quinta-feira, 30 de junho de 2022

Santa Adele de Orp-le-Grand, Abadessa – 30 de junho

          
Santa Adele de Orp-le-Grand é uma religiosa do século VII.
     Filha de um merovíngio notável , ela recebeu o véu no Mosteiro de Nivelles, recentemente fundado por Santa Ida, viúva de Pepino, o Velho, e sua filha, Santa Gertrudes de Nivelles.
     Por volta de 640, Santa Adele fundou o priorado de Orp-le-Grand, na Bélgica. Durante o reinado de Childerico II , ela recebeu cada vez mais freiras, por isso mandou construir no vale um oratório dedicado a São Martinho e para lá transferiu sua comunidade.
     Uma tradição local diz que Adele, tendo ficado cega milagrosamente recuperou a visão. Quando ela morreu, por volta de 670, foi enterrada na cripta da Igreja de São Martinho. Suas relíquias foram colocadas em um relicário ainda preservado em Orp-le-Grand e uma procissão anual é organizada em sua homenagem no primeiro domingo de outubro, com a presença de muitos fiéis.
     Popularmente invocada para a cura de doenças da vista, ela é representada tradicionalmente com o hábito religioso.
     Existe uma imagem sua em terracota na Igreja de São Omer d’Houchin em Pas de Calais.
     Santa Adele é comemorada localmente em 30 de junho. Lugares de culto são dedicados a ele em Saint-Géry, Fromiée, Brye (Capela de Santa Adele) e Hemptinne.

Praça em Orp-le-Grand
Igreja dos Santos Martinho e Adele em Orp-le-Grand
    
Fonte: http://www.santiebeati.it/dettaglio/99500

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Santa Vicência Gerosa, Virgem e Cofundadora - 28 de junho

     
Santa Vicência nasceu em 29 de outubro de 1784 em Lovere, Itália, e foi batizada com o nome de Catarina; começou a estudar nas Beneditinas de Gandino, em Val Seriana, mas a saúde frágil a impediu de continuar e teve que voltar para Lovere. Este foi, em sua vida, o primeiro de muitos projetos que as circunstâncias revolviam continuamente.
     Reservada e tímida, durante um período viveu contente atrás do balcão do pequeno comércio da família. Ela jamais havia pensado em tornar-se uma ‘fundadora’. O seu horizonte era Lovere, cidade do norte da Itália sujeita à República de Veneza. A empresa comercial que a família geria garantia aos Gerosa uma vida abastada. Mas, sob o ciclone napoleônico os negócios entram em crise, enquanto Lovere passava do domínio veneziano ao francês na República Cisalpina.
     A crise econômica levou à morte seu pai, depois sua irmã Francisca e por último, em 1814, também sua mãe. Apesar da tragédia pessoal, com ânimo e fé inabalável ela aceitou tudo com resignação. Confiante em Deus sofreu no silêncio do seu coração, encontrando forças na oração e na penitência.
     Quando Napoleão caiu, Lovere passou para o domínio do Império dos Habsburg. Naquele período, Catarina se dedicou ao ensino gratuito para jovens pobres, atividade de assistência e de formação religiosa encorajada por dois párocos sucessivos. Este empenho local lhe bastava, porque se revelava muito rico de estímulos e de desafios.
     Eis que surge outro projeto que mudou o curso de sua existência. Em 1824, iniciou uma amizade com Bartolomea Capitanio, jovem professora de 17 anos, nascida também em Lovere. Desde menina Bartolomea pensava em dedicar-se à caridade junto aos pobres e aos doentes. Por isso se diplomou professora no colégio das Clarissas de sua cidade natal.
     O encontro levou Catarina para uma nova aventura: criar um hospital, o que as duas conseguiriam alguns anos depois. Com os bens herdados da família Gerosa, Catarina teria possibilidade de fazê-lo, mas era necessário terem pessoal preparado para a assistência hospitalar.
     Bartolomea tem um projeto bem claro: fundar um instituto religioso com os objetivos de dar assistência aos doentes, dar instrução gratuita às jovens, criar um orfanato, dar assistência à juventude. Ela convence a amiga, de maneira que no outono de 1827 o instituto nasceu e foi chamado de Instituto das Irmãs de Maria Menina, com sede em Lovere, e com as regras escritas por Bartolomea. Para evitar objeções de caráter político, o instituto foi fundado autônomo. E assim independente ele permaneceu, cresceu e se difundiu nos anos subsequentes.
     Último e tremendo impacto: Bartolomea Capitanio morre no dia 26 de julho de 1833, com apenas 26 anos. Catarina Gerosa fica sozinha, tem pouca instrução, se sente quase velha, desejaria deixar tudo, mas, permanece, não desiste.
     Decidida, Catarina acolheu as primeiras jovens e por sete anos a pequena comunidade seguiu a regra das Irmãs de Santa Maria Antida Thouret, até que em 1840 chegava o reconhecimento pontifício, e as Irmãs de Maria Menina tomam vida canonicamente com as regras escritas por Bartolomea Capitanio e com a direção de Catarina Gerosa, que emite os votos assumindo o nome de Irmã Vicência.
     Já em 1842, embora fossem ainda poucas, são chamadas a Milão. O Arcebispo Cardeal Gaysruk (da alta aristocracia austríaca) desejava fazer delas uma instituição diocesana. Mas Irmã Vicência resiste: elas nasceram em Lovere e Lovere deve ser a sua casa, com as suas regras.
     Quando Santa Vicência morreu, depois de uma longa doença, em 28 de junho de 1847, as Irmãs eram somente 171; no início do terceiro milênio são cerca de 5.200 religiosas.
     Santa Vicência foi sepultada ao lado da cofundadora no santuário da Casa-mãe em Lovere. Atualmente o Instituto das Irmãs da Caridade das Santas Bartolomea Capitanio e Vicência Gerosa, ou Irmãs de Maria Menina, atua em toda a Europa, África, Ásia e nas Américas.
     Santa Vicência Gerosa é celebrada no dia de sua morte e foi canonizada por Pio XII no Ano Santo de 1950, junto com Santa Bartolomea Capitanio. A Congregação das Irmãs de Maria Menina e as dioceses de Brescia, Bergamo e Milão a recordam em 18 de maio.
 

