segunda-feira, 30 de maio de 2022

Nossa Senhora das Milicias


Nossa Senhora a Cavalo, Patrona da cidade de Scicli, Sicília
 
     Segundo a tradição católica, em 1091, na planície de Donnalucata, perto de Scicli, na Sicília, os sarracenos estavam prestes a desembarcar em Isola Bella, então sob domínio normando com Ruggero D'Altavilla à frente. Os sarracenos, liderados pelo emir Belcane, queriam resgatar os tributos da ilha, tornando-a assim uma região que lhes pertenceria. Assim que chegaram às margens de Donnalucata, os ciclitanos e os normandos, povos católicos, invocaram a ajuda da Virgem, que apareceu em um cavalo branco disfarçada de gloriosa guerreira, derrotando os sarracenos e libertando a Sicília.
     A tradição é confirmada pelos Códigos Ciclitanos. No entanto, Nossa Senhora não aparece em um cavalo branco, mas em uma nuvem tão brilhante quanto o sol. Os normandos participam da batalha, ao lado do povo de Scicli, mas a presença de Ruggero D'Altavilla não é conhecida
     Sem saber a data exata da aparição, os fiéis católicos ciclitanos veneram a Virgem no último sábado de maio; foi originalmente comemorada nos dias próximos à Páscoa, conforme decreto mencionado abaixo.
     O simulacro da Santíssima Virgem está guardado na Igreja Matriz de Scicli.
     Todos os anos, no último sábado de maio, às 20h30, a representação sagrada do evento acontece na praça principal de Scicli.
     Nossa Senhora a Cavalo ajudou a criar e manter a identidade da comunidade ciclitana, inscrevendo-se no patrimônio histórico desta e qualificando as suas características não só a nível religioso, mas também a nível cultural e social.
     Em 1736, a Sagrada Congregação dos Ritos decidiu que a festa de Maria Santíssima das Milicias, antes uma festa móvel, deveria ser celebrada no sábado anterior ao Domingo da Paixão. Sendo Papa Clemente XII, o decreto foi dado em Roma em 10 de março de 1736 e concedia aval à festa de Sancta Maria Militum, em memória do ilustre milagre ocorrido no ano de 1091.
 
Festa em honra da padroeira e reconstituição histórica em Scicli, agendada todos os anos no último sábado de maio.
 
    
A Festa de Nossa Senhora a Cavalo ou Batalha das Milícias geralmente acontece no último sábado de maio, durante a qual ainda hoje são veneradas uma pintura do século XVIII e uma estátua da Virgem com espada na mão e armadura em um cavalo branco.
     A performance teatral vê grupos de turcos (os sarracenos) enfrentarem grupos de cristãos (os normandos). Após longas negociações sobre o controle do território, começa uma batalha. A batalha simulada termina com a intervenção milagrosa da Virgem Maria, que descendo do Céu no lombo de um cavalo branco liberta a cidade do cerco estrangeiro.
     O momento mais aguardado é a representação que reconstitui os locais da batalha e onde atores em trajes de época refazem os momentos salientes até à intervenção da Santa Virgem. A festa é conhecida em todo o mundo por ser o único evento que comemora a descida da Virgem a cavalo, armada com uma espada e que salvou os ciclitanos dos ataques sarracenos. Reza a legenda que a vitória dos cristãos ocorreu graças à aparição da Virgem Santíssima guerreira, fato que determinou a decisão de Ruggero de construir uma igreja em homenagem à Nossa Senhora das Milicias.
     O evento é encenado em um grande palco na Piazza Italia. A festa é enriquecida por uma grande feira, a procissão da estátua de Nossa Senhora e a peregrinação ao Convento da Milícia, construído no local onde Nossa Senhora apareceu para ajudar os normandos.
      Durante os dias do festival acontecem vários eventos durante os quais é possível saborear produtos típicos, com a degustação de uma sobremesa típica ciclitana, com evidente referência à batalha que inspira a festa.

domingo, 29 de maio de 2022

Santa Dinfna, Virgem e mártir – 30 de maio

Martirológio Romano: Em Geel, no Brabante, Austrásia, no território da moderna Bélgica, Santa Dinfna, virgem e mártir.  
 
