quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Santa Valburga, Virgem, Princesa e Abadessa beneditina – 25 de fevereiro


 
"Deus te ungiu com o óleo da alegria" (Salmo 54,8)
 
     Santa Valburga foi uma das mais populares santas da Idade Média. Ela nasceu na Inglaterra por volta de 710. Seu pai, Ricardo, rei dos saxões do oeste, possuía um castelo em Dorsetshire; sua mãe, Vinna, irmã de São Bonifácio, era piedosa e mãe extremosa. Ambos são venerados como santos pela Igreja. O casal teve três filhos: Vilibaldo, Vinibaldo e Valburga.
     Vilibaldo foi educado na Abadia de Waltham, perto de Winchester. Vinibaldo, de temperamento menos ativo e mais contemplativo, foi educado em casa. Quando tinha seis anos de idade, nasceu-lhe uma irmã que foi batizada com o nome de Valburga, equivalente no grego a Eucheria, que significa “graciosa”. Muito cedo perderam a mãe e uma amizade muito profunda ligou os dois irmãos.
     Em 721, Vilibaldo, então com cerca de vinte anos, manifestou o desejo de visitar a Terra Santa. Deixou a abadia com a licença de seu superior e voltou para Dorsetshire para persuadir o irmão a acompanhá-lo na viagem. Ricardo estava enfermo e Vinibaldo não queria deixá-lo só. Sequer mencionou ao pai os planos do irmão mais velho. Mas, este revelou seu plano e tão eloquente foi, que o pai resolveu acompanhar os filhos na peregrinação.
     Valburga tinha então 11 anos apenas. Ela sabia, contudo, que as peregrinações, muitos frequentes entre os saxões, exigiam muito dos viajantes que enfrentavam dificuldades e perigos; muitos meses se haviam de passar antes que fosse possível receber notícias dos peregrinos; o seu pai era velho, talvez não resistisse aos rigores da penosa e longa peregrinação... Todavia, nada fez para dissuadir seu pai de tão santa decisão.
     A Rainha Cuthberga fundara recentemente em Dorsetshire a Abadia de Wimbourne. Esposa do Rei Alfredo, a rainha sentira um chamado para uma dedicação total a Deus e obtivera licença do esposo para se tornar monja. O magnífico mosteiro duplo de Wimbourne tornou-se logo célebre pela santidade de seus habitantes e austeridade da sua disciplina.
     Ricardo resolveu levar a pequena Valburga para esta grande abadia, para que dela cuidassem as monjas enquanto ele se ausentava. Ao se despedir de seu pai, Valburga não imaginava que não o tornaria a ver: o santo homem faleceu na Itália, sendo sepultado pelos dois filhos em Lucca.
     Enquanto seus irmãos abraçavam a vida monástica em Roma, Valburga adotou também o estado religioso, passando vinte e seis anos em Wimbourne.
     Destes vinte e seis anos pouco se sabe, mas, tendo em vista que o nível intelectual das monjas daquele mosteiro era muito elevado, pois escreviam com fluência o latim e o grego, e com facilidade citavam os clássicos, sendo notáveis suas iluminuras e transcrições de Missas, Sagradas Escrituras etc., além de bordados em fio de ouro e prata, presume-se que Valburga recebeu sólida instrução e aperfeiçoou-se em todos estes trabalhos.
     Aconteceu então que São Bonifácio, tio de Valburga, o grande apóstolo da Alemanha, foi a Roma pedir ajuda para o seu trabalho missionário naquela região. O Papa instou Vilibaldo e Vinibaldo a acompanharem o dedicado tio.
     Mais tarde, por meio de uma carta dirigida a Lioba, sua prima, e a Valburga, sua sobrinha, São Bonifácio convidou-as a fundar um mosteiro em sua diocese, para mostrar às mulheres daquela região o exemplo das virgens cristãs. Após breves preparativos Santa Lioba e Santa Valburga, com algumas companheiras, deixaram sua terra natal para devotar suas vidas à conversão da Alemanha.
     Durante a viagem da Inglaterra para a Alemanha as monjas enfrentaram uma tempestade que obrigou os marinheiros a se desfazerem da carga. Valburga implorou a Deus e, sobrevindo repentina calma, os viajantes desembarcaram sãos e salvos em Antuérpia. Ao desembarcar, os marinheiros proclamaram o milagre que haviam testemunhado, de modo que Valburga foi recebida em todos os lugares com alegria e veneração. Na mais antiga igreja desta cidade há uma gruta onde Santa Valburga costumava rezar enquanto esperava para reiniciarem a viagem. Ela é muito venerada naquela cidade desde sua permanência ali.
     Vilibaldo fundou o Mosteiro de “Eihstat”, que se tornaria mais tarde a Diocese de Eichstätt. Valburga tornou-se abadessa de um mosteiro beneditino feminino em Heidenheim - morada dos pagãos, em alemão - local onde já se instalara seu irmão Vinibaldo com seus monges. Em breve o significado desse nome perderia o sentido, pois os dois mosteiros converteram gradualmente a aridez espiritual e material da região, e os campos deram abundantes colheitas.
     À morte de seu irmão, Valburga assumiu a direção do mosteiro masculino que ele dirigira. Ela era muito respeitada e amada ainda em vida. Sua vida de profunda oração, sua caridade e coragem, bem como os milagres que ela realizava, tornaram-na venerada pelo povo que vivia à sombra dos mosteiros dirigidos por ela.
     Nos últimos anos, conforme relata o monge Wolfhard que escreveu sua vida mais ou menos cem anos depois de sua morte, ela "confirmada no santo amor de Deus, tendo vencido o mundo e todos os seus atrativos, repleta de fé, saturada de caridade com os adornos da sabedoria e a joia da castidade, notável pela benevolência e humildade, foi receber o galardão que devia coroar tantas virtudes".
     Santa Valburga foi assistida por seu irmão São Vilibaldo em seus últimos momentos, tendo ele lhe administrado os Sacramentos. Ela faleceu em 25 de fevereiro de 779 e foi sepultada ao lado do irmão Vinibaldo.
     São Vilibaldo viveu até 786, e após sua morte a devoção à Santa Valburga gradualmente declinou, e seu túmulo foi negligenciado. Por volta de 870, Otkar, então bispo de Eichstätt, decidiu restaurar a igreja e o mosteiro de Heidenheim, que estavam caindo em ruínas. Os operários profanaram o túmulo de Santa Valburga. Uma noite ela apareceu para o bispo, repreendendo-o e ameaçando-o. Isso levou ao traslado solene dos seus restos mortais para Eichstätt em 21 de setembro do mesmo ano. O corpo de Santa Valburga que foi encontrado incorrupto e coberto por um fluido precioso, qual puríssimo óleo.
     Em 893, o Bispo Erchanbold, sucessor de Otkar, abriu o santuário para retirar uma parte das relíquias para Lioba, Abadessa de Monheim, e o corpo foi descoberto mais uma vez como imerso em um precioso óleo ou orvalho, que até hoje (salvo durante um período em que Eichstätt foi colocado sob interdição, e quando o sangue foi derramado na igreja por ladrões que feriram gravemente o tocador de sino) continuou a fluir dos restos sagrados.
     Há mais de mil anos esta misteriosa umidade oleosa, que é coletada das relíquias de Santa Valburga pelas monjas, vem operando milagrosas curas. Os documentos mais antigos que relatam os milagres atribuídos ao óleo foram escritos entre 893 e 900.
     Este óleo tornou-se conhecido como "óleo de Santa Valburga" e vem sendo um sinal de sua contínua intercessão. O óleo é colocado pelas religiosas em pequenas ampolas de vidro que são dadas aos peregrinos. Curas atribuídas à intercessão de Santa Valburga acontecem até os nossos dias.
     No Martirológio Romano ela é comemorada em 1 de maio, seu nome está ligado à Santo Asafe, cujo principal festival é celebrado na Bélgica e na Baviera. No Breviário Beneditino sua festa é atribuída a 25 (no ano bissexto 26) de fevereiro.
     Ela é a padroeira de Eichstätt, Oudenarde, Furnes, Antuérpia, Gronigen, Weilburg e Zutphen, e é invocada como patrona especial contra a hidrofobia, e em tempestades também por marinheiros.
*
 
