segunda-feira, 31 de maio de 2021

Santa Emília, Filha de mártir, esposa de um santo, mãe de bispos e santos – 30 de maio


Em Cesareia da Capadócia, hoje Kayseri, na Turquia, os santos Basílio e Emélia ou Emília, que foram os pais dos santos bispos Basílio Magno, Gregório de Nissa, e de Pedro de Sebaste e Santa Macrina, virgem. Estes santos esposos, no tempo do imperador Galério Maximiano, foram desterrados e habitaram nas solidões do Ponto e, terminada a perseguição, morreram em paz, deixando aos filhos a herança das suas virtudes.
(† 349 e 372)
 
     Sabe-se que Emília de Cesaréia era cristã fervorosa desde a infância e que seu pai foi mártir, vítima do império romano. Tal filiação cristalizou em Emília a força da fé e a fidelidade a Nosso Senhor Jesus Cristo. Era de família nobre. Nascida em Cesaréia, cidade marítima e portuária de Israel, ela foi para a Costa do Mar Negro com a família. Ali conheceu seu futuro marido, um cristão chamado Basílio, nascido no Ponto, uma província romana da Ásia Menor, que havia mudado para a Costa do Mar Negro junto com sua família, fugindo da perseguição anticristã promovida por Galério, imperador romano. Mais tarde, Basílio, também santo, passou a ser chamado de “São Basílio, o velho”.
     Santa Emília e São Basílio tiveram nove filhos. Dos filhos do casal, destaca-se São Basílio Magno, Confessor e Doutor da Igreja, recebeu o título de Pai dos monges do Oriente, assim como São Bento é considerado o Patriarca dos monges do Ocidente. São Basílio Magno também conviveu com outro santo, São Gregório Nazianzeno. Reúne em sua pessoa um grande homem da Igreja e teólogo, fundador do monacato oriental e perfeito humanista.
     Santa Macrina, a jovem, que recebeu esse nome porque o herdou de sua avó, Santa Macrina, a anciã. Era a filha mais velha e, junto da mãe, formaram um convento onde viveram uma vida modesta, de oração e ajudando os pobres. Ela teve importante papel da educação dos irmãos, o que é descrito por eles em seus escritos.
     São Gregório de Nissa pode ser comparado a Tomás de Aquino por enfrentar os problemas em sintonia com a fé e a razão.
     São Pedro de Sebaste era o mais jovem dos irmãos e foi muito instruído pela sua irmã. Morou junto com o irmão, Basílio, no mosteiro masculino fundado por sua mãe e ali viveu dividido entre os estudos, na ajuda aos necessitados e na oração.
     Quanto a Santa Teosebia, há uma incerteza na informação: algumas fontes contam que Teosebia era esposa de Gregório de Nissa, sendo assim, como nora é contada também como filha de Santa Emília. Outras fontes dizem que Teosebia era filha legítima de Emília e irmã de Gregório. Sabe-se de um outro filho de Santa Emília chamado Naucrácio, o Eremita.
     A Santa deu a seus filhos uma educação muito completa, da teologia à compaixão, do monasticismo ao serviço, à escrita bíblica e, acima de tudo, os ensinou a amarem a Deus acima de todas as coisas.
     Depois que seus filhos se tornaram adultos, Santa Emília distribuiu todos os seus bens entre os filhos e passou a viver uma vida monástica. Ela só guardava o que precisava para si mesma. Mais tarde, fundou um convento junto com Santa Macrina e São Pedro de Sebaste. Neste mosteiro Santa Emília veio a falecer e ali também foi sepultada no ano de 372. Por ocasião da morte de Santa Emília, seus dois filhos santos: São Basílio Magno e São Gregório de Nissa disseram: “Graças mil vezes, meu Deus, por nos terdes dado por mãe uma santa!”
Legado
     A Igreja está cheia de exemplos e modelos de santas famílias constituídas por uma santa mãe. Inspirados nos exemplos de seus pais, os filhos trilharam o caminho da santidade.
     Santa Emília é mais conhecida e venerada nas igrejas orientais da Rússia e da Grécia, mas sua importância para a Igreja primitiva foi grande.
      A vida de Santa Emília é um testemunho maravilhoso de família cristã. A família que ela fundou, junto com seu marido São Basílio, foi, sem dúvida, uma das famílias mais influentes no cristianismo em todos os tempos. Seus filhos foram todos missionários evangelizadores, pastores que iluminaram a vida da Igreja por seu testemunho e ensinamentos.
 
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quinta-feira, 27 de maio de 2021

Nossa Senhora do Lírio

     
     Este título Maria Santíssima já recebeu nas Sagradas Escrituras. Nelas o lírio, por sua beleza pura e sublime perfume, é usado com frequência para designar as virtudes, a dignidade real, a beleza da sabedoria e a união esponsal. É muito fácil compreender qual a razão de a Virgem Maria sempre ser comparada à esta flor. O lírio é o símbolo da pureza e da beleza perfeita, em toda a natureza. E a Imaculada Conceição de Maria lhe conferiu a eterna pureza do corpo, a beleza perfeita da alma e o espírito pleno de sabedoria. Por isto, Maria é o lírio de Deus, a única criatura plena de todas as graças.
     Maria foi cantada em verso e prosa como um campo de lírios, e também, representada segurando um lírio na mão ou ladeada por estas flores. Mas a expressão latina: "lilium inter spinas", ou seja: "lírio entre espinhos", citada na Ladainha de Nossa Senhora de Loreto escrita em 1578, sem dúvida alguma é aquela que melhor descreve a Mãe de Deus.
     Esta comemoração se refere à primeira igreja dedicada à Nossa Senhora do Lírio. Situada na abadia cisterciense fundada em 1244, pelo rei São Luís IX e a rainha Branca de Castela, sua virtuosa mãe, que cedeu um castelo de sua propriedade em Melun, França. Antes de falecer, em 1252, a rainha-mãe expressou o desejo de ser sepultada na igreja desta abadia.
     As incontáveis graças e milagres alcançados por intercessão de Maria são uma constante na cristandade desde os primeiros séculos. Muitos destes episódios prodigiosos foram testemunhados e acabaram entrando para as tradições populares cristãs. Estas, por sua vez, determinaram o surgimento das igrejas santuários, meta de peregrinação e romaria dos devotos do mundo todo.
     O mais antigo santuário dedicado à Nossa Senhora do Lírio foi erguido em 1300, na cidade de Sciacca, situada na ilha da Sicília, Itália. Diz a tradição que ele surgiu por conta de uma imagem milagrosa da Imaculada Virgem Maria que na mão segurava um lírio, pintada no muro externo próximo da porta oeste da cidade.
Santuário de Prato, Itália
     Em 1580 chegaram os franciscanos da Terceira Ordem, que construíram no lado oriental da porta da cidade, o próprio convento e uma nova igreja anexa, para melhor funcionalidade do serviço religioso. Logo em seguida esta igreja foi escolhida para ser o novo e atual santuário de Nossa Senhora do Lírio.
     O Santuário de Nossa Senhora do Lírio da cidade de Prato, Itália, é uma pequena igreja na Rua São Silvestre, perto de Praça São Marcos.
     Começou a ser chamada e venerada como Santuário em 1680, mas já desde 1270, nesta área surgia uma igreja, a do Spedale di San Silvestro (Hospital São Silvestre).
     A Igreja foi transformada em Santuário depois de muitos milagres começarem em 26 de agosto de 1664, quando foi colocado um lírio seco na frente da imagem de Nossa Senhora do século XV. Este lírio renasceu inexplicavelmente.
     Num dos altares de laterais, da época 1670 - 1674, tem uma pintura de Alessandro Rosi com os santos Francisco Xavier e Pedro de Alcântara.
     No 1982 Dom Renzo fez que na cabeça da pintura de Nossa Senhora do Lírio fosse colocada uma lindíssima coroa de ouro. Assim, daquele dia em diante a imagem foi chamada Nossa Senhora do Lírio, Rainha do céu e da terra.
     Nossa Senhora do Lírio é celebrada no dia 8 de fevereiro.
 
