sábado, 28 de dezembro de 2019

Os Santos Inocentes são Mártires devido à Bondade de Deus – 28 de dezembro

    
O massacre dos Santos Inocentes, Notre-Dame de Paris

     O notável abade Prosper Guéranger comenta uma passagem do Sermão de São Bernardo na Festa dos Santos Inocentes. São Bernardo observa:
     “Em Santo Estêvão temos o ato e o desejo do martírio; em São João, temos apenas o desejo; nos santos inocentes, temos apenas o ato..."
     Este comentário é um pouco complexo, mas pode ser facilmente entendido. Santo Estêvão queria ser um mártir e se tornou um por sua morte. São João queria ser um mártir, mas não foi morto pela fé. Os Santos Inocentes, que eram as crianças mortas por Herodes para ver se ele poderia matar o Messias, não queriam se tornar mártires e foram martirizados por uma força externa. De fato, em sua pouca idade, eles não tinham vontade nem entendimento do que estava acontecendo. No entanto, eles se tornaram mártires involuntários.
Eles são verdadeiros mártires?
     Assim, São Bernardo levanta o problema de saber se essas crianças devem ser reconhecidas como mártires:
     “Alguém duvidará se uma coroa [de martírio] foi dada a esses inocentes?... Se você me perguntar que méritos eles poderiam ter para que Deus os coroasse? Deixe-me perguntar-lhe qual foi a culpa pela qual Herodes os matou? O que! A misericórdia de Jesus é menor que a crueldade de Herodes? E, embora Herodes pudesse matar esses bebês, quem não lhe haviam causado ferimentos, Jesus não podia coroá-los por morrer por ele?
     Este é um argumento bem disputado e triunfante.
     “Estêvão, portanto, é um mártir de um martírio que os homens podem julgar, pois ele deu essa prova evidente de que seus sofrimentos eram sentidos e aceitos, que no momento de sua morte sua solicitude tanto por sua própria alma quanto pela dos de seus perseguidores aumentaram; as dores de sua paixão corporal eram menos intensas do que o afeto da compaixão de sua alma, o que o fez chorar mais por seus pecados do que por suas próprias feridas.
      “João foi um mártir, por um martírio que apenas os anjos podiam ver, pois, como as provas de seu sacrifício eram espirituais, somente criaturas espirituais podiam conhecê-los.
     “Mas os inocentes foram mártires, para nenhum outro olho exceto o vosso, ó Deus! O homem não encontrou mérito; o anjo não encontrou mérito; a extraordinária prerrogativa de vossa Graça é a mais ousada”.
Eles são mártires devido à bondade de Deus
     Assim, os homens viram o martírio de Santo Estêvão, mas não o de São João, porque era um desejo interior que somente os anjos podiam ver. Onde está o mérito dos Santos Inocentes, que nem mesmo os anjos podiam ver, pois nenhum ato existia da parte deles? Anjos não podem ver o que não existe.
     O mérito é encontrado em um ato puro da bondade de Deus. Foi Sua bondade gratuita, pela qual Ele lhes concedeu a condição de mártires, porque eles morreram por Ele. São Bernardo diz isso em linguagem poética que é muito bem analisada e muito bonita.
Paz também para homens sem vontade
     São Bernardo continua:
     "Da boca das crianças e dos pequeninos sai um louvor" (Sl 8: 3). O louvor que os anjos te dão é: 'Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens de boa vontade’ (Lc 2:14). É um louvor magnífico, mas me atrevo a dizer que não é perfeito até que venha quem dirá: ‘Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam, pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas". (Mt. 19:14), e no mistério da minha misericórdia, haverá paz para os homens que não podem sequer usar sua vontade”.
     É um pensamento muito bonito que a paz dos homens de boa vontade se estenda até aos homens sem vontades. Isso mostra a exuberância da misericórdia de Deus, pela qual os Santos Inocentes são santos.
     Assim, uma legião de inocentes está no céu e reza continuamente por nós.
O plano salvífico de Deus para a Humanidade
     Essa perspectiva nos ajuda a entender um pouco melhor como o mundo se encaixa no plano salvífico de Deus para a humanidade. Apesar do grande número de pecadores que morrem sem arrependimento, ainda há um grande número de crianças que morrem batizadas e sem culpa e vão direto para o céu. Assim, em grandes cidades do Brasil, como São Paulo, onde pessoas muito más morrem continuamente, muitas almas também vão para o céu diariamente. À medida que a população cresce, também cresce o número de santos inocentes que são batizados e vão para o céu.
     Assim, os tronos deixados vazios pelos anjos que pecaram continuam sendo preenchidos de acordo com o plano de Deus. Considerando esse plano em escala global, podemos imaginar um grande número de almas justas indo para o céu.
     Felizmente, as campanhas maciças contra a mortalidade infantil resultaram em menos mortes desse tipo. No entanto, tal é nosso tempo, que mesmo essa possibilidade de almas justas irem para o céu é significativamente reduzida. Ataques contra inocentes aumentaram com pessoas matando-os por meio do aborto. Muitas outras almas inocentes crescerão e serão corrompidas pela imoralidade e pecados que provavelmente as enviarão para o inferno. Fora do castigo previsto em Fátima, não vejo remédio para esse problema.
Rezem aos santos padroeiros naturais de suas famílias
     Nesta ocasião, devemos nos lembrar que aqueles que tenham santos canonizados em suas famílias devem ser muito devotados a eles. No entanto, nem todas as famílias têm santos canonizados. Em quase todas as famílias - senão entre irmãos, pelo menos entre primos ou parentes um pouco distantes - houve crianças batizadas pouco antes de morrer que estão no céu. No céu, essas crianças desfrutam da lucidez total de uma alma salva que vive com Deus face a face. Podemos ter certeza absoluta de sua salvação e devemos orar e nos recomendar às suas orações.
     Quando tivermos dificuldades, lembremo-nos das crianças que nasceram em nossas famílias e morreram logo após o batismo. Elas são os santos padroeiros naturais de nossas famílias. É muito razoável, útil e vale a pena rezar a essas crianças para proteger-nos. Esta é uma sugestão oportuna na festa dos Santos Inocentes.
O massacre dos inocentes, Frá Angélico
O artigo foi retirado de uma palestra informal proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 28 de dezembro de 1965. Foi traduzida e adaptada para publicação sem sua revisão. - Ed.
Fonte: tfp@tfp.org