Etimologia: Vicência – do latim, vitoriosa
 
Fonte: www.santiebeati.it/
 
Postado neste blog em 27 de junho de 2017
 
http://www.santiebeati.it/dettaglio/32700
 

sábado, 25 de junho de 2022

Beata Maria Lhuillier, Virgem e mártir - 25 de junho


Martirológio Romano:
 Em Laval, França, Beata Maria Lhuillier, virgem e mártir, que, recebida na Congregação das Irmãs Hospitalárias da Misericórdia, durante a Revolução Francesa foi decapitada por manter-se fiel aos votos religiosos da Igreja (1794).
 
     Maria Lhuillier nasceu em Arquenay, França, em 18 de novembro de 1744. Cresceu analfabeta e logo ficou órfã. Depois de servir uma senhora do lugar, foi trabalhar no convento de São Juliano das Canonisas Regulares Hospitalárias da Misericórdia de Jesus. Foi enviada ao hospital de Château Gontier e em 1778, depois de muitos sofrimentos e humilhações, ela foi admitida na profissão religiosa deste Instituto como Irmã conversa, tomando o nome de Maria de Santa Mônica.
     Quando a Revolução Francesa eclodiu, em fevereiro de 1794, as religiosas foram obrigadas a abandonar o hospital e a refugiar-se em Laval, no ex-convento das Ursulinas.
     Acusada de distribuir parte da roupa limpa do hospital a pessoas necessitadas, Maria Lhuillier foi presa e conduzida diante de uma comissão. O juiz declarou que ignoraria aquela infração se a religiosa prestasse o juramento de "Liberdade e Igualdade", porém ela não quis fazê-lo. O juiz a ameaçou com a guilhotina, e a quantos seguissem seu exemplo, porém ela permaneceu corajosa e disse: "Tanto melhor para mim e para minhas Irmãs. Assim teremos a alegria de morrer por nossa fé, e mais rápido poderemos ver a Deus”. O juiz insinuou: "Veja que queremos salvar-te e te oferecemos o melhor". Ela, porém, respondeu: "Todos os meios que me ofereces são somente para enganar-me, mas graças a Deus, não o consegues. Eu não quero perder-me por toda a eternidade".
     Ao ouvir a sentença de morte, nossa beata se ajoelhou e exclamou: "Deus meu, quantas graças me fazeis contando-me no número de vossos mártires, embora eu seja uma grande pecadora".
     Depois, estando sozinha, cortou os cabelos, então um ajudante do verdugo a agarrou e com um golpe de sabre cortou suas roupas. A mártir empalideceu pelo ultraje e desmaiou. Quando se recompôs comentou: "A morte não me dá medo, porém podias poupar-me desta dor". Novamente foi convidada a prestar juramento, porém ela suspirou: "Ó Deus! Preferir uma vida passageira e caduca a uma vida gloriosa e imortal? Não, não, prefiro a morte".
     Antes de subir ao cadafalso exclamou: "Deus meu, eu devo morrer de uma morte assim doce, enquanto tu sofreste tanto por mim...". Morreu em Laval.
     Em 15 de junho de 1955 o Papa Pio XII beatificou 19 mártires franceses de Laval.
 