     A Irlanda, aconchegada nas águas azuis do Atlântico, foi evangelizada por São Patrício e há séculos é conhecida como a Ilha dos Santos. Uma relação dos santos irlandeses preencheria um calendário da Santa Igreja. Mas, infelizmente, estes santos são desconhecidos pela maior parte dos católicos. Um exemplo de santo esquecido ou desconhecido é Santa Dinfna.
     A "Vita Sancta Dimpnae" foi escrita entre 1238 e 1247 por um cônego da Colegiada de Santo Alberto de Cambrai, França, de nome Petrus Van Kamerijk, sendo Bispo de Cambrai Guy I. O autor mesmo menciona que se baseou na tradição oral popular. Portanto, não há dados comprobatórios da narração feita por ele.
     Há na Irlanda uma igreja, Chilldamhnait ou Kildowner, situada na parte sul da ilha, cujo nome significa Igreja de Dinfna. Segundo antiga tradição, Dinfna veio do antigo reino de Oriel e fundou a igreja no século VII. Nessa igreja ela atendia os doentes. Dinfna morreu em Geel, Bélgica. A igreja foi restaurada no século XVII, mas a igreja original está atualmente em ruínas.      
     De acordo com a "Vida", Santa Dinfna nasceu no século VII, em Clogher, no Condado de Tyrone, Irlanda, quando o país havia sido evangelizado. Porém, o seu pai, um pequeno rei de Oriel, ainda era pagão. Sua mãe, de família nobre, era cristã e notável por sua beleza e piedade.
     Como sua mãe, Dinfna era um exemplo de beleza e de virtude, a "joia" de seu lar, favorecida desde o nascimento com graças especiais. Desde muito pequena Dinfna foi entregue aos cuidados de uma piedosa cristã, que a preparou para o Batismo.  O Padre Gereberno administrou-lhe o Sacramento e aparentemente fazia parte da família, pois foi ele quem deu as primeiras noções de escrita, bem como das verdades da religião, à pequena Dinfna.
     Bem cedo Dinfna, como muitas outras nobres irlandesas antes e depois dela, escolheu Nosso Senhor Jesus Cristo como seu Divino Esposo e consagrou sua virgindade a Ele e a sua Santa Mãe pelo voto de castidade.
     Uma grande prova veio turbar a vida da adolescente: sua querida mãe falece. Ela ofereceu a Deus sua grande dor. Seu pai também ficou inconsolável com a perda da esposa e durante muito tempo ficou prostrado pelo luto.
     Seus conselheiros persuadiram-no a buscar um segundo matrimônio. Em vão os mensageiros procuraram uma pessoa com a beleza física e moral de sua primeira esposa. Os conselheiros diziam que não havia ninguém mais amável e encantadora do que sua filha, Dinfna. Dando ouvidos à sugestão deles, o rei concebeu o pecaminoso desejo de casar-se com a própria filha. Com palavras persuasivas ele manifestou seus propósitos a ela.
     Dinfna, horrorizada com os planos de seu pai, pediu a ele um tempo para pensar na proposta. Imediatamente procurou o Padre Gereberno, que a aconselhou a fugir; e uma vez que o perigo era iminente, ele disse que ela não demorasse em concretizar o seu plano.
     Com toda pressa ela partiu rumo ao continente; acompanhou-a o Padre Gereberno, já bem idoso, e um casal de servidores de sua confiança. Após uma travessia favorável, eles chegaram à costa próxima da atual cidade de Antuérpia. Depois de fazerem uma breve parada para descansar, eles retomaram a jornada e chegaram a um pequeno vilarejo próximo de um oratório a São Martinho, local conhecido hoje como Geel. Eles foram recebidos com simpatia pelos moradores e ali se fixaram.
     Entrementes, o rei, furioso com a fuga de Dinfna, enviou seus servidores em perseguição aos foragidos. Após buscas exaustivas, conseguiram descobrir que eles haviam seguido para a Bélgica e o local de refúgio foi localizado. A princípio o pai de Dinfna tentou persuadi-la a voltar com ele. O Padre Gereberno, porém, reprovou com firmeza suas intenções pecaminosas, o que levou o rei a mandar matá-lo. Seus subordinados imediatamente o degolaram. Um novo glorioso mártir reuniu-se aos heróis do Reino de Cristo.
     As tentativas do pai de Dinfna para induzi-la a voltar com ele foram infrutíferas. Com coragem ela enfrentou todos os maus tratos. Diante de sua resistência, enfurecido o pai desembainhou sua adaga golpeando-a no pescoço. Recomendando sua alma a Deus, a virgem caiu aos pés de seu insano e delirante pai.
     A coroa do martírio foi dada a Dinfna entre os anos 620 e 640. Os corpos dos dois mártires ficaram por algum tempo insepultos. Os habitantes de Geel removeram os santos despojos e, conforme o costume da época naquela região, colocaram numa caverna. Mas, após alguns anos, os aldeões, recordando-se da morte santa que eles tiveram, decidiram dar a seus corpos um sepultamento mais adequado. Quando os trabalhadores removeram a terra que obstruía a entrada da caverna, grande foi o assombro deles diante de duas belas tumbas, brancas como a neve, entalhadas na pedra como pela mão de anjos. Ao abrirem o túmulo de Santa Dinfna viram uma placa de cor vermelha que repousava sobre seu peito, a qual continha a inscrição: "Dinfna".
     Os santos despojos foram transladados e colocados numa pequena igreja. Mais tarde, foi necessário erigir uma magnífica Igreja de Santa Dinfna, no local onde os corpos foram sepultados pela primeira vez.
     A fama de Santa Dinfna, segundo a tradição, teve início graças ao milagre ocorrido quando um doente mental foi tocado com a placa acima referida, por ocasião da transladação das suas relíquias. Ela tornou-se então protetora das vítimas de doenças nervosas e mentais, e os milagres e as curas aumentaram continuamente. Mais e mais pessoas eram trazidas ao seu túmulo por parentes e amigos, muitos vindos em peregrinação de locais distantes. Novenas eram rezadas e os doentes eram tocados com a relíquia da Santa.
     No começo, os doentes ficavam alojados em um pequeno anexo construído ao lado da igreja. Gradualmente tornou-se costume os moradores de Geel receberem os doentes nos seus lares. No século XIII, uma instituição chamada "Enfermaria de Santa Isabel" era conduzida pelas Irmãs de Santo Agostinho. Mais tarde tornou-se um hospital dedicado ao cuidado dos doentes. Muitos dos pacientes eram colocados nas casas das famílias de Geel após passarem algum tempo na "Enfermaria", e ali levavam uma vida relativamente normal.
     Ainda em nossos dias os moradores de Geel recebem pacientes em seu círculo familiar, ajudando-os a se prepararem para retornar ao convívio com a família. Em centenas de gerações os moradores de Geel acumularam uma sensível habilidade para lidar com essa função, e o seu notável espírito de caridade cristã para com esses membros aflitos da sociedade dá ao nosso mundo moderno, tão ávido em colocar sua confiança na ciência e tão esquecido dos princípios da verdadeira caridade católica, uma lição de como restaurar certos tipos de doentes.
     Santa Dinfna é invocada como padroeira dos portadores de doenças nervosas e mentais (epilepsia, sonambulismo, depressão, neuroses, estresse), dos psicólogos, profissionais da saúde mental e dos endemoninhados. Os seus símbolos são: a espada que a decapitou e o demônio acorrentado a seus pés, que simboliza a sua intercessão para livrar os possessos. A iconografia da Santa é sobretudo de origem belga e flamenga, embora sua nacionalidade seja irlandesa.
     A história da cidade entrou tanto no imaginário coletivo, que em 1879 o pai de Van Gogh pensou em mandar para lá seu filho na esperança de poder livra-lo da “loucura”.
Acima, Igreja de Sta. Dinfna em Geel
 
Etimologia: Dymphna, na língua irlandesa, significa “cor amarelada, fulvo, louro”.
 
