Seus pais, pobres de bens materiais, mas ricos em virtudes, inculcaram
na criança o espírito de piedade, o amor aos pobres e uma terna devoção à
Virgem do Pilar. Desde muito criança brilhou nela um grande amor a Deus e aos
pobres. Privava-se às vezes do seu lanche e das suas coisas para ajudar a quem
considerava mais necessitado do que ela. Como nunca foi à escola, não sabia
escrever nem quase ler, por isso considerava-se “uma tolinha” que não sabia senão
“sofrer
e amar, amar e sofrer”.
Cedo
Maria Pilar experimentou a dor e compreendeu o valor redentor do sofrimento.
Aos 12 anos foi vítima de uma doença misteriosa que nenhum médico soube
diagnosticar. Depois de quatro anos vividos, por motivos de saúde, em Alfamén,
regressou a Zaragoza, onde começou a trabalhar numa fábrica de calçado.
Era muito querida por todos por sua simplicidade, sua natural simpatia,
sua bondade e sua laboriosidade. Mas o Senhor queria levá-la por outros
caminhos e assim a foi adentrando no mistério da Cruz. De tal maneira Maria
Pilar amou o sofrimento, que costumava dizer: “Encontro neste sofrer um amor
tão grande a nosso Jesus, que morro e não morro... porque esse amor é o que me
faz viver”.
Em
1926, enquanto voltava do trabalho, fraturou a pélvis e em 1929 ficou
paraplégica e cega por causa dos inúmeros quistos. Por mais de doze anos
peregrinou pelos hospitais de Zaragoza, vivendo na água-furtada da Rua Cerdán,
24. Esta se converteu numa escola de espiritualidade e num lugar de luz, de paz
e de alegria para quantos a visitavam, especialmente durante os três anos da
guerra civil espanhola.
As orações e a caridade mútua que imperavam ali faziam com que as almas
discernissem a vocação a que Deus as chamava. Maria Pilar começou a falar da
“Obra de Jesus” em 1936; ela dizia que esta obra haveria de aparecer na Igreja,
que teria como finalidade “reproduzir a vida ativa do Senhor na terra
através das obras de misericórdia”.
No dia 8 de dezembro de 1939, festa da Imaculada Conceição, de quem era
devotíssima, Maria Pilar ficou milagrosamente curada da paralisia que a havia
prostrado por mais de dez anos no leito. Os quistos também desapareceram e ela
recobrou instantaneamente a visão. Uma vez curada, pôs em marcha sua obra,
deslocando-se, junto com várias jovens, a Madrid, onde já tinha sido aprovada a
Fundação com o nome de “Missionárias de Jesus e Maria”.
Logo apareceram os que procuram burlar os planos de Deus: ela foi
proibida de exercer qualquer apostolado. Em 1942, porém, o Bispo de Madrid
erigiu canonicamente a Obra como “Pia União de Missionárias de Jesus, Maria e
José”.
Após dois anos de fecundo apostolado entre
pobres, crianças e doentes, Deus a fez caminhar novamente pelas vias da Cruz:
reapareceram quistos no ventre. A este sofrimento físico se somaram os
sofrimentos morais que Deus permite para purificar as almas: calúnias,
intrigas, incompreensões, desacreditaram sua obra e afastaram várias jovens que
haviam sido fieis.
Aconselhada
pelo seu confessor, Maria Pilar se retirou de sua própria obra em novembro de
1944, sendo seguida por nove das suas filhas. Em 9 de dezembro viajou até São
Sebastião. Durante a viagem, numa noite gélida e por caminhos cobertos de neve,
fraturou uma perna num acidente. Um tumor maligno se manifestou e a feriu de
morte, mas não conseguiu apagar a luz da sua fé nem a sua firme convicção de que
a obra voltaria a ressurgir.
Abandonada das criaturas, prostrada no leito, alentava suas filhas: “Sinto
deixá-las, porque as amo muito, mas lá do céu serei mais útil. Voltarei a terra
para estar com os que sofrem, com os pobres, os doentes. Quanto mais sozinhas
estiverem, mais perto de vocês estarei”.
Morreu em São Sebastião, aos 39 anos, no dia 27 de agosto de 1945,
oferecendo a sua vida pelas Filhas que se tinham separado, e que recordava com
dor e com carinho: “Amo-as tanto, que não as posso esquecer;
embora me batessem, me arrastassem, quisera tê-las aqui. Não quero lembrar-me
do mal que me fazem, mas do bem que me fizeram. Bem sabe nosso amado Jesus que
mais, muito mais do que me fazem sofrer quero que lhes dê o céu”.
Confiantes nas palavras da Madre, suas
filhas permaneceram unidas sob a direção do Pe. Daniel Diez Garcia, que a tinha
ajudado e assistido nos últimos anos de sua vida. Em maio de 1948, o bispo D.
Fidel Garcia Martines aprovou a obra canonicamente com o nome de “Obra Missionária
de Jesus e Maria”.
Em 1961 foram aprovadas como Congregação de Direito Diocesano e 1981 de
Direito Pontifício. A Congregação conta na atualidade com 230 religiosas em
diversos pontos da Espanha, Colômbia, Equador, Venezuela, Itália, México e
Moçambique.
A fama de santidade de Madre Pilar Izquierdo cresceu de tal forma, que o
bispo D. Francisco Álvarez Martínez achou oportuno iniciar a Causa de
Beatificação e Canonização. O Processo diocesano realizou-se de 1983-1988.
No dia 18 de dezembro de 2000 foi declarada a heroicidade das suas
virtudes e a 7 de julho de 2001 foi aprovado o milagre atribuído à sua
intercessão. No dia 4 de novembro de 2001, Madre Maria Pilar foi beatificada
por João Paulo II em solene cerimônia.
Fonte:
Santa Sé
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