Nellie, que tanta
admiração, devoção, causou na Irlanda e na Europa no início do século XX, tanto
assim que cem anos depois de sua morte prematura, estamos aqui falando sobre
isso, considerando-a uma tocha acesa que ainda ilumina o caminho para a
compreensão do dom de Jesus Eucaristia para a humanidade.
Transportada em uma cadeira de rodas ou
em uma maca, ela permanecia na igreja como um anjo, com os olhos fixos no Tabernáculo
e com as mãos unida. Ela solicitava a cada instante para ser levada pela Irmã
enfermeira para tão perto do altar quanto possível, especialmente quando era
exposto o SSmo. Sacramento.
Naqueles nove meses que passou no
Instituto do Bom Pastor, o desejo da Eucaristia tornou-se mais intenso: ela via
as religiosas, as enfermeiras e as meninas mais velhas receberem a Santa
Comunhão durante a celebração da Missa, enquanto a ela, assim tão pequena, não era
concedido. De resto, devemos nos lembrar que a Primeira Comunhão, antes de
1910, não podia ser dada a crianças menores de 12-13 anos e
sempre sob o julgamento do padre sobre a sua preparação e disposição.
A "Pequena Nellie", embora tão
doente que não podia ser deixada sozinha, inventava tudo, com imaginação e um
desejo muito mais velho do que ela, para se aproximar de alguma forma do seu
"Santo Deus", e assim uma manhã, voltando-se para a Srta. Hall,
enfermeira, que ia assistir à Missa, disse que assim que ela recebesse a
Sagrada Comunhão, que retornasse imediatamente a ela e lhe desse um beijo, o
que para Nellie, assim, tornou-se o beijo de Jesus.
Sua insistência junto às religiosas para
receber a Eucaristia também tornou-se diária; as religiosas consternadas por
não serem capazes de agradá-la, procuravam explicar a ela que não era possível.
Um dia chegou ao Instituto um padre idoso
que foi informado dos pedidos insistentes da pequena doente, e ele então quis
conhecê-la; permaneceu no orfanato por algumas semanas, visitando-a todos os
dias e interrogando-a sobre seu conhecimento das coisas de Deus e sobretudo do seu
desejo da Eucaristia, se maravilhando pela bondade, inteligência e amor ao
"Santo Deus, da pequena enferma. Ele conversou com a Madre Superiora e dando um parecer favorável para que Nellie pudesse receber a sua Primeira
Comunhão, ele prometeu falar com o bispo.
O Bispo de Cork ficou muito espantado
diante deste caso incomum, mas depois de uma longa oração na capela, ele
escreveu uma carta à Superiora: "Sim! Eu abençoo a menina cheia de graça
com todo o meu coração. Queira rezar por seu bispo na hora mais feliz de sua
vida, que agora está perto", e enviou para a menina um santinho
representando São João Evangelista que ternamente descansava a cabeça sobre o Coração
de Jesus, na Última Ceia.
De acordo com as regras da época, o bispo
administrou antes o Sacramento da Confirmação, em seguida, no dia 6 de dezembro
de 1907, primeira sexta-feira do mês, dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, com
uma solene celebração na igreja do Instituto que teve a participação de todas
as irmãs e as crianças, Nellie, transportada em uma cadeira com almofadas, e
precedida por sua irmã Maria com uma vela acesa, se aproximou do altar e
finalmente recebeu a Sagrada Comunhão, o seu "Santo Deus".
Foi indescritível a alegria experimentada pela criança, que uma vez transportada de volta para a cama de seu quarto, recebeu radiante os adultos e as crianças do Instituto que queriam ver a pequenina abençoado, trazendo-lhe pequenos presentes.
Foi indescritível a alegria experimentada pela criança, que uma vez transportada de volta para a cama de seu quarto, recebeu radiante os adultos e as crianças do Instituto que queriam ver a pequenina abençoado, trazendo-lhe pequenos presentes.
Seus últimos dias transcorreram entre a
resistência ao sofrimento físico cada vez mais em ascensão e o desejo diário de
receber a Sagrada Comunhão, que ela recebeu 32 vezes em menos de dois meses.
Toda vez que recebia o Pão dos Anjos, a
face de Nellie se transfigurava, ficando várias horas absorvida em oração e
ação de graças; com uma maturidade muito superior à sua idade, confortava todos
aqueles que em torno de si sofriam, lembrando-lhes a Paixão de Jesus.
Tudo isso acontecer com uma menina de
quatro anos e meio parece incrível, especialmente quando visto com os nossos
olhos modernamente racionais, mas é tudo verdade, e para isso devemos nos
curvar à vontade de Deus que opera milagres através das almas mais simples
Depois de uma longa agonia, também assistida
por seu pai e irmã, Nellie Organ morreu em um domingo, 2 de fevereiro de 1908,
Festa da "Candelária" (Purificação de Maria). Ela foi enterrada no
Cemitério de São José, em Cork, porém um ano depois transladaram seus restos
mortais, que encontraram intactos, para o Cemitério do Convento.