Aspecto de Geel, Bélgica
Fontes:
https://www.vaticannews.va/it/santo-del-giorno/05/30/santa-dinfna.html
http://www.giacomodoni.com/2017/06/santa-folli/
http://www.santiebeati.it/dettaglio/53225
 
Postado neste blog em 29 de maio de 2018

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Beata Janete (Giannetta), Vidente da Aparição de Nossa Senhora em Caravaggio - 26 de maio


A Aparição de Nossa Senhora de Caravaggio
     O município de Caravaggio, terra da Aparição, se encontrava nos limites dos estados de Milão e Veneza, e na divisa de três dioceses: Cremona, Milão e Bergamo. Ano de 1432, época marcada por divisões políticas e religiosas. Além disso, teatro da segunda guerra entre a República de Veneza e o Ducado de Milão, que passou para o poder dos venezianos em 1431. Pouco antes da aparição, em 1432, uma batalha entre os dois estados assustou o país.
     Neste cenário de desolação, às 17 horas da segunda-feira, 26 de maio de 1432, Nossa Senhora aparece a uma camponesa. A história conta que a mulher, de 32 anos, era tida como piedosa e sofredora. A causa era o marido, Francisco Varoli, um ex-soldado conhecido pelo mau caráter e por bater na esposa. Maltratada e humilhada, Janete Varoli (Giannetta, em italiano) colhia erva em um prado próximo, chamado Mezzolengo, distante 2 km de Caravaggio.
     Entre lágrimas e orações, Janete avistou uma senhora que na sua descrição parecia uma rainha, mas que se mostrava cheia de bondade. Dizia-lhe que não tivesse medo, mandou que se ajoelhasse para receber uma grande mensagem. A senhora anuncia-se como “Nossa Senhora” e diz: “Tenho conseguido afastar do povo cristão os merecidos e iminentes castigos da Divina Justiça, e venho anunciar a Paz”.
     Nossa Senhora de Caravaggio pede ao povo que volte a fazer penitência, jejue nas sextas-feiras e vá orar na igreja no sábado à tarde em agradecimento pelos castigos afastados e pede que lhe seja erguida uma capela. Como sinal da origem divina da aparição e das graças que ali seriam dispensadas, ao lado de onde estavam seus pés, brota uma fonte de água límpida e abundante, existente até os dias de hoje, e nela muitos doentes recuperam a saúde.
     Janete, na condição de porta-voz, leva ao povo e aos governantes o recado da Virgem Maria para solicitar-lhes – em nome de Nossa Senhora – os acordos de paz. Apresenta-se a Marcos Secco, senhor de Caravaggio, ao Duque Felipi Maria Visconti, senhor de Milão, ao imperador do Oriente, João Paleólogo, no sentido de unir a igreja dos gregos com o Papa de Roma. Em suas visitas, levava ânforas de água da fonte sagrada, que resultavam em curas extraordinárias, prova de veracidade da Aparição. Os efeitos da mensagem de paz logo apareceram. A paz aconteceu na pátria e na própria Igreja.
     Até mesmo Francisco melhorou nas suas atitudes para com a esposa. Sobre ela, após cumprida a missão de dar a mensagem de Maria ao povo, aos estados em guerra e à própria Igreja Católica, os historiadores pouco ou nada falam. Por alguns anos foi visitada a casa onde ela morou que, com o tempo desapareceu no anonimato.
A Vidente
     Sua figura emerge da luz sóbria de um documento notarial escrito em pergaminho existente no Santuário e transcrito nas atas da visita pastoral (27 de abril de 1599) do Bispo Speciano.
     Janete, de 32 anos, é filha de Pedro Vacchi, casada com Francisco Varoli. Todos conhecem "seus virtuosos costumes, a sua piedade, sua vida sinceramente honesta".
     Na primeira história publicada em 1599, de Paulo Morigi, se fala da ida de Janete à Constantinopla. Mais recentemente, João Castelli (1932) e o Arcebispo Natal Mosconi (1962) levantaram a hipótese de um encontro entre Janete e o Imperador João VIII Paleólogo em Florença, ou em Veneza, ou em Ferrara, por ocasião da chegada à Itália do governante bizantino para o Conselho de Ferrara-Florença (1438-1439).
     Esta viagem para o Oriente, acompanhada de personagens marcantes nos anos seguintes à aparição não é tão improvável. Havia uma estreita relação entre a corte italiana e o imperador bizantino, que se casou com a princesa italiana Sofia, da dinastia Monferrato-Paleólogo. As viagens de negócios e de peregrinação para Constantinopla via Veneza ou Gênova eram comuns; o embarque dos peregrinos tinha como objetivo final a Terra Santa e desde o século XV alguns habitantes de Caravaggio seguiam para a corte imperial do Oriente por razões diplomáticas ou militares.
     Eram os anos de preparação para a celebração do Concílio de Ferrara-Florença e é espontânea a conexão entre a aparição de Caravaggio, a viagem de Janete à Constantinopla e o decreto de união entre os gregos e os latinos sancionado em 6 de julho de 1439.
     Sabendo que o Duque de Milão queria conhecê-la, Janete passou a noite em oração e, diz Paulo Morigi: ... perto do alvorecer a gloriosa Virgem se dignou aparecer novamente, dizendo: "Janete, minha serva, não duvide, mas afasta de ti todo temor e vá confiante para onde és chamada, que eu estarei contigo". Assim dizendo, ela desapareceu.
     Também nesta primeira edição da história da Aparição encontramos Janete como testemunha e fiadora do milagre de Bernardo de Bancho, curado de uma enfermidade na perna esquerda em 31 de agosto de 1432.
     A tradição a chama de "Beata", querendo ilustrar suas virtudes exemplares. Nós não sabemos se Janete tinha filhos, não sabemos com certeza se residia na vizinhança de Caravaggio como diz a tradição; mesmo que seja muito provável, não sabemos se ela era tão pobre. Não sabemos a data da morte da Beata; se ela viu Nossa Senhora aos 32 anos, a data de seu nascimento deve ser 1400. Levando-se em conta a duração média de vida na época, Janete não deve ter vivido muito mais de meio século.
     Nenhuma palavra dela foi preservada. No entanto, ela falou, e deve ter falado várias vezes quando perguntada sobre o que tinha visto e ouvido. Mas todo o conteúdo essencial está no "memorial" em pergaminho, que narra o diálogo entre Janete – espontâneo e direto, que mesmo sob o latim não esconde seu modo popular de falar – e a Virgem da Aparição.
     Ela cumpriu fielmente o mandato que lhe foi dado e isto é o que mais deve ser lembrado. A tradição a quer sepultada na igreja paroquial, que teve mais de um cemitério ao redor. A Schola S. M., que desde a Aparição vem realizando o atendimento na igreja de Nossa Senhora e no hospital, tinha sepulcros no interior na igreja paroquial.

