segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Santa Roselina de Villeneuve, priora - 17 de janeiro


A Cartuxa de La Celle-Roubaud
     La Celle-Roubaud deve seu nome ao eremita que nos primeiros séculos da Igreja, atraído pela beleza calma da região da Provença e pela presença de uma nascente abundante, fixou-se ali. Uma capela foi construída no local daquela ermida. Os Templários adquiriram La Celle-Roubaud em 1200 e colocaram a abadia sob a proteção de Santa Catarina do Monte Sion. Mais tarde, eles cederam a abadia às beneditinas.
     Em 1260, a Abadia de monjas beneditinas de La Celle-Roubaud foi cedida para a Ordem dos Cartuxos. Um grupo de religiosas ali se instalou sob a direção de Joana de Villeneuve, priora, enquanto as beneditinas se transferiam para Aix.
     A capela, que existia desde o século XII, sofreu inúmeras restaurações antes da instalação do altar principal e das estalas. Classificada como monumento histórico, ela possui um mobiliário muito rico, notadamente as estalas da Renascença e o revestimento do coro, que data de 1635.
     A capela lateral abriga um retábulo da Natividade de 1541: o Menino Jesus ladeado pela Virgem e São José; no plano posterior Santa Roselina ajoelhada, acompanhada dos filhos do doador e de anjos; na retaguarda, Claude de Villeneuve, Senhor de Arcs, e sua esposa, Isabel de Rétis. 
     Na parte externa do coro, numa urna de cristal, repousa o corpo de Santa Rosalina de Villeneuve e, em um armário mural, o relicário contendo seus olhos (1883).
O Castelo de Santa Roselina 
    Santa Roselina foi Superiora da Abadia de La Celle-Roubaud de 1300 a 1328. Sua piedade e sua generosidade deixaram uma impressão duradoura na população local e, como consequência, seu nome ficou ligado à propriedade da Abadia.
     No século XIV, sob a influência do Bispo de Fréjus (futuro Papa João XXII), a propriedade tornou-se um dos mais importantes vinhedos da Provença. Essa liderança tradicional foi perpetuada por seu proprietário, Henri de Rasque de Laval. Em 1994, sob a direção do Sr. Bernard Teillaud a grande propriedade tornou-se uma das joias da vinicultura do sul da França.
     Mas, é o venerável corpo da Santa que mais atrai os visitantes. Devotos de todo o mundo visitam a capela, especialmente no dia 17 de janeiro (festa da Santa) e no primeiro domingo de agosto.
     Para assegurar uma completa renovação da Abadia e para preservar o nobre caráter do local, muitos artistas celebraram a vida de Santa Roselina cada qual com sua especialidade. O arquiteto Jean-Michel Wilmotte realizou uma distribuição espacial do interior do castelo, respeitando sua história.
    Uma bela alameda com velhas árvores leva ao parque; enormes tanques coletam as águas da nascente; à beira das águas, as raízes gigantes de sequoias são nutridas pelas águas da nascente que caem em cascata nos tanques; os vinhedos dourados se perdem de vista... É um local realmente encantador!
A Abadessa
     Roselina nasceu no dia 27 de janeiro de 1263 no Castelo de Les Arcs-sur Argens, na Provença, próximo de Draguignan. Era filha de Arnaud II de Villeneuve, Senhor de Arcs, de Trans, de La Motte e de Esclans, e de Sybille Burgole de Sabran (ilustre família de origem espanhola vinda para Provença em 1112).
     Por ocasião da morte de sua mãe, seu pai a confiou a seu primo Santo Elzear de Sabran e a sua esposa a Bem-aventurada Delfina. De volta a Arcs, ela frequentava assiduamente a Cartuxa de La Celle-Roubaud, então dirigida por sua tia, Joana de Villeneuve, priora da Abadia.
     Algum tempo depois, Josselin, Bispo de Orange, voltando de uma peregrinação a Roma, conduziu-a ao convento de Santo André de Ramières, onde ela deveria entrar como noviça. De passagem por Aix, ela encontrou pela primeira vez Jacques Duéze, que se tornaria seu grande protetor como Bispo de Fréjus, e mais tarde como Papa, com o nome de João XXII.
     Foi enviada posteriormente à Cartuxa de Bertaud para ali continuar seus estudos, sendo admitida como professa por unanimidade no dia de Natal de 1280.
     Em 1285, ela retorna a La Celle-Roubaud; em 1288 o Bispo de Fréjus a consagra como diaconisa. Em 1300, foi escolhida para suceder sua tia, Joana de Villeneuve, como priora. Ela permanecerá no cargo até 1328, data em que pede para voltar a ser simples religiosa.
     Santa Roselina morreu no dia 17 de janeiro de 1329, com a idade de sessenta e seis anos, e foi sepultada no cemitério da Abadia. A pedido de João XXII, em 11 de junho de 1334, primeiro domingo de Pentecostes, uma exumação foi feita sob a direção de Elzear de Villeneuve, Bispo de Digne.
     O corpo da Santa estava milagrosamente conservado, sem nenhum sinal de decomposição; os olhos estavam vivos e brilhantes como se ela estivesse viva. Elzear de Villeneuve extraiu-os das órbitas e colocou-os num relicário para expô-los à veneração do povo.
     O milagre da conservação dos olhos da Santa seria constatado por ordem do rei, em 1660. Luís XIV, em peregrinação à Cotignac, pediu que seu médico pessoal, Dr. Vallot, verificasse a veracidade do milagre. Este descobriu que o olho esquerdo havia se extinguido, enquanto que o direito conservava sua luminosidade.
     O corpo foi levado para a capela e colocado atrás da balaustrada que o protegia contra profanações. Em 1334, foi transladado para uma capela fechada e colocado sob o altar. Em 1360, nova transladação do corpo para uma urna com visor de vidro para que os peregrinos pudessem contemplá-lo através dele.
     Por volta da metade do século XV, o convento foi devastado por um bando de saqueadores; as religiosas haviam tomado a precaução de esconder o corpo.
     Em 1504, após um período de decadência do mosteiro, o Barão des Arcs, Louis de Villeneuve, obteve a instalação de uma comunidade de Franciscanos no local. Depois de um milagre, o corpo da Santa foi reencontrado em bom estado de conservação, colocado em uma urna de madeira dourada e depositado ao lado do coro.
     Do século XVI até a Revolução Francesa, os Franciscanos guardaram as relíquias que lhes haviam sido confiadas por uma bula do Papa Alexandre VI, datada de 7 de outubro de 1499.
     O corpo de Santa Roselina somente será embalsamado em 1894, cerca de seis séculos após sua morte. Os Cartuxos, alertados pelo padre Besson, fizeram um minucioso tratamento do corpo para protegê-lo da destruição por insetos. No dia 6 de julho, o corpo foi transferido para uma nova urna, onde repousa ainda hoje, no lado direito da capela. Os venerandos despojos, revestidos do hábito da Cartuxa, permanecem até hoje expostos à veneração de seus devotos.
 