Fonte: http://www.santiebeati.it/dettaglio/93295
Postado neste blog em 25 de junho de 2015
 

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Beata Maria Rafaela (Santina) Cimatti, Virgem – 23 de junho

Esta religiosa desenvolveu com inteligência e serenidade um serviço constante e heroico em favor dos aflitos e dos doentes. “Quando não estava atenta no cuidado dos enfermos, rezava diante do Santíssimo Sacramento e suas mãos, quando não estavam a serviço do próximo, desfiavam as contas do Rosário”.


    Santina Cimatti nasceu em Faenza, no dia 6 de junho de 1861. Seu pai era agricultor e a mãe tecelã. Foi dotada pela natureza de um rosto sorridente, sereno e de belas feições, iluminado por olhos profundos.
     Como a família logo precisou do seu trabalho, pode dedicar pouco tempo aos estudos. Para ajudar na economia familiar, ajudava a mãe como tecelã, ou se ocupava nos trabalhos da casa.
     Após a morte do pai em 1882, Santina assumiu a educação dos irmãos e também era catequista na sua paróquia. Tornou-se indispensável que Santina permanecesse junto à mãe até que esta encontrasse um trabalho digno na casa de um sacerdote.
     Quando seus dois irmãos, Luís e Vicente, entraram na Congregação Salesiana, recém fundada por Dom Bosco (eles também morreram em odor de santidade), Santina sentiu-se livre para realizar suas aspirações religiosas.
     Em novembro de 1889, ingressou no Instituto das Irmãs Hospitalárias da Misericórdia, na casa mãe de São João de Latrão, em Roma. Tomou o nome de Maria Rafaela, e em 1883 foi enviada ao Hospital de São Bento em Alatri, onde iniciou sua formação de enfermeira. Em 1905, emitiu seus votos finais.
     Em 1921, foi enviada ao Hospital Humberto I de Frosinone, onde assumiu o cargo de priora da comunidade. Retornou a Alatri e, de 1928 a 1940, sempre como priora.
     O principal campo de apostolado de Irmã Rafaela foi a farmácia. Entretanto, quando era necessário, ela estava à disposição dos doentes e da comunidade para realizar qualquer trabalho. Os trabalhos entre pílulas, xaropes e o moer no almofariz, tudo era para Irmã Rafaela um dom de Deus. No empenho simples, mas contínuo do dia a dia, ela alcançava uma dedicação exemplar de verdadeiro amor ao próximo.
     Quando a doença bateu à sua porta, recorreu ainda mais à oração como meio de superação.
     Em 1944, durante uma das etapas mais duras da II Guerra Mundial, muitos foram os feridos que chegaram ao hospital e que precisavam de atenção. Embora a Beata já estivesse com 83 anos de idade, não deixou de cuidar e de consolar os feridos, que a chamavam de “mamãe”.
     Apresentou pessoalmente, com êxito, um protesto ao General Kesserling, do Quartel General Alemão em Alatri, ao ouvir rumores de que, para defender as forças aliadas, iam bombardear a cidade. O general mudou seus planos e Alatri se salvou. “Milagre!”, gritavam em coro, “um anjo salvou a cidade”.
     Uma sua paciente conta: "Eu era jovem, mas sofria de vários distúrbios. Depois de algum tempo, fui levada de novo ao hospital para uma operação de apendicite. Estava preocupada e sentia falta de minha mãe distante... Chorava como nunca por causa dessa situação. A serva de Deus percebeu a minha profunda prostração moral e me pergunta: ‘Por que choras?’. E eu: ‘Estou mal e não tenho a mamãe...’. De um modo profundamente compreensivo me respondeu: ‘E eu não sou a mamãe? Por que estou aqui? Toda irmã hospitalária deve ser a mãe de quem sofre!’...”
     Para as coirmãs ela sabia ser a superiora atenta e gentil. Não pretendia ser servida, mas que cada uma servisse a comunidade. Uma sua coirmã recorda: "Não se dava ares por causa do ofício de superiora que exercia, mas se considerava a serva das irmãs, ajudando-as nos trabalhos. Gostava também de remendar e confeccionas as meias das coirmãs".
     Em 1943, uma doença começou a se manifestar e se revelou incurável. Faleceu em 23 de junho de 1945, deixando na memória a santidade de sua vida e suas virtudes heroicas.
     A causa para sua canonização foi introduzida em 1962. Em 1988-89 o processo atribuiu a sua intercessão a recuperação milagrosa de Loreto Arduini, de uma "encefalite viral, convulsões e fracasso respiratório". Isto levou à promulgação do decreto para sua beatificação pela Congregação para as Causas de Santos, em 1993. Foi beatificada em 12 de maio de 1996.