Nossa Senhora de Caravaggio no Brasil
     No Rio Grande do Sul há um santuário muito prestigioso e meta de peregrinos.



 
Fonte: www.santuariodicaravaggio.itwww.santiebeati/it
 
Postado neste blog em 25 de maio de 2013

terça-feira, 24 de maio de 2022

A história de devoção a Nossa Senhora Auxiliadora – 24 de maio


     
Esta invocação mariana encontra suas raízes no ano 1571, quando Selim I, imperador dos turcos, após conquistar várias ilhas do Mediterrâneo, lança seu olhar de cobiça sobre toda a Europa. O Papa Pio V, diante da inércia das nações cristãs, resolveu organizar uma poderosa esquadra para salvar os cristãos da escravidão muçulmana. Para tanto, invocou o auxílio da Virgem Maria para este combate católico.
     A vitória aconteceu no dia 7 de outubro de 1571, na Batalha de Lepanto, da armada cristã comandada por Dom João d’Áustria. Afastada a perseguição maometana, o Santo Padre demonstrou sua gratidão à Virgem acrescentando na Ladainha Lauretana a invocação: Auxiliadora dos Cristãos.
     No entanto, a festa de Nossa Senhora Auxiliadora só foi instituída em 1816, pelo Papa Pio VII, a fim de perpetuar mais um fato que atesta a intercessão da Santa Mãe de Deus: Napoleão I, empenhado em dominar os estados pontifícios, foi excomungado pelo Sumo Pontífice. Em resposta, o imperador francês sequestrou o Vigário de Cristo, levando-o para a França. Movido por ardente fé na vitória, o Papa recorreu à intercessão de Maria Santíssima, prometendo coroar solenemente a imagem de Nossa Senhora de Savona logo que fosse liberto.
     O Santo Padre ficou cativo por cinco anos, sofrendo toda espécie de humilhações. Uma vez fracassado, Napoleão cedeu à opinião pública e libertou o Papa, que voltou a Savona para cumprir sua promessa. No dia 24 de maio de 1814, Pio VII entrou solenemente em Roma, recuperando seu poder pastoral. Os bens eclesiásticos foram restituídos. Napoleão viu-se obrigado a assinar a abdicação no mesmo palácio onde aprisionara o velho pontífice.
     Para marcar seu agradecimento à Santa Mãe de Deus, o Papa Pio VII criou a festa de Nossa Senhora Auxiliadora, fixando-a no dia de sua entrada triunfal em Roma.
     O grande apóstolo da juventude, São João Bosco, adotou esta invocação para sua Congregação Salesiana porque ele viveu numa época de luta entre o poder civil e o eclesiástico. A fundação de sua família religiosa, que difunde pelo mundo o amor a Nossa Senhora Auxiliadora, deu-se sob o ministério do Conde Cavour, no auge dos ódios políticos e religiosos que culminaram na queda de Roma e destruição do poder temporal da Igreja. Nossa Senhora foi colocada à frente da obra educacional de Dom Bosco para defendê-la em todas as dificuldades.
     No ano de 1862, as aparições de Maria Auxiliadora na cidade de Spoleto marcam um despertar mariano na piedade popular italiana. Nesse mesmo ano, São João Bosco iniciou a construção, em Turim, de um santuário, que foi dedicado a Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos.
     A partir dessa data, Dom Bosco, que desde pequeno aprendeu com sua mãe Margarida, a confiar inteiramente em Nossa Senhora, ao falar da Mãe de Deus lhe unirá sempre o título Auxiliadora dos Cristãos. Para perpetuar o seu amor e a sua gratidão para com Nossa Senhora e para que ficasse conhecido por todos e para sempre que foi “Ela (Maria) quem tudo fez”, quis Dom Bosco que as Filhas de Maria Auxiliadora, congregação por ele fundada juntamente com Santa Maria Domingas Mazzarello, fossem um monumento vivo dessa sua gratidão.
      Dom Bosco ensinou aos membros da família Salesiana a amarem Nossa Senhora, invocando-a com o título de AUXILIADORA. Pode-se afirmar que a invocação de Maria como título de Auxiliadora teve um impulso enorme com Dom Bosco. Ficou tão conhecido o amor do Santo pela Virgem Auxiliadora a ponto de Ela ser conhecida também como a “Virgem de Dom Bosco”.
     Escreveu Dom Bosco: “A festa de Maria Auxiliadora deve ser o prelúdio da festa eterna que deveremos celebrar todos juntos um dia no Paraíso”.
 
Fonte:

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Santa Gisela (Isberga), Princesa e Abadessa, irmã de Carlos Magno - 21 de maio