Os 3 lírios de Maria 
     Certa vez, naquele longínquo século XIII, um dominicano de uma inteligência luzidia, muito douto e devoto da Santíssima Virgem, estava passando por uma forte provação. Não conseguia entender como era possível a Mãe de Deus permanecer virgem, tendo dado à luz o Menino Jesus.
     Esta dúvida era como um espinho em seus pensamentos, pois apesar de ser muito sábio, isto lhe permanecia oculto.
     Um dia, tendo tomado conhecimento da existência de um Frei franciscano, o Bem-aventurado Egídio de Assis, o qual tinha fama de aliviar as consciências conturbadas, resolveu ir ao encontro deste religioso.
     Quando chegara às portas do convento franciscano, não foi necessário chamar ninguém, pois Frei Egídio iluminado acerca da situação deste dominicano saiu-lhe ao encontro e disse-lhe: “Irmão pregador, a Santíssima Mãe de Deus, Maria, foi virgem antes de dar-nos Jesus” [1]. Enquanto dizia isto, Frei Egídio golpeou o chão com seu cajado e imediatamente brotou do solo um formoso lírio branco.
     O dominicano surpreendido por este fato inesperado continuou ouvindo o Frei, que prosseguiu: “Irmão pregador, Maria Santíssima foi virgem ao dar-nos Jesus”. E com um novo golpe, outro lírio floresce instantaneamente.
     Atônito, o dominicano presta atenção por mais uma vez: “Irmão pregador, Maria Santíssima foi virgem depois de dar-nos Jesus”. Ao terceiro golpe, surge um lírio mais esplêndido que os anteriores.
     Frei Egídio, sem dizer nenhuma outra palavra, retorna ao convento, tendo desfeito aquela longa provação de seu irmão religioso, o qual até o fim da vida conservou consigo os três lírios, símbolos inequívocos da virgindade de Nossa Senhora: antes, durante e depois do parto.
     Esta bela história nos mostra a envolvente e cativante época dos milagres medievais, mas, sobretudo, destaca uma virtude cada vez mais esquecida nos tempos atuais, a virgindade.
     Houve época em que o casamento entre pessoas virgens era uma questão de honra. Depois, isso se tornou uma responsabilidade apenas do gênero feminino. Mas, hoje em dia, se fosse perguntado aos jovens sua opinião sobre o assunto, provavelmente muitos até ridicularizariam esta virtude tão sublime.
     No entanto, ela deve ser preservada como um tesouro inestimável, o qual devemos guardar a todo custo, sob o peso de chorar sua perda. Por mais que certos ambientes possam zombar de sua prática e tê-la como praticada por pessoas retrógradas, podemos bem aplicar seu valor aos conhecidos versos de Casimiro de Abreu:
“Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!”.
     Aqui podemos, inclusive, parafrasear Casimiro de Abreu, entendendo por infância aquela inocência de criança, de uma alma limpa e sem malícia, cujos anos, as más amizades, as ideias perniciosas, muitas vezes vêm deteriorar. Depois de perdida a inocência, o colorido que o mundo apresentava se torna mais opaco, quando não se apaga por completo.
     Começa, então, uma longa caminhada em busca de uma felicidade que a pessoa já possuía na aurora da vida, mas que recusou diante de mentirosas promessas. Este é o momento de olhar para Nossa Senhora, intitulada Rainha das Virgens (Regina Virginum) em sua Ladainha e dizer a “Salve Rainha”.
     Ela, como Mãe compassiva, olhará a miséria humana e pedirá ao seu Divino Filho para que restitua aquela virtude angélica, a fim de nos tornarmos verdadeiramente os “pequeninos”, aos quais pertence o “Reino dos Céus” (cf. Mt 19,13-15; Mc 10,13-16; Lc 18,15-17).
 
Imagem de Nossa Senhora do Lírio venerada no Santuário de Prato, Itália 

[1] Cf. Súrio, Vita del B. Edidio. Apud Pe. Gabriel Roschini. Instruções Marianas. São Paulo: Paulinas, 1960, p. 209.
 