   No século XVI, a terra natal de Santa Valburga, Inglaterra, separou-se da Igreja Católica após séculos de fidelidade a Roma. Naquele século, muitos católicos foram martirizados por não aceitarem a nova igreja fundada pelo rei Henrique VIII, que se autoproclamou chefe da Igreja Anglicana. Depois dele, os reis da Inglaterra sempre exerceram aquele cargo até os dias de hoje.
     Neste início do século XXI, entretanto, uma onda de conversões de anglicanos percorreu todo o Reino Unido (Inglaterra e suas ex-colônias).



Ampola que continha o "óleo de Santa Valburga" e é guardada com
todo respeito por ter contido um dom desta grande Santa.

Postado neste blog em 25 de fevereiro de 2011
 
Fontes:
Gertrude Casanova (Enciclopédia Católica) - https://nobility.org/

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Beata Maria de Jesus (Emília d’Oultremont d’Hooghvorst), Fundadora - 22 de fevereiro

     Emília d’Oultremont d’Hooghvorst nasceu a 11 de outubro de 1818, no castelo de Wégimont (Liége, Bélgica), numa família nobre e impregnada dos valores cristãos. Era filha do Conde Emílio d’Oultremont e da Condessa Maria Carlota de Lierneux de Presles. Recebeu uma sólida formação humanística e religiosa, que resultou em um caráter enérgico, seja no plano físico (tornou-se uma ótima atleta) seja no plano moral. Coragem e energia foram dois traços fundamentais da sua personalidade.
     A devoção ao Sagrado Coração, à Virgem Maria e sobretudo à Eucaristia, se enraizaram na sua alma juvenil e caracterizaram desde então o desenvolvimento de sua espiritualidade. A personalidade da jovem desenvolveu-se de forma serena e equilibrada, enriquecida com os seus extraordinários dons humanos e espirituais.
     Seu pai serviu como embaixador belga na Santa Sé em Roma. Precisamente durante uma cerimônia num palácio em Roma, como ela mesma descreveu em sua autobiografia, se sentiu chamada por Deus durante o baile. Seu par, o Conde de Seyselle, estava elogiando os afrescos que decoravam a sala, quando ela ouviu a voz de Deus que a solicitava para escolher entre o caminho do mundo e o de Jesus. “Senhor, minha vida sois Vós somente”, respondeu Emília. O conde, entretanto, tentava devolvê-la a realidade sem poder explicar o que havia acontecido ao seu par.
     Ela então pensou em consagrar-se ao Senhor. Diversas foram as propostas de casamento, mas quando conheceu o Conde Victor van der Linden d'Hooghvorst, “um jovem de virtude sólida e de piedade excepcional” - como ela mesma diria - Emília reconheceu que o Senhor a queria conduzir pelo caminho do matrimônio, o qual foi celebrado a 19 de outubro de 1837.
     Viveu em plenitude a vida de uma jovem e feliz esposa, mãe de quatro filhos: Adriano, Edmundo, Olímpia e Margarida. A partir daí Emília encontrou nos Padres Jesuítas os guias espirituais, que a compreenderam e orientaram no seu caminho espiritual.
     Depois de uma visita ao Papa, em 1831, escreveu o que pensava dos pontífices de seu tempo, se mostrando crítica por sua excessiva politização e falta de sintonia com os homens e a ciência. “Em Roma o papa não deveria ser senão um pai e um pontífice”.
     De 1839 a 1846, Emília permaneceu em Roma e foi brindada com experiências interiores que a dirigiram sempre mais a um amor total a Deus. Aos 24 anos, quando já era mãe de dois filhos, enquanto rezava na capela de Santo Inácio de Loyola, perto da Igreja de Jesus, em Roma, teve uma visão do santo fundador dos Jesuítas que com a Constituição da Ordem nas mãos lhe assegurou que um dia haveria de seguir as suas Regras.
     Em 10 de agosto de 1847 o seu esposo faleceu vítima de malária. Emília viveu esta prova com fé e prosseguiu com coragem a sua missão de mãe e educadora; consagrou-se a Deus com o voto de castidade, dedicando-se ainda mais às obras de caridade. Transferiu-se para Paris, a fim de seguir a formação dos seus filhos no Colégio dos Jesuítas.
     Quando a 8 de dezembro de 1854 o Papa Pio IX proclamava a Imaculada Conceição da Mãe de Deus, Emília pedia a Maria que lhe inspirasse o que era mais agradável a Deus. Durante uma longa e intensa oração na capela do castelo da família lhe foi revelado por Nossa Senhora o que Deus esperava dela: a fundação de uma Congregação destinada à reparação dos ultrajes cometidos contra o Santíssimo Sacramento.
     Com algumas jovens de diversas nacionalidades, iniciou no ano seguinte a vida em comum, mas o início oficial da nova família religiosa teve lugar em 1º de maio de 1857, em Estrasburgo, com o nome de Instituto de Maria Reparadora, dia da vestidura de Madre Maria de Jesus (este era o seu nome religioso) e das suas companheiras, guiadas pelo espírito de Santo Inácio.
A Beata jovem religiosa
     Madre Maria de Jesus acompanhou com solicitude a opção dos seus dois filhos de seguirem o caminho matrimonial, e alegrou-se com a decisão das suas filhas de a seguirem na vida religiosa, na mesma Congregação por ela fundada.
     O espírito inaciano foi a alma que animou todo o seu zelo apostólico, a tal ponto que tomou decisões arriscadas, como a resposta ao chamado dos Jesuítas para que constituísse uma casa na Índia, após dois anos de fundação, a fim de as religiosas se dedicarem à promoção humana e espiritual das jovens relegadas a uma situação de inferioridade devido à divisão das castas. Foi o lançamento definitivo de uma expansão por vários países da Europa.
     Os últimos anos de Madre Maria de Jesus foram repletos de sofrimentos de diversos gêneros: lutos familiares, preocupação pelos seus filhos, separações e dificuldades no seio da Congregação.
     Com a saúde muito debilitada, quando se encontrava de passagem por Florença, de retorno à Bélgica, estando na casa do filho Adriano, Madre Maria de Jesus faleceu, no dia 22 de fevereiro de 1878, aos 59 anos de idade. Seu túmulo se encontra na Igreja da Santa Cruz e São Bartolomeu na Via Lucchesi, em Roma.
      A heroicidade de suas virtudes foi reconhecida em 23 de dezembro de 1993 e foi beatificada em Roma no dia 12 de outubro de 1997 pelo papa João Paulo II.
 
