segunda-feira, 29 de junho de 2015

Sts. Júnia e Andrônico de Roma, Esposos, discípulos de S. Paulo - 30 de junho

    
“Saudai a Andrônico e a Júnia, meus compatriotas e companheiros de prisão, os quais se assinalam entre os apóstolos, e que também estavam em Cristo antes de mim”. (Romanos 16:7).
 
     De acordo com este versículo, Andrônico era um compatriota de Paulo e um companheiro do apóstolo na prisão, além de particularmente bem conhecido entre os apóstolos e tinha se tornado um seguidor de Jesus antes da conversão de Paulo na estrada para Damasco.
     Andrônico e Júnia viviam em Roma no ano 58 d.C., quando o Apostolo Paulo os saudou calorosamente na Carta aos Romanos.
     Há um consenso de que Júnia era sua esposa, mas este nome também pode indicar um irmão ou irmã, pai ou filha, ou ainda nenhuma relação particular com Paulo, exceto o fato de serem compatriotas.
     Traduções do Novo Testamento variam sobre a forma como apresentam as palavras gregas para "assinalam" e "apóstolos". Uma teoria é que Andrônico e Júnia não seriam apóstolos, mas tinham grande reputação entre eles. Porém, a classicista Evelyn Stagg e o estudioso do Novo Testamento, Frank Stagg, escreveram que Paulo fez questão de citar explicitamente o quão bem conhecido é o casal para ele.
     Esta referência à terem sido companheiros de prisão e sobre o fato de terem se convertido antes dele demonstra que ele estava bem seguro ao afirmá-los entre os apóstolos como fez, com base no seu próprio envolvimento. Os Staggs terminam por concluir que tanto o contexto quanto o conteúdo do versículo devem ser lidos naturalmente como uma recomendação de Paulo sobre Andrônico e Júnia como excelentes cristãos e apóstolos, assim como Silas, Timóteo e outros que receberam o mesmo título durante o cristianismo primitivo.
     Segundo Hipólito de Roma, Andrômico teria sido um dos setenta discípulos enviados por Jesus, depois bispo na Panonia, enquanto o “Catalogus virorum apostolicorum” o menciona como bispo na Espanha.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Beata Maria Lhuillier, Virgem e mártir - 25 de junho

Martirológio Romano: Em Laval, França, Beata Maria Lhuillier, virgem e mártir, que, recebida na Congregação das Irmãs Hospitalárias da Misericórdia, durante a Revolução Francesa foi decapitada por manter-se fiel aos votos religiosos da Igreja (1794).
     Maria Lhuillier nasceu em Arquenay, França, em 18 de novembro de 1744. Cresceu analfabeta e logo ficou órfã. Depois de servir uma senhora do lugar, foi trabalhar no convento de São Juliano das Canonisas Regulares Hospitalárias da Misericórdia de Jesus. Foi enviada ao hospital de Château Gontier e em 1778, depois de muitos sofrimentos e humilhações, ela foi admitida na profissão religiosa deste Instituto como Irmã conversa, tomando o nome de Maria de Santa Mônica.
     Quando a Revolução Francesa eclodiu, em fevereiro de 1794, as religiosas foram obrigadas a abandonar o hospital e a refugiar-se em Laval, no ex-convento das Ursulinas.
     Acusada de distribuir parte da roupa limpa do hospital a pessoas necessitadas, Maria Lhuillier foi presa e conduzida diante de uma comissão. O juiz declarou que ignoraria aquela infração se a religiosa prestasse o juramento de "Liberdade e Igualdade", porém ela não quis fazê-lo. O juiz a ameaçou com a guilhotina, e a quantos seguissem seu exemplo, porém ela permaneceu corajosa e disse: "Tanto melhor para mim e para minhas Irmãs. Assim teremos a alegria de morrer por nossa fé, e mais rápido poderemos ver a Deus”. O juiz insinuou: "Veja que queremos salvar-te e te oferecemos o melhor". Ela porém respondeu: "Todos os meios que me ofereces são somente para enganar-me, mas graças a Deus, não o consegues. Eu não quero perder-me por toda a eternidade".
     Ao ouvir a sentença de morte, nossa beata se ajoelhou e exclamou: "Deus meu, quantas graças me fazeis contando-me no número de vossos mártires, embora eu seja uma grande pecadora".
     Depois, estando sozinha, cortou os cabelos, então um ajudante do verdugo a agarrou e com um golpe de sabre cortou suas roupas. A mártir empalideceu pelo ultraje e desmaiou. Quando se recompôs comentou: "A morte não me dá medo, porém podias poupar-me desta dor". Novamente foi convidada a prestar juramento, porém ela suspirou: "Ó Deus! Preferir uma vida passageira e caduca a uma vida gloriosa e imortal? Não, não, prefiro a morte".
     Antes de subir ao cadafalso exclamou: "Deus meu, eu devo morrer de uma morte assim doce, enquanto tu sofreste tanto por mim...". Morreu em Laval.
     Em 15 de junho de 1955 o Papa Pio XII beatificou 19 mártires franceses de Laval.
 