Thiago de Oliveira Geraldo
https://gaudiumpress.org/

terça-feira, 25 de maio de 2021

Santa Madalena Sofia Barat, Fundadora - 25 de maio

     
     Na madrugada de 13 de dezembro de 1779, em Ivigny, na Borgonha, França, Madalena Sofia nasceu prematura devido a um incêndio assustador que arrasou a casa vizinha àquela em que moravam seus pais. Se um incêndio marcou seu nascimento, o fogo da fé presente em sua alma contagiou muitas outras durante toda a sua existência, que abrangeu o período da sangrenta e anticristã Revolução Francesa.
     Sua mãe quase perdeu a vida e Madalena, devido ao risco de morte que corria, foi batizada no mesmo dia, tendo como padrinho o irmão Luís, de doze anos, profundamente ligado aos ensinamentos cristãos.
     A família de Madalena tinha uma atividade econômica ligada sobretudo ao vinhedo e ao bosque. Pertencia à pequena burguesia rural em ascensão social e compreendia a importância dos estudos.
     Madalena Sofia era miúda, baixa para sua idade e era obrigada a subir em um tamborete para que a visse o pároco quando lhe ensinava o catecismo. Todavia, embora fosse fraca fisicamente, tinha uma força interior marcante desde a infância. Tímida, suas primeiras reações eram impulsivas. Ela teve sempre réplicas prontas e palavras mordazes; gostava das diversões, dos passeios pelas colinas. Era dócil com os que a rodeavam e demonstrava seu afeto com gestos espontâneos.
     Desde pequena aprendia as orações com facilidade e era sempre a primeira nas aulas de catecismo. Seu irmão e padrinho, estudante de teologia, foi promovido a subdiácono e nomeado professor da escola de Ivigny, levando consigo sua irmã e afilhada, para melhor prepará-la para a vida. Percebendo que Madalena aprendia com rapidez as matérias, Luís passou a lhe ensinar também História antiga e moderna, Sagrada Escritura, latim, grego, noções de italiano e de espanhol, rudimentos de hebreu.
     Em 1789, Madalena fez sua Primeira Comunhão. Era piedosa e fervorosa, assídua à Missa matinal diária em sua paróquia de São Teobaldo. Aos 14 anos decidiu fazer voto de virgindade. Um pouco antes, a família Barat tinha começado a abandonar o jansenismo graças à mediação de Luís Barat, que havia comprado em Paris, durante uma de suas idas à capital, umas imagens do Coração de Jesus e do Coração de Maria. Era diante destas duas imagens que a família se reunia para a oração diária.
     A Revolução Francesa perturbou a paz da família, do país, da Santa Igreja, do mundo... Igrejas e conventos eram fechados. Os cárceres ficaram lotados de sacerdotes e religiosos. Os bens dos Barat foram confiscados, Luís foi preso em maio de 1793 e se livrou da guilhotina por milagre.
     Madalena Sofia demonstrava sua força de caráter ajudando sua mãe a recuperar o ânimo, porém ela guardará uma repulsa pela Revolução Francesa, que identificava como um “tempo de ódio contra Jesus Cristo”. Ainda em 1840 a Marseillaise a fazia tremer; e em 1848 associava as manifestações populares ao período revolucionário do “Terror”.
     Quando Luís Barat foi libertado, em 1795, ele se ordenou sacerdote e foi para Paris, acompanhado da irmã; celebrava a Santa Missa clandestinamente. Madalena ensinava catecismo às crianças do bairro e continua sua formação religiosa e profana, rodeada de algumas jovens, com as quais começa um ensaio de vida em comum.
     Trabalhando na reconstrução da Igreja aniquilada pela revolução, Madalena confiou sua orientação religiosa ao sábio e famoso Padre José Varin. Este sacerdote expôs-lhe o projeto de fundar uma congregação de educadoras, inspirada pela devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
     Percebendo as necessidades da época e seguindo forte inspiração, Madalena, aceitou humildemente a ajudá-lo em tal missão, cheia de desconfiança em suas forças: “Aceito tudo, sem compreender nem prever nada”, disse.
     A Congregação do Sagrado Coração de Jesus, que tinha por objetivo o ensino gratuito de meninas pobres, foi fundada em 21 de novembro de 1800. Junto com outras companheiras Madalena vestiu o hábito da congregação na capela da Rua Touraine, diante do quadro da Virgem Ssma., e embora fosse a mais jovem, tinha apenas 23 anos, foi nomeada superiora. A Santa partiu para Amiens para ensinar em uma escola que foi o primeiro convento da congregação.
     A congregação reuniu sempre mais seguidoras e enfrentou muitas dificuldades até obter a aprovação canônica. Para manter as escolas gratuitas, Madalena as criava aos pares: uma para as meninas pobres e outra para as de classe rica, que custeava a primeira. Assim espalhou a vocação da congregação, com suas missionárias sendo enviadas pelo mundo.
     A Santa percorreu a França em todas as direções, e do mesmo modo a Suíça e a Itália, para estender a Instituição e atender aos necessitados. O talento varonil e o saber pouco comum, a vontade indomável e o coração de mãe, tendo por base as mais austeras e profundas virtudes, granjearam-lhe fama em todas as classes sociais. Falava com nobres e príncipes, sábios, bispos e cardeais. 
    Quando não estava ainda estabelecida a clausura, Santa Madalena Sofia ia à sua aldeia natal de Joigny e tomava como companheira uma das religiosas mais aristocráticas, a fim de esta ficar a conhecer a pobreza da casa em que nascera.
     Um grande senhor encontrou-a um dia com a vassoura na mão. - Que faz, Madre Geral? – Senhor Duque, o que teria feito durante toda a vida se tivesse ficado no lugar que me toca. “A Madre Barat é a revelação da humildade”, dizia um Bispo.
     Durante 63 anos ela fundou 122 escolas em 16 países. Como não podia visitar tantas fundações, mantinha contato com elas por meio das inúmeras cartas que escrevia. Encarregava-se também da administração da casa-mãe e de atender as visitas que chegavam para pedir-lhe conselho. Em uma de suas cartas escreveu: “O trabalho excessivo é um perigo para as almas imperfeitas; porém as perfeitas obtêm, por esse meio, uma rica colheita”.
     Em dezembro de 1826, o Papa Leão XII aprovou oficialmente a Sociedade do Sagrado Coração. Em 1864, aos 85 anos de idade, a Santa pediu ao conselho geral que permitisse que ela renunciasse a seu cargo, a assembleia, porém, não atendeu a seu pedido, mas nomeou uma vigária para ajudá-la nos trabalhos.
     No dia 21 de maio de 1865, estando na casa de Paris, a Santa anunciou à comunidade a sua morte próxima com estas palavras: “Apresso-me a vir hoje, pois na quinta-feira vamos para o Céu”. Efetivamente, sofreu um ataque e no dia 25 de maio de 1865, Festa da Ascensão do Senhor, carregada de méritos e trabalhos pela glória do Coração de Jesus, beijando o Crucifixo, entregou sua alma a Deus.
     Vários milagres e muitas conversões aconteceram logo depois de seu falecimento, conforme os registros que regeram sua canonização, que ocorreu em 24 de maio de 1925, decretada pelo Papa Pio XI. Santa Madalena Sofia Barat é festejada nos cinco continentes no dia de seu falecimento. A congregação atua em quarenta e quatro países, inclusive no Brasil.
 
Postado neste blog em 24 de maio de 2012
https://paroquiamadalenasofia.com/
 
Devoção ao Mater Admirabilis
     Uma vez que o Coração de Jesus está intimamente unido com o de sua mãe, o culto do Sagrado Coração é inseparável do de Maria Santíssima. A imagem mais conhecida e mais amada nos Institutos do Sagrado Coração espalhados pelo mundo é aquela chamada "Mater Admirabilis". O nome lhe foi dado pelo Papa Pio IX em 20 de outubro de 1846.
     Em 1844, no convento da Trinità dei Monti, um jovem postulante francês, que mais tarde se tornou religioso, Paoline Pedrau, recebeu um pedido das religiosas para pintar um mural da Virgem Maria. Depois de semanas pintando, Pauline finalmente terminou seu trabalho. Quando a madre superiora viu o afresco, considerou as cores fortes e brilhantes demais e mandou cobrir a obra com um pano.
     Anos depois, no dia 20 de outubro de 1846, o papa Pio IX estava visitando a capela e perguntou o que estava por trás do tecido. A madre superiora tentou desviar a atenção do papa para outros assuntos, mas ele exigiu ver a obra. Quando puxaram o pano, revelou-se novamente a obra que Pauline tinha pintado anos antes. As cores haviam empalidecido para criar uma imagem mais suave do que a do passado. O papa declarou que a imagem era a Mater Admirabilis, a "mãe mais admirável", e pediu à madre superiora que jamais a cobrisse novamente.
     O papa Leão XII ofereceu, em 1828, a igreja de Trinità dei Monti ao Sagrado Coração de Jesus.  
     A Sociedade do Sagrado Coração celebra a festa da Mater Admirabilis todo 20 de outubro, em lembrança da declaração do papa Pio IX. A pintura é reproduzida em todas as escolas do Sagrado Coração.

domingo, 23 de maio de 2021

Maria, esposa fidelíssima do Espírito Santo


 A Virgem Maria é a Esposa do Espírito Santo! Quanto mais uma alma invoca Maria, mais descerá sobre ela o Espírito Santo.
 
     “Tendo-a encontrado numa alma, o Espírito Santo, seu Esposo, voa para lá, entra plenamente e comunica-se a essa alma abundantemente e na mesma medida em que ela dá lugar a Maria.
     “Uma das grandes razões por que o Espírito Santo não opera agora maravilhas retumbantes nas almas é que não encontra nelas uma união bastante íntima com a sua fiel e indissolúvel esposa. Digo inseparável esposa porque desde que este Amor substancial do Pai e do Filho desposou Maria para produzir Jesus Cristo, Cabeça dos eleitos, e Jesus Cristo nos eleitos, nunca mais a repudiou, porque Ela foi sempre fiel e fecunda”.
     “Maria é o grande molde de Deus, feito pelo Espírito Santo, para formar ao natural um Deus-Homem, pela união hipostática, e para formar um Homem-Deus, pela graça. Para isso nada mais oportuno do que essa consagração (*), uma vez que Maria Santíssima é o grande molde no qual foi formado Jesus”.
     Assim, todo aquele que se lançar e desmanchar dentro desse molde sairá com as feições de Jesus. A consagração é a maneira pela qual nos lançamos nesse molde perfeito, e a vivência dessa devoção é a maneira pela qual nos desmanchamos no mesmo molde, ou seja, quando nos entregarmos totalmente a Maria, Ela nos ensina a ser, pensar e viver como Jesus.
     “Tendo o Espírito Santo desposado Maria Santíssima, e nela e por n’Ela produzido Jesus Cristo, o Verbo Encarnado, n’Ela e por Ela continua a produzir, diariamente, os predestinados. Isso de um modo misterioso, porém verdadeiro”.
     “Felizes, pois – conclui Montfort – mil vezes felizes as almas, as quais o Espírito Santo revela o Segredo de Maria e lho faz conhecer”.
 