Fonte: https://www.vatican.va/
 
Postado neste blog em 21 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Santa Gertrudes Comensoli, Fundadora - 18 de fevereiro

     Quinta de dez filhos de uma família modesta, mas de profunda religiosidade, nasceu em Bienno, Brescia, Itália, a 18 de janeiro de 1847. No batismo recebeu o nome de Catarina. Desde pequena sentiu grande atração por Jesus Cristo presente na Eucaristia. Passava horas em silêncio diante do sacrário a pensar, como ela dizia.
     Começou a confessar-se aos cinco anos e aos sete, sem prevenir ninguém, aproximou-se da Sagrada Comunhão. Movida pelo Espírito Santo, fez voto de virgindade perpétua, dizendo a Nosso Senhor: “Juro um milhão de vezes que serei sempre vossa, Senhor. Se algum dia Vos hei-de ser infiel, levai-me imediatamente”.
     Aos 15 anos entrou no Instituto das Irmãs de Caridade de Lovere, fundado por Santa Bartolomea Capitanio, mas deixou-o espontaneamente ao cabo de seis meses, por falta de saúde.
     Em 1867, para aliviar as carências da família, foi para Chiari como empregada doméstica do arcipreste, Padre João Batista Rota, futuro Bispo de Lodi, indo depois para S. Gervásio d’Alda (Cremona) como dama de companhia da Condessa Fé-Vitali.
     Foi ali que, em 1879, se encontrou pela primeira vez com o Padre Francisco Spinelli. Os dois tinham os mesmos ideais: fundar uma congregação que tivesse por fim a adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento e a educação cristã de meninas pobres.
     Em 1880, tendo estado em Roma, entrevistou-se com o Papa Leão XIII a quem falou de seu projeto. Este pontífice apoiou sua obra, mas além da adoração ao Santíssimo Sacramento enfatizou a educação das jovens operárias.
A Santa na juventude
     Depois da morte dos pais e de conseguir separar-se da família Fé-Vitali, que a estimava como filha, foi para Bérgamo onde, sob a orientação espiritual do Padre Spinelli, com sua irmã Bartolomea e uma outra companheira, deu início ao novo Instituto, a 15 de agosto de 1882.
     Decorrido dois anos, a 15 de dezembro de 1884, com a bênção e consentimento do Bispo, D. Camilo Guindani, cinco Adoradoras ou Sacramentinas vestiram o hábito, e Catarina Comensoli, que tomara o nome de Irmã Gertrudes do Santíssimo Sacramento, foi eleita Superiora da comunidade, de que faziam parte outras nove religiosas que haviam professado anteriormente.
     O Instituto difundiu-se rapidamente por várias cidades e povoações. Tudo parecia correr pelo melhor quando uma grande tempestade desabou sobre a Congregação. Por razões nada fáceis de apurar, as casas e bens do Instituto foram confiscados, sem culpa dos fundadores. Por outro lado, entre eles tinha havido já um certo desentendimento: a Irmã Gertrudes desejava que o Instituto desse primazia à adoração ao Santíssimo, ao passo que o Padre Spinelli era de opinião que as obras de caridade deviam ocupar o primeiro posto. Quando o caso da falência se veio juntar a esta divergência, o desfecho natural era cada um seguir o próprio caminho.
     A Irmã Gertrudes, por conselho do Bispo Guindani, afastou-se temporariamente de Bérgamo, levando consigo um grupo de religiosas, que tomaram o nome de Sacramentinas. Foram para Lodi, onde o Bispo João Batista Rota as acolheu favoravelmente e em 8 de setembro de 1891 lhes concedeu a aprovação diocesana.
     No ano seguinte, a 28 de março, puderam regressar à casa de Bérgamo já resgatada da hipoteca. Foi ali que a Madre Gertrudes passou os últimos anos de vida. Aproveitou-os para dar consistência e desenvolvimento ao Instituto e sobretudo para lhe incutir o carisma próprio da adoração e reparação ao Santíssimo Sacramento.
     A Santa Sé concedeu-lhes o Breve laudatório a 11 de abril de 1900 e a aprovação definitiva a 14 de dezembro de 1906, quando a fundadora já havia partido para a eternidade. Com efeito, Madre Gertrudes havia falecido aos 56 anos, no dia 18 de fevereiro de 1903.
Adoração ao Santíssimo
     O solene funeral bem mostrou de quanta veneração ela gozava entre todos. Em 9 de agosto de 1926, o venerado cadáver foi transportado do cemitério para a Casa Mãe, onde permanece numa capela apropriada, contígua à Igreja da Adoração.
     A sua fama de santidade confirmou-se no processo canônico, que levou à declaração das virtudes heroicas a 26 de abril de 1961.
     Deus corroborou com um milagre, aprovado no dia 13 de maio de 1989, quanto foi preciosa aos Seus olhos a vida e morte de Madre Gertrudes Comensoli, que finalmente recebeu as honras da beatificação no dia 1º de outubro do mesmo ano.
     Em 26 de abril de 2009, Bento XVI a inscreveu no livro dos Santos.
 
