A devoção a Maria
Santíssima surgiu com toda certeza nos primeiros séculos da Igreja, quando
havia a celebração da Missa de Nossa
Senhora nos sábados. O missal romano de São Pio V, de 1570, mostra a
antiguidade desta prática que consiste em honrar especialmente a Santa Mãe de
Deus nesse dia da semana, depois de ter consagrado a sexta-feira para comemorar
a Paixão de Nosso Senhor e os sofrimentos de seu Sagrado Coração.
Seguindo essa
tradição, as confrarias que eram dedicadas à devoção do Rosário estabeleceram o
costume de dedicar anualmente quinze sábados seguidos à Rainha do Santíssimo
Rosário.
Historicamente, a devoção a Maria Santíssima sob a forma do seu Coração
Imaculado ocorreu pela primeira vez no século XIII com Santa Matilde, Santa
Gertrudes, São Bernardino de Sena e outros. No século XVII, São Francisco de
Sales foi um expoente desta devoção. Mas foi São João Eudes, o grande apóstolo
do Imaculado Coração (1601-1680), que deu o impulso decisivo para a prática.
No mesmo século, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus veio à tona
através de Santa Margarida Maria Alacoque e de seu confessor, São Cláudio de La
Colombière.
A devoção ao Sagrado Coração se espalhou, assim também a devoção ao
Imaculado Coração. Ambos, Santa Margarida Maria e São Cláudio, foram também
profundamente dedicados ao Coração Imaculado de Maria.
O Papa Pio VI
encabeça a lista de vários papas que incrementaram a divulgação da devoção. Com
o Papa São Pio X a devoção dos primeiros sábados do mês foi aprovada e
encorajada pela sede da Igreja, em Roma. Em 10 de julho de 1905, ele
indulgenciou pela primeira vez esta devoção. Em 1944 que o Papa Pio XII
estendeu-a a toda a Igreja, fixando a celebração em 22 de agosto.
Atualmente a festa
do Coração Imaculado de Maria é celebrada no sábado seguinte à festa do Sagrado
Coração de Jesus, que é móvel, sempre observada na sexta-feira, 19 dias após o
Domingo de Pentecostes.
O coração físico, símbolo do coração
espiritual
Os Padres da Igreja consideram que quando do alto da Cruz, Nosso Senhor
Jesus Cristo fez Nossa Senhora a mãe de São João, Ele também a nomeou mãe de
todos os homens. Assim, o Coração de Maria é o símbolo físico de seu amor sem
limites a Deus e ao gênero humano.
Mas o coração físico de Nossa Senhora também é o símbolo de seu coração
espiritual. Assim, no Imaculado Coração de Maria também honramos sua vida
interior, suas virtudes, sua perfeita pureza, sua humildade sem limites, seu
afeto e sua tristeza.
Pungente na tradição católica é
a representação do Coração de Maria transpassado por uma espada, símbolo de sua
imensa tristeza ao testemunhar e ao aceitar a Paixão e Morte de seu Filho para
a salvação de nossas almas.
Fátima e o Coração Imaculado de Maria. A
devoção dos Cinco Primeiros Sábados.
Na segunda aparição de Fátima, Nossa Senhora mostrou aos videntes,
Lúcia, Francisco e Jacinta, seu coração cercado de espinhos. Mais tarde, em 10
de dezembro de 1925, em uma aparição privada para a Irmã Lúcia, Ela pediu a
devoção reparadora dos Cinco Primeiros Sábados.
A Mãe de Deus apareceu sobre uma nuvem luminosa tendo ao lado o Menino
Jesus. O Menino, mostrando-lhe um coração cercado de espinhos que tinha na
outra mão, disse-lhe: "Tem pena
do Coração de tua Santíssima Mãe, que está coberto de espinhos que os homens
ingratos a todos os momentos Lhe cravam, sem haver quem faça um ato de
reparação para os tirar".
A Santíssima Virgem acrescentou: "Olha,
minha filha, o meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos
os momentos Me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me
consolar, e dize que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado,
se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um terço e Me fizerem
quinze minutos de companhia meditando nos quinze mistérios do Rosário com o fim
de Me desagravar, Eu prometo assisti-los na hora da morte com todas as graças
necessárias para a salvação dessas almas".
Esta devoção tem, assim, a finalidade de
reparar o Coração Imaculado de Maria pelas ofensas dos homens. E deve ser
praticada em cinco primeiros sábados consecutivos. Divide-se em vários itens,
todos indispensáveis:
1 - confissão
(*);
2 - comunhão;
3 - recitação do
terço;
4 - e quinze
minutos de companhia a Nossa Senhora meditando nos quinze mistérios do Rosário
(**).
(*)
Mais tarde, quando o Menino Jesus lhe aparece novamente para cobrar a
divulgação dessa devoção, a Irmã Lúcia levantando a dificuldade que algumas
pessoas teriam para confessar-se no sábado, pediu-Lhe que fosse válida a
confissão de oito dias. O Infante Menino
respondeu-lhe que poderia ser até de "muitos mais dias ainda, contanto
que, quando Me receberem, estejam em graça e tenham a intenção de desagravar o
Imaculado Coração de Maria". Caso a pessoa se esquecesse, ao
confessar-se, de formular essa intenção, disse Nosso Senhor que "podem
formá-la na outra confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que
tiverem de se confessar".
(**)
Aqui intérpretes afirmam que trata-se de meditar sobre um dos quinze mistérios
do Rosário, pois do contrário seria praticamente impossível meditar os quinze
nos quinze minutos estabelecidos por Nossa Senhora.