Venerável Leonor de Santa Maria OCampo, OP – 28 de dezembro

    
     Nasceu no dia da Assunção da Virgem de 1841. Seu nome batismal era Isora.  Ela viveu no final do século XIX, de nacionalidade argentina, e deu sua vida no Mosteiro Dominicano de Santa Catarina de Siena, Córdoba (Argentina).
     Uma história surpreendente, fora do comum já desde sua infância: visões, sonhos significativos, perseguições... toda uma série de eventos muito dolorosos que foram esculpindo sua história de fidelidade, pois o fio condutor de todos esses fenômenos extraordinários resultou numa resposta fiel, generosa e corajosa a tudo quanto ela pensava ser a vontade de Deus.
     De acordo com seus biógrafos, havia dois mundos nela: o mundo externo, com suas contínuas noites tempestuosas; seu mundo interior: união com Deus, oração intensa e contínua e firme perseverança naquilo que Deus lhe pedia.
     Ela mesma descreve os benefícios do Senhor, contando: "Ele me demostrava com diferentes sinais e provações que Ele me queria para Ele..." E acrescenta que "acima de todas as graças recebidas era a presença contínua de Deus... Mesmo que meu corpo estivesse em outro lugar, minha vontade e mente estavam em Deu".
     Isora viveu uma busca constante, com uma tensão em relação ao seu futuro: a vida religiosa. Ela alcançou seu desejo e após as etapas do tempo de formação da época, ela pode fazer sua profissão solene em julho de 1870.
     Também na vida religiosa ela encontrou dificuldades, provações, humilhações, bem como graças místicas que ela manifestava ao seu confessor com grande simplicidade. Com uma linguagem simples e acessível, oferece-nos princípios de discernimento espiritual, que aprofunda como se tivesse conhecimento de Teologia, como atestado por seus biógrafos.
     Suas experiências místicas se alternavam com provações da alma, noites muito escuras, tentações. Ela era uma especialista em humildade, ao ponto tão difícil como é se alegrar com o desprezo. E heroicamente praticava virtudes como mansidão, obediência, sacrifício. E tudo isso com a alegria do Espírito que encorajava sua vida.
     Cheia de problemas de saúde, tentou seguir a comunidade até o fim. Ela morreu em 28 de dezembro de 1900.

Fonte: Sua biografia: "Soror Leonor de Santa Maria O Campo: Todo Deus" encoraja-nos a louvar ao Senhor pelas maravilhas que Ele pode fazer em seus santos.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Beata Adelaide de Tennenbach, Reclusa – 27 de dezembro

    
     A Beata Adelaide de Tennenbach é uma reclusa que viveu no século XIII.

     Pouco se sabe sobre a vida dessa reclusa. Ela levou uma vida de penitência ao adotar a Regra cisterciense em Aspen, sob a orientação do abade de Tennenbach, no distrito de Freiamt, na cidade de Emmendingen, em Baden-Württemberg, na Alemanha.

     A tradição nos diz que ela morreu em 1273 e foi enterrada na igreja do Mosteiro de Tennenbach, onde suas relíquias eram objetos de culto junto com as de São Hugo.

     Em alguns textos, somos informados de que há uma imagem da Beata Adelaide, representada juntamente com o Beato Hugo, em uma pintura do século XVIII.

     Nos martirológios locais, a festa da Beata Adelaide foi marcada para 27 de dezembro.