  
Fontes: Santos de Cada Dia, Pe. José Leite S.J., 3ª ed. Ed. A. O. – Braga; http://www.vatican.va/.

Postado neste blog em 17 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Santa Georgina ou Georgete, Virgem - 15 de fevereiro

     São Gregório de Tours (m. 594 ca.) conhecia muito bem a história da região de Clermont-Ferrand, no Auvergne, França, pois nasceu e passou muitos anos naquela cidade. Tinha, portanto, um bom conhecimento das tradições relativas a existência e as virtudes de Santa Georgina (De Gloria confessorum, XXXIV), de quem foi quase contemporâneo. E o que sabemos desta Santa é o que foi transmitido por ele.
     No início do século VI, Georgina vivia em Clermont-Ferrand "religiosa atque devota Deo". Retirou-se para uma aldeia dos arredores para ficar em maior recolhimento e poder oferecer a Deus "as suas oferendas de louvor". Jejuava todos os dias e rezava quase sem cessar.
     Por ocasião de sua morte (ca. 500), quando seu corpo era transportado em direção a igreja para ali serem feitas as orações fúnebres, um bando de pombas acompanhou-lhe os santos despojos desde a casa mortuária, e durante o Ofício escondeu-se no telhado. Logo que o cortejo se encaminhou para o cemitério, as aves tornaram a aparecer e pairavam por cima dos despojos da Santa até estes descerem à terra. Depois, subiram para o céu.
     O candor das pombas simbolizava e honrava a virgindade da defunta. Segundo a tradição, eram anjos que, para honrar a pureza da defunta, tinham tomado a forma de pombas brancas.
     Estudiosos acreditam que os restos de Santa Georgina foram colocados na igreja de São Cassiano, em Clermont-Ferrand. O Martirológio Romano a menciona no dia 15 de fevereiro, dia em que é comemorada também naquela cidade.
Catedral de Clermont-Ferrand
 
Etimologia: Jorge ou George, do grego Geórgios, o mesmo que Georgós, "agricultor". Feminino: Geórgia (português), Georgina (italiano), Georgette (francês).
 
*
     São Filipe Néri já dizia: "Na luta pela pureza, vence quem foge". "O sagaz vê o perigo e se esconde, o incauto segue em frente e paga por isso" (Prov XXVII, 12).
     Foge, pois, meu irmão, "foge do pecado como de uma serpente, porque, se te aproximares, morder-te-á; seus dentes são dentes de leões que aos homens tiram a vida" (Eclo XXI, 2).
     "Fuja, e quão longe puder, fuja (…). Fuja como de ar pestilento, corte-lhe o passo como a incêndio; creia que a fragilidade humana - e a astúcia diabólica - é maior do que ponderação alguma pode declarar" (Pe. Manuel Bernardes).
     Fuja, porque "quem ama o perigo, nele perecerá" (Eclo III, 27). Como cera ao fogo!

Postado neste blog em 14 de fevereiro de 2012

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Santa Catarina de Ricci, Dominicana e grande Mística do Séc. XVI – 13 de fevereiro