terça-feira, 23 de junho de 2015

Santa Agripina, virgem e mártir - 23 de junho

   

     Agripina, cujo nome é por certo de ilustre memória na antiga onomástica romana, é muito venerada pelos católicos na Sicília e, em menor grau, na Grécia.
     A tradição nos fala de uma mulher de nobre ascendência que havia consagrado sua virgindade a Cristo e vivia reclusa em sua casa, porém realizando obras de caridade com todos os que batiam à sua porta.
     Durante a perseguição de Valeriano (257-260), escandalizada com as matanças de cristãos, pediu uma audiência com o imperador e, por ser de ilustre família, foi recebida. Levada a presença de Valeriano recriminou-o duramente por sua conduta com a comunidade cristã e instou-o a se converter se não queria ir para o fogo eterno junto com seus deuses. Quando o césar a impeliu a sacrificar aos deuses, ela se negou corajosamente, o que o levou a mandar castigá-la. Agripina foi duramente açoitada e vários ossos se quebraram, em seguida a colocaram na prisão. Após varias sessões dessas, ela acabou morrendo na cela ou durante o tormento.
     Seu corpo foi recolhido por três jovens piedosas, Paula, Basa e Agatônice, e foi levado para a Basílica de São Paulo, onde foi enterrado. Posteriormente um monge trasladou suas relíquias para a Sicília, onde foram recebidas por São Gregório de Agrigento, que as trasladou para a cidade de Mineo.
     No tempo de Constantino, Severo, bispo de Catania, mandou erguer uma igreja em sua honra. No século XI suas relíquias foram desenterradas e levadas para Constantinopla para protegê-las da profanação da pirataria turca.
     Tudo isto é mencionado pela tradição. Mas não há dados sobre a Agripina histórica. Uma passio foi escrita no século VIII, posterior portanto à data de seu martírio.
     Alguns historiadores dizem que esta história é pouco verossímil, mas tem pontos de verdade: as boas relações entre os monges basilianos gregos da Sicília com os de Roma, São Gregório foi bispo de Agrigento, mas nos séculos VI-VIII e não no tempo de Constantino. E quanto ao bispo Severo, ele realmente foi bispo de Catania, mas também no século VII. Para explicar a popularidade da santa, o hagiógrafo Papebrochio determinou que a trasladação das relíquias seria mais tardia, mas não há provas disto.
     Para concluir, muito provavelmente Santa Agripina é uma santa histórica, cuja existência e martírio são reais, porém não se sabe com certeza como foi martirizada.
     Ela é padroeira da cidade de Mineo e dos emigrantes desta cidade no bairro de North’s End, em Boston (EUA), onde até hoje ela é comemorada.
     Santa Agripina é protetora dos leprosos e das vítimas de tortura por causa de seu martírio, e é invocada contra os maus espíritos e as tempestades.
     Sua iconografia consiste em uma pequena torre sobre um livro, uma cruz e a cabeça de Valeriano a seus pés.
Etimologia: Agripina forma feminina de Agripa, que significa "Senhor do campo"; outra versão seria "nascido de parto difícil".


sexta-feira, 19 de junho de 2015

Beatas Sancha, Teresa e Mafalda, de Portugal

    
     Não era só nos mosteiros e conventos que se refugiava e florescia a santidade da nossa Idade Média. Também, no palácio real, três filhas de D. Sancho I (1154-1211) surgiram como três plantas eleitas de Deus que, bem fidalgamente, souberam ataviar-se com a riqueza e beleza das virtudes cristãs, para ficarem de exemplo aos reis e aos povos. Nascidas e educadas na corte chegaram mesmo, duas delas, a contrair matrimônio, com algum príncipe. Mas ainda assim, tais voltas deu a fortuna que vieram todas três a renunciar depois ao mundo, seus cômodos e enredos, para se consagrarem à perfeição religiosa. Foram elas:
Beata Sancha (1180-1229)
     Nascida em Coimbra, foi educada, como suas irmãs, na piedade e austeridade dos bons tempos. Animada pelo mais alto espírito de fé e zelo do serviço de Deus, logo que assegurou a posse da vila de Alenquer, que seu pai lhe legara, o seu primeiro cuidado foi fundar nas proximidades, na serra de Montejunto, um convento de Dominicanos; e outro de Franciscanos, na mesma vila, tudo pela sua devoção e especial proteção que dispensava às ordens mendicantes.
     Com igual zelo e devoção edificou também a Igreja de Redondo. Para si levanta o convento de Celas, em Coimbra, onde toma o hábito de Cister, para levar, sob aquela regra, uma vida de oração e austeridade até à morte, a 13 de Março de 1229.
 