     
Filha de Pepino o Breve e de Berta de Laon, irmã de Carlos Magno, Imperador do Sacro Império Romano, Gisela nasceu em 757. O Papa Estevão II era seu padrinho de batismo. Assim, ao escrever a esse Papa, o Rei Pepino chamava-o de “meu caro compadre”, pois ambos eram pais desta criança, um a título espiritual e o outro segundo a carne.
     O nome primitivo desta Santa era Ghirla em latim, Giselle em francês. Ghirla é a tradução de Estevão, o nome do Papa, seu padrinho. Estevão, em latim Stephanus, vem do nome grego que significa coroa. Pouco tempo antes Pepino tinha recebido de um Papa a coroa da França. Era conveniente que a filha espiritual daquele que se chamava coroa, tivesse um nome que lembrasse esse duplo fato.
     Assim, Ghirla é a abreviação do nome Ghirlanda, que significa coroa de flores. Após a morte da Santa, o local onde repousava seu corpo foi chamado de Montanha de Ghisla (Montanha de Gisela ou Ghisleberg). Por fim, chegou-se ao nome Isbergue ou Isberga.
     Após retornar de uma expedição, o Rei Pepino decidiu viver com sua família na região da cidade de Aire-sur-la-Lys, uma planície rodeada de colinas e regada por três rios, o que a tornava muito fecunda. Ali ele construiu uma residência real, onde Gisela crescia em idade e em beleza.
     Eginardo, primeiro biógrafo de Carlos Magno, afirma que Gisela estava destinada à vida religiosa desde a infância.
     Venâncio, filho do Duque de Lorena, após uma carreira militar (fora oficial de Pepino o Breve), e de ter sofrido um grave ferimento na perna, resolveu deixar a corte e se retirar para uma ermida na floresta de Wastelau, não longe de Aire. Este santo eremita veio a ser confessor e diretor espiritual de Gisela.
     Orientada por seu confessor, Gisela consagrou a Deus sua virgindade. A princesa tornou-se monja na Abadia Real de Chelles, aonde chegou a ser nomeada abadessa. Na qualidade de abadessa de Chelles, ela supervisionou um dos mais importantes e profícuos conventos de monjas de sua época.
     Tais eram os encantos desta legendária princesa, realçados por sua posição, sua fortuna, seu talento e sua bondade, que Gisela despertou o interesse dos príncipes mais poderosos da terra. Sendo uma princesa, por finalidades políticas ela era constrangida a contrair matrimônio, mas Gisela foi fiel a sua consagração a Deus.
     Foi pedida em casamento pelo Imperador do Oriente, Constantino Coprônimo (+ 775), recusou tal honra. Depois, foi a vez do rei dos Lombardos ser recusado, apesar de este ser apoiado pela Rainha Berta, mãe de Gisela, e por vários bispos. O terceiro dos soberanos afastados foi o rei da Escócia. Persistindo na recusa, este rei mandou assassinar aquele a quem atribuía as suas decepções, o eremita Venâncio, que desde então é venerado como mártir.
     Gisela mandou construir uma abadia em Aire-sur-la-Lys, no local onde São Venâncio fora supliciado, e passou nela os últimos anos de sua vida.
     Segundo Eginardo, Gisela tinha um bom convívio com seu irmão Carlos Magno, o qual “a tratava com o mesmo respeito que demonstrava à mãe”. O historiador relata que Gisela morreu em 810, poucos anos antes de Carlos Magno. Este imperador e sua mulher, Hildegarda, batizaram uma filha com o nome de Gisela, esta provavelmente viveu entre 781 e 808, mas pouco se sabe de sua vida.
     Santa Gisela figura nos calendários da diocese francesa de Arras e é patrona de Artois. Até hoje peregrinos dirigem-se a Fonte de Santa Isbergues (Gisela), que segundo a tradição existe desde a época em que ela vivia, e tem poder curativo para a pele e os olhos.

Capela de Santa Gisela
 
Postado neste blog em 19 de maio de 2012
 
Fonte: http://www.santiebeati.it/dettaglio/92375
 

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Beata Colomba de Rieti, Dominicana - 20 de maio

     
Angelina Guadagnoli nasceu numa família da aristocracia italiana em 2 de fevereiro de 1467, na cidade de Rieti. O dia do seu batizado foi marcante e muito curioso. No mesmo instante em que o padre lhe ministrava o batismo, desceu sobre sua cabeça uma pomba branca, talvez como um símbolo da infinidade de graças que o Espírito Santo colocou em sua alma. Por isso, ficou conhecida como Colomba, que significa "pomba".
     Sua celebridade é baseada principalmente em duas coisas: a natureza altamente milagrosa de sua vida desde o seu início, e sua intensa devoção ao Santíssimo Sacramento. Ela foi uma dentre numerosas santas mulheres dominicanas que parecem ter sido suscitadas por Deus para protestar contra e em contraposição à impiedade e à imoralidade corrente na Itália durante os séculos XV e XVI.