Capela do Mosteiro de Tennenbach, o que restou daquele convento





Santa Adele (ou Adélia, Adola, Adula) de Pfalzel, Abadessa beneditina - 24 de dezembro

    
     A tradição oral germânica nos conta que Adélia ou Adele era a irmã mais nova de Ermina, ambas princesas, filhas do rei da Austrásia, Dagoberto II, o Bom. Hoje, todos são venerados nos altares como santos da Igreja, ainda que esse parentesco seja motivo de controvérsias, sendo, por isso, pesquisado.
     Adélia foi identificada, também, como a abadessa Adola, a quem Elfrida, abadessa do Mosteiro de Streaneshalch, teria enviado uma carta. Também como Adula, "religiosa matrona nobilis", que se hospedou no Mosteiro de Nivelles em 17 de março de 691, com um filho pequeno.
     Consta que Adélia, depois da morte de seu marido, Alderico, influente nobre da região, decidiu recolher-se na vida religiosa. Para isso, fundou o Mosteiro de Pfalzel, na região de Trèves, atual Alemanha, onde ingressou e foi a primeira abadessa. Escolheu as Regras dos monges beneditinos, como fizeram os mosteiros de Ohren e de Nivelles, o primeiro fundado por sua irmã, a futura Santa Ermina.
     No mosteiro, havia um hospede frequente, o neto da abadessa, um rapaz esperto e vivaz. Seu nome era Gregório. Como conhecia o latim, ficou encarregado de ler em voz alta os textos sagrados enquanto as religiosas estivessem no refeitório. Certo dia, em 722, passou pelo mosteiro um monge inglês de nome Bonifácio, que estava retornando da sua primeira missão na Frísia. Foi acolhido como hóspede, mesmo não sendo conhecido, no exato momento em que todos estavam no refeitório, onde o jovem Gregório lia uma bela página do Evangelho em latim.
     Terminada a leitura, Bonifácio se aproximou dele e expressou seus cumprimentos, mas lhe pediu que explicasse o que acabara de ler. Gregório tentou repetir a leitura, mas Bonifácio o impediu, pedindo que o jovem explicasse no seu próprio idioma. Ocorre que, mesmo lendo muito bem o latim, não conseguia compreender o que o texto dizia realmente. "Deixe que eu mesmo explicarei para todos os presentes", disse o monge estranho. Explicou o texto latino com tanta clareza, comentou-o com tamanha profundidade e de maneira tão convincente que deixou todos os ouvintes encantados.
     O mais atingido de todos foi Gregório, a ponto de não mais querer separar-se do monge que ninguém sabia de onde era. Apesar das preocupações de avó, Adélia permitiu que o neto partisse ao lado de Bonifácio, confiando na sua intuição religiosa e na Providência Divina. Muitos anos depois, Gregório tornou-se o bispo de Utrecht e foi um dos melhores discípulos de Bonifácio, o "apóstolo da Germânia" e santo da Igreja.
     Adélia morreu pouco tempo depois, num dia incerto do mês de dezembro de 734, e foi sepultada no Mosteiro de Pfalzel. Passados mais de onze séculos, em 1868 as suas relíquias foram transferidas para a igreja da paróquia de São Martinho.
     O culto litúrgico em memória de Santa Adélia de Pfalzel foi autorizado pela Igreja. São duas as celebrações em dezembro: no dia 18, com uma festa local; no dia 24, junto com Santa Ermina, que, sem dúvida alguma, é sua irmã na fé.

Fontes: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br 
http://www.santiebeati.it/dettaglio/83000

Etimologia: Adela (ou Adélia) abreviação de Adelaide, do alemão Adelheid: “semblante, porte (heid) distinto, fidalgo (adel). Ou de “linhagem nobre”.

Postado neste blog em 23 de dezembro de 2015

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Sete maneiras sublimes de tornar o Natal alegre novamente

    
     O Natal deveria ser um momento de grande alegria, mas muitas vezes não é. Talvez a alegria se perca na comercialização berrante e frenética que transformou um grande dia sagrado em um feriado secular. Há também a grande folia das festas de fim de ano, que tendem a sufocar as memórias dos calmos Natais do passado. Qualquer que seja a causa, permanece o fato de que o alegre é frequentemente retirado de nossos natais.
     Não é que as pessoas não tentassem comemorar o Natal. Elas fazem todas as coisas certas: enfeitam árvores de Natal, reúnem-se com a família, enviam cartões de Natal ou até vão à igreja. Mas esse vago desejo de ser feliz geralmente desencadeia apenas sentimentos confusos. O resultado final é a sensação de um grande vazio, de algo que desapareceu.
     Há uma razão para esse vazio. O Natal não pode ser apenas uma mistura de sentimentos confusos. Ele pede mais de nós do que simplesmente reunir-se com familiares e amigos ou fazer uma aparição superficial na igreja. A festa não se presta à mediocridade. Ela se recusa a ser reduzida a ornamentos, luzes e loucura. Quando transformamos o Natal em uma ocasião social, ele perde seu significado e se torna vazio.
     A melhor coisa para remediar esta situação é fazer algo sublime neste Natal. É realmente a única maneira de tornar o Natal feliz novamente. Por sublime, entendemos fazer as coisas que, por sua excelência, fazem com que as almas sejam dominadas por sua magnificência, grandeza e maravilha. Provoca o que Edmund Burke chama corretamente de "a emoção mais forte que a mente é capaz de sentir".
     Fazer algo sublime neste Natal não precisa envolver grandes despesas, mas pede que não sejamos mesquinhos e egoístas. Pode ser experimentado sozinho, mas com mais frequência envolve compartilhar com os outros. Tudo o que é necessário para o sublime funcionar é que nos voltemos para aquilo que inspira admiração. É natural que nossa busca nos leve à manjedoura onde Cristo nos espera.
     Assim, fazer algo sublime deve envolver obras de arte, música, ideias ou feitos associados ao Natal que nos atraem e dominam fortemente. Envolve o extraordinário, não o comum; o belo, não o feio; tudo isto é maravilhoso e inocente.
     Para desfrutar de um Natal sublime, participe de atividades que sempre cativaram a alma. Esta lista pode incluir:


1. Coloque uma árvore de Natal com todas as luzes e enfeites diante da qual você pode facilmente passar horas contemplando. Evite as árvores artificiais pré-iluminadas.
2. Cante músicas natalinas a pleno pulmão, aquelas belas canções de Natal que captam a cena sublime daquela primeira noite silenciosa.
3. Participe de um concerto tradicional de Natal e seja enlevado por um coro e uma orquestra ao vivo. Maravilhe-se com o fato de que muitos ainda se reúnem para esses eventos em nossos dias seculares para celebrar o nascimento de Nosso Salvador.
4. Procure viver o Natal através dos olhos das crianças. Sua inocência deleita a alma e regenera a nossa inocência perdida. Faça todo o possível para cultivar essa inocência nas crianças e a criança na nossa própria alma.
5. Visite um elaborado e belo presépio que encanta a alma por sua variedade e caráter imaginativo.
6. Assista a uma missa da meia-noite que observe toda a pompa e cerimônia da ocasião, permitindo que todos vejam o sublime no simbolismo e na liturgia


     Todas estas coisas (e tantas outras) podem ser sublimes, pois enchem o vazio da festa com admiração intensa, enlevo e amor reverente. Elas podem ser excelentes, inspiradoras e extremamente bonitas. No entanto, são meros meios para que possamos considerar melhor "a razão da comemoração".
     A sétima e mais importante coisa sublime que podemos fazer neste Natal é contemplar o Menino Jesus na manjedoura sob o olhar amoroso de Sua Santa Mãe e de São José. Devemos considerar o fato de que Cristo veio para nos salvar. “Porque um filho nos nasceu e um filho nos foi dado”. (Is. 9: 6)
     Naquela noite inefável, quando Nosso Salvador nasceu de Maria sempre Virgem, uma imensa impossibilidade se tornou possível: o Deus-homem nasceu. Desde o momento de Seu nascimento, este Infante Divino desejou suportar dificuldades por nós. Sentimos Seu amor marcante, audacioso e sublime por nós. Do céu desceram torrentes de graças que abriram o caminho para a nossa salvação e tornaram possível a Civilização Cristã.
     Tais considerações devem inspirar-nos a servir o objeto de nossa admiração e a dar-nos livremente Àquele a quem amamos. É então que o Natal faz sentido e é novamente alegre.
     E, portanto, que este Natal não seja um feriado comum e vazio. Que não seja uma celebração agradável a si mesmo. Ao contrário, preencha esta comemoração especial com tudo o que pode nos encher de amor, reverência e admiração enlevada pelo Menino Jesus. Que seja um Natal alegre e sublime!



Fonte: Autor John Horvat II

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Beatas Maria Eva da Providência Noiszewska e Maria Marta de Jesus Wolowska, virgens da Congregação das Irmãs da Imaculada Conceição e mártires - 19 de dezembro

    

     Em Slonim, na Polônia, Beatas Maria Eva da Providência Noiszewska e Maria Marta de Jesus Wolowska, virgens da Congregação das Irmãs da Imaculada Conceição e mártires, que, por manter a fé no tempo da ocupação da Polônia durante a guerra, foram fuziladas.