Postado neste blog em 17 de janeiro de 2012

sábado, 15 de janeiro de 2022

Santa Ita (ou Ida) de Killeedy, Fundadora – 15 de janeiro

Martirológio Romano: No mosteiro de Clúain Credhaial, na Irlanda, Santa Ita, virgem, fundadora daquele mosteiro.
 
     Entre as mulheres santas da Irlanda, Santa Ita tem uma posição de proeminência logo depois de Santa Brígida de Kildare. Embora sua vida seja relatada em meio à uma infinidade de fatos lendários e míticos, não há razão para duvidar de sua existência histórica.
     Ida nasceu em Drum (County Waterford, Irlanda) e foi batizada com o nome de Derthrea (Deirdre) ou Doroteia. Diz-se que ela tinha ascendência real. Recusou um pretendente real; por meio da oração e do jejum ela conseguiu convencer seu pai a deixá-la viver uma vida virginal. Por volta dos quatorze anos se consagrou a Deus, provavelmente nas mãos de Declan de Ardmore.
     Emigrou para Hy-Conaill, na parte ocidental do condado de Limerick, onde, em Killeedy, fundou uma comunidade de donzelas, o mosteiro de Clúain Credhaial. Mais tarde viria a ser a abadessa daquela comunidade monástica.
     Esta comunidade religiosa caracterizava-se por ensinar as crianças das redondezas e São Erc confiou a ela o futuro São Brandão de Clonfert, que foi seu aluno por cinco anos.
     Ficou legendária a sua ênfase na austeridade, assim como os milagres e os dotes proféticos que lhe foram atribuídos, tendo a descrição das suas obras e milagres sido escrita por São Cummian de County Down.
     Conhecida também como o "Branco Sol das Mulheres de Munster", ela era famosa por seu ascetismo e paciência na doença.
     Muitas vezes chamada de "segunda Brígida" da Irlanda, menciona-se sua morte em 571 nos Anais de Inisfallen (ca. 1092) com a seguinte frase: "Morte de Ita de Cluain, mãe adotiva de Jesus Cristo e Brandão". Os Anais também relatam que em 553 uma batalha foi vencida graças às suas orações.
     Santa Ita terá provavelmente falecido devido a um câncer, pois os cronistas contemporâneos descrevem a afecção como um escaravelho que cresceu como um porco, forma medieval de descrever uma enfermidade então desconhecida.
     Com a reputação de ser dotada de dotes proféticos, foi venerada posteriormente por numerosos santos, incluindo São Brandão (o Navegante), São Pulcério (Mochoemog) e São Cummian.
     Santa Ita, Ida ou Ides, é padroeira de Killeedy (Cluain Credhail).
     Ela era conhecida como a "mãe adotiva dos santos de Erin". O nome "Ita" ("sede de santidade") foi conferido a ela por causa de suas virtudes.
     A sua festividade litúrgica é celebrada no dia 15 de janeiro.
 
