terça-feira, 27 de julho de 2021

Beata Lúcia Bufalari, Agostiniana - 27 de julho

Martirológio Romano: Em Amélia, na Úmbria, Beata Lúcia Bufalari, virgem, irmã do Beato João de Rieti, das Oblatas da Ordem de Santo Agostinho, insigne por seu espírito de penitência e zelo pelas almas.
 
     Uma tradição secular, embora não baseada em documentos, diz que a Beata nasceu em Porchiano del Monte, uma aldeia a poucos quilômetros de Amélia, na Úmbria, Itália, onde, em meados do século XIII, fora construído o convento dos Agostinianos, cuja espiritualidade certamente atraiu a jovem Lúcia e também seu irmão, João. Este ingressou no convento e logo se mudou para Rieti, onde morreu muito jovem, e é conhecido com o nome de Beato João de Rieti (festa em 1º de agosto).
     As mais antigas fontes históricas à disposição para traçar um esboço biográfico da vida da Beata Lúcia são “Os Séculos Agostinianos” de Luís Torelli, usado mais tarde por Ludovico Jacobilli, mas ambos parecem se alimentar mais de estereótipos do que de eventos históricos.
     Torelli fala do pedido feito pela jovem Lúcia à seus pais para poder entrar nas Terciárias Agostinianas "na clausura que em Amélia tinha nossas religiosas", mas nenhuma documentação relativa a algum convento feminino que seguisse a regra agostiniana no século XIV em Amélia chegou até nós.
     A conclusão lógica é que Torelli para aprofundar a sua história da Ordem, procura tornar menos escassa as poucas informações que se tem sobre a Beata, que já há séculos gozava de um culto popular generalizado, isto também só certificado por documentos do século XVII e numerosos ex-votos conservados na Igreja de Santo Agostinho.
     É o que diz também o Pe. João Lupidi em um livro de memórias históricas que apareceu na transladação do corpo para a Igreja de Santa Monica.
     Torelli descreve mortificações e penitências que a Beata se submetia, um lugar-comum em muitas vidas de santos. O cronista agostiniano continua a falar da afabilidade da Beata, de suas virtudes que convenceram as coirmãs a elegê-la sua prioresa, apesar de ser uma das mais jovens. Entretanto, não temos nenhum documento contemporâneo atestando a presença de uma comunidade estruturada de religiosas Agostinianas. Mas podemos presumir que algum grupo de "terciárias" realmente viveu à sombra do mosteiro masculino, pois, bem no canto do agora antigo mosteiro de Santa Monica, sempre foi indicada pela piedade popular a cela onde a Beata Lúcia teria vivido e morrido, e dentro da qual foi colocado um quadro de Jacinto Gimignani que a retrata.
     Sua morte teria ocorrido em 27 de julho de 1350. A Beata foi enterrada na sacristia de Santo Agostinho, em um túmulo único e bem reconhecível, um sinal claro da devoção que cercava Lúcia. E diante do túmulo logo começaram a florescer milagres, especialmente em favor das crianças "enfeitiçadas”, isto é, vítimas da ação do demônio. No quadro a Beata Lúcia expulsa o demoníaco mestre do mal.
     Os registros históricos sobre a Beata aparecem somente em 1614, quando os Anciãos da Cidade de Amélia certificaram com um ato público que o corpo incorrupto da Beata "foi mantido na sacristia da igreja de Santo Agostinho e foi considerado e reverenciado por todos os habitantes da cidade como de uma santa".
     Nos anos seguintes seu corpo foi exumado da sepultura primitiva, posto em uma urna de madeira dourada e exposto sobre um altar da igreja, onde permaneceu até 24 de abril de 1925 quando, em uma cerimônia solene, foi colocado em uma urna nova e recolocado sob um altar da igreja do mosteiro de Santa Monica. Ali permaneceu até maio de 2011. Então, devido à saída das monjas e da recente indisponibilidade da igreja, foi recolocado sob o altar da Catedral de Amélia.
     O culto da Beata Lucia foi confirmado pelo Papa Gregório XVI em 3 de agosto de 1832. A sua festa é celebrada em 27 de julho. Ela é invocada contra a possessão diabólica.
 
Fonte: www.santiebeati/it
 
Postado neste blog em 27 de julho de 2015

quinta-feira, 22 de julho de 2021

Beata Joana de Orvieto, Dominicana - 23 de julho

Martirológio Romano: Em Orvieto, cidade da Toscana, Beata Joana, virgem, terciária dominicana, ilustre por sua caridade e paciência.
 
     Joana, mais conhecida como Vanna, nasceu em Carnaiola, próximo de Orvieto, em 1264. Como ficasse órfão aos cinco anos, suas companheiras de brincadeira procuraram assustá-la dizendo que não tinha quem olhasse por ela e que morreria de fome. Porém a menina respondeu sem se intimidar: “Eu tenho um pai melhor do que o vosso”. As crianças perguntaram o que significava isto e Joana levou-as até a igreja e lhes mostrou uma imagem do Anjo da Guarda: “Eis aqui o meu pai e a minha mãe, com ele estarei menos abandonada do que vocês. Ele velará por mim”.
     Sua confiança não foi frustrada, pois foi adotada por uma família de Orvieto, que se encarregou de educá-la e de arrumar-lhe casamento.
     Aos dez anos se consagrou a Jesus e já desejava uma vida de completa dedicação a Ele.  Trabalhou de modista em Orvieto; de forma silenciosa, seus protetores prepararam seu casamento e ela fugiu de casa, se refugiou na casa de uma amiga e se tornou Terciária Dominicana, rechaçando a vantajosa proposta matrimonial. Assim, aos 14 anos Joana recebeu o hábito branco daquela Ordem.
     A partir desse momento, se consagrou inteiramente ao serviço de Deus e dos pobres. Segundo a tradição, Joana se mostrava particularmente bondosa com aqueles que a aborreciam e fazia penitência por eles; esse era o motivo pelo qual se dizia em Orvieto que se alguém desejava que a beata rezasse por si, tinha que molestá-la.
     Joana viveu uma intensa devoção pela Paixão de Cristo, que foi acompanhada de fenômenos místicos; tinha uma castidade perfeita, que, segundo a legenda, a Providência a salvou duas vezes de ser violada. Joana teve também o dom de profecia e numerosas tentações que sobre enfrentar com a graça e o amor divino.
     O Beato Santiago de Mevania, que se encontrava então no convento dos dominicanos de Orvieto, foi seu diretor espiritual durante vários anos. Conta-se que Joana se confessou com ele em Orvieto, quando o cadáver do beato se achava em Mevania (atual Bevagna).
     Não lhe faltaram críticas e desprezos por parte de alguns de seus concidadãos que duvidavam de sua virtude. Ela suportou com paciência e humildade todas as dificuldades, inclusive as doenças que teve que suportar, que foram muitas e longas. Sob sua direção silenciosa formou pessoas no amor de Deus; conseguiu a conversão dos hereges patarinos de Orvieto, que negavam a Eucaristia, e a pacificação da cidade nas lutas entre guelfos e gibelinos.
     Joana predisse vários dos milagres que ocorreriam depois de sua morte, mas fez tudo quanto pode para esconder as graças extraordinárias que o céu lhe havia concedido. Não pode ocultar, entretanto, seu desapego do mundo, sua humildade e sua mansidão. Nos últimos dez anos de sua vida, todas as sextas-feiras, em êxtase, parecia um crucifixo vivo, e seus ossos se deslocavam com fragor.
     A beata professou sempre particular devoção pelos Anjos. Morreu em odor de santidade assistida por eles no dia 23 de julho de 1306, e sobre seu sepulcro ocorreram muitos milagres. Seu corpo repousa na igreja de São Domingos.
     Foi declarada beata em 1743 e seu culto foi aprovado em 11 de setembro de 1754 pelo Papa Bento XIV. Em 1926 foi declarada patrona das costureiras e dos alfaiates italianos.