     Estas duas religiosas da Congregação das Irmãs da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria foram presas durante a noite de 18 para 19 de dezembro de 1942 na cidade de Slonim, em que sua congregação tinha uma casa, e na manhã foram levadas para as cercanias da cidade, na colina chamada Góra Pietralewicka, onde foram fuziladas por ódio à fé. O papa João Paulo II as beatificou em 13 de junho de 1999.
     Bogumila Noiszewska nasceu em 11 de junho de 1885 em Osaniszki, Lituânia, no seio de uma família polonesa; era a mais velha de onze irmãos. Passou sua infância e primeira adolescência em Duneburg e Tula. Terminado o curso médio, estudou medicina, em que chegou a doutorar-se, e na 1ª. Guerra Mundial trabalhou nos hospitais militares com grande entrega e dedicação, aproveitando seu contato com os feridos para aproximá-los de Deus e infundir-lhes sentimentos religiosos.
     Confiou a direção de sua alma ao venerável servo de Deus Segismundo Lozinski (+ 1932), mais tarde bispo de Pinks. A ele confiou seu desejo de se tornar religiosa, porém não foi senão em 1919 que pode concretizar seu anelo entrando na Congregação das Irmãs da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria. Em 12 de maio de 1920 recebeu o hábito religioso e tomou o nome de Irmã Maria Eva da Providência. Em 12 de maio de 1921 emitiu a profissão temporária e em 16 de julho de 1927 a profissão perpétua.
     Um de seus destinos foi a casa de Jazlowiek onde foi educadora, médica dos alunos e diretora do Seminário (1930-1936). Em 1938 foi destinada à casa de Slonim. Chegada a 2ª. Guerra Mundial, a cidade foi tomada, primeiro pelos bolcheviques e depois pelos nazis, porém ela não mudou sua entrega e dedicação nas obras de caridade e ao apostolado, trabalhando no hospital e hospedando na casa os perseguidos judeus.
     Casimira Wolowska nasceu em Lublin no dia 30 de setembro de 1879, última de oito filhos. Recebeu em sua família uma esmerada educação e aos 13 anos perdeu a mãe. Ingressou em novembro de 1900 na mencionada congregação religiosa, e começou o noviciado em 30 de junho de 1901, com o nome de Irmã Maria Marta de Jesus. Fez a primeira profissão em 8 de dezembro de 1902 e os votos perpétuos em 3 de julho de 1909. Religiosa dedicada e de boas qualidades, era jovem quando foi nomeada superiora de várias casas sucessivamente.
     Em 1919 organizou o orfanato de Maciejów para crianças polonesas, ucranianas e russas procedentes da Sibéria, e em seguida abriu para elas uma escola de instrução geral e profissional e uma escola pedagógica. Muito inteligente e preparada, buscava boas relações com ortodoxos e judeus. Em agosto de 1939 foi nomeada superiora da casa de Slonim e poucos dias depois eclodiu a II Guerra Mundial.
     Tendo a cidade sido tomada sucessivamente pelos bolcheviques e nazis, ela procurou organizar uma ajuda a todos: prisioneiros, perseguidos, famintos etc. Foi-lhe dito que estava sendo vigiada e que se encontrava em uma lista muito perigosa. Teria podido fugir, mas preferiu manter-se em seu posto.


Fonte: “Año Cristiano” - AAVV, BAC, 2003
http://www.eltestigofiel.org/lectura/santoral.php?idu=4564

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Santa Branca ou Albina, Virgem e Mártir - 16 de dezembro

    
     Santa Branca ou Albina é a padroeira da cidade presépio, Santa Branca, e tem uma trajetória belíssima e rica em detalhes históricos.
     O nome original da jovem cristã de apenas doze anos é Albina, que significa Branca em latim, língua oficial do período no qual viveu, no Império Romano. Albina nasceu em Cesáreia da Palestina, que atualmente seria uma região entre Tel Aviv e Haifa, duas das maiores cidades do norte de Israel, localidade em que Jesus Cristo também percorreu em vida. Na época de Santa Branca, Cesaréia da Palestina era uma importante cidade portuária do Império Romano.
     A jovem dedicou os seus dias à fé católica, sempre em oração, jejum e caridade, tendo como bispo o padre grego Orígenes, conhecido também como “Orígenes da Cesaréia”, um importantíssimo teólogo, filósofo e escritor das primeiras décadas. Sua morte foi datada em 250 d.C., época de perseguição aos cristãos. O imperador Décio, que já havia decretado em Cesáreia a obrigatoriedade de sacrifícios em idolatria aos deuses romanos, condenou à pena de tortura e de morte quem recusasse oferecer tais sacrifícios. 
     Para convencer Albina, o imperador, que naquela ocasião visitava a cidade e presidia o tribunal, ofereceu para a jovem casamentos nobres, riquezas, poder e tantas outras coisas para que ela negasse a sua fé e oferecesse o sacrifício aos deuses. Recusando convicta as propostas, Albina foi torturada e sobreviveu à inúmeras penas. Foi acusada de feiticeira e do outro lado, levou inúmeras pessoas à conversão à fé católica. O imperador decidiu decapitá-la por não conseguir matá-la com as torturas. Depois, mandou recolher o corpo da jovem virgem colocando-o em uma velha barca e lançando-o ao mar junto ao corpo de alguns homens martirizados. O barco aportou a costa italiana, na cidade de Scauri, na Itália, onde o corpo da Santa Albina foi recebido pelos cristãos e venerado nas catacumbas. 
     Quem foi pesquisar de perto a história da padroeira de Santa Branca foi o santabranquense Rafael Cunha, hoje Frei Antônio Rafael Magalhães da Cunha.  De acordo com o Frei, não existiam imagens naquela época. Dessa forma, os restos mortais de Albina e dos demais mártires foram sempre venerados nas catacumbas e depois nas igrejas.
      “Atualmente, os restos mortais da Santa Branca encontram-se parte na cidade de Scauri, na Itália, na qual tive a graça de estar em dezembro de 2015. E parte de seus ossos estão guardados no altar principal da Catedral de Gaeta, diocese à qual pertence a paróquia. As relíquias são verdadeiras, pois todos os registros históricos dos mártires estão documentados da cidade”, conta.
     A pesquisa realizada pelo Frei começou em 2012, quando ele entrou em contato com uma pesquisadora na Itália. “A história foi encontrada por Anna Maria Lepone, senhora pertencente à paróquia daqui e que escreveu um livro sobre isso. No ano que a procurei, em 2012, ela também buscava os relatos do martírio de Santa Albina. Então, em visita à Abadia de Monte Cassino, que foi fundado por São Bento, foi encontrado um livro do século XI contendo a ‘Passio Sanctae Albinae Virginis et Martyris’ (Paixão de Santa Albina Virgem e Mártir), no qual relata a história da santa”, explica Frei Antonio.
     Voltando para 1832, ano em que a cidade de Santa Branca foi fundada, encontramos a resposta do batismo da cidade na devoção dos familiares dos fundadores.  “Antigamente, quando uma vila era fundada, ela era dedicada ao santo ou santa de que a família era devota. Deste modo, dedicaram a Igreja Matriz à Santa Branca e posteriormente, a cidade. Esta informação pode ser comprovada nos registros de fundação da paróquia que relatam a vinda da família fundadora de Minas Gerais à cidade. Não existem muitos registros de onde se tinha a devoção em tais épocas. A pesquisadora da história na Itália buscou mais informações e não encontrou nenhum relato, além dos que temos no município”, relata o Frei.
     Sobre a imagem que temos na entrada da cidade, em que a Santa Branca está acorrentada e de joelhos, o Frei argumenta ser uma homenagem à sua devoção em vida. “A explicação para a imagem ajoelhada é que a Santa Branca estava sempre em oração, em especial nos momentos de tribulação e do martírio. Já a corrente é devido ao seu aprisionamento. O texto conta sobre o seu julgamento e execução, mas pode ser que tenha passado alguns dias em prisão por não ter negado a sua fé”. 