A Santa com seus irmãos

     Santa Catarina, uma das maiores Santas da Idade Moderna, nasceu em Florença, de família ilustríssima. Os Ricci são uma família antiga, que ainda subsiste em condições prósperas na Toscana. Pedro de Ricci, o pai de nossa santa, era casado com Catarina Bonza, uma senhora de bom nascimento. A santa nasceu em 1522, e no batismo recebeu o nome de Alexandrina, mas tomou o nome de Catarina na profissão religiosa.
     Tendo perdido a mãe na infância, ela foi formada para a virtude por uma madrinha muito piedosa, e sempre que ela estava ausente, era encontrada de joelhos em alguma parte secreta da casa.
     Quando ela tinha entre seis e sete anos, seu pai a colocou no convento de Monticelli, perto dos portões de Florença, onde sua tia, Luísa de Ricci, era freira. Este lugar era para ela um paraíso: distante do barulho e do tumulto do mundo, ela servia a Deus sem impedimento ou distração.
     Depois de alguns anos, seu pai a levou para casa. Ela continuou seus exercícios habituais no mundo tanto quanto foi possível, mas as interrupções e dissipação, inseparáveis ​​de sua posição, causavam-lhe tanto mal-estar. Com o consentimento de seu pai, que ela obteve com grande dificuldade, no ano de 1535, décimo quarto de sua idade, ela recebeu o véu religioso no convento dos dominicanos em Prat, na Toscana, do qual seu tio, Frei Timóteo de Ricci, era superior.
     Tendo se separado definitivamente do mundo, Catarina não só sentiu a alma invadida da mais pura alegria, como tratou, desde o primeiro instante, de adquirir as virtudes de religiosa perfeita. A bula da canonização confirma que sua vida no noviciado foi de uma santidade angélica. Admirável era sua humildade, que a fazia não recuar diante dos trabalhos mais humildes de casa, ficando-lhe o espírito sempre unido a Deus.
     Tendo apenas 25 anos de idade, foi eleita superiora, cargo que ocupou até a morte, contribuindo assim para maior satisfação das Irmãs, para as quais era uma verdadeira mãe. Governava pelo bom exemplo na prática de todas as virtudes, conseguindo assim que na comunidade reinasse sempre ótimo espírito, e as religiosas se esforçavam a seguir o exemplo da superiora.
     A reputação de sua extraordinária santidade e prudência atraiu muitas visitas de grande número de bispos, príncipes e cardeais - entre outros, de Cervini, Alexandre de Medicis e Aldobrandini, que todos os três foram posteriormente elevados à cátedra de São Pedro, sob os nomes de Marcelo II, Clemente VIII e Leão XI.
     Catarina tomara para exemplo o modelo Jesus Crucificado, a quem dedicava o mais terno amor. A Sagrada Paixão e Morte de Jesus estava-lhe sempre diante dos olhos, e os lábios pronunciavam constantemente jaculatórias e saudações ao bem amado na Cruz, cuja meditação era, por assim dizer, o pão de cada dia da Santa. O maior desejo consistia-lhe em poder participar dos sofrimentos de Jesus Cristo e sentir no corpo o que Ele sentiu nas três horas de agonia.
     Sempre que nas quintas-feiras de tarde começava a meditação da Sagrada Paixão e Morte de Jesus, entrava em êxtase, permanecendo neste estado até o dia seguinte. Era nestas ocasiões que sua alma via a Sagrada Paixão e Morte de Jesus em todos os pormenores, tomando parte mais ou menos ativa no grande sofrimento do divino Mestre. Além destes sofrimentos místicos, Deus mandou-lhe outros em forma de doenças graves e dolorosas. Em vez de lhe diminuírem a fé, aumentavam-na, e na santa Comunhão encontrava a graça e força divinas, para levar a cruz com merecimento.
     As Irmãs observaram muitas vezes que Catarina, tendo recebido a santa Comunhão, parecia rodeada de luz celestial, e o corpo elevava-se acima do leito. Inimiga do próprio corpo, castigava-o com duras mortificações, quanto às Irmãs dedicava as maiores atenções, vendo-as sofrer qualquer coisa. Durante 48 anos não se alimentava senão de pão e água concedendo ao corpo um repouso noturno de três horas apenas. Tanto mais é para admirar este espírito de penitência, sabendo-se que a santa nunca cometera um pecado mortal.
     Grandes e extraordinárias foram também as graças de que Deus cumulou sua serva. Catarina possuía o dom da profecia, do conhecimento de coisas ocultas, da cura de doenças e da multiplicação de mantimentos em favor dos pobres.
   
Maria Santíssima dignou-se de aparecer à serva de Deus e reclinou nos seus braços o Menino Jesus, que a consolava com dulcíssimos colóquios, e lhe imprimiu os sinais das chagas nas mãos, nos pés e no lado. Célebre é a visão de Jesus Cristo Crucificado, o qual desprendeu a mão da Cruz e a abraçou ternamente.
     Em outra visão lhe ofereceu um anel, em sinal de sua união mística. (O Papa Bento XIV menciona na bula de canonização todos estes fatos extraordinários. O sábio e esclarecido Papa não o teria feito, se, após sério estudo, não tivesse certeza da autenticidade dos mesmos). Catarina, porém, permaneceu humilde, procurando ocultar perante os homens todas as provas de predileção divina.
     Tendo tido notícia de que uma das Irmãs havia tomado nota do que de extraordinário e louvável lhe ocorrera na vida, deu ordem para que tudo fosse entregue às chamas. Contudo não lhe era possível impedir que a fama de sua santidade se divulgasse dia por dia. De toda a parte vinham pessoas, entre as quais algumas de alta colocação social e política, ouvir seus conselhos e pedir-lhe intercessão junto a Deus. Sendo-lhe insuportável isto, pediu a Deus que restringisse os benefícios ou, que pelo menos não os manifestasse aos homens. Também este pedido teve acolhimento. 
     Deus permitiu que a fama se transformasse em desprezo, e que Catarina por muitos fosse taxada de impostora e hipócrita. Esta provação Catarina a suportou com maior indiferença e uma paciência admirável. Conhecedores da vida religiosa dizem que a santidade de Catarina mais se manifestou e brilhou nos dias tristíssimos da difamação e calúnia, do que na época das profecias e grandes milagres. São Felipe Neri, contemporâneo de Catarina, tinha em grande consideração a serva de Deus, com a qual mantinha viva correspondência. Ele mesmo diz que, por uma graça excepcional de Deus, teve a visão da Santa, com a qual se deteve demoradamente. (*)
     Pelo fim da vida, Catarina foi acometida de doenças gravíssimas e dolorosas. Se a Sagrada Paixão e Morte de Jesus lhe era sempre a meditação predileta, muito mais quando a alma se preparava para as núpcias eternas. Com muita devoção recebeu os últimos Sacramentos, segurando sempre nas mãos a imagem do Crucifixo. Na hora da morte abriu os braços em cruz, e nesta posição entregou o espírito a Deus. As Irmãs que se achavam presentes, ouviram distintamente uma música de harmonias celestiais e Santa Madalena de Pazzi, que se achava em Florença, viu numa visão a alma de Catarina fazer a entrada triunfal no céu, acompanhada de grande multidão de Anjos.
     Ela passou desta vida mortal à bem-aventurança eterna e à posse do objeto de todos os seus desejos, na festa da Purificação de Nossa Senhora, no dia 2 de fevereiro de 1589, aos 67 anos de idade. A cerimônia de sua beatificação foi realizada por Clemente XII em 1732, e a de sua canonização por Bento XIV em 1746.
     Sua festa é adiada para o dia 13 de fevereiro.