Reflexão:
Estamos vivendo tempos sombrios e caóticos. Esta Beata nos ensina a ter uma confiança imensa por nossos Anjos da Guarda. Precisamos pedir a proteção de toda a corte celeste dos Anjos para que eles nos protejam e nos orientem nas vias da verdadeira Fé Católica. Que eles nos deem forças e discernimento para jamais nos afastarmos da Santa Igreja.

Aspectos da cidade medieval de Orvieto
 



Fontes: evangeliodeldia.org; www.santiebeati.it/ 
 
Postado neste blog em 21 de julho de 2017

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Santa Margarida de Antioquia – 20 de julho

     
     Margarida (ou Marina no "passio" grega atribuída a um certo Timóteo, que é a principal fonte da biografia) nasceu em 275 em Antioquia de Pisidia, na época uma das cidades mais prósperas da Ásia Menor, (hoje perto das ruínas da cidade está localizada a vila turca de Yalvac do distrito de Iconius); São Paulo e São Barnabé, em uma de suas jornadas, pararam ali para pregar Jesus, o Messias e Filho de Deus e obtiveram muitas conversões. Ela também consta da famosa Legenda Áurea escrita pelo Bispo de Gênova, Tiago de Varazze, por volta do ano 1260.
     De acordo com a Ata de seu martírio, seu pai Edesimo ou Edésio era um sacerdote pagão de Antioquia; a família de Margarida se destacou por sua antiguidade e na vida social e religiosa da cidade. Nenhuma notícia é feita à sua mãe. Margarida presumivelmente ficou órfã de mãe desde os primeiros dias de vida, tanto que seu pai a confiou a uma ama que vivia no campo próximo. A ama secretamente cristã educou Margarida nesta fé e quando ela percebeu que a jovem estava madura, a apresentou para receber o batismo. Tudo isso aconteceu, claro, sem o conhecimento do pai.
     Estamos durante o período de perseguições desencadeadas por Maximiano e Diocleciano; Margarida aprendeu a história de heroísmo de seus irmãos de fé, fortaleceu seu espírito inspirado pelo Evangelho, sentiu-se determinada a imitar a coragem mostrada pelos cristãos diante da crueldade da perseguição e em suas orações pediu para ser digna de testemunhar sua fidelidade a Cristo.
     O pai sem saber de tudo isso decidiu levar sua filha de 15 anos de volta para sua casa em Antioquia. Margarida ficou imediatamente desconfortável tanto pelo desprendimento da ama, quanto pelo estilo de vida que mantinha na casa de seu pai cheia de comodidades.
     Margarida não gostava dos ensinamentos pagãos e depois de um curto período revelou ao pai que ela era cristã. Por esta razão, seu pai não hesitou em mandá-la para longe de casa, então ela voltou para sua ama que a acolheu como uma veterana vitoriosa de uma batalha amarga. No campo Margarida tornou-se útil apascentando um rebanho e realizando outras tarefas necessárias. Ela dedicava muito tempo à oração.
     Um dia, enquanto levava as ovelhas para pastar, Margarida, foi notada por Olibrio, o novo governador da província; assim que ele a viu, ele foi atraído por sua beleza e ordenou que fosse trazida diante dele. Depois de uma longa conversa, o governador não conseguiu convencer Margarida a se tornar sua esposa; ela se declarou cristã e foi inflexível em professar sua fé. Ele, por vingança, a denunciou ao tribunal que a acusou de ser cristã. Ela foi torturada para renunciar a sua fé e oferecer sacrifícios aos deuses pagãos, mas como permaneceu firme na sua Fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, foi atirada no calabouço para ser martirizada em seguida.
     Após um curto período de prisão, Margarida foi submetida a um novo interrogatório diante de todos os cidadãos; mesmo nesta ocasião, ela não hesitou em proclamar a todos sua fé e revelou ter dedicado sua virgindade a Cristo. Mais uma vez ela foi convidada a adorar e oferecer incenso aos deuses pagãos, mas ela se recusa. As declarações de Margarida, sua rejeição às práticas pagãs e as muitas conversões que ocorreram, deram origem a um tumulto e o governador emitiu a sentença de condenação para Margarida: "Decapitada fora da cidade".
     Diz a tradição que o seu executor caiu morto ao seu lado. Também é dito que quando Margarida estava na prisão o demônio apareceu em forma de um dragão que a engoliu, mas como ela segurava uma cruz esta irritou o estômago do dragão que a expeliu ainda viva. Ora, curiosamente, num momento atípico de ceticismo, a própria Legenda Aurea descreve este último incidente como "apócrifo e que não deve ser levado a sério" (trans. Ryan, 1.369) Seja isto verdade ou não, Margarida foi condenada à morte no ano de 304.
     Após sua morte o seu corpo foi reclamado por Timóteo e enterrado por uma viúva nobre. 
     De acordo com a tradição, um peregrino chamado Agostinho da Pavia, no século X, conseguiu roubar, após várias vicissitudes, o corpo de Santa Margarida e transportá-lo para a Itália, para Roma, para continuar em direção a Pavia. Durante a viagem, ele parou em Montefiascone, onde foi recebido pelos beneditinos do mosteiro de San Pietro dela Valle, a quem contou os acontecimentos de sua jornada. Depois de alguns dias, o peregrino adoeceu e morreu, aconselhando os monges a preservar e venerar a preciosa relíquia. A partir dali o culto de Santa Margarida espalhou-se por toda a Itália e outros países da Europa, e muitas cidades ergueram igrejas em sua homenagem.
     Algumas de suas relíquias foram levadas para Veneza em 1213. Várias outras cidades da Europa afirmam terem parte de suas relíquias em suas catedrais. O braço de Santa Margarida encontra-se no Monte Aros no Mosteiro de Vatopelo.
     Sendo reconhecida como santa pela Igreja Católica, do século XII ao século XX, ela fora incluída entre os santos celebrados onde quer que se celebrasse o rito romano. Ela consta dos 14 Santos Auxiliares (honrados como um grupo no dia 8 de agosto); é uma das santas que falaram com Santa Joana d’Arc, pois teria aparecido àquela Santa junto com Santa Catarina de Alexandria e São Miguel, para ajudarem Santa Joana d’Arc a salvar a França dos ingleses. Sendo venerada pela eficácia do seu poder, isto contribuiu para a sua popularidade.
     Na arte litúrgica ela é representada carregando uma cruz ou pisando em um dragão, ou emergindo de sua boca, ou espetando o dragão com uma lança com uma cruz na ponta.
     Ela é invocada pelas mulheres grávidas e pelas pessoas com problemas de estômago, provavelmente por ter sido engolida por um dragão e devolvida inteira, e ainda porque ela tem a reputação de ter prometido às mulheres que a invocassem que elas teriam um parto sem problemas; ela também teria prometido àqueles que a invocassem na agonia da morte que escapariam do demônio.
     Sua festa é celebrada no dia 20 de julho. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Margarida_de_Antioquia
www.santiebeati.it; http://www.santosebeatoscatolicos.com/
 