Fonte: Livro Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem (São Luís Maria Grignion de Montfort)
 
(*) Consagração a Jesus por Maria, segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort explicado no livro em referência.

sábado, 22 de maio de 2021

Santa Humildade (Rosana), Viúva e Abadessa – 22 de maio

     
     Humildade, no século Rosana, nasceu em Faenza, na Romagna, filha de nobre e rica família. Muitíssimo devotada a Jesus e Maria, para melhor e mais fácil acesso ter a eles, escolheu São João Evangelista como seu padroeiro.
     Menina muito bonita, os pais gostavam de vesti-la com suntuosidade, mas aquilo a desagradava sobremodo, porque já votava solene desprezo pelas vaidades todas do mundo. Todo o dinheiro que lhe davam, empregava-o Rosana em esmolas. Socorrer os indigentes era o que mais prazer lhe dava.
     Por várias vezes suplicou aos pais que lhe dessem o consentimento para ser religiosa, mas não o conseguindo, conformava-se, esperando, com paciência, o soar da hora estabelecida por Deus.
     Apaixonado por Rosana, um primo do imperador Frederico Barbarroxa pediu-lhe a mão, mas acabou por desistir do intento, tal a recusa obstinada que a jovem opôs à proposta. Mais tarde, com o senso da obediência mais desenvolvido, acatou o desejo dos pais, desposando um moço da terra em que nasceu, chamado Hugolotto.
     Ambos, desde que Hugolotto adoeceu e foi obrigado pelos médicos a guardar continência, retiraram-se para o convento de Santa Perpétua, nas vizinhanças de Faenza. Desde então, a santa adotou o nome de Humildade.
     Três anos mais tarde, com a anuência do esposo, fazia-se reclusa perto da igreja de Santo Apolinário, onde, por 12 anos edificou toda a região pela caridade, piedade e austeridades.
     Ora, o bispo da diocese, considerando que Humildade poderia dirigir muitas almas, levando-as à perfeição, propôs-lhe a fundação dum mosteiro, do qual, suplicou-lhe aceitasse o governo.
     Amando a solidão, somente por espírito de sacrifício e obediência Humildade aceitou a proposta do bispo – e um convento foi erguido perto de Faenza, sendo dedicado a Nossa Senhora, filiado à ordem de Vallombrosa, austero ramo da ordem de São Bento.
     Mais tarde, outra fundação surgiria em Florença.
     De Humildade conta-se que, duma feita, quando no convento não havia mais do que um pequenino pão para toda a comunidade, a santa abadessa, ajoelhando-se e recomendando a Deus as filhas todas, multiplicou-se o pãozinho a tal ponto que deu para satisfazer a todas as irmãs.
     Falecida no 22 de maio de 1310, Santa Humildade foi grande contemplativa, dando-se a esta prática sempre que o cargo lhe deixava tempo.
Abadia da Vallombrosa, Toscana, Itália

Fonte: Vida dos Santos, Pe. Rohrbacher

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Beata Colomba de Rieti, Dominicana - 20 de maio

     
     Angelina Guadagnoli nasceu numa família da aristocracia italiana em 2 de fevereiro de 1467, na cidade de Rieti. O dia do seu batizado foi marcante e muito curioso. No mesmo instante em que o padre lhe ministrava o batismo, desceu sobre sua cabeça uma pomba branca, talvez como um símbolo da infinidade de graças que o Espírito Santo colocou em sua alma. Por isso, ficou conhecida como Colomba, que significa "pomba".
     Sua celebridade é baseada principalmente em duas coisas: a natureza altamente milagrosa de sua vida desde o seu início, e sua intensa devoção ao Santíssimo Sacramento. Ela foi uma dentre numerosas santas mulheres dominicanas que parecem ter sido suscitadas por Deus para protestar contra e em contraposição à impiedade e à imoralidade corrente na Itália durante os séculos XV e XVI.
     Essas mulheres, quase todas da Ordem Terceira, tinham uma intensa devoção a Santa Catarina de Siena, e tinham como objetivo imitá-la tanto quanto possível. Muitos leigos, tanto homens como mulheres, compartilhavam esta devoção, entre estes Ercole I, Duque de Ferrara, que tinha uma profunda admiração por Colomba e por algumas outras santas dominicanas suas contemporâneas, as mais notáveis das quais foram as Beatas Osana de Mântua e Luísa de Narni. A veneração de Ercole por esta última foi tão grande, que ele não descansou até conseguir que ela fosse viver em Ferrara com algumas de suas irmãs, onde ele mandou construir para ela o seu convento, onde ela morreu depois de muitas provações.
     Angelina, desde a infância consagrou seu coração e sua vida ao amor a Jesus Cristo, como fizeram São Domingos e Santa Catarina, com quem conviveu e dos quais foi discípula. Por si mesma e com firmeza seguiu o caminho para a santidade.
     A tradição diz que ainda no berço procurava privar-se da amamentação. Sua infância foi repleta de penitências severas que só podem ser equiparadas àquelas dos adultos mais santificados.
     Aos dez anos ela consagrou sua virgindade a Jesus, mesmo sabendo que seus pais tinham assumido um casamento para ela. Prometida em casamento a um nobre quando tinha apenas 12 anos, recusou resolutamente o casamento de alta linhagem. O acerto das núpcias foi desfeito quando ela apareceu com a cabeça raspada diante dos pais, que ficaram comovidos com a real vocação da filha.
     Sete anos depois vestiu o hábito de Terciária Dominicana. Iniciou sua formação religiosa no convento dominicano da Ordem Terceira, e teve como orientadores espirituais Santa Catarina, a quem ela chamava de "irmã", e São Domingos, de quem recebeu o hábito em 1496.
     Colomba era de fato muito especial, pois além da alta capacidade contemplativa, contava com dons extraordinários como o da profecia, do conselho, da cura, e sabia perceber, como ninguém, os sentimentos da alma humana.
     Em 1488, aos dezenove anos, atendendo uma inspiração, foi para a cidade de Perugia; os habitantes receberam-na como uma santa. Após algum tempo, ela construiu seu Convento de Santa Catarina, no qual ela reuniu todas as religiosas da Ordem Terceira Dominicana que a desejavam como superiora apesar de sua pouca idade. Seu mosteiro se dedicou à educação das jovens nobres e ficou conhecido como o convento das “Colombas”.
     Mas seu apostolado foi muito fecundo também fora do convento, onde se tornou uma verdadeira "pomba da paz e da concórdia" na luta que existia entre as poderosas famílias da nobreza, que disputavam a região. Colomba conseguiu impedir inúmeras lutas sangrentas que poderiam ter destruído várias vezes a cidade de Perugia.
      Em 1494, quando uma terrível praga grassava em Perugia, Colomba ofereceu-se como vítima pela cidade. A praga cessou, mas Colomba foi atingida pelo flagelo. Ela se recuperou apenas para salvar sua reputação atacada por calúnias tão amplamente difundidas que chegaram a Roma, de onde uma comissão foi enviada para examinar sua vida. Foi tratada por algum tempo como uma impostora e deposta de seu cargo de priora.
     Em 1495, Alexandre VI, tendo ouvido sobre a santidade e os milagres de Colomba, foi pessoalmente a Perugia para vê-la. Diz-se que ela teve um êxtase aos seus pés, e também para ganhar confiança, disse-lhe todos os pecados pessoais. O papa ficou plenamente satisfeito com sua grande santidade e colocou o selo de aprovação em seu modo de vida.
     Colomba tinha os dons de profecia, cura, exorcismo, ressuscitar mortos e milagres. Conta-se que ela desejava ardentemente visitar os Lugares Santos e rezar em Jerusalém perante o Santo Túmulo. Durante um dos seus êxtases, visitou as Terras Sagradas. Por cinco dias foi transportada em espírito e realizou seu desejo. Os pais e os amigos, que tinham perante os olhos um corpo inerte, julgaram-na morta. Muitos médicos a examinaram com todo o cuidado. Só um a reconheceu como viva. Ora, passados cinco dias, retomou os sentidos, com o funcionamento normal de todos os órgãos.
     No ano de 1499 ela foi consultada pelas autoridades que estavam examinando os estigmas da Beata Luísa de Narni; Colomba falou calorosamente a favor de serem genuínos, e de sua admiração pela santidade da Beata Luísa.
     Alguns meses antes de sua morte, São Domingos apareceu a ela, dizendo: “Alegra-te, minha filha. A hora está próxima, logo estarás sempre unida a teu Esposo”. Depois que a serva de Deus sofreu uma doença longa e dolorosa, esta hora feliz chegou finalmente, na véspera da Ascensão, em 20 de maio de 1501, no convento que havia fundado em Perugia.
     Diz-se que no momento de sua morte, sua amiga e terciária dominicana, a Beata Osanna de Mântua, viu a alma de Colomba como uma “radiação subindo ao céu”. A cidade inteira foi ao seu funeral. Seu corpo e muitas relíquias dela estão preservados no mosteiro das Irmãs Dominicanas de Perugia, para onde foram transferidos após a supressão do mosteiro original.
     O seu culto foi reconhecido por Urbano VIII em 1627. As relíquias da Beata Colomba ainda são veneradas em Perugia, e sua festa é mantida pela Ordem Dominicana em 20 de maio. O papa Urbano VIII declarou Colomba de Rieti padroeira de Perugia.
 