Beata Teresa (1177-1250)
     Casou com Afonso IX de Leão e teve três filhos (Sancha, Dulce e Fernando), mas o casamento foi considerado nulo por consanguinidade por Celestino III, (1181-1198). D. Afonso casa de novo com Berengária de Castela e tem cinco filhos, mas este casamento é considerado nulo pelo mesmo motivo que o anterior.
     D. Afonso acaba por declarar guerra ao Rei de Portugal sustentado em supostos direitos decorrentes do casamento desfeito e Da. Teresa regressa então a Portugal e recolhe-se no Mosteiro de Lorvão onde existia já um convento beneditino que, no ano de 1200, ela restaura e agregar a si outras companheiras e onde toma o hábito. Esta comunidade chegará a ter mais de trezentas freiras.
     À morte de D. Afonso, em 1230, abre-se a disputa entre os filhos dos seus dois casamentos, até porque D. Afonso havia deserdado o filho primogênito do segundo casamento e legado o Reino às duas filhas de Teresa.
     Da. Teresa intervém nesta disputa e permite que Fernando III de Castela assuma o trono de Leão. Esta não é, aliás, a única querela dinástica em que Teresa tem um papel relevante; vêm afligir-lhe ainda os últimos anos as contendas de seus sobrinhos, D. Sancho II e D. Afonso III. Foi a sua intervenção que pôs um fim nas contendas entre eles. Nada, porém, diminuiu, antes tornou mais meritória a sua piedade com Deus, e contínua caridade com os humildes e desprotegidos.
 
Beata Mafalda (1195-1256)
     Foi também casada neste caso com Henrique I de Castela. Na menoridade dele, cuja morte deixou livre Da. Mafalda, esta, preferindo também a tudo o recolhimento e vida do claustro, adaptou, para a ordem de Cister, o convento beneditino de Arouca, onde se consagrou ao serviço de Deus para todo o resto da sua vida.
     O culto de Deus e da virtude, e a contínua solicitude de bem-fazer são todo o seu empenho e serão o destino de todos os seus bens, cuja distribuição testamentária atinge os mosteiros de Arouca, Tuias, S. Tirso, Paço de Sousa, Vila Boa do Bispo e Alcobaça, mais as ordens do Templo, Hospital e Avis, Dominicanos do Porto e as Sés do Porto e Lamego.
     Com tantas obras de piedade e misericórdia, a sua memória, como a de suas santas irmãs, ficou abençoada pela devoção dos fiéis, com culto desde tempos imemoriais que veio a ser reconhecido por Pio VI (1775-1799) em março de 1792.
     Teresa e Sancha foram Beatificadas pelo Papa Clemente XI (1700-1721), a 13 de dezembro de 1705, pela Bula Sollicitudo Pastoralis Offici, celebrando-as a Igreja nos dias 17 de junho e 11 de abril, respectivamente.
     Mafalda foi Beatificada pelo Papa Pio VI em março de 1792 e a sua festa é no dia 2 de maio.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Santa Benilde de Córdoba, viúva e mártir - 15 de junho


Martirológio Romano: Em Córdoba, na Andaluzia, Espanha, Santa Benilde, mártir, morta em idade bem avançada durante a perseguição dos mouros.  
     Corria o ano de 853 quando se desencadeou uma perseguição dos mouros contra os cristãos. Há tempos os muçulmanos havia invadido a Espanha e de tempos em tempos faziam leis para combater o aumento do catolicismo no país.
     Santo Eulógio conta que no dia seguinte ao martírio dos Santos Anastásio, Feliz e Digna, Benilde se apresentou aos juízes.
     Apesar de sua idade avançada, a viúva Benilde encheu-se de coragem evangélica, ergueu sua voz contra a tirania. Compareceu diante do juiz muçulmano na mesquita de Córdoba e proclamou que preferia a fé à vida e ao silêncio cúmplice com aquela tirania. Seu gesto claro, generoso e valente lhe custou a vida. Foi decapitada e suas cinzas foram dispersas, como as daqueles três mártires citados. Entretanto, antes de lançar seus restos mortais no Guadalquivir, seu corpo sem cabeça fora empalado e exposto a toda a cidade.
     Como os mouros conheciam bem os costumes cristãos, depois das execuções queimavam os corpos dos mártires e suas cinzas eram lançadas no Rio Guadalquivir para evitar a criação de santuários nos túmulos dos mártires.
     Dizem os entendidos que desde então as águas do Guadalquivir baixam “contaminadas” pelo único barro que, em lugar de sujar, fecundam a Igreja andaluza.
     Introduzida no Martirológio Romano por Barônio, a festa de Benilde é celebrada no dia 15 de junho. Ela é considerada uma dos Mártires de Córdoba.