Poço de Santa Ida em Killeedy, Irlanda


Fontes:
https://www.americaneedsfatima.org/
http://www.santiebeati.it/dettaglio/91036
 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Santa Margarida Bourgeoys, Fundadora - 12 de janeiro

      
Montreal em 1762
     A cidade de Montreal (Canadá) deve sua origem a um grupo de fiéis, homens e mulheres da França do século dezessete, cujo sonho era levar aos povos do Novo Mundo o que consideravam como seu bem mais precioso: sua fé. Foi com a esperança de realizar este objetivo que estabeleceram uma colônia na ilha de Montreal. Em maio de 1642 a Vila Maria era fundada na ilha de Montreal. Margarida Bourgeoys chegou à nascente Vila Maria em 1653. A fundação vivia então o temor de todos os perigos aos quais estava exposta.
     A chegada de Margarida, onze anos depois da fundação, realizava uma parte do plano inicial, que previa a educação das crianças da colônia. Ela acompanhava o “recrutamento dos cem homens”, com o qual se contava salvar Vila Maria, que em 1653 enfrentava uma tremenda alternativa: abandonar o novo posto ou aumentar seus habitantes.
     Com aqueles homens e aquelas mulheres, compartilhava tanto os perigos e as privações, como os esforços e as esperanças que marcavam o ritmo da vida da colônia nascente. Como eles, era vulnerável às ameaças que a rodeavam: ataques dos inimigos ou enfermidades, bem como as incompreensões das autoridades da Igreja e do Estado, algumas vezes hostis ou incompetentes.
     Como muitos dos que participaram da direção dos trabalhos de fundação de Montreal, Margarida Bourgeoys vinha de uma região da França onde desde a Idade Média as mulheres colaboravam ativamente na sociedade. Ela estava convencida da importância do papel das mulheres na colônia: nas mãos das educadoras, nas mãos das futuras esposas e mães repousava o futuro do Canadá. Como consequência, considerava sua educação como uma prioridade.
     A educação que Margarida e suas companheiras davam às crianças, meninos e meninas no começo, bem como às mulheres da Nova França, era antes de tudo a educação da fé. A fé que Margarida expressava tanto na sua vida como em suas palavras, era a alma de todo seu ensinamento, era uma fé baseada no mandamento do Novo Testamento: Amarás ao Senhor teu Deus de todo coração, de toda tua alma e ao próximo como a ti mesmo.
     Além dos valores religiosos, Margarida preparava as crianças, em sua maioria filhos dos colonos que edificavam Montreal, para o desafio de ganhar a vida para si e para suas famílias e construir um país novo.
A Fundadora
     Margarida nasceu no dia 7 de abril de 1620, em Troyes, antiga capital da Champagne, sexta de doze filhos de comerciantes de cera. Na cidade natal frequentou a escola elementar. Nas suas “Memórias” a Santa revela a sua vocação precoce. “Desde minha primeira juventude o Senhor me deu uma particular inclinação para reunir as jovens da minha idade”. Com elas não só jogava, como costurava e rezava.
     Aos dezenove anos, com a morte da mãe, Margarida assume a direção da casa. Participando de uma procissão no primeiro domingo de outubro de 1640, Margarida passou diante do portal da abadia e ergueu o olhar na direção de uma imagem de Nossa Senhora. Por um instante o rosto da Virgem lhe pareceu vivo e sorridente, e ela sentiu-se livre dos sentimentos de vaidade que a vinham acometendo. Ela considerou sempre tal episódio como “a sua conversão”.
     Para corresponder à graça recebida, Margarida entrou na Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, fundada por São Pedro Fourier e ali fez os votos.
     Seu diretor espiritual, Monsenhor Jendret, lhe propôs a fundação de uma congregação de religiosas que embora vivendo em comunidade trabalhassem no mundo a favor dos pobres, dos doentes e dos ignorantes. Como tal empreendimento não fosse momentaneamente levado adiante, Margarida retoma sua vida de oração e de assistência aos pobres e doentes.
     Em 1650, no dia da Assunção, prostrada em adoração ao Santíssimo Sacramento, viu, ao lado da Hóstia, o Menino Jesus que lhe sorria sem nada dizer.
     Um dia recebe a visita do governador do Canadá, Paul Chomedey de Maisonneuve, considerado pelos contemporâneos “um verdadeiro cavaleiro, forte e corajoso como um leão e piedoso como um monge”, francês de origem, que propõe a Margarida transferir-se para Montreal para abrir uma escola elementar.
     Na noite anterior, São Francisco aparecera à Santa em sonho acompanhado daquele senhor. Ela não hesitou em colocar-se à sua disposição, no caso de seus superiores consentirem. Os parentes procuraram retê-la, mas, no início de 1653, embarcou para o Novo Mundo, sem dinheiro nem vestiário, não sem antes renunciar legalmente à sua parte na herança. A viagem durou três meses e foi trágica: a peste se espalhou a bordo e Margarida se tornou enfermeira, médica e sacerdote.
     Em Vila Maria, na ilha de Montreal, ao lado do forte onde Margarida se alojou, surgira um pequeno hospital fundado pela Serva de Deus Jeanne Mance em 1645. As duas heroínas da caridade logo se tornaram amigas e colaboradoras. A principal ocupação da Santa era dar aulas aos filhos dos colonos, mas também seria enfermeira no hospital e auxiliadora dos soldados mais pobres.