Etimologia: 
Margarida tem origem no nome latino ‘margarita’, vindo do grego margarites, que quer dizer literalmente “pérola”.
 
Postado neste blog em 19 de julho de 2018
 
Curiosidade:
150 anos da Paróquia de Santa Margarida de Antioquia
10/11/2016
     
SANTA MARGARIDA (MG) - Católicos de todas as comunidades que integram a Paróquia de Santa Margarida de Antioquia celebraram os 150 anos da criação da paróquia durante programação no último sábado, dia 5/11/2016. Caravanas da região também prestigiaram o momento festivo do sesquicentenário.
HISTÓRIA
     A Paróquia de Santa Margarida de Antioquia foi criada em 05/11/1866, por Decreto Imperial de nº 1.305 e pertencia a Arquidiocese de Mariana. Em 1915, foi criada a Diocese de Caratinga e a paróquia passou a pertencer à nova região diocesana.
     A Paróquia de Santa Margarida chegou a abranger inicialmente as comunidades de Luisburgo, São João do Manhuaçu, Santo Amaro, Caputira e por um pequeno período até Simonésia, hoje Paróquia de São Simão. Já passaram pela comunidade 38 padres.

domingo, 18 de julho de 2021

Santa Edviges da Polônia, Rainha - 17 de julho

     Edviges d'Anjou foi rainha da Polônia a partir de 1384 e grã-duquesa da Lituânia a partir de 1386. Filha de Luís I, rei da Hungria e da Polônia e de Isabel Kotromanic da Bósnia, sucedeu seu pai em 1382 na Polônia, enquanto sua irmã Maria herdou o trono da Hungria.
     Embora seja chamada de "rainha", Edviges foi de fato coroada como "Rei da Polônia" (Hedvigis Rex Poloniæ e não Hedvigis Regina Poloniæ). O gênero masculino do seu título significava que ela era monarca de pleno direito, enquanto o título de rainha era atribuído às esposas dos reis. Edviges pertencia à Casa Real dos Piast, antiga dinastia nativa da Polônia, sendo bisneta de Ladislau I, que reunificou o reino polonês, em 1320.
     Como rainha, Edviges teve efetivamente poderes limitados, mas foi muito ativa na gestão política do reino e na vida diplomática e cultural de seu país.
     No final do primeiro milênio, os apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo tinham ido à terra dos Piast. Naquela época Mieszko I recebeu o Batismo, e isto constituiu ao mesmo tempo o Batismo da Polônia. Séculos depois, os poloneses batizados contribuíram para a evangelização e o Batismo dos seus vizinhos, graças à obra de Edviges.
     Após consultas ao Arcebispo de Bodzanta, ao Bispo de Cracóvia Jan Radlica, a outros nobres do reino polonês, e muita oração diante do Crucifixo de Wawel, ficou estabelecido seu casamento com Jogaila, Grão-Duque da Lituânia, o qual havia prometido receber o Batismo – bem como toda sua Nação, último país pagão na Europa – e unir a Lituânia à Polônia. As bodas se realizaram a 18 de fevereiro de 1386. Convertido ao Catolicismo, o grão-duque foi batizado recebendo o nome de Ladislau II.
     Consciente da missão de levar o Evangelho aos irmãos lituanos, Edviges fê-lo juntamente com o seu esposo. Um novo país cristão, renascido das águas do Batismo, surgiu no Báltico, como no século X a mesma água fizera renascer os filhos da Nação polonesa. Uma vez aberta a estrada para a cristianização da Lituânia, Edviges, coerente no agir, procurou assegurar ao povo recém-batizado uma formação religiosa fundando em Praga um Colégio para os futuros sacerdotes daquela Nação.
     Edviges fora educada na leitura religiosa clássica desde tenra infância. Lia a Sagrada Escritura, o Saltério, as Homilias dos Padres da Igreja, as meditações e orações de São Bernardo, os Sermões e a Vida dos Santos etc. Algumas destas obras foram traduzidas para a língua polonesa para ela e para seus súditos. A Rainha ordenou a execução de um saltério em três versões linguísticas, chamado Saltério Floriano, o qual se encontra hoje na Biblioteca Nacional de Varsóvia.
     Ela doou as próprias joias para financiar a recuperação da Academia de Cracóvia que, no século XIX, passou a se chamar Universidade Jagelônica, em homenagem à Dinastia Jagelônica, sucessora dos Piast. Nesta Universidade educaram-se e ensinaram pessoas que tornaram o nome da Polônia, e daquela cidade, famosos no mundo inteiro. A fama desta Universidade foi durante séculos um motivo de orgulho para a Igreja de Cracóvia. Dela saíram estudiosos da qualidade de São João Kanty, que exerceram não pouca influência no desenvolvimento do pensamento teológico da Igreja universal.
    Visitando os hospitais medievais (Biecz, Sandomierz, Sącz, Stradom) podemos admirar as numerosas obras fundadas pela misericórdia da soberana.
     A Santa Rainha tinha compreendido o ensinamento de Nosso Senhor e dos Apóstolos. Muitas vezes ela se ajoelhara aos pés do Crucifixo de Wawel para aprender dEle mesmo o amor generoso. E com Ele, do Cristo de Wawel, este Crucifixo negro que os habitantes da Cracóvia visitam em peregrinação na Sexta-Feira Santa, a Rainha Edviges aprendeu a dar a vida pelos irmãos. A sua profunda sabedoria e a sua intensa atividade brotavam da contemplação, do vínculo pessoal com o Crucificado.
     Perita na arte da diplomacia, ela lançou os fundamentos da grandeza da Polônia do século XV. Incentivou a cooperação religiosa e cultural entre as nações, e enriqueceu a Polônia com um patrimônio espiritual e cultural. Graças à profundidade da sua mente Cracóvia se tornou um importante centro do pensamento na Europa, o berço da cultura polonesa e a ponte entre o Ocidente e o Oriente cristãos.
     A sua bondade e senso de justiça era fruto de uma vida de muito sofrimento. Coroada aos dez anos, em 1384, aos doze deixou seu país natal. Em 1387 perdeu sua mãe, em 1395 sua irmã. Era vítima de calúnias difundidas no mundo europeu que tentavam criar animosidades entre seu esposo bem mais velho e ela; enfrentou dificuldades políticas e humanas, sofreu também com o fato de durante vários anos não poder dar um herdeiro ao trono.
     Para aproximar os súditos poloneses, lituanos e rutenos dos frutos espirituais da Igreja, pediu ao Papa Bonifácio IX a graça de poder celebrar o Ano Santo de 1390 no próprio país. Seu pedido foi motivado pelos grandes perigos políticos e sociais a que estariam expostos os peregrinos numa viagem à Roma. O Papa atendeu seu pedido, enviando, em 1392, o seu legado, João de Pontremoli, com a bula e as respectivas instruções.
     A Santa Rainha fundou, em 1393, o Colégio dos 16 Salmistas, para que noite e dia se louvasse a glória de Deus.
     Finalmente a Santa Rainha recebeu a graça de se tornar mãe, mas gozou por pouco tempo a alegria da maternidade física, porque a herdeira do trono, Isabel Bonifácia, morreu pouco depois. Quatro dias depois, em 17 de julho de 1399, Edviges falecia, em decorrência de complicações do parto, aos 25 anos e cinco meses. A Dieta da Polônia elegeu Ladislau II para sucedê-la. Este teve como sucessores os filhos havidos com sua última mulher, Sofia de Halshany.
     Apesar da veneração espontânea do povo polonês que a considerava Santa, foram necessários seiscentos anos para que o seu culto fosse reconhecido oficialmente pela canonização, o que ocorreu no dia 8 de junho de 1997, em Cracóvia, Polônia, durante a visita de João Paulo II àquela cidade.
O Crucifixo Negro e a Rainha Santa Edviges
     