Fonte: Natalee Neco http://www.santabrancaonline.com.br/artigo/colunas/quem-foi-a-padroeira-de-santa-branca
                                                                

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Santa Odília (ou Otília) de Hohenburg, Fundadora e Abadessa – 13 de dezembro

     
     A vida de Santa Odília é conhecida graças a um texto anônimo escrito pouco antes do ano 950.
     No século VII a Alsácia fazia parte da Alemanha. Na época de Childerico II, havia na Alsácia um duque franco chamado Adalrico, primeiro Duque da Alsácia, casado com Beresinda, sobrinha de São Leodegário, Bispo de Autun. Eles viviam em Obernheim, nas montanhas do Vosges, cerca de 40 km ao sul de Strasburg, no sopé do Monte Hohenburg.
     O duque havia sido batizado a pouco e não era um cristão muito fervoroso, mas aprovava as obras de caridade feitas por sua esposa, uma cristã fervorosa. Eles esperavam um filho que assegurasse a sua descendência, mas, por volta do ano 660 nasceu-lhes uma filha... e cega! O pai encolerizado considerou tal nascimento uma desgraça e desonra para a família. A mãe tentou apaziguá-lo dizendo que era a vontade de Deus, que Ele devia ter seus desígnios, tudo em vão: o pai chegou a desejar que matassem a menina.
     Beresinda conseguiu finalmente dissuadi-lo desse crime, mas ele a fez prometer que levaria a criança para longe sem dizer a que família pertencia. Beresinda cumpriu a primeira parte da promessa, mas não a segunda, pois confiou a menina aos cuidados de uma ama que estivera a seu serviço e lhe disse que era sua filha. Beresinda providenciou a ida de toda a família da ama para o local que hoje é conhecido como Baume-le-Dames, próximo de Besançon, onde havia um convento em que a menina poderia educar-se mais tarde.
     Ali viveu ela até os doze anos sem ter sido batizada. Foi então que um anjo revelou a Santo Heraldo, Bispo de Regensburg, abade do mosteiro recém-fundado de Eberheim-Münster, que ele devia ir ao convento de Baume, aonde encontraria uma jovem cega de nascença. Ele devia batizá-la e dar-lhe o nome de Odília.
     Santo Heraldo foi consultar São Hidulfo em Moyenmoutier e, juntos, se dirigiram a Baume, onde fizeram o que tinha sido indicado na revelação. Depois de ungir a cabeça de Odília, Santo Heraldo passou o óleo do Crisma em seus olhos e ela recobrou a visão. No momento do batismo, o bispo Heraldo disse: "Que os teus olhos do corpo se abram, como foram abertos os teus olhos da alma". Odília deste momento em diante passou a enxergar e recebeu o dom da profecia. Tornando-se uma das maiores místicas católicas, com previsões que impressionam ainda hoje.
     Odília permaneceu no convento servindo a Deus. Entrementes, Santo Heraldo havia comunicado a Adalrico a cura de sua filha. O pai não se abrandou diante de tal milagre e proibiu o filho, Hugo, de ajudar a irmã. O milagre que Odília recebera e os progressos que fazia em seus estudos provocaram a inveja de algumas das religiosas que tornaram sua vida difícil. Odília, sabendo da existência de seu irmão, resolveu então escrever para ele e pedir-lhe ajuda. Hugo desobedeceu ao pai e mandou vir a irmã.
     Um dia em que Hugo e Adalrico estavam em uma colina dos arredores, Odília se apresentou em uma charrete, seguida por uma multidão. Quando Adalrico soube de quem se tratava, descarregou sua pesada espada sobre a cabeça de Hugo e o matou de um golpe. Os remorsos finalmente mudaram seu coração e começou a amar sua filha tanto quanto a havia odiado antes.
     Odília se fixou em Obernheim com algumas companheiras que se dedicavam como ela aos atos de piedade e às obras de caridade entre os pobres.
     Adalrico, convertido graças às orações da filha, deu a ela o castelo que possuía no Monte Hohenburg. Odília transformou-o em mosteiro e foi sua primeira abadessa.
     O Monte Hohenburg tem mais de 2.000 m de altura e fica próximo do vale do Reno. Como a montanha era muito escarpada e dificultava o acesso dos peregrinos, Santa Odília fundou outro convento, Niedermünster, um pouco mais abaixo, a 703 m, e edificou um hospital junto a ele para acolher pobres e leprosos. São João Batista lhe apareceu e indicou o local e as dimensões da capela que devia construir ali em sua honra.