(*) Algo parecido com o que Santo Agostinho relata sobre São João do Egito aconteceu entre São Filipe Neri e Santa Catarina de Ricci. Por terem algum tempo se entretido em uma troca de cartas, para satisfazer o desejo mútuo de se verem, enquanto ele estava detido em Roma ela apareceu a ele em uma visão, e eles conversaram um tempo considerável, cada um sem dúvida em êxtase. São Filipe Neri, embora muito circunspecto em dar crédito ou em publicar visões, declarou que enquanto viva Catarina de Ricci tinha aparecido a ele em visão, como seu discípulo Galloni nos assegura em sua vida. (1) E os continuadores dos Bollandistas nos informam que isso foi confirmado pelos juramentos de cinco testemunhas. (2)
     Bacci, em sua vida de São Filipe, menciona a mesma coisa, e o Papa Gregório XV, em sua bula pela canonização de São Filipe Neri, afirma que enquanto este santo viveu em Roma, conversou um tempo considerável com Catarina de Ricci, uma freira, que então estava em Prat, na Toscana. (3)
 
Note 1. Gallon. apud Contin. Bolland. Acta Sanctorum, Maii, t. 6. p. 503. col. 2. n. 146.
Note 2. Gallon. apud Contin. Bolland. Acta Sanctorum, Maii, t. 6. p. 504. col. 2.
Note 3. In Bullar. Cherubini, t. 4. p. 8.
 
Fontes:
www.santiebeati.it/
cfr. The Lives of the Saints, by Rev. Alban Butler, 1866. Volume II: February, p. 406-408.
Santos, Beatos, Veneráveis e Servos de Deus: SANTA CATARINA DE RICCI, Virgem Dominicana e grande Mística do Séc. XVI. (santosebeatoscatolicos.com)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Santa Escolástica, irmã gêmea de São Bento - 10 de fevereiro

 


O Senhor Deus deu-lhe o que seu irmão não faria
 
     O Papa São Gregório Magno diz que nossa santa "desde sua infância dedicou-se ao Senhor Deus Todo Poderoso". Este grande Papa escreveu a vida de São Bento e nos refere o maravilhoso diálogo mantido entre São Bento e sua irmã, Santa Escolástica, que damos mais adiante.
     Pelo final do século V, nascia esta irmã gêmea de São Bento, o Patriarca da vida monástica ocidental, na cidade de Núrsia, aos pés do Apeninos Central, no ducado de Espoleto, Itália. Seus pais, Eutrópio e Abundância, pertenciam às famílias mais distintas daquela cidade.
     Pouco se sabe de sua infância. Unidos antes de nascer e irmãos gêmeos também na alma, Bento e Escolástica aprenderam de seus pais a virtude e a fé católica.
     Quando ainda adolescente Bento foi enviado a Roma para aperfeiçoar seus estudos. A separação deve ter custado muitíssimo à jovem Escolástica. Desde a morte dos pais vivia ela mais recolhida ainda no retiro de sua casa, e meditava sobre o testamento que sua boa mãe lhe deixara quando morreu, sendo ela ainda uma menina:
     "Saiba, minha filha, que os adornos, os ricos vestidos e os colares de pérolas não valem nada diante de Deus. O maior elogio que se pode fazer de uma donzela é sua modéstia e piedade".
     Escolástica nunca esqueceu tais conselhos e praticou-os desde sua tenra idade. Renunciou a tudo que o mundo lhe oferecia, à sua beleza e ao seu distinto nascimento, e consagrou toda sua vida, e para sempre, a Nosso Senhor Jesus Cristo.
     Depois de absorver a vida e a doutrina dos famosos eremitas do Oriente - Santo Atanásio, São Jerônimo e outros - Bento tratou de imitá-los em Roma. Ele teria uns vinte anos quando, depois de viver alguns anos no deserto de Subiaco, se estabeleceu junto ao Monte Cassino. Como acontece com todos os fundadores, os primeiros passos de sua obra não foram fáceis: as dificuldades muitas vezes procediam de seus próprios discípulos.
     Refletindo que os ensinamentos propostos por seu irmão eram igualmente estendidos a todos os cristãos, Escolástica distribuiu todos os seus bens pelos pobres e, acompanhada de uma única criada de confiança, partiu em busca do irmão.
     Ao ser informado da chegada da irmã, São Bento foi recebê-la acompanhado de alguns monges. Escolástica expôs-lhe o plano de passar o resto de sua vida numa solidão não distante da sua, e suplicou-lhe fosse seu pai espiritual e desse a ela as regras que deveria observar para sua santificação.
     E foi assim que São Bento, ajudado por sua irmã, fundou o primeiro convento de religiosas beneditinas, pois a fama da santidade desta nova fundadora atraiu grande número de donzelas. Sob sua direção e a de São Bento inúmeras mulheres passaram a guardar a mesma regra. Tal foi a origem da célebre Ordem feminina, que rapidamente se estendeu por todo o Ocidente.
     Escolástica não tinha feito voto de clausura, mas respeitou-a sempre. Apesar de estarem próximos, Bento e Escolástica se viam somente uma vez por ano, ocasião em que ela dava conta da comunidade e de sua alma ao Fundador. Encontravam-se eles em uma casinha que havia a meio caminho entre os dois mosteiros, vindo São Bento sempre acompanhado de dois monges.
     São Gregório conta esta admirável entrevista:
     Era por volta do ano 543, primeira quinta-feira da Quaresma. Escolástica previu que seria aquela a última entrevista que teria com seu irmão, com quem compartilhou sua vida desde a infância. Passaram o dia todo falando de coisas espirituais.
     Ao entardecer, seu irmão se levanta e lhe diz: - "Adeus, irmã. Até o ano que vem". - "Meu irmão", lhe suplica Escolástica, "não vá embora. Passemos toda a noite falando das coisas de Deus". - "O que dizeis, Escolástica? Ignorais que não posso passar a noite fora da clausura do mosteiro?"
     Escolástica não respondeu. Abaixou a cabeça, colocou-a entre suas mãos e rezou fervorosamente ao Senhor. O céu, que estava claro, turvou-se de repente, desencadeou-se uma copiosa chuva acompanhada de relâmpagos e trovões, como nunca se havia visto naquelas paragens.
     - "O que fizestes, minha irmã?" - "Pedi-vos e não me quisestes ouvir; pedi a Deus e Ele me ouviu. Meu irmão, Deus preferiu o amor à Regra. Agora, saí, se podeis, deixai-me e voltai ao vosso mosteiro". E assim, impossibilitados de voltar, passaram a noite toda em práticas espirituais.
     Ao referir-se a este fato, São Gregório deseja nos dar uma ideia da virtude e dos merecimentos de Santa Escolástica.
     Três dias depois, ao aproximar-se da janela de sua cela, São Bento viu a alma de sua irmã, partindo do mosteiro das monjas, voar ao Céu em forma de uma pomba branquíssima. Enviou um dos seus monges para recolher os despojos da irmã e trazê-los ao seu mosteiro, para que fossem enterrados num túmulo que havia preparado para si mesmo debaixo do altar de São João Batista, no lugar preciso do altar de Apolo que ele tinha derrubado.
     Era o ano de 543, contava Escolástica provavelmente sessenta anos de idade. Uns 40 dias depois, São Bento anunciou sua morte próxima a alguns discípulos. Efetivamente, segundo a opinião comum, ele faleceu no dia 21 de março de 543.
     Os discípulos depositaram o corpo do venerável Pai ao lado do da santa irmã. Os irmãos tão unidos espiritualmente ficaram juntos no túmulo, e suas almas cantam eternamente os louvores de Deus no Céu.
 