No ano seguinte, os alunos do orfanato tiveram
a ideia de fazer uma Novena à "Pequena Nellie" para pedir-lhe para
obter um "sinal" que inspirasse o Papa São Pio X a dar a todas as
crianças pequenas do mundo a possibilidade de receber a Primeira Comunhão. Alguns meses
mais tarde, com o decreto "Quam singulari", o Papa concedeu a
primeira comunhão a todos as crianças que chegarem ao uso da razão. O mesmo
Papa, informado sobre a história da menina irlandesa, em 21 de novembro de
1910, enviou a Bênção Apostólica, escrevendo de próprio punho "Nellie,
ainda menina, foi chamada para o Céu".
À intercessão da "Violeta da SS.
Sacramento" foram atribuídas curas instantâneas e graças extraordinárias,
que propagaram sua fama de pequena santa.
Adendo:
1) A enfermeira, Srta. Hall, relatou uma atitude
extraordinária de Nellie por ocasião de sua primeira visita à capela durante a
Exposição do SSmo. Sacramento. Naquela manhã, a Srta. Hall levou Nellie para a
capela. A menina nunca antes tinha visto a Sagrada Hóstia exposta no
ostensório. Qual não foi a surpresa da Srta. Hall ao ouvir a criança dizer para
ela sussurrando: “Mamãe, ali está Ele, ali está o Santo Deus!” E com sua pequena mão apontava para o
ostensório; depois disso, ela não tirava seus olhos da Hóstia, enquanto uma
expressão de êxtase transfigurava sua face. Daquele dia em diante, por algum
conhecimento interior, sem nenhum sinal exterior para guiá-la, Nellie sempre
sabia quando havia Exposição no convento.
2) Ela rezava frequentemente durante o
dia, e seu recolhimento durante as orações era muito edificante. Ela rezava por
todos que prezava: as Irmãs, o Bispo, as Enfermeiras, suas pequenas
companheiras, pela Igreja de Cristo e pelo Papa. A forma como ela rezava o
rosário era particularmente edificante. Ela beijava cada conta maior e o
crucifixo, e recitava cada oração devagar, com clareza, e com um espírito de
recolhimento muito marcante para alguém tão pequeno.
A Reverenda Madre escreve: “Uma tarde, estando
sentada ao lado de sua cama, eu disse: ‘Vamos conversar, ou devemos rezar o
rosário?’ ‘Reze o rosário, Mamãe’, ela respondeu. Eu só tinha rezado algumas
Ave-Marias quando eu a ouvi sussurrar: ‘Ajoelhe, Mamãe’. Eu não prestei atenção
e continuei até o fim da primeira dezena, quando ela repetiu em um tom
determinado: ‘Ajoelhe, Mamãe’, e eu tive que terminar o rosário ajoelhada”.
Em 30 de janeiro de 1908, Madre Francisca
foi vê-la. Sabendo que a vida da criança estava no fim, ela falou sobre o que ela
sabia que a menina gostava. “Nellie, quando você for para o Santo Deus, você
vai pedir para Ele me levar? Eu desejo muito o Paraíso”. A criança olhou para a
Madre perscrutando e seus belíssimos olhos pareciam brilhar com uma luz sobrenatural. Então ela respondeu solenemente: “O Santo Deus não pode levá-la,
Mamãe, até a Sra. ficar melhor e fazer o que Ele deseja que a Sra. faça”. Madre
Francisca Xavier Hickey viveu até os 99 anos de idade. Ela faleceu em 1960 no Instituto
Bom Pastor de St. Paul, Minnesota.
3) O Reverendo Dr. Scannell conta-nos como
foi a exumação: “Estavam presentes: um padre (ele próprio, Pe. Scannell), a
Enfermeira e duas outras testemunhas de credibilidade. Para grande espanto de
todos, porque temos que ter em mente que a criança morreu de phthisis (um
desgaste do tecido, usualmente a tuberculose pulmonar), o corpo foi encontrado
intacto, exceto por uma pequena cavidade na mandíbula direita, que corresponde
ao osso que foi destruído por caries quando a pequena ainda estava viva. Os
dedos estavam bastante flexíveis e o cabelo tinha crescido um tanto. O vestido,
a guirlanda e o véu da 1ª. Comunhão, com os quais ela havia sido sepultada,
como fora seu desejo, estavam intactos. A medalha de prata de Filha de Maria
estava tão brilhante como se tivesse sido polida recentemente; tudo, de fato,
foi encontrado exatamente como no dia da morte de Nellie”.
http://www.mysticsofthechurch.com/2010/03/marie-rose-ferron-american-mystic.html