     A regra adotada por Santa Odília foi a beneditina, o que sugere a influência de seu tio-avô, São Leodegário, grande apóstolo do monasticismo beneditino na região. Em apenas dez anos o mosteiro já abrigava 130 religiosas, entre as quais três filhas de Adelardo, outro irmão de Santa Odília. Estas sobrinhas foram: Santa Eugênia, sucessora de Santa Odília, Santa Atala, abadessa do mosteiro de Santo Estevão de Strasburg, e Santa Gundelinda.
     Odília governou os dois conventos e tornou-se popularíssima na Alsácia, na Lorena e na região de Baden. Conta-se que após a morte do pai Santa Odília soube, durante uma visão, que ele fora livre do Purgatório graças às suas orações e penitências.
     Uma Fonte de Santa Odília existe ainda hoje. Ela fica fora do mosteiro, e, segundo a tradição, Santa Odília a fez surgir tocando a rocha com o cordão de seu hábito. Ela voltava da costumeira visita aos doentes, quando encontrou um homem cego que lhe pediu água. Como ela não tivesse água à mão, fez o milagre. E o homem ficou curado da cegueira. Muitas outras visões da Santa são narradas e numerosos milagres lhe são atribuídos.
     Depois de governar o mosteiro durante muitos anos, Santa Odília morreu no dia 13 de dezembro de 720, deitada sobre uma pele de urso. Como Santa Odília não pudera receber o Santo Viático, as prementes orações de suas irmãs de hábito alcançaram a graça dela recobrar a vida. Após descrever as belezas do Céu para elas e receber o Viático, a Santa morreu novamente e foi sepultada na Igreja do mosteiro.
     As suas fundações são mencionadas pela primeira vez em 783, numa doação feita para a abadessa da época. Carlos Magno garantiu imunidade às fundações de Santa Odília, o que foi confirmado em 9 de março de 837 por Luís, o Pio (Böhmer-Mühlbacher, "Regesta Imperii", I, 866, 933).
     A Igreja de São João Batista e o túmulo da Santa foram mencionados pela primeira vez pelo Papa Leão IX em 17 de dezembro de 1050. O Imperador Frederico I mandou restaurar a igreja e o mosteiro. A Abadessa Relinde estabeleceu ali uma escola para as filhas da nobreza. Uma outra abadessa, Herrade de Landsberg (1167-1195) tornou-se a famosa autora de um importante trabalho teológico chamado Hortus Deliciarum (Paradiesgarten). Em 1546, Niedermünster foi destruído num incêndio, e as religiosas não mais retornaram.
     Algumas relíquias da Santa foram transferidas para outros locais. O Imperador Carlos IV, por exemplo, recebeu o braço direito em 4 de maio de 1353, relíquia que hoje se encontra em Praga. Outras relíquias, que ficaram no mosteiro primitivo foram salvas da Revolução Francesa - inclusive o sarcófago, que recebeu posteriormente um revestimento de mármore - e foram colocadas sob o altar em 1842. As relíquias que foram levadas para Einsiedeln no século XVII foram destruídas pela Revolução.
     Seu túmulo é venerado e ainda hoje milhares de peregrinos a procuram e lhe prestam culto. O Monte Santa Odília é o local da Alsácia mais frequentado pelos católicos. Todos os imperadores alemães, desde Carlos Magno, a homenagearam. Até o Papa Leão IX e o Rei Ricardo I da Inglaterra foram visitar seu túmulo.
     Santa Odília foi designada patrona da Alsácia em 1807 pelo Papa Pio VII. Ela é também patrona de Strasburg e é invocada e muito venerada como protetora dos doentes da visão, dos cegos e dos médicos oftalmologistas. É venerada também na diocese de Mônaco, Meissen e nas abadias beneditinas femininas da Áustria.
     Os mosteiros e os hospitais fundados por ela foram entregues aos monges beneditinos, que mantiveram a finalidade inicial dada por Santa Otília: a assistência aos pobres e doentes incuráveis. 
     Santa Odília é festejada no dia de sua morte, 13 de dezembro. No Monte Santa Odília ela é celebrada no dia do aniversário da transladação de suas relíquias, ocorrida em 7 de julho de 1842.
     Desde o século XV, a Baviera e a Alsácia adotaram a versão Otília de seu nome.
Capela da Cruz no interior do mosteiro

Etimologia: O nome Odília significa “rica”, “proprietária”, “poderosa”. É o mesmo que Odália e Odélia, que vêm do germânico Odelia, derivado a partir da raiz od, ot, elementos que dão ideia de bens, posses, riquezas. Com outros nomes vindos da mesma raiz, Odília tem o mesmo significado de Otília e Odete.