O trabalho oferecido a Deus é uma grande oração. (São Bento)
 
Postado neste blog em 9 de fevereiro de 2012
 
Nota: Depois que seu irmão foi removido para o Monte Cassino, Escolástica escolheu seu retiro em Plombariola, onde fundou e governou um convento cerca de cinco milhas distante ao sul do mosteiro de São Bento. Este convento sofreu o mesmo destino da Abadia do Monte Cassino, ambos sendo queimados até o chão pelos lombardos. Quando Rachim, rei daquela nação, foi convertido à fé católica pelas exortações do Papa Zacarias, restabeleceu aquela abadia, tomando o hábito monástico, terminando sua vida lá. Sua rainha Tasia e sua filha Ratruda reconstruíram e ricamente dotaram o convento de Plombariola, no qual viveram com grande regularidade até suas mortes, como é relatado por Leo de Ostia em sua Crônica do Monte Cassino, ad an. 750. Foi mais tarde destruído, de modo que atualmente a terra é apenas uma fazenda pertencente ao mosteiro do Monte Cassino. cf Dom Mege, Vie de St. Benoit, p. 412. Chatelain, Notas, p. 605. Muratori Antichita, etc. t. 3. p. 400. Diss, 66. del Monasteri delle Monache.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Beata Ana Maria Adorni – 7 de fevereiro