Remédio para a dureza moral contemporânea


     Mães em cujas entranhas decresce de intensidade o amor pelos filhos; maridos que atiram à desgraça um lar inteiro, com o único ato de satisfazer seus próprios instintos e paixões; filhos que, indiferentes à miséria ou ao abandono moral em que deixam seus pais, voltam todas as suas vistas para a fruição dos prazeres desta vida; profissionais que enriquecem às custas do próximo, mostram muitas vezes uma crueldade fria e calculada, que causa muito mais horror do que os extremos de furor a que a guerra pode arrastar os combatentes.
     Realmente, se bem que na guerra os atos de crueldade se possam mais facilmente aquilatar, os que os praticam têm, se não a desculpa, ao menos a atenuante de que são impelidos pela violência do combate. Mas aquilo que se trama e se realiza na tranquilidade da vida quotidiana não pode muitas vezes beneficiar-se de igual atenuante. E isto sobretudo quando não se trata de ações isoladas, mas de hábitos inveterados, que multiplicam indefinidamente as más ações.
     A guerra, tal qual ela é hoje feita, é um índice de crueldade, mas está longe de ser a única manifestação da dureza moral contemporânea.
     Quem diz crueldade diz egoísmo. O homem só prejudica seu próximo por egoísmo, por desejar beneficiar-se de vantagens a que não tem direito. Assim, pois, o último meio de extirpar a crueldade consiste em extirpar o egoísmo.
     Ora, a Teologia nos ensina que o homem só pode ser capaz de verdadeira e completa abnegação de si mesmo, quando seu amor ao próximo é baseado no amor de Deus. Fora de Deus, não há para os afetos humanos estabilidade nem plenitude. Ou o homem ama a Deus a ponto de se esquecer de si mesmo — e neste caso ele saberá realmente amar o próximo —, ou se ama a ponto de se esquecer de Deus, e, neste caso, o egoísmo tende a dominá-lo completamente.
     “Ad Jesum per Mariam”. Por Maria é que se vai a Jesus. Escrevendo na festa do Sagrado Coração Jesus, como não dizer uma palavra de comoção filial ante esse Coração Imaculado [de Maria] que, melhor do que qualquer outro, compreendeu e amou o Divino Redentor?
     Que Nossa Senhora nos obtenha algumas faíscas da imensa devoção que tinha ao Sagrado Coração de Jesus. Que Ela consiga atear em nós um pouco daquele incêndio de amor com que Ela ardeu tão intensamente, são nossos votos dentro desta oitava suave e confortadora.
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Excertos de artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicado no “Legionário”, em 22 de junho de 1941.

sábado, 13 de junho de 2015

Festa do Imaculado Coração de Maria

    
 