Postado neste blog em 12 de dezembro de 2011

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Beata Maria Emília Riquelme y Zayas – 10 de dezembro

Era da nobreza, mas uma visão da Virgem mudou sua vida: "exemplar no fervor à Eucaristia"

     Maria Emília Riquelme y Zayas, nascida em Granada no dia 5 de agosto de 1847, viveu durante a segunda metade do século XIX e em quase toda primeira metade do século XX.
     Seus pais Joaquim Riquelme y Gómez e Maria Emília Zayas de La Vega, profundamente religiosos, constituíam um lar cristão para sua filha. Pertencia a uma família da aristocracia espanhola. Era descendente direta do Gran Capitán por parte de sua mãe e filha de um Tenente General e Conselheiro de Estado da Espanha.
     Desde menina recebeu uma excelente formação em francês, canto, equitação e bordado. Sua mãe mesma foi quem lhe ensinou as primeiras orações e a formação religiosa. Maria Emília tinha apenas sete anos quando sua mãe morreu. Ela recorreu à Santíssima Virgem, e a partir daí, o seu amor por Maria foi crescendo de tal modo, que teve uma experiência maravilhosa da Santíssima Virgem. Por isso, em sua adolescência, consagrou-se à Nossa Senhora do Carmo, fazendo votos privados de castidade e virgindade.
     Sendo a filha mais velha de quatro irmãos, ficou só com seu pai. Nenhum dos irmãos viveram muito tempo. Maria Emília teve tudo que uma jovem pode desejar: cultura, posição, além de muitas virtudes que realçam o seu encanto. Mas o que a deixava feliz era pensar na possibilidade de ser toda do Senhor e segui-lo na Vida Religiosa, mas seu pai a proibia.
     Quando seu pai morreu, tentou ingressar em várias comunidades religiosas, mas não a aceitaram por causa de sua saúde delicada.
     Com carinho e dedicação, sente as necessidades do seu tempo e redobra o seu trabalho a favor dos mais necessitados. No entusiasmo dos Exercícios Espirituais e na Adoração ao Santíssimo Sacramento nasceu esse desprendimento de total entrega e lançou-se a cumprir a vontade de Deus. Abriu um caminho com estilo próprio na Igreja.
     Iniciou um trabalho social com os pobres e doentes de diferentes cidades espanholas e pediu à Santa Sé permissão para expor permanentemente o Santíssimo Sacramento em sua casa, permissão que lhe foi concedida. Foi como nasceu, ao anoitecer de um século, a Obra de Maria Emília, ou melhor, a “Obra de Maria” denominação dada a congregação que ela fundou no dia 25 de março de 1896, na Cidade de Granada, o que depois seria a Congregação das Irmãs Missionárias do Santíssimo Sacramento e de Maria Imaculada.
     O pequeno grupo de mulheres destemidas fazia adoração dia e noite ao Santíssimo Sacramento para pedir por todo o mundo, enquanto aguardavam a vez de levar Jesus a outras terras.
     Sucedem-se as fundações na Espanha. A Beata foi a Roma e em 1938 obteve o Decretum Laudis e a Aprovação Pontifícia, concedidos pelo Papa Pio IX que aprovou seus estatutos.
     Quase no fim de sua vida, vê com alegria fundações no Brasil e mais tarde em Portugal. Em 10 de dezembro de 1940, 5 anos após a fundação no Brasil, Maria Emília faleceu na Casa Mãe em Granada, aos 93 anos de idade, cheia de virtudes e graça por ter cumprido a vontade do Senhor em sua vida.
     Atualmente, a congregação está presente na Espanha, em Portugal, Brasil, Colômbia, Bolívia e Estados Unidos. As irmãs da Congregação de Madre Riquelme y Zayas são responsáveis por duas Capelas de adoração perpétua, uma em Madri e outra em Maiorca.
     A Congregação das Missionárias do Santíssimo Sacramento dedica-se, sobretudo, à educação em colégios e residências universitárias. Nos lugares de missão, as Irmãs desempenham um papel importante nas obras sociais.
     O processo de beatificação de Madre Maria Emília Riquelme foi aberto em 1980, na Arquidiocese de Granada; dois anos depois, foi aprovado pela Santa Sé e pela Congregação para as Causas dos Santos. Em 19 de março de 2019, foi reconhecido o milagre realizado por sua intercessão. Maria Emília Riquelme y Zayas foi beatificada no dia 9 de novembro na Catedral de Granada, Espanha, em uma Missa presidida pelo Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Angelo Becciu.
Milagre
     Em 19 de março a Santa Sé reconheceu o milagre que possibilitou a beatificação da Madre Riquelme y Zayas e que aconteceu na Colômbia. O milagre atribuído à intercessão da religiosa foi a cura, em 2003, de um homem colombiano que sofria de pancreatite aguda. A irmã do enfermo, que pertence à Congregação das Missionárias do Santíssimo Sacramento, pediu a intercessão da sua fundadora para cura de seu irmão e foi atendida.