O Crucifixo Negro foi trazido para a Polônia por ela mesma em 1384. Santa Edviges passava horas rezando diante do crucifixo e em várias ocasiões Nosso Senhor lhe falou por meio dele. Desde 1745 o Cristo Negro, de 13 pés de altura, ocupa a parte central do altar barroco da Catedral. A Santa Sé declarou que ouvir a Santa Missa neste lugar obtém a graça de livrar uma alma do Purgatório.
     Quando a Rainha Edviges foi beatificada, em 1987, suas relíquias foram transferidas para o altar do Crucifixo Negro.


Monumento da Santa com o esposo em Cracóvia, Polônia

Etimologia: Edviges = do alemão antigo Haduwig, composto de sinônimos “luta” (hadu) e “combate” (wig). Outros: “lutadora que odeia”. Hedwig em alemão; Jadwiga em polonês; Eduvigis em espanhol; Edvige em italiano; Hedvigis em latim.
 
Postado neste blog em 17 de julho de 2014
 
Fonte: cfr. 1913 Enciclopédia Católica

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Beata Ana Maria Javouhey, Fundadora - 15 de julho

     
     A Beata Ana Maria pertence ao número bastante grande das Fundadoras de institutos religiosos femininos surgidos na França mal cessou a triste época do Terror.
     Nasceu em Jallongers, região vinícola da Borgonha, em 10 de novembro de 1779. A família, muito católica, transferiu-se pouco depois para Chamblanc.
     Em 1791, em plena Revolução Francesa, certa noite um sacerdote não juramentado bateu na porta: “Pediram-me para assistir a um doente e não conheço o caminho”. Ana, intrépida, se ofereceu para acompanhá-lo. No caminho, o sacerdote lhe explicava a necessidade de permanecer fiel à Igreja de Roma. A partir desse momento, e com a colaboração de sua família, passou a organizar cerimônias clandestinas e a esconder os sacerdotes perseguidos pelos revolucionários.
     Em 1798, aos dezenove anos, consagrou-se definitivamente a Deus. Em 1800, o pároco de Chamblanc convenceu Baltasar Javouhey a deixar a filha ingressar nas Irmãs da Caridade de Besançon. Era Superiora e Mestra das Noviças a própria fundadora, Santa Joana Antide Thouret, religiosa de grande valor.
     Foi ali que, num estranho sonho, Ana se viu rodeada de muitas pessoas, na maioria crianças, de todas as cores e sobretudo pretas, e ouviu uma voz que dizia: “São os filhos que Deus te dá. Sou Santa Teresa. Serei a protetora da tua Ordem”.
     Vendo que sua vocação era outra, Ana saiu de Besançon e voltou a dar aulas na sua terra. Começaram a segui-la, com o mesmo ideal de vida religiosa, não só as irmãs (com 16, 14 e 11 anos), mas também outras jovens.
     Em 1802, um encontro providencial com D. Augustin de Lestrange, restaurador da Ordem dos Trapistas na França, levou Ana a encaminhar-se para a Trapa. Mais uma vez, seus diretores e ela percebem ser outra a sua vocação. Mas, os poucos meses de permanência no convento lhe permitiram receber uma sólida formação na vida religiosa.
     Depois de novas tentativas de criar escolas na região do Jura, Ana Maria regressou para a casa paterna para estabelecer sua obra educativa. Em Chamblanc, continuou as suas atividades apostólicas nas aldeias com suas irmãs e outras jovens.
     Na Páscoa de 1805, retornando a Roma após a sagração de Napoleão, Pio VII parou uns dias em Châlon-sur-Saône, a poucos quilômetros de Chamblanc. Ana e suas amigas assistiram à Missa do Papa na Igreja de São Pedro, comungaram da sua mão e no fim têm com ele uma audiência privada. A jovem expõe ao Santo Padre seus projetos. Pio VII, ao abençoar Ana, lhe disse: “Coragem, minha filha, Deus fará por meio de ti grandes coisas para a Sua glória”.
     Na vigília da Assunção de 1805, Ana fixou-se em Châlon-sur-Saône. A municipalidade ofereceu-lhe parte do antigo Seminário Maior desocupado, mobília e subsídios para a obra de educação da juventude.
     No dia 12 de maio de 1807, o novo Bispo de Autun presidiu à cerimônia de consagração das jovens na Igreja de São Pedro. Aos votos religiosos de pobreza, obediência e castidade juntaram um 4° voto, o de se dedicarem à educação da juventude. Naquela tarde, o mesmo Bispo reuniu as religiosas em capítulo e presidiu a eleição da Superiora Geral. Os votos recaíram sobre Ana Maria.
     Um dia do mês de janeiro de 1812, Madre Ana Maria descobriu um anúncio que dizia estar à venda o antigo convento dos recoletos, em Cluny. Recorreu então a seu pai que se deixa convencer e adquiriu a propriedade; ali se instalam as monjas, convertendo-se na Congregação de São José de Cluny.
     A princípio, a dimensão missionária da Congregação parece não ter sido prevista pela Fundadora. Com não poucas dificuldades, Madre Ana Maria conseguiu abrir uma escola em Paris.
     Em 1816, o intendente da Ilha Bourbon (atual Ilha da Reunião) lhe fez uma visita e solicitou algumas monjas para a ilha, acrescentando que ela era povoada “de brancos, mulatos e negros”. Diante destas palavras, a madre se sobressaltou, recordando a profecia de Besançon. Pouco depois, o Ministro do Interior lhe pedia também monjas para as possessões da França no ultramar. Suas perspectivas missionárias a levam a aceitar tudo.
     A 10 de janeiro de 1817, partiram de Rochefort, a bordo do “Eléphant”, barco da marinha mercante, quatro novas professas. A viagem do grande veleiro durou cinco meses e 18 dias, fazendo escala no Rio de Janeiro. Foi a primeira aventura missionária.