     Essas mulheres, quase todas da Ordem Terceira, tinham uma intensa devoção a Santa Catarina de Siena, e tinham como objetivo imitá-la tanto quanto possível. Muitos leigos, tanto homens como mulheres, compartilhavam esta devoção, entre estes Ercole I, Duque de Ferrara, que tinha uma profunda admiração por Colomba e por algumas outras santas dominicanas suas contemporâneas, as mais notáveis das quais foram as Beatas Osana de Mântua e Luísa de Narni. A veneração de Ercole por esta última foi tão grande, que ele não descansou até conseguir que ela fosse viver em Ferrara com algumas de suas irmãs, onde ele mandou construir para ela o seu convento, onde ela morreu depois de muitas provações.
     Angelina desde a infância consagrou seu coração e sua vida ao amor a Jesus Cristo, como fizeram São Domingos e Santa Catarina, com quem conviveu e dos quais foi discípula. Por si mesma e com firmeza seguiu o caminho para a santidade.
     A tradição diz que ainda no berço procurava privar-se da amamentação. Sua infância foi repleta de penitências severas que só podem ser equiparadas àquelas dos adultos mais santificados.
     Aos dez anos ela consagrou sua virgindade a Jesus, mesmo sabendo que seus pais tinham assumido um casamento para ela. Prometida em casamento a um nobre quando tinha apenas 12 anos, recusou resolutamente o casamento de alta linhagem. O acerto das núpcias foi desfeito quando ela apareceu com a cabeça raspada diante dos pais, que ficaram comovidos com a real vocação da filha.
     Sete anos depois vestiu o hábito de Terciária Dominicana. Iniciou sua formação religiosa no convento dominicano da Ordem Terceira, e teve como orientadores espirituais Santa Catarina, a quem ela chamava de "irmã", e São Domingos, de quem recebeu o hábito em 1496.
     Colomba era de fato muito especial, pois além da alta capacidade contemplativa, contava com dons extraordinários como o da profecia, do conselho, da cura, e sabia perceber, como ninguém, os sentimentos da alma humana.
     Em 1488, aos dezenove anos, atendendo uma inspiração, foi para a cidade de Perugia; os habitantes receberam-na como uma santa. Após algum tempo, ela construiu seu Convento de Santa Catarina, no qual ela reuniu todas as religiosas da Ordem Terceira Dominicana que a desejavam como superiora apesar de sua pouca idade. Seu mosteiro se dedicou à educação das jovens nobres e ficou conhecido como o convento das “Colombas”.
     Mas seu apostolado foi muito fecundo também fora do convento, onde se tornou uma verdadeira "pomba da paz e da concórdia" na luta que existia entre as poderosas famílias da nobreza, que disputavam a região. Colomba conseguiu impedir inúmeras lutas sangrentas que poderiam ter destruído várias vezes a cidade de Perugia.
      Em 1494, quando uma terrível praga grassava em Perugia, Colomba ofereceu-se como vítima pela cidade. A praga cessou, mas Colomba foi atingida pelo flagelo. Ela se recuperou apenas para salvar sua reputação atacada por calúnias tão amplamente difundidas que chegaram a Roma, de onde uma comissão foi enviada para examinar sua vida. Foi tratada por algum tempo como uma impostora e deposta de seu cargo de priora.
     Em 1495, Alexandre VI, tendo ouvido sobre a santidade e os milagres de Colomba, foi pessoalmente a Perugia para vê-la. Diz-se que ela teve um êxtase aos seus pés, e também para ganhar confiança, disse-lhe todos os pecados pessoais. O papa ficou plenamente satisfeito com sua grande santidade e colocou o selo de aprovação em seu modo de vida.
     No ano de 1499 ela foi consultada pelas autoridades que estavam examinando os estigmas da Beata Luísa de Narni; Colomba falou calorosamente a favor de serem genuínos, e de sua admiração pela santidade da Beata Luísa.
    Conta-se que Colomba desejava ardentemente visitar os Lugares Santos e rezar em Jerusalém perante o Santo Sepulcro. Durante cinco dias foi transportada em espírito e realizou seu desejo. Os pais e os amigos, que tinham perante os olhos um corpo inerte, julgaram-na morta. Muitos médicos a examinaram com todo o cuidado. Só um a reconheceu como viva. Ora, passados cinco dias, retomou os sentidos, com o funcionamento normal de todos os órgãos.
     Alguns meses antes de sua morte, São Domingos apareceu a ela, dizendo: "Alegra-te, minha filha. A hora está próxima, logo estarás sempre unida a teu Esposo". Depois que a serva de Deus sofreu uma doença longa e dolorosa, esta hora feliz chegou finalmente na véspera da Ascensão, em 20 de maio de 1501.
     Ela morreu aos trinta e três anos de idade, no convento que havia fundado em Perugia. No momento de sua morte, sua amiga terciária dominicana, a Beata Osana de Mântua, viu a alma de Colomba como uma "radiação subindo ao céu". A cidade inteira foi ao seu funeral.
     O seu culto foi reconhecido por Urbano VIII em 1627. As relíquias da Beata Colomba ainda são veneradas em Perugia, e sua festa é mantida pela Ordem Dominicana em 20 de maio. O papa Urbano VIII declarou Colomba de Rieti padroeira de Perugia.
 