     Escoltada por trinta homens, fez reconstruir a grande cruz que Maisonneuve havia erigido sobre a montanha vizinha, em cumprimento a um voto, e que os iroqueses tinham abatido. Libertou o governador de grave tentação, exortando-o a cumprir o voto de castidade. Enfim, idealizou a construção da primeira igreja de pedra dedicada a Nossa Senhora.
     Em 1658, após quatro anos de intensa atividade, Margarida conseguiu abrir a primeira escola. Como os trabalhos se multiplicassem, a Santa pensou em procurar na França jovens desejosas de servir a Deus no próximo. O seu plano para o futuro constava de um pequeno instituto para as crianças indígenas, uma associação para as jovens e um círculo para os jovens esposos, com a finalidade de preparar boas mães de família. Encontrou quatro jovens na França dispostas a segui-la, e a amiga Jeanne Mance ajudou-a a encontrar reforços para suas obras.
     As obras de Madre Bourgeoys foram se consolidando, o que lhe pareceu uma confirmação da Providência para que ela realizasse a fundação da Congregação de Nossa Senhora de Montreal. A doação de terras efetuadas em 1662 pelo governador é uma nova forma de apoio à obra.
     Para obter autorização real e encontrar novas vocações, a Fundadora viajou novamente para a França em 1670. Ajudada pela “Companhia de Montreal”, consegue ser recebida por Luiz XIV, que lhe concedeu tudo que desejava. A única preocupação da Madre era então dar uma formação religiosa ao seu Instituto, como ela anotou em suas “Memórias”: “Nos é sempre lembrado que um certo espírito de humildade, de simplicidade, de docilidade, de obediência, de pobreza, de desprendimento de todas as coisas e de abandono à Divina Providência deve ser o verdadeiro espírito da Congregação”.
    O primeiro Bispo de Quebec, Monsenhor de Laval, erigiu a Congregação em 1676. Madre Margarida fundava uma das primeiras comunidades religiosas de mulheres não enclausuradas da Igreja, as quais deviam prover as suas próprias necessidades, e que sobrevivem até hoje. Sua característica é resultado da experiência adquirida por Margarida ao longo do que se tem chamado “o período heroico da história de Montreal”. Sua fonte de inspiração foi a Santíssima Virgem, que ela considerava como a primeira e a mais fervorosa dos discípulos do Senhor, ensinando e fazendo o bem na Igreja primitiva.
     Se fossemos perguntar a Madre Margarida qual foi o melhor momento de sua vida, acreditamos que ela teria escolhido o período compreendido entre 1653, com a saída de Paul de Chomedey de Maisonneuve e a chegada do batalhão de Carignan. Foram anos de luta, de perigo, de privação e de prova; foram também anos de esperança, de amizade e de sonhos compartilhados. Naqueles anos, Margarida conhecia cada colono e cada mulher de Montreal, muitos dos quais intimamente: ela era parte de suas vidas como eles eram da sua.
     Durante sua vida, a Congregação contou não somente com mulheres francesas, mas também com norte-americanas de ascendência francesa, ameríndia e até inglesa. Sua ação educadora se estendeu até Quebec e aos pequenos povoados ao redor de São Lourenço.
     Como tantas outras fundadoras de congregações religiosas, Margarida é conhecida por sua obra, para cuja realização sofreu a dupla prova de ter posta em dúvida sua capacidade de realização, e de sentir-se terrivelmente indigna aos olhos de Deus. Porém, sua coragem e seu ardente desejo de ajudar as crianças e a todos, levou-a sempre para frente. Ela dizia: “Quero a todo custo não apenas amar ao meu próximo, mas fazer-me amada por eles”.
     Em 19 de setembro de 1693, aos 72 anos, Madre Margarida renunciou ao cargo de superiora, quando suas forças começavam a declinar. Eis as palavras que dirigiu à comunidade na ocasião:
     “Agora não se trata mais de falar de mim senão como uma miserável, que por não ter sido fiel ao empreendimento que me foi confiado tão amorosamente, merece grandíssimos castigos, que aumentaram ainda por causa da pena que meu relaxamento vos fez sofrer. Peço-vos perdão e o auxílio de vossas orações. Coloquem aqui o remédio enquanto for possível. É preciso mudar prontamente de superiora, e a que for eleita faça observar exatamente a Regra, até nas maiores minúcias, porque sem isto, que coisa se fará nesta comunidade diferente do que fazem as pessoas do mundo que vivem cristãmente? Mantende-vos no espírito que deveis ter, que é de pobreza, de mortificação, de obediência e de abandono nas mãos de Deus”.
     Nos últimos anos de vida, Madre Margarida viveu serena e em perfeita conformidade com a vontade de Deus.
     Em 1698, após quarenta anos, o Senhor concedeu-lhe a alegria de ver sua Congregação ser aprovada como ela a havia concebido: além dos três votos, as religiosas fazem o de instruírem e educarem a juventude feminina.
     Confinada na enfermaria, a Fundadora se preparou para a morte cosendo, rezando e exortando as Irmãs à fidelidade ao dever, à caridade e à observância da Regra. O fim chegou de forma inesperada. No último dia do ano 1699, a fundadora ofereceu sua vida para salvar a da mestra de noviças, que estava gravemente enferma. A mestra de noviças recobrou a saúde e a Madre Bourgeoys morreu no dia 12 de janeiro de 1700.
     Pio XII a beatificou em 12 de novembro de 1950, e foi canonizada por João Paulo II em 31 de outubro de 1982
  