     No início de 1819, um contingente de sete religiosas embarcou para o Senegal. Porém, neste local o hospital que deveriam cuidar se encontrava em um estado lamentável, a cidade não tinha igreja, a catequização apenas havia começado. As monjas desanimam.
     A própria Madre Ana Maria partiu para o Senegal em 1822. Persuadida de que os negros se sentem inclinados à religião por natureza, afirmava: “Somente a religião pode proporcionar a este povo princípios, conhecimentos sólidos e sem perigo, porque suas leis e dogmas não só reformam os vícios grosseiros e externos, como também são capazes de mudar o coração. Dê solenidade à religião, para que a pompa do culto os atraia e que o respeito os retenha, e em seguida, a face deste país terá mudado”.
     Por outro lado, ela percebia que a África tem vocação agrícola. Em fins de 1823, ela estabeleceu uma granja-escola em Dagana, o que lhe permitiu manter relações com a população. Logo a chamam de Gâmbia e depois de Serra Leoa, onde se encarregou dos hospitais.
     Entretanto, cartas chegam da França suplicando-lhe para voltar. Em fevereiro de 1824, retornou à França após ter assentado as bases de uma obra perseverante para a civilização e a cristianização da África.
     Na França, a revolução de julho de 1830 gerou profundas transformações políticas pouco favoráveis à religião católica, diminuindo o apoio econômico do governo às obras de Madre Ana Maria. Contudo, ela prosseguia seu trabalho de forma que seus centros resistissem às dificuldades. Em 1833, fundou um leprosário próximo de Mana.
     Em fins de abril de 1835, Mons. d’Héricourt impõe a Madre Ana Maria novos estatutos que modificam os antigos e, segundo os quais, ele se convertia no superior geral das Irmãs. Mas, a Madre escreveu ao bispo comunicando-lhe que manteria os estatutos de 1827.
     Por esta época, a questão da escravidão era debatida e, em 18 de setembro de 1835, uma ordem ministerial confiou oficialmente a Madre essa missão. O próprio rei Luís Felipe a recebeu várias vezes, colocando com ela o plano relativo à emancipação dos negros.
     À sua chegada na Guiana em fevereiro de 1836, Madre Ana Maria se encarregou de uns quinhentos escravos negros arrebatados dos negreiros. Sua pedagogia não consistia em recorrer à força, mas a educar com doçura, paciência e persuasão. Ela mesma escrevia: “Me instalei como uma mãe em meio a sua numerosa família”.
     Apesar de todas as dificuldades, dois anos depois um certo espírito de ordem e de sobriedade reinava em Mana. Em 21 de maio de 1838, a Madre presidiu a emancipação de cento e cinco escravos.
     Contudo, a oposição do Bispo de Autun a perseguia até a Guiana. Em 16 de abril de 1842, a fundadora escrevia que o Bispo de Autun “proibiu que o prefeito apostólico me administrasse os sacramentos, a menos que o reconheça como superior geral da congregação. Eu o perdoo de todo coração pelo amor de Deus”. 
    O sofrimento intenso que gerava esta situação durou dois anos. Isto se agravou com a circulação de libelos infamatórios contra a madre. Nos momentos em que suas Irmãs se aproximavam da Santa Eucaristia e ela era privada de fazê-lo, as lágrimas que derramava eram abundantes.
     Em 28 de agosto de 1845, tendo voltado para a França, a Madre Ana Maria vai à Cluny onde com grande serenidade falou à suas filhas, deixando-as livres para escolher entre ela e o bispo. Das oitenta jovens, somente sete recusaram segui-la.
     O Bispo de Autun finalmente reconheceu estar errado em sua posição, e em 15 de janeiro de 1846 chegou a um acordo com a madre.
     No início de 1851 a saúde da Madre Ana Maria decai e no mês de maio deve permanecer de cama. No dia 8 de julho tomou conhecimento da deposição do Bispo de Autun. Uns dias depois ela afirmava: “Devemos considerá-lo como um dos nossos benfeitores. Deus se serviu dele para enviar-nos a tribulação num momento em que ao nosso redor só ouvíamos elogios. Era preciso, porque com o êxito que a nossa congregação estava alcançando, nós nos teríamos acreditado importantes se não tivéssemos sofrido essas penalidades e contradições”.
     Pouco depois de pronunciar estas palavras, entregou a alma a Deus. Era o dia 15 de julho de 1851. Ela se encontrava na atual Casa-Mãe, em Paris. Falecia aos 71 anos de idade e 44 de generalato, 14 dos quais passados em terras longínquas. A sua peregrinação alcançou 45 mil quilômetros navegados em frágeis barcos que singravam os mares no início do século XIX.
     Naquele momento sua congregação contava com umas 1.200 religiosas, dedicadas a fazer em tudo a vontade de Deus por meio do ensino, das obras hospitalares e missionárias.
     “Estar onde há bem a fazer”, era outra de suas máximas. Por sua luta pela liberdade dos escravos da Guiana ficou conhecida como ‘Mãe dos Negros’.
     Peçamos a Beata Ana Maria Javouhey, beatificada por Pio XII em 15 de outubro de 1950, que nos alcance a libertação da pior das escravidões, a do pecado. Que ela nos participe seu espírito de dedicação, de caridade e de simplicidade para que alcancemos a verdadeira liberdade dos filhos de Deus.
 
Postado neste blog em 15 de julho de 2011

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Santa Inês Lê Thi Thành, Mãe de família, mártir – 12 de julho

Martirológio Romano: Na província de Ninh Binh, em Tonquim, Santa Inês Lê Thi Thành (Dê), mártir, mãe de família, que no tempo do imperador Thiêu Tri foi cruelmente torturada por ter ocultado em sua casa a um sacerdote, morrendo na cadeia por se negar a abjurar de sua fé (+ 1841).
 