Panorama de Rieti, Itália

Fontes: www.santiebeati.it - F.M. Capes (Catholic Encyclopedia)
 
Postado neste blog em 19 de maio de 2015

terça-feira, 17 de maio de 2022

Beata Antônia Mesina, Mártir da Pureza - 17 de maio

     
     Antônia, filha de Agostinho Mesina e de Graça Rubanu, nasceu a 21 de junho de 1919, em Orgosolo, na província de Nuoro, Sardenha. Foi batizada na paróquia de São Pedro, originária do século XIV, no dia 30 do mesmo mês e, como era uso então, foi crismada a 10 de novembro de 1920, quando tinha menos de dois anos de idade, pelo bispo D. Lucas Canepa. Aos sete anos fez a Primeira Comunhão. Era a segunda filha de 10 irmãos, seis dos quais morreram muito pequenos.
     A família, de condição modesta, era sustentada pelo pai que era guarda campestre, o que já era alguma coisa na carente economia de Orgosolo, região das colinas da Barbagia (alt. 620m), ao norte dos montes do Gennargentu, com as suas características casinhas, e cujas principais fontes de renda dos habitantes eram o pastoreio e a exploração dos bosques circunstantes.
     Como toda família numerosa, Antônia tinha que ajudar a mãe nas atividades domésticas e cuidava dos irmãos menores com atenção maternal.
     Antônia Mesina se formou na escola da Juventude Feminina da Ação Católica e de 1929 a 1931 fez parte dela como ‘benjamina’ (aspirante), e de 1934 a 1935, como sócia efetiva (militante ativa). Era de uma piedade simples e fervorosa, generosa na dedicação à sua família, respeitosa e caridosa com todos. Tinha grande devoção pela Eucaristia, pelo Sagrado Coração de Jesus e pela Virgem Ssma. Rezava com frequência o Rosário e comungava sempre que podia.
     De caráter reservado, porém decidido, típico da personalidade das mulheres da sua região, evitava tudo que pudesse ofuscar o seu bom nome e a sua modéstia. Participava com espontaneidade dos eventos de Orgosolo: uma foto a retrata usando o belíssimo traje usado pelas senhoras da Sardenha nas tradicionais festas da Assunção (15 agosto) e de S. Ananias (primeiro domingo de junho).
     Com entusiasmo fazia parte da famosa Cruzada pela Pureza, da qual também participara a Beata Pierina Morosini, uma iniciativa da Juventude Feminina da Ação Católica. Ao tomar conhecimento da heroicidade do martírio de Santa Maria Goretti, ficou impactada e muitas vezes disse aos seus parentes que se ela se encontrasse na mesma situação que aquela menina, preferiria agir como ela. Seu irmão Júlio declararia posteriormente que sua irmã tinha um livro dedicado a Santa Maria Goretti e a conhecia muito bem. Um dia, contando a sua mãe um abuso ocorrido com uma jovem esposa de Lollove, Novara, declarou decidida: “Se isso acontecesse comigo, antes me esmagariam como a uma formiga do que eu cedesse!
     No dia 17 de maio de 1935, após ter assistido a Santa Missa na paróquia de São Pedro e ter recebido a Santa Comunhão, a pedido de sua mãe foi ao bosque dos arredores para recolher lenha, segundo o costume, para atender às necessidades da família. Acompanhava-a uma amiga, Ana Castangia.
     Encontrava-se na localidade “Obadduthai” quando um jovem da sua região, Inácio João Catgiu, a abordou convidando-a a cometer pecado, mas ela resiste energicamente à sua paixão insana. Ana Castangia voltou-se e viu Antônia assaltada pelo jovem, cego diante da recusa, que a agride e ela gritando pedindo ajuda, mas ela, muito jovem, nada pode fazer para ajudar a amiga.
     O agressor a sujeitou, mas Antônia era forte e conseguiu escapar; ele a perseguiu e alcançou, com violência golpeou-a na face com uma grande pedra. Com o rosto ensanguentado e a vista obnubilada, Antônia caiu de joelhos, deixando ali uma primeira poça de sangue. Catgiu agarrou-a pelos cabelos e arrastou-a por 9 metros, e ali tentou violá-la. A jovem não se rendeu e lutou bravamente contra seu agressor, enquanto continuava gritando pedindo por ajuda. Sua resistência tornou a violação impossível e com mais fúria o assassino a agrediu, desta vez com golpes de pedra até que desse conta que a havia matado. Neste local ficou mais uma poça de sangue. Catgiu escondeu o cadáver entre os arbustos e se foi.
Local do martírio da Beata
     Quando o corpo foi encontrado estava em condições horríveis: Antônia fora ferida com 74 golpes de pedra, e seu rosto estava irreconhecível. A autopsia revelou que a violação não se consumara e o próprio assassino confessou que a havia matado porque não havia querido manter relações com ele. O Dr. Rafael Calamida, que a havia examinado, declarou: “Antônia Mesina venceu, mas lhe custou a vida!”. O juiz Emanuel Pili também disse: “Martirizada, porém pura!
     Assim, com apenas 16 anos, morreu Antônia Mesina defendendo a sua pureza, impregnando aquela nobre e antiga terra com o seu sangue inocente, tornando-se uma flor a ser admirada pelo povo de Orgosolo, que participou em massa, no dia 19 de maio de 1935, dos solenes funerais.
     Sua fama de santidade logo se espalhou; sua morte foi considerada como um martírio semelhante ao de Santa Maria Goretti.
     Em 5 de outubro de 1935, Armida Barelli foi contar ao Papa Pio XI a história da "primeira flor da Juventude Feminina de A.C.I. colhida, o primeiro lírio cortado pelo martírio, a jovem de 16 anos, Antônia Mesina de Orgosolo, educada na escola de Maria Goretti". Milhares de cartas pediam a beatificação de Antônia, por isso a Congregação para as Causas dos Santos deu o nihil obstat para o início do processo em 22 de setembro de 1978. O papa João Paulo II beatificou esta filha da Sardenha no dia 4 de outubro de 1987.
     A mãe da Beata afirmou no processo canônico: "Não me lembro de repreendê-la: ela não me dava motivo nem ao pai. Ela parecia um anjo pela modéstia e obediência. Ela também amava muito o silêncio e a privacidade, e tinha um profundo espírito de sacrifício". Quando, em 1935, a Sra. Graça deu à luz gêmeos, ela confiou-os a Antônia. A jovem era muitas vezes forçada a passar noites sem dormir, ou a dormir no chão no quarto da mãe, não porque não tivesse cama, mas para estar pronta para dar a ela, muito doente, e aos irmãos pequenos, a ajuda de que precisavam.
     A Sra. Graça Mesina declarou ainda: "Eu notei nela uma mudança para melhor quando ela passou a frequentar da Ação Católica. Para poder ir receber a Comunhão, confiava seus irmãozinhos a alguma vizinha". Quando isto não era possível, ela fazia orações mais longas em casa, entre uma ocupação e outra. Júlio, depondo no processo, relatou: "Várias vezes encontrei-a em seu quarto de joelhos e com o rosário na mão".
     Na cerimônia de beatificação estavam presentes muitos parentes de Antônia. Um caso curioso foi o de seu primo Graciano Mesina: condenado a prisão perpétua, ele declarou que estava orgulhoso de sua prima, e que teria gostado de assistir à cerimônia de sua beatificação.
     No lugar do martírio da Beata foi erguida uma cruz com estas palavras: "Antônia Mesina, pura e forte". Parece que a mártir previu seu fim violento. Seu irmão Júlio testemunhou no julgamento que poucos dias antes de sua morte, quando ele passava pelo mesmo local com ela e duas jovens de Orgosolo, "ela nos disse para ajoelharmo-nos diante da cruz chamada de "o juramento" que ficava logo abaixo da Igreja de Santo Ananias, e nos convidou a rezar porque um dia, mais acima, eles erguerão outra, que será a minha".
     Entre as testemunhas diretas dos eventos ligados ao martírio de Antônia Mesina, deve ser mencionado o Procurador Geral da República em Gênova, Francisco Coco. O juiz, assassinado em 8 de junho de 1976 pelas Brigadas Vermelhas em Gênova, com o agente de escolta João Saponara e o motorista Antíoco Deiana, em maio de 1935 era juiz investigador do tribunal de Nuoro e assistiu à autópsia de Antônia Mesina. Ele deixou um testemunho comovente do fato. Os pais de Antônia não expressavam propósitos de vingança ou ódio em relação ao assassino, mas o Tribunal de Assisse de Sassari, convocado em Nuoro, reconheceu-o como normal e responsável pelo grave crime cometido em 17/5/1935, condenando-o à morte. Catgiu foi fuzilado em 5 de agosto do mesmo ano na localidade de Prato Sardo (Nuoro) depois de ter recebido todos os sacramentos.
 