Fonte: www.santiebeati.it - F.M. Capes (Catholic Encyclopedia)
 
Postado neste blog em 19 de maio de 2015

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Nossa Senhora de Buglose

 
     Tendo Joana d’Albret (*) ordenado a destruição dos oratórios das zonas rurais, alegando que só serviam para tolas superstições, a imagem de Nossa Senhora venerada numa capela erigida à margem direita do rio Adour, a 12 km de Dax, só pôde ser salva do incêndio e escondida, mas só muito tempo depois foi encontrada.
     Em 1620, um pastor local, ao perceber que um de seus bois lambia um objeto, descobriu a estátua da Virgem. Para transportá-la até a igreja da aldeia, a estátua foi amarrada aos bois, que se recusaram a andar e permaneceram no local. Isto foi considerado como um sinal da vontade de Deus.
     Deste pormenor se originou o título dado à imagem, formado de duas palavras gregas significando “langue de boeuf” (língua de boi), daí Buglose. O lugar também tomou este nome.
     A excepcional veneração dos habitantes de Landes pelo “seu” santuário mariano de Buglose teve origem naquela “invenção”, no início do século XVII, nos pântanos mouros, da imagem da Virgem com o Menino.
     Um modesto oratório - a Capela dos Milagres - havia sido erguido no local da descoberta, mas, a partir de 1622, uma igreja suficientemente maior teve que ser construída a alguma distância para acomodar os já numerosos peregrinos, e missionários foram enviados lá para atender os fiéis.
     Após um breve eclipse durante o período da funesta revolução francesa, que viu a igreja ser destruída e a casa dos missionários vendida como propriedade nacional, a corrente de devoção retomou seu desenvolvimento, mas a casa não pôde ser resgatada até 1844. O projeto de uma reconstrução então surgiu.
     Inicialmente, foi imaginado apelar para habilidades externas ao departamento: o famoso Adolphe-Napoléon Didron (1806-1867), professor de arqueologia, fundador dos Annales d'archéologique; Hippolyte Durand (1801-1882), arquiteto parisiense que construiu as igrejas de Saint-Jacques de Tartas e Saint-Martin de Peyrehorade, e que forneceu um projeto de expansão. Mas afinal, o Bispo Lanneluc confiou a reconstrução do santuário a Jean-Antoine Sibien, arquiteto do departamento, que foi nomeado em julho de 1849.
     As obras começaram em 1850. O fim das obras foi marcado pela solene coroação da Virgem em 9 de setembro de 1866 pelo Bispo Épivent.
     Posteriormente, o bispo Victor-Marie Delannoy mandou instalar um carrilhão em 1895, que Canon Maisonnave forneceu com uma máquina de carrilhão.
     Finalmente, em 1896, quando o projeto de construir uma flecha foi definitivamente abandonado, quatro anjos musicais em ferro fundido dourado, suntuoso presente da Marquesa de Lur-Saluces, foram instalados nos quatro cantos da plataforma para emoldurar uma reprodução, também em ferro fundido dourado, da Virgem.
     Em setembro de 1966, no centenário da coroação da Virgem, a igreja foi erguida à dignidade de basílica menor pelo Papa Paulo VI.
     Há, perto da Basílica de Nossa Senhora de Buglose, uma fonte milagrosa, na qual esteve escondida a imagem, dizem, durante 50 anos. Já em 1662 havia ocorrido dezenove milagres de cura. Hoje, existem cerca de sessenta milagres. Os milagres se multiplicaram aí durante anos, tendo muitos enfermos recuperado a saúde nesse lugar bendito, como atestam numerosos processos verbais.
     As peregrinações a este santuário são realizadas em maio e de 8 a 15 de setembro, oitava da Natividade
Basílica de Nossa Senhora de Buglose, França 
  
http://eglises-landes.cef.fr/eglises/monographies/buglose/buglose.htm
 
 
(*) Joana d'Albret (16/11/1528 – 9/6/1572) também conhecida como Joana III, foi a rainha reinante de Navarra de 1555 a 1572. Casou-se com Antoine de Bourbon, Duque de Vendôme, e foi mãe de Henrique de Bourbon, que se tornou o rei Henrique III de Navarra e IV da França, o primeiro rei Bourbon da França. Ela se tornou a Duquesa de Vendôme por casamento.
     Joana foi a reconhecida líder espiritual e política do movimento huguenote francês, e uma figura-chave nas Guerras Francesas da Religião. Depois de sua conversão pública ao calvinismo em 1560, ela se juntou às forças huguenotes.
     Após a imposição do calvinismo em seu reino, padres e freiras foram banidos, igrejas católicas destruídas e rituais católicos proibidos. Durante a primeira e segunda guerra, ela permaneceu relativamente neutra, mas na terceira guerra ela fugiu para La Rochelle, tornando-se a líder de fato. Depois de negociar um tratado de paz com Catarina de' Medici e organizar o casamento de seu filho, Henrique, com a filha de Catarina, Margarida, ela morreu repentinamente em Paris.