          Nascida em 19 de junho de 1805 em Fivizzano, no território da atual diocese de Pontremoli, Ana Maria teve como pais Mateus Adorni e Antonia Zanetti, cristãos piedosos, que quatro dias após seu nascimento tiveram sua filha regenerada em Cristo pelo Batismo, educando-a de acordo com os ensinamentos da fé.
     Ansiosa para anunciar o nome de Cristo, aos sete anos, ela saiu de casa com uma companheira, com a intenção de chegar às Índias para salvar almas. Imediatamente de volta a casa, ela foi formada especialmente por sua mãe para dirigir sua vida de acordo com o Evangelho. Aos 15 anos, sofreu com a morte de seu pai. Queria ser monja capuchinha, mas se submeteu à vontade de sua mãe e casou-se em 18 de outubro de 1826 com Antônio Domenico Botti, adido da Casa Ducal de Parma, a quem deu seis filhos, todos mortos em uma idade precoce, com exceção de Leopoldo, que abraçou a vida monástica na Ordem Beneditina.
     "Basta amar muito", dizia a futura beata sobre o matrimônio. "Todos os maridos seriam bons se as mulheres fossem sempre detalhistas e prestativas", dizia.
     "Ela acreditava que os filhos eram um dom, verdadeiramente os formou para que fossem ao céu, no sentido da oração, fé, do passar deste mundo para a casa do Pai", disse seu postulador.
     Apenas três meses depois de casada, enfrentou a morte de sua mãe.
     Em 23 de março de 1844, ela ficou viúva do esposo que havia cercado de amor verdadeiro. Viúva aos 39 anos, após quatro meses de uma grande doença, durante a qual ela foi capaz de oferecer a ele todos os cuidados, ficou sozinha com quatro filhos (dois deles morreram ainda muito pequenos): Poldino, de 16, Alberto, de 7, Guido, de 4, e Celestina, de 3 meses.
     Ela chorou com piedade, considerando a morte do esposo como o caminho da vontade de Deus, através da qual ela conduziu firmemente uma vida consagrada apenas a Deus. Após todos estes acontecimentos, Ana Maria não perdia a esperança. Muitas pessoas de fé ficavam admiradas por sua atitude e algumas a procuravam para pedir conselhos. Entre essas pessoas estava São João Bosco, o bispo Domenico Maria Villa e o beato Andrea Ferrari, arcebispo de Milão.
     Ela não entrou em nenhum instituto religioso; por conselho do confessor, ela embarcou em uma jornada de caridade para ajudar especialmente os prisioneiros, para quem ela era mãe e irmã em Cristo. Aproximou-se deles com humildade, levando-os, com esperança e oração, para as coisas celestiais, de modo que a prisão parecia ter mudado em um convento.
     Muitas senhoras, atraídas pelos exemplos de Ana Maria, imitaram-na no seu trabalho de caridade, trabalhando na Associação aprovada pelo Bispo em 1847 e aprovada pela Duquesa de Parma, chamada: "Pia União das Damas Visitadoras das prisões sob a proteção dos Corações Sagrados de Jesus e Maria". 
     Santamente também pediu que as mulheres fossem dispensadas da prisão: Ana Maria conseguiu alugar uma casa para elas e para meninas em perigo e órfãs. A obra foi inspirada no "Bom Pastor" - como mais tarde foi chamado - e para ela, superando inúmeras dificuldades, encontrou um local adequado em 18 de janeiro de 1856 no antigo convento das freiras agostinianas, dedicado a São Cristóvão.
     A fim de aprimorar o trabalho iniciado, ela pensou em fundar uma família religiosa, cujos membros nutririam aquela chama de caridade que o Espírito Santo havia iluminado em seu coração.
     Em 1° de maio de 1857, junto a 8 companheiras, deu início à nova congregação, Escravas de Maria Imaculada de Parma. Dois anos mais tarde, pronunciou com elas os votos de castidade, obediência e pobreza, e com um novo voto religioso muito forte essas mulheres se comprometeram a dedicar sua vida religiosa à recuperação das mulheres necessitadas, à proteção de quem estivesse em perigo, ao cuidado maternal de moradores de rua e órfãos. Não apenas iam visitá-los, mas também se comprometiam a inseri-los na sociedade com um emprego. Elas os acolhiam para garantir assim, seu futuro.
     Dadas as regras sábias para o novo Instituto, ela foi nomeada superiora das Irmãs. Ela as precedia com os exemplos de todas as virtudes e, sobretudo, com uma intensa caridade, admirável para a atividade e total autodoação nas coisas mais difíceis e humildes.
     Em 25 de março de 1876, o Bispo de Parma, Domenico Villa, desenvolveu canonicamente o Instituto do Bom Pastor na congregação religiosa, sob o título de "Pia Casa das Pobre de Maria Imaculada" e as Regras foram confirmadas em 28 de janeiro de 1893 por seu sucessor, Andrea Miotti.
     Madre Ana Maria morreu no dia 7 de fevereiro do mesmo ano, apenas 9 dias depois deste fato. "Ela vestiu o hábito religioso praticamente no leito de sua morte", comentou seu postulador.
     A todas as suas filhas e companheiras, Madre Adorni deu um exemplo de dedicação ilimitada, mas conseguiu – como ela declarou alegremente – nunca interromper a oração. Ela até tinha feito a intenção de sempre agir "com a maior perfeição possível", e manteve-a, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Por causa de sua capacidade de orar sem interrupção (como se a oração fosse o próprio sopro de sua ação) eles a chamavam de "Rosário vivo". Ela disse a todos: "Se há uma pessoa feliz na vida, sou eu".
     A fama de santidade de Ana Maria começou a espalhar rapidamente. Foram registrados 57 milagres que foram feitos graças à sua intercessão. Além disso, muitos falavam de milagres que a futura beata havia feito em vida: "O Senhor agiu em sua vida. Teve uma fé muito bela, porque ela confiava em seus confessores, nas mediações humanas, buscava entender o que o Senhor queria em cada instante; e esta fé a levou a muito alto. Creio que os milagres que fez foram devidos a esta fé", conclui o Pe. Guigliermo, postulador.
     Finalmente, no ano de 1940, pela disposição do bispo, o processo de informação sobre sua vida e obra foi instruído na Cúria de Parma; os atos foram transmitidos a Roma para serem discutidos de acordo com as regras da lei.
     Em 15 de dezembro de 1977, reportado ao Pontífice Supremo Papa Paulo VI, Sua Santidade, considerando a resposta da Sagrada Congregação para as Causas dos Santos, ordenou a elaboração do Decreto sobre as virtudes heroicas da Servo de Deus, que foi declarada Venerável.
     Ela foi beatificada na Catedral de Parma em 2010.
 

 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Beata Elisabete Amodei, terciária franciscana - 4 de fevereiro

     Elisabete Amodei nasceu em 1465 em Palermo, filha de João e Catarina Lo Campo, uma família nobre de origem ancestral dos barões de Vallelonga.
     Aos sete anos ingressou na Ordem Terceira Franciscana, decidindo assim levar uma vida retirada na oração e na penitência. Morreu muito jovem, em 4 de fevereiro de 1498, aos trinta e três anos, no conceito de santa.
     No volume do século XVIII, "Palermo santificado pela vida de seus cidadãos", do padre Antonino Mongitore, é assim descrita:
     "Foi dotada da candura de uma simplicidade colombina: e no curto espaço de tempo que viveu, por meio das virtudes mais proeminentes atingiu a meta da mais alta perfeição: tanto que Deus mostrou os esplendores da sua santidade com muitos milagres, que se dignou operar por meio dela”.
     A fama de santidade e os milagres da Beata Elisabete Amodei eram conhecidos pela população siciliana, tanto que por ocasião de sua morte, durante três dias, houve uma peregrinação contínua de fiéis à Igreja de São Francisco, onde foi sepultada.
     “Uma vez anunciada a sua morte - continua Antonino Mongitore - toda a cidade de Palermo acorreu para venerá-la; e trazida para a igreja de São Francisco dos Padres Conventuais, a participação do povo foi tal, que foi necessário que a igreja mantivesse as portas abertas para satisfazer a devoção de todos que vinham a cada hora beijar suas mãos”.
     “Inúmeros enfermos acometidos por várias doenças, invocando-a obtinham saúde; o Senhor dignou-se operar muitos milagres por sua intercessão em benefício dos enfermos que vieram em grande número”.
      A Beata Elisabete Amodei foi sepultada na capela de sua família, então do SSmo. Salvador, que hoje é a de Nossa Senhora do Socorro, na igreja de São Francisco, em Palermo.
      A festa da bem-aventurada Elisabete Amodei nos martirológios franciscanos ocorre no dia 4 de fevereiro.
 

Catedral de Palermo, Sicília, Itália
Fonte: www.santiebeati.it