     A devoção a Maria Santíssima surgiu com toda certeza nos primeiros séculos da Igreja, quando havia a celebração da Missa de Nossa Senhora nos sábados. O missal romano de São Pio V, de 1570, mostra a antiguidade desta prática que consiste em honrar especialmente a Santa Mãe de Deus nesse dia da semana, depois de ter consagrado a sexta-feira para comemorar a Paixão de Nosso Senhor e os sofrimentos de seu Sagrado Coração.
     Seguindo essa tradição, as confrarias que eram dedicadas à devoção do Rosário estabeleceram o costume de dedicar anualmente quinze sábados seguidos à Rainha do Santíssimo Rosário.
     Historicamente, a devoção a Maria Santíssima sob a forma do seu Coração Imaculado ocorreu pela primeira vez no século XIII com Santa Matilde, Santa Gertrudes, São Bernardino de Sena e outros. No século XVII, São Francisco de Sales foi um expoente desta devoção. Mas foi São João Eudes, o grande apóstolo do Imaculado Coração (1601-1680), que deu o impulso decisivo para a prática.
     No mesmo século, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus veio à tona através de Santa Margarida Maria Alacoque e de seu confessor, São Cláudio de La Colombière.
     A devoção ao Sagrado Coração se espalhou, assim também a devoção ao Imaculado Coração. Ambos, Santa Margarida Maria e São Cláudio, foram também profundamente dedicados ao Coração Imaculado de Maria.
     O Papa Pio VI encabeça a lista de vários papas que incrementaram a divulgação da devoção. Com o Papa São Pio X a devoção dos primeiros sábados do mês foi aprovada e encorajada pela sede da Igreja, em Roma. Em 10 de julho de 1905, ele indulgenciou pela primeira vez esta devoção. Em 1944 que o Papa Pio XII estendeu-a a toda a Igreja, fixando a celebração em 22 de agosto.
     Atualmente a festa do Coração Imaculado de Maria é celebrada no sábado seguinte à festa do Sagrado Coração de Jesus, que é móvel, sempre observada na sexta-feira, 19 dias após o Domingo de Pentecostes.
O coração físico, símbolo do coração espiritual
     Os Padres da Igreja consideram que quando do alto da Cruz, Nosso Senhor Jesus Cristo fez Nossa Senhora a mãe de São João, Ele também a nomeou mãe de todos os homens. Assim, o Coração de Maria é o símbolo físico de seu amor sem limites a Deus e ao gênero humano.
     Mas o coração físico de Nossa Senhora também é o símbolo de seu coração espiritual. Assim, no Imaculado Coração de Maria também honramos sua vida interior, suas virtudes, sua perfeita pureza, sua humildade sem limites, seu afeto e sua tristeza.
     Pungente na tradição católica é a representação do Coração de Maria transpassado por uma espada, símbolo de sua imensa tristeza ao testemunhar e ao aceitar a Paixão e Morte de seu Filho para a salvação de nossas almas.
Fátima e o Coração Imaculado de Maria. A devoção dos Cinco Primeiros Sábados.
     Na segunda aparição de Fátima, Nossa Senhora mostrou aos videntes, Lúcia, Francisco e Jacinta, seu coração cercado de espinhos. Mais tarde, em 10 de dezembro de 1925, em uma aparição privada para a Irmã Lúcia, Ela pediu a devoção reparadora dos Cinco Primeiros Sábados.
     A Mãe de Deus apareceu sobre uma nuvem luminosa tendo ao lado o Menino Jesus. O Menino, mostrando-lhe um coração cercado de espinhos que tinha na outra mão, disse-lhe: "Tem pena do Coração de tua Santíssima Mãe, que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam, sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar".
     A Santíssima Virgem acrescentou: "Olha, minha filha, o meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um terço e Me fizerem quinze minutos de companhia meditando nos quinze mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assisti-los na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas".
     Esta devoção tem, assim, a finalidade de reparar o Coração Imaculado de Maria pelas ofensas dos homens. E deve ser praticada em cinco primeiros sábados consecutivos. Divide-se em vários itens, todos indispensáveis:
1 - confissão (*);
2 - comunhão;
3 - recitação do terço;
4 - e quinze minutos de companhia a Nossa Senhora meditando nos quinze mistérios do Rosário (**).
 
(*) Mais tarde, quando o Menino Jesus lhe aparece novamente para cobrar a divulgação dessa devoção, a Irmã Lúcia levantando a dificuldade que algumas pessoas teriam para confessar-se no sábado, pediu-Lhe que fosse válida a confissão de oito dias. O Infante Menino respondeu-lhe que poderia ser até de "muitos mais dias ainda, contanto que, quando Me receberem, estejam em graça e tenham a intenção de desagravar o Imaculado Coração de Maria". Caso a pessoa se esquecesse, ao confessar-se, de formular essa intenção, disse Nosso Senhor que "podem formá-la na outra confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem de se confessar".
(**) Aqui intérpretes afirmam que trata-se de meditar sobre um dos quinze mistérios do Rosário, pois do contrário seria praticamente impossível meditar os quinze nos quinze minutos estabelecidos por Nossa Senhora.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Festa do Sagrado Coração de Jesus: esta devoção é fundamental