     Desde os primeiros séculos da era cristã, sempre foi muito difícil encontrar notícias seguras sobre os mártires, e isto também acontece às vezes para mártires da era moderna, sobretudo se viviam em algum lugar afastado; isto ocorre com Santa Inês Lê Thi Thành, de nacionalidade vietnamita.
     Inês nasceu em 1781 perto de Bai Dem, nos arredores de Tranh Hoa, no Vietnã. Na adolescência fixou residência com sua mãe em Phunc-Nhat. Era muito jovem quando contraiu matrimônio com Nguyen-Van-Nhat, união que gerou seis filhos. Mãe de família exemplar e católica fervorosa, abria sua casa a todos os missionários que frequentavam o povoado para dar assistência aos cristãos.
     Em abril de 1841, como era seu costume, hospedou em sua casa o missionário Pe. Galy. Um catequista apóstata delatou a presença do sacerdote e, acompanhando a autoridade provincial, a casa de Inês foi revistada e o missionário foi encontrado escondido numa cisterna do horto.
     Inês foi presa e levada para Tran-Hoa onde foi encarcerada e submetida a cruéis torturas por ter escondido um sacerdote em sua casa. Como tivesse recusado a possibilidade de renegar de sua fé cristã, permaneceu na cadeia.
     “Não me lamente, minha filha, estas são as rosas vermelhas da coragem”. Palavras que a santa e mártir dirigiu à uma de suas filhas que a visitou na prisão e viu manchas de sangue em suas roupas. Ela fora presa pelo "crime" de ser católica e morreu na prisão em 12 de julho de 1841, na província de Ninh Binh no Tonquim, na época do imperador Thiêu Tri.
     Inês Lê Thi Thành foi canonizada pelo Papa João Paulo II em 19 de junho de 1988 junto com outros 116 mártires que regaram com seu sangue o solo de sua pátria vietnamita. O grupo, que tem como protomártir a Santo André Dung Lac e seus companheiros, é celebrado no calendário litúrgico latino em 24 de novembro.
     Santa Inês é uma mártir entre os 130.000 - 300.000 mártires vietnamitas que deram a vida pela Fé, um ato de amor de séculos contínuos por Cristo, infelizmente esquecido aqui no Ocidente.
Senhoras vietnamitas carregam o relicário de Santa Inês Lê Thi Thành

 
Etimologia: Inês = do grego, aquela que é casta e pura.
Postado neste blog em 11 de julho de 2017
Fonte: «Año Cristiano» - AAVV, BAC, 2003

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, Fundadora – 9 de julho

Em São Paulo, no Brasil, Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus (Amábile Visintainer), virgem, que, emigrada da Itália ainda muito jovem, fundou a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, destinada ao serviço dos enfermos e dos pobres e, depois de muitos sofrimentos e adversidades, serviu a Congregação na condição de simples Irmã com grande humildade e contínua oração. († 1942)
 
     Amábile Lucia Visintainer, em religião Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, Fundadora da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, nasceu em Vígolo Vattaro, Trento, naquela época sob o domínio austríaco, aos 16 de dezembro de 1865.
     Segunda de catorze filhos (9 homens e 5 mulheres) nascidos de pais pobres de bens materiais, mas ricos das virtudes de verdadeiros cristãos, Antônio Napoleão Visintainer e Ana Pianezer, foi batizada no dia seguinte ao nascimento e crismada em 1874.
     Com apenas 10 anos emigrou com seus pais e irmãos para o Brasil, fixando-se no atual Estado de Sta. Catarina, onde logo nasceram vilas que, tendo como centro Nova Trento, tomaram os nomes das terras deixadas: Vígolo, Bezenello, Valsugana etc. Desde 1879, a assistência religiosa era dada pelos padres italianos da Companhia de Jesus.
     Aos 12 anos, Amábile recebeu a Primeira Comunhão e começou a participar da vida paroquial dando catecismo para as crianças, visitando os doentes e cuidando da limpeza da Capela de Vigolo, localizada onde moravam os Visintainer.
     Numa região desprovida de casas religiosas e diante da necessidade de cuidar dos doentes, Amábile, aos 25 anos, com a permissão de seu pai e a aprovação do Padre Marcello Rocchi, S.J, deixou a casa paterna e, junto com uma amiga, Virginia Nicolodi, passou a morar num casebre em Vigolo, para aí cuidar de uma mulher cancerosa desamparada.
     Era o dia 12 de julho de 1890. Esta data é considerada como o dia da fundação da obra de Madre Paulina, que nos planos do Senhor constitui a primeira Congregação Religiosa no Brasil.
     Em 1895, o pequeno grupo que se formara em torno de Amábile em Vigolo, e se havia transferido a Nova Trento, recebeu a aprovação do Bispo de Curitiba, Dom José de Camargo Barros, com o nome de Filhas da Imaculada Conceição. Em dezembro do mesmo ano fizeram os votos religiosos e Amábile recebeu o nome de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus; Virgínia Nicolodi o de Irmã Matilde da Imaculada Conceição e Teresa Máoli o de Irmã Inês de São José.  
     Em 1896, cinco noviças recebem o hábito religioso. Irmã Paulina passa a ser tratada como Madre Paulina, ganha novo reforço no tratamento dos doentes, órfãos e idosos. O Instituto começou na extrema pobreza: além do cuidado dos doentes, das órfãs e dos trabalhos da paróquia, para ajudar no orçamento as Irmãs deviam trabalhar na roça (à meia) e na pequena indústria da seda, segundo a tradição trentina.
     Em 1900, na passagem do século a congregação conta com 20 religiosas.  
     Depois da fundação das Casas de Nova Trento e Vigolo, em 1903, Madre Paulina se transferiu para São Paulo, seguindo o conselho e o convite de Padre Luigi Maria Rossi, S.J, que já fora Pároco de Nova Trento desde 1895 e naquele ano fora nomeado Superior da Residência de São Paulo. Fixou residência na colina do Ipiranga, junto a uma Capela aí existente, iniciou a obra do Asilo Sagrada Família para abrigar os filhos de ex-escravos e velhos ex-escravos depois da abolição da escravidão em 1888.
     Nas vésperas da transferência para São Paulo, Padre Rossi, que possuía todas as faculdades para a direção das Filhas da Imaculada Conceição, cuidou da organização jurídica da Congregação com um Capítulo celebrado em fevereiro de 1903, no qual Madre Paulina foi eleita Superiora Geral "ad vitam".
     O governo de Madre Paulina durou 6 anos, durante os quais, com o afluir de vocações, a Fundadora pôde realizar a fundação de outras três Casas no Estado de São Paulo.
     No ano de 1909, a Fundadora sofreu terrível prova. Por causa de dificuldades criadas pela intromissão de pessoas estranhas apoiadas por algumas religiosas e pela autoridade eclesiástica, Madre Paulina foi deposta num manobrado Capítulo Geral, no mês de agosto de 1909. Foi-lhe reconhecido e conservado somente o título de "Veneranda Madre Fundadora".
     De 1909 a 1918 viveu na casa por ela fundada em Bragança Paulista. Foram 9 anos de prova, de humilhações materiais e da noite mística do espírito. Estes anos foram considerados pelo Padre Rossi como clara permissão de Deus para que Madre Paulina se tornasse "vítima de amor e de reparação" pela santificação de suas filhas.
     Em 1918, Madre Paulina foi chamada à Casa Geral em São Paulo, com pleno reconhecimento de suas virtudes, para servir de exemplo às jovens vocações da Congregação, que desde 1909 assumira o nome de "Irmãzinhas da Imaculada Conceição".
     No período que vai de 1918 a 1938, distinguiu-se pela oração constante, pela amorosa e continua assistência às irmãs doentes. Em 1938 começou a Via Sacra dos sofrimentos por causa da diabete: progressivas amputações até a cegueira total. Aos 9 de julho de 1942, com a habitual jaculatória nos lábios, "Seja feita a vontade de Deus", entregou a alma a Deus.
     Madre Paulina viveu no difícil período da emigração dos países europeus para o mundo latino-americano. Ela tomou parte na comunidade formada pelo grupo sul-tirolês ou da região trentina, emigrado no século XIX no sul do Brasil.
     Circunstâncias ambientais, conhecimento de seus compatriotas, experiência adquirida desde criança da vida pobre e de trabalho, foram o terreno fértil para uma resposta pronta de Amábile (com sua amiga Virginia) ao mandato do pároco de Nova Trento, que lhe confiava o catecismo (1880 - l88l), a capela e os doentes.
     Outro pedido foi feito por Nossa Senhora em sonho por três noites consecutivas (l888-1890): "É meu ardente desejo que comeces uma obra..." "Filha, que decidiste?" E a resposta de Amábile não podia ser outra: "Servir-vos, minha Mãe!" Maria então acrescenta: "Eis as filhas que te confio" (l891).
     A obra de Santa Paulina é fruto de pedidos diversos. Era a terra clamando pelo céu ou o céu abraçando a terra? A todos os pedidos, a mesma resposta: Servir.
     A vocação de Madre Paulina: uma grande sensibilidade diante das necessidades do povo e uma profunda disponibilidade em servir a Igreja com espírito de simplicidade, de humildade e de vida interior, tendo como fonte Jesus na Eucaristia e uma filial devoção à Virgem Imaculada e a São José.
     O exemplo de vida de Madre Paulina, sua fé e dedicação, levaram vários fiéis a terem por ela uma verdadeira veneração. Os trabalhos pela canonização de Madre Paulina iniciaram-se em 1965, vinte e três anos após sua morte. Em 1988, João Paulo II outorgou a Madre Paulina o título de venerável. Em 18 de outubro de 1991, foi proclamada sua beatificação em cerimônia realizada em Florianópolis, Santa Catarina.
     Apesar de ter nascido na Itália, Madre Paulina passou 68 dos 76 anos de sua vida ajudando aos necessitados no Brasil. E, por essa sua dedicação, a primeira santa brasileira foi canonizada por João Paulo II em cerimônia pública realizada em Roma, Itália, no dia 19 de maio de 2002.
     As filhas de Madre Paulina procuram servir a Igreja, além do Brasil, nos seguintes países: Argentina, Chile, Colômbia, Guatemala, Nicarágua, Chade, Camarões, Moçambique, Itália
 