sábado, 15 de maio de 2021

Santa Joana de Lestonnac, Viúva e Fundadora – 15 de maio

     
     Numa fria manhã de 1556, Ricardo de Lestonnac, nobre magistrado e conselheiro do rei, que preside seu lar em Bordeaux (França), recebeu do céu uma bênção: a primogênita, Joana, que encherá a nobre morada com a luz de seus olhos azuis e de seu encanto especial. Joana Eyquen de Montaigne, a nobre castelã, recebeu em seus braços com alegria a pequenina, mas se opõe tenazmente que a filha receba o batismo católico. A vontade firme do pai triunfa e Joaninha começa sua vida no campo do combate familiar, o que colocará em grave perigo a pureza de sua fé.
     O veneno é inoculado por meio de carícias maternas: historietas maliciosas contra os sacerdotes e o Vigário de Cristo, ausência total da Virgem Santíssima. Desta forma a nova apóstata calvinista tentava trazer para si o terno coração da pequena, a quem o tio, o célebre filósofo Miguel de Montaigne, chamou sem titubear “bela princesa, albergada num magnífico palácio”.
     Seus tios, os senhores de Beauregard, se unem à mãe herege neste trabalho. Mas Miguel de Montaigne velava pela guarda de sua fé. A menina triunfou na luta com a firme ajuda de seu pai e com a cooperação de seu irmão Guy, que repetia à noite o que aprendera no colégio que frequentava, dirigido pelos padres jesuítas. Era a nova Companhia de Jesus, fundada por Santo Inácio, que chegara a Bordeaux.
     A devoção à Nossa Senhora se enraizou em sua alma, e seu desejo de sacrificar o porvir brilhante que o mundo lhe oferecia pela vida religiosa, para fazer na França o que Teresa d’ Ávila fazia na Espanha; porém, aceita o acordo sobre seu casamento, confiando em seu pai como mediador do querer de Deus para com ela, naquele momento.
     Tendo Joana dezessete anos, o pai, atendendo aos insistentes pedidos de Gastão de Montferrant, Barão de Landiras e de la Mothe, concedeu-lhe a mão da filha. A vida matrimonial foi muito sólida e Joana foi mãe oito vezes. Os três primeiros morreram muito pequeninos. Os outros cinco - dois varões e três mulheres - foram crescendo sob o olhar atento da mãe.
     A baronesa, como a mulher forte do Evangelho, ensinava aos filhos os deveres da caridade católica: visitas aos pobres, aos colonos, atendimento abnegado aos pobres que lhes batem à porta. Não sem razão o mundo inteiro a chamaria um dia de “honra e glória da França e da Igreja”.
     Em 1597, após 24 anos de matrimônio, Gastão de Montferrant faleceu. Seguiram-se grandes dores e tristezas: a morte do esposo, do filho mais velho, do pai e do tio. Joana ficou só e continuou com fortaleza a educação dos quatro filhos que lhe restaram, e assume a administração do patrimônio da família. Voltam, entretanto, ao seu coração, as inquietações da juventude e o desejo de consagrar-se a Deus.
     Seis anos mais tarde, tendo seu filho Francisco se casado e suas filhas Marta e Madalena se consagrado a Jesus nas Anunciadas de Bordeaux, resolveu deixar a filha mais nova, Joaninha, sob os cuidados de Francisco e da esposa, e ingressar no convento.
     Na manhã de sua partida, saiu muito cedo do palácio para evitar as despedidas, porém, seu coração de mãe ainda enfrentou mais um sacrifício: é surpreendida com a súbita chegada da filha mais nova, que se lança em seus braços desfeita em prantos e pedindo para ela não deixar Bordeaux.
     Aos 46 anos de idade, ela ingressou no Mosteiro Cisterciense de Toulouse. Mudou seu nome para Joana de São Bernardo. Este ramo feminino dos Cistercienses reformados nascera na Abadia de Feuillant, na Gasconha, para reagir à decadência da Ordem.
     Seis meses após ter vestido o santo hábito, sua palidez preocupava a comunidade e suas rigorosas penitências esgotaram suas forças por completo. A Madre Superiora a convenceu a voltar para o seu castelo.
     Naquela noite, esforçando-se para aceitar a vontade de Deus e mais esta prova, teve uma visão celestial que a faz ver o abismo do inferno. Nele caem muitas jovens em espantoso torvelinho e estendiam os braços implorando seu auxílio. Sobre este quadro espantoso apareceu magnífica e grandiosa a imagem de Maria. Ela compreendeu a vontade de Deus. A futura Companhia de Maria, em benefício da juventude feminina, começou a delinear-se naquela última vigília no convento cisterciense.
     Após deixar o mosteiro, Joana se retirou em La Mothe. Em 1605, encontrava-se em Bordeaux e trabalhava como voluntária com outras senhoras e moças durante uma epidemia de peste, e aí descobriu sua vocação: o trabalho na sociedade, entre as jovens mais necessitadas de ajuda e instrução. Foi visitando e cuidando das pessoas nas regiões mais pobres da cidade, e em contato com as jovens que eram atraídas pelo chamado de Deus e por sua personalidade, que ela desejou realizar o trabalho apostólico que a atraia. Ela percebeu que a espiritualidade inaciana expressava sua própria espiritualidade.
     Ela manteve contatos com dois Jesuítas, Pe. de Bordes e Pe. Raimundo, que compartilhavam suas preocupações. O Papa Paulo V aprovou a fundação da Companhia de Nossa Senhora em 7 de abril de 1607.
     Em 11 de março de 1608, diante da generosa resposta de cinco primeiras companheiras, a cidade de Bordeaux, engalanada, participou da tomada de hábito das religiosas que iniciaram o combate da Companhia de Maria.
     O Cardeal François d’Escoubleau de Sourdis, inicialmente protetor da obra, desejou mais tarde ligá-la às Ursulinas, e lhes negou a profissão em maio de 1610. Porém, a 7 de dezembro, em seu castelo de Lormont, recebeu uma graça particular da Santíssima Virgem que advogava em favor de suas filhas, e, na festividade da Imaculada, no mosteiro de Joana assistiu à profissão da fundadora e de suas primeiras companheiras, que já eram nove.
     Como todas as obras de Deus, forte vendaval de perseguição sacodiu a ainda frágil árvore. Por isso mesmo ela se enraizou mais fortemente e em breve as sementes lançadas germinarão: antes que a alma da fundadora voasse para o Céu, são quarenta as novas preciosas e florescentes ramagens. Joana enfrentou desde os desprezos de Lucia de Teula, fundadora frustrada de Toulouse, que não lhe poupou insultos e perseguições, até a traição de uma de suas filhas, única infiel no grupo de suas primeiras religiosas, que cedendo a uma tentação ambiciosa fez chegar ao prelado falsas acusações.
     “A parte que Jesus nos dá de sua Cruz nos faz conhecer quanto Ele nos ama”, repetiria mais tarde a Santa fundadora.
     Em 1622, retiraram-lhe o cargo e ela deixou Bordeaux. Entretanto, as outras casas continuam a dedicar-lhe a estima, o afeto e a confiança devidos à Fundadora da Ordem. Ela é considerada a Madre Geral, mesmo que o status lhe é recusado pela Igreja, e que ela não possa se comunicar com as outras casas naquele terrível período.
     A Fundadora, relativamente idosa, parte para fundar uma casa em Pau. Ela aí permaneceu até 1634, se ocupando da organização da vida da nova fundação e ensinando as meninas mais pobres. Num silêncio santo e exemplar, deixava admirados todos quantos tinham a dita de tratar com ela.
     No fim de seu mandato, em 1626, a superiora ingrata reconheceu seus erros e pediu publicamente perdão a Santa Joana de Lestonnac.
     A pedido dos superiores e por insistência do Cardeal de Sourdis, ela retornou a Bordeaux para consagrar seus últimos anos à redação definitiva das Constituições que foram impressas em 1638. À luz da experiência obtida ao fazer os Exercícios Espirituais de Santo Inácio, elabora as Constituições da Companhia de Maria. Todas as casas e a Ordem viverão sob estas Constituições em qualquer parte do mundo onde elas estiverem.
     No dia 2 de fevereiro de 1640, a religiosa que possuía uma grande devoção a Eucaristia, a Santíssima Virgem - a quem consagrou sua companhia -, que tributava um culto muito especial a seu anjo da guarda, a mãe caridosa e boa que distribuía aos mais necessitados os remédios adquiridos para a comunidade, após uma enfermidade rápida, rodeada de suas filhas e pronunciando com doçura celestial os nomes de Jesus, Maria e José, entregou sua alma a Deus, em meio a veneração e ao amor de filhas que viviam nas quarenta casas do Instituto.
     A ignominiosa Revolução Francesa profanou seus veneráveis despojos, enterrando-os junto à ossada de um cavalo. Ao fim da Revolução, com zelo e amor Madre Duterrail conseguiu, ao restaurar as casas da França após trabalhos imensos, encontrar os restos venerandos da Fundadora.
     Transcorridos trezentos anos de espera, Joana de Lestonnac foi beatificada pelo Papa Leão XIII em 1900, e foi canonizada pelo Papa Pio XII no dia 15 de maio de 1949, data consagrada para a celebração anual de sua festa.
     O lema da Santa, “ou trabalhar ou morrer pela maior glória de Deus”, ainda hoje ressoa como o ideal a ser vivido por suas filhas nas cento e cinquentas casas da Companhia de Nossa Senhora.
     Após a morte de Santa Joana, a expansão da Ordem fora dos limites da França não se fez esperar: em 1650 chegou a Barcelona, na Espanha, e, no século seguinte, em território americano (México – 1753; Argentina – 1780; Colômbia – 1783). A Revolução Francesa quase extingue a Companhia de Maria na França, mas ela é restaurada no século XIX e entra em nova fase de expansão, atingindo, no século XX, outros países da América (entre eles, o Brasil, em 1936) e, posteriormente, África e Ásia.
Brasão original da Companhia de Maria