Basílica de Notre-Dame, Montreal, Canadá

Fontes: Museu “Margarida Bourgeoys”; www.santiebeati.it
 
Postado neste blog em 11 de janeiro de 2012

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Beata Ana dos Anjos Monteagudo, Dominicana - 10 de janeiro


A Beata Ana dos Anjos passou quase setenta anos no mosteiro dominicano em Arequipa, Peru. Inteiramente dedicada ao serviço divino, ela era como um anjo do bom conselho para seu povo. Seus restos mortais repousam em Arequipa, no mosteiro de Santa Catarina de Sena.
 
Martirológio romano: Em Arequipa, no Peru, a Beata Ana dos Anjos Monteagudo, virgem da Ordem dos Pregadores, que com o dom do conselho e com a profecia trabalhou generosamente pelo bem de toda a cidade.
 
 
      Ana Monteagudo Ponce de León nasceu em Arequipa no dia 26 de julho de 1602, filha do espanhol Sebastián Monteagudo de la Jara e da arequipenha Francisca Ponce de León.
     Conforme os costumes da época, com três anos seus pais a enviaram ao Mosteiro de Santa Catarina para ali ser educada. Voltou ao lar por decisão de seus pais quando tinha 14 anos. Nem os atrativos do mundo nem as perspectivas de um vantajoso casamento a atraiam; assim sendo, um ano depois enfrentou a indignada reação de seus pais e retornou ao mosteiro.
     Em 1618 iniciou o noviciado e acrescentou o apelativo "dos Anjos" ao seu nome. A aspereza da vida conventual não a intimidava. Vivia com entusiasmo o ideal de São Domingo de Guzmán e de Santa Catarina de Siena.
     No mosteiro, até 1632, exerceu os cargos de Sacristã; depois, até 1645, o de Mestra de Noviças; finalmente, o de Priora até 1647.
     Com fortaleza iniciou a reforma do mosteiro. Na época o mosteiro era habitado por cerca de 300 religiosas, nem todas desejosas de perfeição. Sua obra reformadora sofreu oposições, mas ela permaneceu sempre fiel à observância conventual, mantendo maturidade e equilíbrio. Exemplar na oração e na caridade, atendeu com abnegação e heroicidade as vítimas de uma peste que assolou Arequipa.
     Dentro e fora do mosteiro praticava as virtudes, mantinha a serenidade e a paciência nos sofrimentos, prodigalizando nos conselhos e no espírito apostólico, com grande misericórdia inclusive com relação às almas do Purgatório.
     Depois de dez anos de enfermidade, que a tornaram paralítica e cega, faleceu no dia 10 de janeiro de 1686, aos 84 anos de idade. Já em vida gozava de fama de santidade.
     Em 2 de fevereiro de 1985 foi beatificada em Arequipa por João Paulo II, durante sua viagem ao Peru.
Mosteiro de Sta. Catarina de Sena, Arequipa, Peru

 
Imagem da Beata


Procissão com a imagem da Beata 


Fonte: http://www.santiebeati.it/detaglio/90750  

Postado neste blog em 10 de janeiro de 2013

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Santa Elizabeth Ana Seton, Viúva, Fundadora - 4 de janeiro