Postado neste blog em 8 de julho de 2011
 
Fontes:
https://santuariosantapaulina.org.br/
http://www.santosebeatoscatolicos.com/

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Santas Teresa Chen Jinxie y Rosa Chen Aixie, virgens e mártires chinesas – 5 de julho

Perto de Huangeryin, localidade na região de Ningjinxian, na província chinesa de Hebei, as santas irmãs Teresa Chen Jinxie e Rosa Chen Aixie, virgens e mártires, que durante a perseguição movida pelos «Yihetuan», para salvaguardarem a honra da virgindade e a sua fé cristã, resistiram corajosamente às bárbaras depravações e à feroz crueldade dos perseguidores e foram trespassadas pelos golpes das lanças dos seus verdugos. († 1900)
       
         Ambas pertenciam à comunidade cristã da aldeia de Tong-Kia-Tchoang. Quando a notícia chegou sobre algumas formas das atrocidades cometidas pelos Boxers, um grupo de fiéis da comunidade, incluindo as duas irmãs, foram colocados em um carro e partiram em direção a Tan Kyu, a povoação que os missionários haviam fortificado numa tentativa de defender os cristãos.
      Durante a viagem um grupo de Boxers cercaram o carro e exigiu que as jovens saíssem do mesmo. Um dos que estavam no carro protestou e foi morto na hora. Em seguida, as duas jovens saíram e ajoelharam-se, rezando em voz alta. Um boxer matou Rosa com um golpe de lança e deu um outro golpe em Teresa, que caiu sangrando no chão. Rosa morreu no momento, Teresa expirou pouco depois. Ela tinha 25 anos.
     Em seguida os boxers se foram. Os cadáveres foram recolhidos e o carro continuou seu caminho. Teresa, que estava ferida, expirou pouco depois. Tinha 25 anos.
     Em 17 de abril de 1955, ambas foram beatificadas por Pio XII. Junto com 118 mártires chineses, elas foram canonizadas por João Paulo II em 1 de outubro de 2000.
 