Fontes: www.santiebeati.it - Domenico Agasso; Ciclo Santoral, Maria Angeles Viguri, ODN
 
Postado neste blog em 1º de fevereiro de 2013

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Irmã Amália de Jesus Flagelado e a Coroa de Nossa Senhora das Lágrimas

     
     Treze anos depois das Aparições de Fátima, em 13 de maio de 1917, e correspondendo ao ano em que estas últimas foram oficialmente reconhecidas pelo Bispo de Leiria Fátima, D. José Alves Correia da Silva, a 8 de março de 1930, Jesus cumpriu a Sua promessa à Irmã Amália. Tal como lhe predissera, a Bem-Aventurada Virgem Maria conferiu um tesouro ao Instituto tão querido do Céu.
     No final daquela fatídica década, desencadear-se-ia a 2ª Guerra Mundial, predita em Fátima. Curiosamente, estas Aparições tiveram particular divulgação na Alemanha, que esteve no cerne do conflito mundial.
     Na década de 1930, na capela da Av. Benjamin Constant, n.º 1344 (esquina com a Rua Luzitana, n.º 1331), em Campinas, no Estado de São Paulo, a Virgem Maria e o Seu próprio filho, Jesus Cristo, apareceram várias vezes à Irmã Amália de Jesus Flagelado, comunicando-lhe muitas mensagens com apelos de oração, sacrifício e penitência.
     No Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado, fundado no Brasil por D. Francisco de Campos Barreto, Bispo de Campinas, e Madre Maria Villac, viveu a piedosa religiosa Irmã Amália de Jesus Flagelado. Tal como outras almas privilegiadas – São Francisco de Assis, Padre Pio de Pietrelcina e Teresa Neumann –, ela recebeu em seu corpo os sagrados Estigmas de Jesus.
     Amália Aguirre nasceu em Riós, na Galiza, junto à fronteira de Espanha-Portugal, a 22 de julho de 1901. Pertencia a uma família antiga, de longa tradição católica, seus pais eram admirados pela santidade de costumes, pela fervorosa piedade e sua inesgotável caridade para com o próximo. Circunstâncias econômicas obrigaram a família a deixar a Espanha e mudar-se para o Brasil, cuja língua lhes era bem conhecida, permitindo-lhes se comunicar e trabalhar sem dificuldades. Inicialmente estiveram no Estado da Bahia, mudaram-se depois para Campinas, Estado de São Paulo
     Amália não acompanhou seus pais na vinda para o Brasil, pois ficou cuidando de sua avó, já muito idosa e doente. Somente após a morte de sua avó é que ela atravessou o oceano Atlântico, chegando em Campinas no dia 16 de junho de 1919.
     Poucas informações temos relativas ao período que vai de sua chegada ao Brasil em 1919 e a sua entrada no Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado, que ocorreu em 20 de abril de 1927. A Irmã Amália de Jesus Flagelado pertenceu ao primeiro grupo de jovens freiras, cofundadoras do Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado. No dia 8 de dezembro de 1927, junto com outras religiosas, recebeu o hábito religioso e fez os seus votos perpétuos a 8 de dezembro de 1931.
     No outono de 1929, um parente de Irmã Amália apareceu no convento em meio à uma grande aflição: sua esposa estava gravemente enferma, sendo que vários médicos lhe declararam que não havia nenhum remédio que pudesse salvá-la. Não sabendo mais o que fazer, recorreu a Irmã Amália, que era sua última esperança. O pobre homem derramando lágrimas, interrogou: “O que vai ser então dos meus filhos?”
     Irmã Amália compadecida com a situação daquele pai aflito, imediatamente quis ajudá-lo de todas as formas possíveis. Enquanto seu parente lhe contava sua triste história, a Irmã Amália rezava interiormente ao Divino Redentor, pensando o que poderia oferecer ou fazer. Ela então sentiu-se impelida a recorrer a Jesus presente no Sacrário. Assim que terminou a conversa com seu parente, ela foi para a capela do convento onde se pôs de joelhos diante do altar, dizendo a Jesus Sacramentado: “Se já não há salvação para a mulher de T., eu mesma estou disposta a oferecer a minha vida pela mãe desta família. Que quereis que eu faça?”.
     Naquele momento Jesus apareceu e lhe respondeu: “Se desejas obter esta graça, peça-a a Mim pelos merecimentos das Lágrimas de Minha Mãe”. Perguntou a Irmã Amália: “Como devo rezar?” Foi então que Jesus ensinou as seguintes invocações: 
     “Meu Jesus, ouvi os nossos rogos, pelas Lágrimas de Vossa Mãe Santíssima”.
     “Vede, ó Jesus, que são as lágrimas d'Aquela que mais Vos amou na Terra, e que mais Vos ama no Céu”.
     Nosso Senhor acrescentou uma promessa: “Minha filha: o que os homens Me pedem pelas lágrimas de Minha Mãe, Eu amorosamente concedo. Mais tarde, Minha Mãe entregará este tesouro para o nosso querido Instituto, como um sinal de Sua Misericórdia”.
     Isto aconteceu no dia 8 de novembro de 1929.
     