     O que é, propriamente, a devoção ao Sagrado Coração? É a devoção ao órgão de Nosso Senhor, que é o Coração.
     Mas na Escritura, o coração não tem o significado sentimental que tomou no fim do século XVIII, mais ou menos, e certamente no século XIX. Não exprime o sentimento.
     Quando diz a Escritura: “A ti disse o meu coração: eu te procurei”, o coração aí é a vontade humana, é o propósito humano, é propriamente, a santidade humana. Aí quando Nosso Senhor diz isso, diz: “na minha vontade santíssima, Eu quero”.
     O Evangelho diz: “Nossa Senhora guardou todas as coisas em seu coração e as meditava”. Os senhores percebem que não é o coração sentimental, mas a vontade dEla, a alma dEla que guardava aquelas coisas e pensava sobre elas.
     O coração é a vontade da pessoa, o seu elemento dinâmico que considera e pondera as coisas.
     O Sagrado Coração de Jesus é a consideração disso em Nosso Senhor, simbolizado pelo coração, porque todos os movimentos da vontade do homem podem ter no coração uma repercussão. Nesse sentido, então, é o órgão adequado para exprimir isso.
     E é nesse sentido, então, que se adora o Santíssimo Coração de Jesus.
     Por correlação, por conexão, existe a devoção imensamente significativa, do Imaculado Coração de Maria. O Imaculado Coração de Maria é um escrínio dentro do qual encontramos o Sacratíssimo Coração de Jesus (vide por exemplo o artigo publicado no “Legionário” de 21-7-1940 e intitulado Nossa Senhora do Sagrado Coração).
     A essa devoção Nosso Senhor prometeu um caudal de graças. Comentei o ano passado as promessas do Coração de Jesus a quem fizer as nove primeiras sextas-feiras. A mais marcante delas, talvez, é que as almas que fizerem as nove sextas-feiras não morrerão sem terem a graça especial de se arrependerem antes.
     Não quer dizer que elas certamente irão para o Céu. Quer dizer que terão uma grande graça antes de morrer; não quer dizer que vão perceber que vão morrer, mas no momento relacionado com a morte, elas terão uma grande graça, tão grande que todas as esperanças se podem ter de sua salvação.
     Os senhores compreendem quanto empenho há na Igreja em que essa devoção seja conhecida, seja apreciada, seja medida com a razão, porque devoção sentimental não tem sentido.
     Devoção varonil é a que procura conhecer a razão de ser da coisa e ama a coisa pela sua razão de ser; assim é que um homem e uma mulher forte do Evangelho pensam a respeito das coisas de piedade.
     Então, pensar nisso, querer isso, dirigirmos nossa alma ao Coração de Jesus como fonte de graças calculadas para a época de Revolução, calculada para as épocas difíceis que deveriam vir e pedir que o Coração de Jesus, regenerador pelo sangue e pela água que dEle saiu, nos lave.
     Isto é propriamente a oração magnífica que nas sextas-feiras e, sobretudo, na primeira sexta-feira do mês, e na Sexta-feira da Paixão se deve considerar. [...]
     Se queremos ter distâncias psíquicas para termos equilíbrio mental e nervoso e para nos curarmos  — o quanto possível — de molezas de toda ordem, podemos e devemos recorrer ao Sagrado Coração de Jesus que, com uma graça jorrada dEle — como a água que curou o centurião — possa eliminar a cegueira de nossas almas, porque somos cheios de cegueiras de todos os graus e ordens.
     Peçamos ao Sagrado Coração de Jesus, por intermédio do Coração Imaculado de Maria — porque só assim, por intermédio de Nossa Senhora é que se obtém dEle as graças que nos curem dessa múltipla cegueira —, e teremos feito um esplêndido pedido e estaremos a caminho de conseguir uma magnífica graça.
Plínio Correa de Oliveira – grande líder católico do século XX
 
 
 