Esposa, mãe, viúva, religiosa, fundadora, 1ª. Santa dos EUA
 
     Elizabeth Ann Bayley nasceu em 28 de agosto de 1774. No mês de setembro de 1773 acontecera a reunião do primeiro congresso continental da Filadélfia, a semente da nova nação que estava para florescer.
     O seu pai, Richard Bayley, era um cirurgião anglicano de grande reputação educado na Inglaterra; foi o primeiro professor de anatomia do Columbia College. A mãe de Elizabeth, Catarina Charlton, era filha de um ministro episcopaliano (*) da Igreja de Santo André, em Staten Island. Tiveram três filhos: Maria Madalena, Elizabeth Ana e Catarina Josefina, segundo a ordem de nascimento.
     Quando Elizabeth tinha dois anos de idade a declaração da independência dos EUA foi assinada e durante sua infância a Revolução Americana estourou. Quando a nova nação foi estabelecida, seu pai foi ardorosamente recebido com altos postos na comunidade nova-iorquina, a ponto de ter um de seus projetos, um Lazareto, aprovado pela política local. Dr. Bayley ficava mais no Lazareto do que com sua própria família. A guerra não lhe tinha custado grande perda financeira e nos dias de juventude, Elizabeth vivia num grande conforto.
     Os sofrimentos de Elizabeth começaram quando ela perdeu a sua mãe, cuja morte, em 8 de maio de 1777, ocorreu quando ela não tinha ainda três anos de idade. Com as filhas para cuidar e fazendo o papel de pai e de mãe por um ano, Dr. Bayley casou-se com Carlota Amélia Barclay, filha de André Barclay e Helena Roosevelt, cujo pai fora o fundador da dinastia Roosevelt nos EUA.
     Bela, vivaz, fluente em francês, uma excelente música e uma talentosa dama, Elizabeth cresceu e tornou-se uma presença popular em festas e bailes. 
      A sua educação foi conduzida por seu pai, um homem brilhante, de grande virtude natural, que a treinou nas boas maneiras e na intelectualidade. Elizabeth era muito religiosa e usava um pequeno crucifixo em seu pescoço e se deliciava com a leitura das Escrituras, especialmente os Salmos, o que ela fez até a sua morte. Ela também admirava o grande trabalho de Thomas a Kempis, A Imitação de Cristo.
     Em 25 de janeiro de 1794, quando Elizabeth tinha dezenove anos, casou-se com William Magee Seton, um rico comerciante nova-iorquino, na Igreja de São Paulo, uma das mais antigas igrejas anglicanas de Nova York, ainda existente. Em seguida, habitaram na elegante Wall Street. Sua cunhada, Rebeca Seton, era ‘a amiga de sua alma’, e como elas gostavam de fazer obras de caridade, ficaram conhecidas como “as irmãs protestantes de caridade”.
     Problemas de negócios culminaram com a morte de seu sogro em 1798. Deste momento em diante Elizabeth e seu esposo tornam-se o sustentáculo da órfã família Seton. Dr. Bayley falece em 1801, devido à febre amarela.
     Em 1803, William Seton foi acometido de uma tuberculose e o casal tentou fazer um tratamento com uma viagem à Itália. Por causa desta viagem, ele vendeu todos os pertences de luxo de sua casa, como vasos, quadros e objeto de prata, provavelmente herdados de seu pai. Somente sua filha primogênita, Ana Maria, os acompanhou nesta viagem à Livorno, onde os irmãos Filicci, amigos de negócios de William, residiam. As outras crianças do casal, William, Ricardo, Rebeca e Catarina, foram deixados aos cuidados de Rebeca Seton.
     O esforço de Elizabeth para obter a saúde de seu amado esposo foi descrito em seu diário de viagem. Entretanto, uma quarentena, seguida pela deterioração completa da saúde de William Seton, levou-o à morte em 27 de dezembro de 1803, na cidade de Pisa, aos 37 anos de idade.
     Aceitando um convite da família Filicci, decidiu passar um tempo na Itália. No convívio com esta família, e visitando as igrejas italianas, Elizabeth começou a ver a beleza da Fé Católica. Após a doença de sua filha e dela própria, Elizabeth embarcou para casa acompanhada do Sr. Antonio Filicci, aportando em Nova York no dia 3 de junho de 1804. A ‘amiga de sua alma’, Rebeca Seton, faleceu no mês de julho, logo após a sua chegada.
     Um tempo de grande perplexidade espiritual começou para Elizabeth. O Sr. Filicci lhe apresentava os esplendores da verdadeira religião. Logo ele conseguiu um encontro entre Elizabeth e o Bispo católico de Nova York, D. Cheverus. O Sr. Filicci escreve também para o Bispo Carroll. Elizabeth por seu lado rezava para conseguir alguma luz.
     Numa quarta-feira, 14 de março de 1805, ela foi recebida na Igreja Católica pelo Padre Matthew O’Brien, na Igreja de São Pedro, em Nova York. No dia 25 de março seguinte, ela recebeu a sua Primeira Comunhão com extraordinário fervor. Tinha agora um grande interesse por este Sacramento, que em seus tempos de anglicana lhe faltava.
     Ela bem compreendia a tempestade que sua conversão levantaria entre seus parentes e amigos protestantes, no momento em que ela mais precisava de seu socorro e apoio. Ela perdera o pouco da fortuna de seu esposo, e muitos de seus numerosos parentes poderiam ter proporcionado um sustento para seus filhos, se não tivesse surgido a barreira da sua conversão. Mesmo assim ela ficou firme em sua fé.
     Em janeiro de 1806, Cecília Seton, a mais jovem cunhada de Elizabeth, ficou gravemente enferma e pediu para ver a ‘condenada convertida’. Então Elizabeth foi vê-la e tornou-se uma visita constante. Cecília Seton revelou desejar tornar-se católica. Quando a decisão de Cecília foi conhecida, Elizabeth foi ameaçada de expulsão do Estado de Nova York. Após sua recuperação, Cecília fugiu para junto de Elizabeth, a fim de ser recebida na religião católica.