Encontramos nas memórias da Irmã Amália o relato do que aconteceu com a Virgem Santíssima.
     “Era o dia 8 de março de 1930. Eu estava na capela ajoelhada nos degraus do altar, quando de repente senti-me elevar. Então vi uma mulher de beleza indescritível a aproximar-Se de mim. Ela tinha um vestido roxo, um manto azul e um véu branco sobre os ombros. A sorrir, Ela flutuava no ar na minha direção, segurando nas mãos um Rosário, a que chamava “Coroa”. As contas brilhavam como o sol e eram brancas como a neve. Dando-me aquela “Coroa” disse-me: 
     “Esta é a coroa (rosário) de Minhas lágrimas que foi prometida pelo Meu Filho ao nosso querido Instituto como uma parte de seu legado. Ele também já lhe deu as orações. Meu Filho quer Me honrar especialmente com essas invocações e, além disso, Ele concederá todas as graças que forem pedidas pelos merecimentos de Minhas lágrimas. Este rosário alcançará a conversão de muitos pecadores, especialmente os que estão possuídos pelo demônio. Uma especial graça está reservada para o Instituto de Jesus Crucificado, principalmente a conversão de vários membros de uma parte dissidente da Igreja. Por meio deste rosário o demônio será derrotado e o poder do inferno destruído. Arme-se para esta grande batalha”.
     Quando a Nossa Senhora acabou de falar, desapareceu.
     Na Aparição do dia 8 de abril de 1930, a Santíssima Virgem pediu à Irmã Amália que mandasse cunhar uma medalha de Nossa Senhora das Lágrimas e de Jesus Manietado, e disse que essa mesma Medalha devia ser largamente divulgada para que o poder de Satanás no mundo fosse vencido. Nossa Senhora acrescentou que todos os fiéis que a trouxessem com amor e devoção obteriam inúmeras graças. 
     Por ordem da Santíssima Mãe de Deus, a Medalha traz cunhada na frente a imagem de Nossa Senhora das Lágrimas em atitude de entrega da Coroa das Lágrimas, exatamente como aconteceu na aparição de 8 de março de 1930 à Irmã Amália, rodeada pelas palavras: 
     “Ó Virgem Dolorosíssima, as Vossas Lágrimas derrubaram o império infernal!”
     No verso, a medalha traz cunhada a imagem de Jesus Manietado - ou seja, amarrado durante a Sua Dolorosa Paixão - e com as seguintes palavras: 
     “Por Vossa Mansidão Divina, ó Jesus Manietado, salvai o mundo do erro que o ameaça!”
     Esta medalha servirá para aumentar a humildade dos fiéis e para servir de modo especial na conversão dos ateus, hereges, comunistas, e com a Coroa das Lágrimas, aqueles possuídos pelo diabo.
     A medalha por si incutirá as virtudes da mansidão e humildade, simbolizados no Jesus manietado e a Sua Mãe das Dores, Nossa Senhora das Lágrimas.
     Embora a Irmã Amália de Jesus Flagelado, tenha conseguido divulgar a Medalha e a Coroa das Lágrimas no ano de 1930, e essa devoção até tenha chegado a alguns países estrangeiros, esses meios de salvação revelados pela Mãe de Deus permaneceram quase desconhecidos durante várias décadas.
     Em 8 de março de 1931, D. Francisco de Campos Barreto, Bispo de Campinas, reconheceu a veracidade dos fenômenos de estigmatização e as aparições recebidas pela Irmã Amália de Jesus Flagelado e concedeu as devidas autorizações – entre elas, o Imprimatur – para a publicação de todos os seus escritos (que incluíam as mensagens originais de Jesus e de Nossa Senhora) e das orações da Coroa (ou Rosário) de Nossa Senhora das Lágrimas.
     Em 20 de fevereiro de 1934, o mesmo prelado publicou uma declaração episcopal e reforçou a importância da devoção à Virgem Maria sob a invocação de Nossa Senhora das Lágrimas.
     Em 1935, a própria Coroa (ou Rosário) de Nossa Senhora das Lágrimas recebeu mais autorizações para sua divulgação: pelo Arcebispo John Robert Roach da Arquidiocese de Saint Paul e Minneapolis, no Minnesota (EUA); pelo Bispo Michael James Gallagher da Diocese de Detroit, no Michigan (EUA); pelo Censor Diocesano em Sopron (Hungria); pelo Bispo Stephanus Breyer da Diocese de Győr (Hungria); e, ainda, pelo Vigário Geral Ferdinand Buchwieser da Arquidiocese de Munich e Frising (Alemanha).
 
Apostolado Internacional
     No início do século XXI, após vários anos de pesquisa, de um estudo rigoroso dos recursos documentais existentes e da recolha e análise de testemunhos pessoais, o missionário católico português Pe. Renato Carrasquinho dedicou-se a compilar todos os escritos e as mensagens originais reveladas à Irmã Amália e reconstruiu biograficamente a vida da religiosa com total rigor. No dia 13 de maio de 2017, em pleno centenário evocativo das aparições de Fátima, em Portugal, e que antecederam as aparições ocorridas em Campinas, no Brasil, com o desejo de dar uma resposta mais eficaz aos apelos feitos por Cristo e pela Santíssima Virgem, ele próprio fundou, com representação em todo o mundo, a associação de fiéis católicos intitulada Apostolado Internacional de Nossa Senhora das Lágrimas.
     A Irmã Amália faleceu em odor de santidade na cidade de Taubaté, a 18 de abril de 1977.
     A festa litúrgica de Nossa Senhora das Lágrimas é celebrada no dia 8 de março.
 
Forma de Rezar a Coroa das Lágrimas:
     Começa-se com o Pai Nosso e a Ave Maria e continua-se:
 
Oração inicial:
     Eis-nos aqui aos Vossos pés, ó dulcíssimo Jesus Crucificado, para Vos oferecermos as lágrimas d'Aquela que com tanto amor Vos acompanhou no caminho doloroso do Calvário. Fazei, ó bom Mestre, que nós saibamos aproveitar da lição que elas nos dão, para que, na Terra, realizando a Vossa Santíssima Vontade, possamos um dia, no Céu, Vos louvar por toda a eternidade.
 
Nas contas maiores (que separam os grupos de 7):
     V. Vede, ó Jesus, que são as lágrimas d'Aquela que mais Vos amou na Terra,
     R. E que mais Vos ama no Céu.
 
Nas sete contas menores (grupos de 7):
     V. Meu Jesus, ouvi os nossos rogos,
     R. Pelas Lágrimas de Vossa Mãe Santíssima.
 
Nas três contas finais, repete-se três vezes:
     Vede, ó Jesus, que são as lágrimas d'Aquela que mais Vos amou na Terra, e que mais Vos ama no Céu.
 
Oração final:
     Virgem Santíssima e Mãe das Dores, nós Vos pedimos que junteis os Vossos rogos aos nossos, a fim de que Jesus, Vosso Divino Filho, a quem nos dirigimos em nome das Vossas lágrimas de Mãe, ouça as nossas preces e nos conceda, com as graças que desejamos, a coroa da vida eterna. Amem.
 
Jaculatórias finais (se devem dizer com toda a confiança):
– Por Vossa Mansidão Divina, ó Jesus Manietado, salvai o mundo do erro que o ameaça!
– Ó Virgem Dolorosíssima, as Vossas Lágrimas derrubaram o império infernal!
 
Fonte:
Renato Carrasquinho; Nossa Senhora das Lágrimas: Aparições, Mensagens e Devoção. Edição: Apostolado Internacional de Nossa Senhora das Lágrimas, 2017.