Fontes:
www.santiebeati.it/dettaglio/53700
http://es.catholic.net/op/articulos/36081/antonia-mesina-beata.html#
http://www.preguntasantoral.es/2014/05/beata-antonia-mesina/
http://biscobreak.altervista.org/2013/05/beata-antonia-mesina/
 
Postado neste blog em 16 de maio de 2018

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Santa Cesária, Eremita em Otranto - 15 de maio

   
     Santa Cesária nasceu em um dezembro do século XIV, filha de Luís e Lucrécia, graça alcançada após dez anos de matrimônio e ao final de uma piedosa prática da devoção sabatina, sugerida pelo eremita José Benigno.
     Ao ficar órfã de mãe ainda adolescente, Cesária foi obrigada a abandonar a casa dos pais para fugir das insanas tentações do pai; ela se refugiou em uma gruta da marinha de Castro, sob um outeiro rochoso próximo de Otranto.
     Ali ela enfrentou uma vida de privações e de oração, devotada a uma dedicação total a Deus, tornando-se uma eremita cuja fama se estendeu em toda a região de Otranto. Após sua morte, ocorrida na gruta, de onde nunca saíra, já no século XIV uma igreja foi erguida no local, a qual tornou-se um centro de seu culto.
     Em 1924 esta igreja foi confiada aos Franciscanos que a substituíram por uma nova, erigida depois em paróquia em 1954.
     Em honra de Santa Cesária outras igrejas foram erguidas nos centros do Salentino, em particular em Francavilla Fontana (Brindisi) que algumas tradições consideram como a pátria de origem da Santa.
     Patrona do Porto Cesário na província de Lecce, a sua festa litúrgica é em 15 de maio.
     A cidade de Santa Cesária Terme festeja a sua patrona em 11 de setembro de cada ano, data tradicionalmente conhecida como a data da fuga de Cesária, com uma procissão que depois de ter percorrido todas as ruas da cidade termina com um cortejo de barcas até a gruta onde ela teria vivido e morrido.
     O culto da Santa é muito difundido por toda a região da Puglia (Itália) e o nome de Cesária é muito usado em toda a província de Lecce.
 
Etimologia: Cesária = feminino de Cesário do latim Caesarius, "devoto de Cesar" ou segundo outros autores, "cabelos longos", "cabeludo".
 
Fonte: http://www.santiebeati.it/dettaglio/90963

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Santa Rictrude de Marchiennes, Esposa, Abadessa - 12 de maio

     
Santa Rictrude nasceu na Gasconha em 612, em uma família tão rica quanto devota. Bem jovem teve como diretor espiritual Santo Amando de Maastricht, que estava exilado naquela região pelo Rei Dagoberto, a quem tinha condenado a conduta licenciosa. Naquele período, Amando vivia como hóspede da família de Rictrude e a partir daquela casa o santo franco iniciou sua obra de evangelização da Gasconha.
     Um outro nobre franco, Adalbaldo (ou Adalberto), Duque de Douai, chegou também àquela região, ganhando logo o favor do Rei Clóvis II, e, apesar da oposição dos nobres bascos, obteve a mão de Rictrude em casamento.
     O casal foi viver em Ostrevant, nas Flandres, e tiveram quatro filhos, todos eles venerados como santos: Adalsinda, Closinda, Mauroncio e Eusébia (*).
     Amando os visitava com frequência; o casal levava uma vida “devota e feliz”, como descreve o seu biógrafo, Hucbaldo, em Vita Rictrudis, escrita em 907, a pedido da Abadia de Marchiennes.
     Infelizmente a felicidade de dezesseis anos teve um fim trágico quando Adalbaldo foi assassinado presumivelmente como resultado ainda das hostilidades contra o matrimônio com Rictrude. Ele é honrado como mártir, embora a sua comemoração tradicional em 2 de fevereiro não seja relatada no Martirológio Romano.
     Devido à trágica perda do esposo, Rictrude expressou o desejo de se tornar monja, mas Amando aconselhou-a a aguardar que seu filho Mauroncio fosse grande o bastante para ser introduzido na vida da corte.
     Clóvis II tinha, entretanto, outros projetos para ela, desejando que desposasse um de seus protegidos. Santo Amando conseguiu persuadi-lo a deixá-la livre e ela pode assim recolher-se em Marchiennes, onde havia fundado um mosteiro masculino e feminino.
     Em 648 tornou-se abadessa daquele mosteiro, cargo que ocupou até sua morte, e as suas duas filhas mais velhas, Adalsinda e Closinda, se juntaram a ela. Mais tarde também o filho, Mauroncio, que estivera a ponto de casar-se, deixou a corte e ingressou na abadia. Posteriormente, São Mauroncio foi abade de Bruel.
     A primeira filha morreu jovem, mas a segunda sucedeu a mãe como abadessa de Marchiennes quando Rictrude faleceu, em 678. A última filha, Santa Eusébia, que após o assassinato do pai fora enviada para a Abadia de Hamage, onde sua avó era abadessa, mais tarde também foi eleita abadessa de Hamage.
     Venerada como santa pouco depois de sua morte, muitos milagres são atribuídos à intercessão de Santa Rictrude.
     Foi sepultada na Abadia de Marchiennes e em sua lápide foi inscrito "Virtutis ager, pietatis imago" - campo da virtude, imagem da piedade. O túmulo foi refeito por diversas vezes. As relíquias foram transladadas para Paris, onde foram perdidas durante a terrível Revolução Francesa, em 1793. Algumas fontes referem que parte das relíquias foi levada para Douai.
     Esta família, quase toda ela elevada à honra dos altares, não é senão um dos muitos casos semelhantes que aconteceram nos dois mil anos de Cristianismo.
     O Martirológio Romano comemora Santa Rictrude no dia 12 de maio.
 
Abadia de Marchiennes
 
    Esta Abadia foi fundada cerca de 630 por Santo Adalbaldo, Duque de Douai, e monges irlandeses, discípulos de São Columbano, sob a direção de Santo Amando. Santa Rictrude tornou-a mosteiro duplo em 643, sendo ela mesma abadessa durante anos.
     Por volta de 1024, tornou-se mosteiro masculino novamente e a Regra beneditina foi adotada. No nascimento da cidade de Marchiennes, a Abadia tornou-se seu motor econômico até sua supressão em 1791, durante a nefasta Revolução Francesa. Em 1814 foi demolida. Suas ruínas foram inscritas no inventário de monumentos históricos em 17 de maio de 1974.


 
(*) Filhos de Rictrude e Adalberto:
Santa Eusébia († 660), celebrada dia 16 de março
Santa Adalsinda († 715), celebrada dia 25 de dezembro
Santa Closinda († 714), celebrada dia 30 de junho
São Mauroncio († 715), celebrado dia 5 de maio
 
Postado neste blog em 11 de maio de 2012
http://www.santiebeati.it/dettaglio/92778