Santa Maria Rosa Molas y Valvé, Fundadora - 12 de junho


     Nasceu em Reus, Tarragona, Espanha, no dia 24 de março de 1815, em uma Quinta-Feira Santa. No dia seguinte foi batizada e recebeu o nome de Rosa Francisca Maria de los Dolores. Em sua casa é chamada de Dolores, com diminutivo em Catalão: Doloretes.
     Seus pais: José Molas, natural de Barcelona e Maria Valvé, de Reus. Seus irmãos Antón e Maria, filhos do primeiro; José e Doloretes filhos do segundo casamento. Uma casa de artesãos bem estruturada, onde a fé, a honra, o amor, o trabalho e as sólidas virtudes cristãs são o clima que respiram seus filhos. E entre a casa e a escola transcorreram a infância e a adolescência de Maria Rosa.
     Aos dezesseis anos de idade, Dolores sentiu o chamado de Deus. Quer se consagrar totalmente ao Senhor e ao consolo e alívio dos necessitados. Mas seu pai, um cristão fervoroso, não compreende a vocação de sua filha e um “Não” decisivo é sua resposta. Dolores, convicta de sua vocação, espera dez anos. Compreende que o mais importante a ser feito na vida é a vontade de Deus que se manifesta na negação do pai.
     Na tarde do dia 6 de janeiro de 1841, Maria Rosa deixa, silenciosamente, a casa paterna e se dirige ao Hospital de Reus para se tornar religiosa. A Direção do Hospital está sob a responsabilidade da chamada “Corporação da caridade”. No dia seguinte, já se encontra na enfermaria com o hábito das Filhas da Caridade e um nome novo: Irmã Maria Rosa.
     Dizem-nos que durante sua permanência no Hospital “não havia vazio que sua caridade não preenchesse. Depois vai para casa de caridade, na mesma cidade, para dar aulas para meninas e assumir a direção do colégio de moças e onde ‘chegou como anjo de alegria e bom conselho’”.
     Em 11 de junho de 1844 pediu ao general Martín Zurbano que deixasse de bombardear Reus, ao que ele acedeu.
     De Reus a Tortosa: no dia 18 de março de 1849, assume a Casa de Misericórdia de Jesus, em Tortosa, que passa por um momento muito precário. A esta delicada missão vai como superiora de quatro irmãs. O que encontram ali? Um ambiente de pobreza impressionante.
     Mas, logo há uma mudança radical: os asilados encontram a comida quente, troca de roupa limpa, muito amor nas irmãs e uma mãe em Madre Maria Rosa. Esta abre uma escola gratuita na Casa de Misericórdia para crianças dos arredores mais próximos e, dois anos mais tarde, assume a Escola Pública da cidade.
      Em 1852, recebeu o diploma de professora e assumiu a Direção do Hospital de Santa Cruz, que também passava por um momento difícil. Estas são as obras de Madre Maria Rosa em Tortosa: três estabelecimentos sob sua direção. Porém lhe falta realizar a obra mais importante: a Fundação da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Consolação. Fundada a Congregação, sua missão consoladora se estende pela Plana e pelo campo de Tarragona.
     Estamos no ano de 1876. Madre Maria Rosa completou 61 anos de idade. Trabalhou muito, sofreu corporal e espiritualmente ao longo de sua vida “consagrada totalmente ao Senhor e ao consolo e alívio dos mais necessitados”.
     Grave enfermidade a acomete. Sente no seu interior que Deus a chama para unir-se definitivamente a Ele. Faleceu no dia 11 de junho de 1876, Domingo da Santíssima Trindade.
     Partiu, mas permanece viva em Deus e em sua obra. Descrevem-na sem artifício: rosto sereno, olhos negros e profundos, de olhar sereno, humilde, todo seu porte respirando equilíbrio. Natural, simples e digna. Mulher inteligente e aberta, firme e serena, carinhosa e forte, desapegada. Um instrumento simples, porém, fecundo.
     Destaca-se em Madre Maria Rosa inquebrantável firmeza de vontade e uma integridade pouco comum. Exerce influência e tem prestígio. Ela tem um coração grande “em todas as horas e em todas as circunstâncias seu coração acolheu a inquietude, a compaixão e o sofrimento do próximo”, traços claros de seu justo equilíbrio.
     Foi beatificada por Paulo VI em 8 de maio de 1977 e canonizada por João Paulo II em 11 de dezembro de 1988.
 
http://www.consolacao.org.br/santa-maria-rosa-molas/

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Santa Godeberta, Fundadora - 11 de junho