https://www.es.catholic.net/














quinta-feira, 1 de julho de 2021

Beata Madre Assunta Marchetti, Co-fundadora – 1°. de julho

      
     Maria Assunta Catarina Marchetti nasceu em Lombrici di Camaiore, província de Lucca, na região da Toscana, Itália, no dia 15 de agosto de 1871, dia da Assunção de Nossa Senhora ao céu, e foi batizada no dia seguinte na paróquia Santa Maria Assunta, que ficava ao lado da casa da família. Seus pais eram Ângelo Marchetti e Carolina Ghilarducci, moleiros. Toda a família se dedicava ao trabalho da moagem de cereais e, como meeiros dos proprietários, dependiam do moinho não só para o sustento como para a moradia da família.
     Os pais sempre contaram com a ajuda de Assunta para cuidar dos outros 10 irmãos, pois era a terceira filha e sua mãe tinha saúde frágil. Desde jovem Maria Assunta anelava por uma vida de total dedicação e doação a Deus na vida religiosa contemplativa. Mas as tarefas domésticas, a doença da mãe e a morte prematura do pai impediram-na de realizar imediatamente suas aspirações.
     Seu anseio foi adiado ainda mais, pois seu irmão mais velho, José Marchetti, ingressou no seminário de Lucca, e ordenou-se padre em 1892. Isso aumentou os seus trabalhos.
     No final do século XIX os italianos deixavam a Itália e rumavam para as Américas, especialmente para o Brasil. Seu irmão, o Pe. José, tornou-se pároco em Compignano, diocese de Lucca, e via a maioria dos paroquianos deixarem a Itália em busca de sobrevivência. Então, de sacerdote diocesano passou a ser missionário de São Carlos Borromeo, Congregação fundada em 1887 pelo Bispo de Piacenza, o Beato João Batista Scalabrini, apóstolo dos migrantes, que compadecido dos imigrantes italianos, organizou um grupo de missionários para acompanhá-los nas suas viagens nada fáceis.
     O Pe. José embarcou para o Brasil em outubro de 1894 e passou a ser missionário de bordo; durante as viagens da Itália para o Brasil atendia os imigrantes ministrando os Sacramentos necessários, inclusive as exéquias para os que morriam e eram lançados ao mar.
     Em uma dessas viagens uma jovem mãe morreu a bordo do navio deixando órfã uma filha pequena e o marido desesperado. O pai deixou aos seus cuidados o bebê que ele assumiu a responsabilidade de cuidar. Ao desembarcar no Brasil, o padre imediatamente providenciou um orfanato onde colocou a criança. A partir deste fato, ele entendeu que sua missão não era a de ser missionário de bordo, mas de cuidar dos órfãos filhos de imigrantes italianos e africanos que viviam na cidade de São Paulo.
     Em fevereiro de 1895 o Pe. José iniciou a construção do Orfanato Cristóvão Colombo, em São Paulo, e retornando à Itália convidou Assunta a abraçar a causa dos migrantes. Não foi fácil convencê-la, pois ela queria ser religiosa de clausura e dedicar-se à vida de oração pela Igreja. Seu irmão lhe disse: “... lá estou sozinho com 200 órfãos...”, e indicando um quadro acrescentou: “... olhe para o Coração de Jesus, escute seus apelos e depois me responda se vem ou não comigo para o Brasil”. Junto com a mãe e duas jovens, Maria Assunta foi apresentada a D. Scalabrini.
     Em 25 de outubro de 1895, Maria Assunta, seu irmão e suas duas amigas emitiram os primeiros votos religiosos nas mãos do Beato João Batista Scalabrini, fundador da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo - Scalabrinianas, constituindo as "Servas dos Órfãos e Abandonados".
     Em 27 de outubro, partiram para o Brasil como missionários para os imigrantes e nunca mais retornaram à Itália, fazendo de sua pátria o Brasil.
     Madre Assunta se colocou à frente do grupo inicial de quatro Irmãs, ocupando tanto o posto de superiora como o de cozinheira. Foi a coluna que sustentou a Congregação, sobretudo diante da morte prematura do irmão e fundador, o Pe. José Marchetti, aos 27 anos, em dezembro do ano seguinte, 1896, vítima da febre tifoide, muito comum entre os imigrantes naquele período.
O trabalho missionário em São Paulo
      Madre Assunta não só iria enfrentar o mundo, como também deveria socorrer as pessoas em um ambiente hostil, pois na época São Paulo era marcada por outras religiões como a maçonaria, por exemplo.
      Ao chegarem a São Paulo dedicaram-se ao cuidado dos órfãos e dos imigrantes italianos afetados pela cólera tifoide e pela difteria. O orfanato tinha como objetivo ser um ambiente familiar para os pequenos que haviam perdido os pais nos trajetos da imigração e no trabalho nas fazendas de café. Eram órfãos italianos, africanos, todos eram bem acolhidos. Assunta se dedicou ao próximo com heroísmo e não media esforços quando se tratava de atender ao mais necessitado.
     “O primeiro doente da Santa Casa de Monte Alto - SP foi um homem negro, mendigo. Madre Assunta se compadeceu dele porque estava sozinho na enfermaria, enquanto não havia ainda enfermeiros. Colocou uma cama no fundo do corredor, do lado oposto do doente e dormiu ali algumas noites para poder atendê-lo logo que chamasse. “Via Cristo no irmão pobre, sofrido ou doente”, contou Irmã Afonsina Salvador que conviveu com Madre Assunta. “Tudo o que acontece é bom, porque vem de Deus”, sempre dizia Assunta, como que fazendo ecoar o mesmo pensamento de seu irmão, o Pe. José, que em todos os acontecimentos dizia: Deo gratias!
     Em 1900, Madre Assunta foi forte e decidida quando teve que defender sua Congregação contra a decisão de incorporá-la à Congregação das Irmãs Apóstolas, como era intenção de D. Scalabrini.  Ela soube enfrentar autoridades com energia e respeito, decidida a continuar observando as constituições escritas por Pe. Marchetti. D. Scalabrini esteve quatro semanas em São Paulo, em 1904, junto às Irmãs. Encorajou-as e ao retornar à Itália decidiu pedir à Santa Sé a separação das duas Congregações, pois tinham vocações diferentes.
     Por sugestão de D. Alvarenga, então bispo de São Paulo, a Congregação mudou o nome para o de Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo, as Scalabrinianas ou Irmãs Carlistas.
     A solução definitiva veio a partir de 1907, quando as Missionárias de São Carlos, por ser ainda de direito diocesano, passaram a depender do bispo de São Paulo, então D. Duarte Leopoldo e Silva. A Congregação tomou seu rumo definitivo. D. Duarte contribuiu para que essa solução fosse tomada, mas em 1910 determinou que Madre Assunta e suas companheiras, após 15 anos de vida religiosa, fizessem novamente o noviciado canônico. Assim, em 1912 elas puderam fazer seus votos perpétuos e Madre Assunta foi nomeada superiora geral por seis anos.
     Madre Assunta suportou com heroísmo as duras provas do dia a dia. À noite atendia quantos batiam à sua porta no pequeno ambulatório instalado no orfanato feminino de Vila Prudente. Quando trabalhava nos hospitais, não tinha um instante de descanso, pois os doentes sempre a queriam por perto, seja para dizer-lhes uma boa palavra, seja para curar suas feridas. Possuía um caráter forte, mas sabia controlar-se. Moderada no comer e no beber, não escolhia alimentos, procurando sempre os que ela menos apreciava. Amava a simplicidade e recusava a comodidade.
     Quando superiora da sua Congregação aliava a oração e a Adoração Eucarística aos mais pesados serviços junto às Irmãs, mostrando real interesse pelo que faziam, levantando-lhes o ânimo. Antes de resolver qualquer problema, costumava passar horas junto ao Sacrário, ponderando os prós e contras, até decidir-se pelo melhor.
     Uma ferida grave na perna, provocada durante a visita a um doente, causou-lhe longos anos de sofrimento. Nos últimos meses viveu em uma cadeira de rodas. Mesmo imobilizada em uma cama, interessava-se por tudo o que se passava na casa, preocupando-se com todos. sempre atenta em servir o próximo.
     Após uma longa vida, 76 anos, dos quais 53 de vida missionária, Madre Assunta morreu como viveu: tranquila, calma, serena, carinhosa, no meio dos seus orfãozinhos, no dia 1º de julho de 1948, no Orfanato Cristóvão Colombo, Vila Prudente, hoje conhecido como “Casa Madre Assunta Marchetti”, onde se encontram seus restos mortais. As órfãs que lá se encontravam exclamaram: “Hoje morreu a caridade! Hoje morreu uma santa!”
     Foi beatificada em 25 de outubro de 2014, na Catedral Metropolitana de São Paulo, Brasil, em cerimônia presidida pelo Cardeal Angelo Amato.
     Hoje as Irmãs Carlistas são mais de 800, presentes em 20 nações de 4 continentes.
 
Postado neste blog em 1º. de julho de 2015
 
Fontes:
https://www.madreassunta.com/
http://www.paulinas.org.br