     Seus dois filhos foram enviados pelos Filicci ao Georgetown College. Elizabeth esperava encontrar algum refúgio em algum convento no Canadá, onde ela poderia lecionar para sustentar suas três filhas. O Bispo Carroll não aprova e ela tem que abandonar esse plano. O Padre Dubourg, do Seminário de Santa Maria, de Baltimore, Maryland, encontrou-a em Nova York e sugeriu abrir uma escola para moças naquela cidade.
     Depois de grande demora e privações, ela e suas filhas chegam à Baltimore na Festa de Corpus Christi de 1808. Seus filhos foram trazidos para Baltimore para estudar no St. Mary’s College; ela abre uma escola próxima à capela do Seminário de Santa Maria.
     Numa Quarta-feira de Cinzas, quando entrava na modesta igreja católica de São Pedro, de Baltimore, exclamou: “Ó meu Deus, deixa-me descansar aqui!” Ela podia então assistir às Missas e comungar diariamente.
     A sua vida de ascese, vivida desde sua estadia na Itália, era pelo menos praticável agora: era praticamente a de uma religiosa e sua veste fora inspirada nas roupas utilizadas por certas freiras italianas.
     Cecília Conway, da Filadélfia, que tinha programado ir à Europa para satisfazer sua vocação religiosa, se junta a ela. Mais tarde outras postulantes chegariam. Entrementes, a pequena escola tem todos os alunos que pode acomodar.
     O Sr. Cooper, um convertido e seminarista do Estado da Virgínia, ofereceu US$ 10.000 para Elizabeth fundar uma instituição para ensinar crianças pobres.
     Como uma primeira medida para a formação da futura comunidade religiosa, Elizabeth fez voto de pobreza, de castidade e de obediência privadamente, com o Arcebispo Carroll.
     Uma fazenda foi comprada em Emmitsburg, a duas milhas de distância do Sr. Mary’s College. Enquanto isto, Cecília Seton e sua irmã Harriet juntam-se a Elizabeth, em Baltimore. Em junho de 1808 a comunidade religiosa se transferiu para Emmitsburg para dar início a uma nova instituição.
     O grande fervor e a mortificação de Madre Seton, imitado por suas irmãs, fez com que os inúmeros sofrimentos da nova comunidade se tornassem luminosos.
     Em dezembro de 1809, Harriet Seton, que fora recebida na Igreja, falece em Emmitsburg; e Cecília Seton morre no ano seguinte, no mês de abril.
     Em 1810 a comunidade solicita ao Bispo Flaget que obtenha a Regra das Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo. Três destas irmãs francesas foram indicadas para ensinar a jovem comunidade a trilhar nas vias e no espírito de São Vicente de Paulo, mas Napoleão proibiu-as de deixar a França.
     Com algumas modificações a Regra foi aprovada pelo Arcebispo Carroll em janeiro de 1812 e finalmente adotada. Contra sua vontade e tendo que cuidar de seus filhos, Elizabeth foi eleita superiora.
     Muitas se juntaram à comunidade. A filha de Madre Seton, Ana Maria, morre durante o noviciado (12 de março de 1812), mas foi-lhe permitido fazer os votos em seu leito de morte.
     Madre Seton e dezoito irmãs fazem os votos em 19 de julho de 1813. Os padres confessores da comunidade, padres Dubourg, David e Dubois, pertenciam à Congregação Francesa de São Sulpício. O Padre Dubois esteve no posto por quinze anos e trabalhou no setor de imprensa da comunidade, no espírito das Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, cujas 40 comunidades estavam sob seus cuidados na França.
     O fervor da comunidade ganhou a admiração de todos. A escola para jovens prosperou e dava sustento para as irmãs se dedicarem aos pobres.
     Em 1814 foram convidadas para cuidar de um asilo-orfanato na Filadélfia; em 1817 foram enviadas para Nova York.
     Elizabeth Seton tinha grande facilidade para escrever. Por outro lado, fez a tradução de muitos trabalhos ascéticos franceses para a sua comunidade, incluindo a vida de São Vicente de Paulo e de Mlle. Le Gras. Ela deixou um diário e correspondência que mostravam uma alma toda em chamas pelo amor de Deus e zelo pelas almas. Grandes sofrimentos purificaram sua alma durante grande parte de sua vida religiosa, mas ela trilhava alegremente a estrada real da Cruz. Por muitos anos foi seu diretor espiritual o Padre Bruti.
     Na terceira eleição para superiora (1819), ela protestou dizendo que fora eleita perto de sua morte, mas ela viveu por mais dois anos sofrendo de tuberculose, doença que tinha infectado a maioria dos membros de sua família. Sua perfeita sinceridade e grande encanto ajudaram maravilhosamente no trabalho de santificação das almas.
     Na noite de sua morte, Elizabeth, ela mesma, começou as orações para a sua morte e uma das irmãs, sabendo que ela amava a língua francesa, rezou o Glória e o Magnificat em francês com ela. Elizabeth entregou sua preciosa alma a Deus aos 46 anos de idade, nas primeiras horas do dia 4 de janeiro de 1821. Suas últimas palavras foram “sejam filhas da Igreja” último conselho dado às suas seguidoras.
     Em 1880 o Cardeal Gibbons deu início ao processo de sua canonização. Elizabeth Ana Seton foi beatificada em 1963 e elevada aos altares na Basílica de São Pedro em 14 de setembro de 1975.
     Treze volumes de suas cartas podem ser lidos na sede da Congregação em Emmitsburg, Estado de Maryland, onde o túmulo de Madre Seton, anexo à Basílica, pode ser visitado.
     Em 1850 a comunidade de Emmitsburg foi incorporada à Congregação francesa e observa a Regra dada por São Vicente de Paulo. Elas se encontram em 30 dioceses dos EUA.
                   