    
Sta. Godeberta recebe o anel de Sto. Eligius
     Godeberta nasceu por volta do ano 640, em Boves, a algumas léguas de Amiens, na França; morreu por volta do início do século VIII, em Noyon (Oise), a Noviomagus antiga. Ela foi cuidadosamente educada; seus pais eram da nobreza e participavam da corte do Rei Clóvis II.
     Quando a questão de seu casamento estava sendo discutida na presença do rei, o santo bispo de Noyon, Eligius (Elói), como que por inspiração, presenteou-a com um anel de ouro e expressou a esperança de que ela poderia dedicar a sua vida ao serviço de Deus.
     Godeberta, movida pelo Espírito Santo e sentindo o coração de repente cheio de amor divino, afastou-se das brilhantes perspectivas que poderia advir para ela de suas qualidades e de seu nascimento, e recusou as ofertas vantajosas feitas por seus nobres pretendentes. Ela declarou desejar ser esposa de Cristo e pediu ao santo prelado que lhe concedesse o véu de consagração, o que ocorreu em 657.
     Em pouco tempo toda a oposição à sua vontade desapareceu e ela entrou em sua nova vida sob a orientação de Santo Eligius. Clotário II, rei dos Francos, ficou impressionado com sua conduta e seu zelo e presenteou-a com um pequeno palácio que ele tinha em Noyon, juntamente com uma pequena capela dedicada a São Jorge.
     O exemplo de Godeberta inspirou um grande número de jovens donzelas a seguir o mesmo caminho; ela fundou em sua nova casa um convento, sob a Regra de Santo Eligius, do qual ela se tornou a superiora.  Ali ela passou o resto de sua vida em oração e solidão, salvo quando a caridade ou a religião obrigavam-na a sair e visitar pessoas, muitas das quais ainda estavam afundadas nos vícios do paganismo.
     Ela foi notável em particular pelas penitências e jejuns constantes a que ela se submetia. Ela possuía uma fé maravilhosa na eficácia dessa antiga prática dos primeiros cristãos: o Sinal da Cruz. Está registrado que em 676, durante o episcopado de São Momelino, quando a cidade estava ameaçada de destruição total pelo fogo ela fez o Sinal da Cruz sobre as chamas e o incêndio foi imediatamente extinto.
     Durante uma epidemia de peste ela suplicou ao clérigo que ordenasse um jejum de três dias. No início reticente ao seu pedido, ele acabou por ceder... e os habitantes se salvaram: a peste debandou.
     Com o Sinal da Cruz ela dava visão aos cegos e curava os doentes.
     O ano exato de sua morte é desconhecido, mas tradicionalmente é considerado que ocorreu em 11 de junho, dia em que a sua festa é marcada no Proprium de Beauvais. Em Noyon, no entanto, em virtude de um indulto de 2 de abril de 1857, ela é celebrada no quinto domingo depois da Páscoa. O corpo da santa foi enterrado na Igreja de São Jorge, que mais tarde recebeu o seu nome.
     Seu convento se tornou mais tarde a sede de uma paróquia de Noyon.
     Em 1168, Dom Baudoin presidiu o solene traslado do corpo de Godeberta da igreja em ruínas, onde ele tinha descansado por mais de 450 anos, para a Catedral de Noyon. Providencialmente suas relíquias escaparam à devastação do tempo e do fogo, e da malícia dos irreligiosos.
     No período da nefasta Revolução Francesa um cidadão piedoso enterrou secretamente suas relíquias perto da catedral. Quando a tempestade havia passado, elas foram recuperadas de seu esconderijo e sua autenticidade foi reconhecida canonicamente, e foram reintroduzidos na igreja.
     Um sino que a tradição afirma ter sido o efetivamente utilizado por Santa Godeberta em seu convento ainda é preservado. É certamente muito antigo e não parece haver nenhuma boa razão, em particular do ponto de vista arqueológico, para duvidar da confiabilidade da legenda. No tesouro da catedral também pode ser visto um anel de ouro que se diz ter sido apresentada por Santo Eligius a ela. Menção desta relíquia é feita em um registro do ano 1167, estando atualmente na Igreja de Noyon.
     Infelizmente os documentos mais antigos que temos dando detalhes da vida de Godeberta datam do século XI, como a “Vita” mais antiga, que na verdade é mais um panegírico para sua festa do que uma biografia. Acredita-se ter sido composta por Radbodus, que se tornou bispo de Noyon em 1067.
     Naquele tempo o objetivo desses escritores era a edificação em vez da instrução dos fiéis, de modo que encontramos nesta vida as maravilhas habituais relatadas em tais obras pias desse período, mas com poucos fatos históricos.
     É certo, porém, que Santa Godeberta foi venerada como protetora no tempo de pragas e de catástrofes, e temos todas as razões para considerar que essa prática era justificada pelos resultados que se seguiram à sua invocação solene.
     Em 1866, um surto violento de febre tifoide ocorreu em Noyon, dizimando a cidade. Em 23 de maio desse ano, um dos principais cidadãos, cujo filho acabara de ser contagiado, aproximou-se do pároco da igreja e recordando os favores que haviam sido concedidos em eras passadas aos devotos da santa, pediu encarecidamente que o relicário contendo suas relíquias fosse exposto e uma novena de intercessão se iniciasse.
     Isto foi feito no dia seguinte, e logo o flagelo cessou; foi oficialmente certificado que não ocorreu mais nenhum caso de febre tifoide. Em ação de graças uma procissão solene teve lugar algumas semanas mais tarde sob a orientação do bispo, Dom Gignoux, sendo as relíquias de Santa Godeberta levadas triunfalmente pela cidade.
     Uma bela imagem da santa, na Catedral de Noyon, que foi abençoada pelo bispo em 25 de fevereiro de 1867, perpetuou a memória deste evento maravilhoso.
 
Fonte: A. A. MacErlean (Catholic Encyclopedia)