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(*) Episcopal = ramo dos anglicanos, sobretudo nos Estados Unidos da América; Episcopaliano = membro da religião episcopal.
Fonte: B. Randolph (1913 Catholic Encyclopedia)
Postado neste blog em 3 de janeiro de 2012

domingo, 2 de janeiro de 2022

7 fatos que você talvez não conheça sobre a Festa da Epifania do Senhor

     
     A Epifania do Senhor, faz referência à seguinte passagem da visita dos Magos do Oriente ao Menino Jesus:
     “Entrando na casa, acharam o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; E abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra” (Mt 2,11).
     Confira a seguir sete coisas que talvez você não sabia acerca dos Reis Magos e da Epifania.
1. A Igreja celebra três Epifanias
     A festa dos Reis Magos ou Dia dos Santos Reis é conhecida como Epifania, palavra que em grego significa manifestação, no sentido de que Deus se revela e se manifesta.
     Entretanto, a Igreja celebra como Epifanias três manifestações da vida de Jesus:
  • A Epifania diante dos Magos do Oriente (manifestação aos pagãos);
  • Epifania do Batismo do Senhor (manifestação aos judeus);
  • A Epifania das bodas de Caná (manifestação aos seus discípulos).
2. É a segunda festa mais antiga
     A Festa da Epifania é uma das mais antigas dos cristãos, provavelmente a segunda depois da Festa da Páscoa. Teve início no Oriente e logo passou a ser comemorada no Ocidente, por volta do século IV. Dizem que no princípio os cristãos comemoravam as três epifanias em uma mesma data.
     Inclusive, em algumas igrejas orientais, nesta festa comemoram o nascimento de Cristo, mas foi somente até o século IV, quando ganhou força a festividade romana do Natal.
     Na Idade Média, a Epifania pouco a pouco passou a ser mais conhecida como a festa dos Reis Magos. Atualmente, a Igreja Católica celebra as três epifanias em diferentes datas do calendário litúrgico.
3. Um santo definiu a data
     No século IV, São Eusébio de Cesárea e São Jerônimo, assim como São Epifânio no século VI, disseram que os reis encontraram o Menino antes de completar dois anos de idade, mas não diziam quando este evento havia ocorrido.
     Entretanto, Santo Agostinho, em seus sermões sobre a Epifania afirmou que chegaram 13 dias depois do nascimento do Senhor, ou seja, no dia 6 de janeiro do calendário atual.
4. Reis por tradição
     São Mateus, o único evangelista que fala sobre os Reis Magos na Bíblia, explica que eram do Oriente, uma região que, para os judeus, eram os territórios da Arábia, Pérsia ou Caldeia.
     Por outro lado, os orientais chamavam os doutores de “magos”. “Mago” na língua persa significava “sacerdote” e justamente os magos (“magoi” em grego) eram um grupo de sacerdotes persas ou babilônios. Eles não conheciam a revelação divina como os judeus, mas estudavam as estrelas a fim de procurar Deus.
     A Tradição chamou de “reis” aos magos de acordo com o Salmo 72, 10-11 que diz: “Os reis de Társis e das ilhas trarão presentes; os reis da Arábia e Etiópia oferecerão dons. E todos os reis se prostrarão perante ele; todas as nações o servirão”.
5. Poderiam ser mais de três
     São Leão Magno e São Máximo do Turim, séculos IV e V respectivamente, falam de três magos provavelmente não por se apoiar em alguma tradição, mas sim talvez pelos três presentes que descreve o evangelista.
     Nos primeiros séculos há representações pictóricas nas quais aparecem dois, quatro, seis e até oito magos.
Representação do século II
 Entretanto, o afresco mais antigo da adoração dos magos data do século II e se encontra em um arco da capela grega das catacumbas romanas de Priscila e ali aparecem três.
6. A origem de seus nomes, fisionomias e presentes
     Os nomes dos magos não aparecem nas Sagradas Escrituras, mas a tradição lhes deu certos nomes. Em um manuscrito do final do século VII, aparece que se chamavam Bitisarea, Melchor e Natasa;
     Mas, no século IX, começou-se a propagar que eram Gaspar, Melchior e Baltazar.
     Melchior é caracterizado geralmente como um idoso branco com barba em representação da região europeia e oferece ao Menino o ouro pela realeza de Cristo.
     Gaspar representa a área asiática e leva o incenso pela divindade de Jesus.
     Enquanto Baltazar é negro pelos provenientes da África e presenteia o Salvador com mirra, substância que se utilizava para embalsamar cadáveres e simboliza a humanidade do Senhor.
Mosaico do século VI
     
Na época em que se começou a representá-los com estas características não se tinha conhecimento da América, nem da Oceania.
     Além disso, os três fazem referência às idades do ser humano: juventude (Gaspar), maturidade (Baltazar) e velhice (Melchior).
7. A estrela teria sido uma conjunção de planetas
     Sobre a estrela de Belém que os Reis Magos viram, foram construídas várias hipóteses.
     Inicialmente, dizia-se que foi um cometa, mas estudos de astronomia revelam que, ao que tudo indica, deveu-se à conjunção dos planetas Saturno e Júpiter na constelação de Peixes.
     Neste sentido, os Reis Magos possivelmente decidem viajar em busca do Messias porque, na antiga astrologia, Júpiter era considerado como a estrela do Príncipe do mundo; a constelação de Peixes, como o sinal do final dos tempos; e o planeta Saturno no Oriente, como a estrela da Palestina.
     Ou seja, presume-se que os “sábios do Oriente” entenderam que o Senhor do final dos tempos apareceria naquele ano na Palestina.
     É provável que os Reis Magos soubessem algumas profecias messiânicas dos judeus e, por isso, chegaram a Jerusalém, ao palácio de Herodes, perguntando pelo rei dos judeus.
 
Fonte: acidigital.com (com adaptações)