Relicário da Beata

Postado neste blog em 22 de junho de 2011

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Beata Margarida Ball, Mãe de família, mártir – 20 de junho


Durante a perseguição de Elizabeth I da Inglaterra, hospedava sacerdotes e religiosos em sua casa. Denunciada por seu próprio filho, foi presa em Dublin e morreu vítima de torturas atrozes
 
     Ser a mãe do prefeito de Dublin para ela não foi fonte de orgulho ou de prestígio, mas foi causa de enormes sofrimentos que a levaram a morte, ou certamente a apressaram. A vida e o martírio da irlandesa Beata Margarida Ball devem ser enquadrados no clima de perseguição religiosa que se seguiu ao cisma anglicano iniciado na Inglaterra por Henrique VIII.
    Os laços estreitos que ligam a causa sociopolítico britânica com a Irlanda resultaram que em 1536, ou seja, cinco anos após o “ato de supremacia” famoso, que proclamou que o rei era chefe supremo da Igreja da Inglaterra, e depois de apenas dois de sua excomunhão e do interdito lançado contra a Inglaterra pelo Papa Clemente VII, o parlamento de Dublin também reconhecesse Henrique VIII como chefe da igreja irlandesa, determinando desta forma a separação da Igreja de Roma.
     Margarida tinha 21 anos nesse período, tendo nascido em 1515, na bem-sucedida família Birmingham. Aos 16 anos, casou-se com Bartolomeu Ball e deu à luz a mais de 10 filhos, dos quais apenas alguns atingiram a idade adulta. Eles formavam um casal muito unido, profundamente religioso, com uma sólida posição econômica, e o marido gozava de prestígio indiscutível que o levou a ser Prefeito de Dublin.
     Embora eles não estivessem alheios à situação político-religiosa dominante, eles se comportavam como verdadeiros católicos, continuando a reconhecer o primado do Papa. Em seu palácio vivia um capelão, que celebrava a Missa normalmente, sua casa estava aberta a encontros de catequese e oração. Valendo-se da reputação de seu marido, Margarida chegou a abrir em sua propriedade uma escola católica.
     Bartolomeu morreu em 1568 e Margarida, além da tristeza pela perda de um ente querido, também ficava privada da proteção e do apoio com que ele garantia que ela professasse e defendesse a Igreja Católica. Apesar de tudo, ela continuou em seu compromisso, dando hospitalidade em sua casa aos sacerdotes e religiosos, mesmo quando se tornava extremamente arriscado.
     Em 1570, Elizabeth I, que desde que ascendera ao trono permitira que uma feroz perseguição se acendesse na Inglaterra, especialmente contra os padres católicos, e que se espalhara rapidamente na Irlanda, foi excomungada. No final dos anos setenta Margarida foi presa sob a acusação de ter permitido a realização de uma missa em sua casa, mas logo foi libertada sob fiança.
     Enquanto isso, o seu filho mais velho, Walter, alimentando o desejo de se tornar prefeito de Dublin, se adaptou às exigências para o cargo que era negar sua fé e reconhecer a supremacia religiosa da rainha da Inglaterra. Ele foi nomeado Comissário para Causas Eclesiásticas em 1577.
     Margarida cumpriu inteiramente o seu dever de mãe, tentando fazer seu filho entender que nenhum cargo político, de prestígio, pode ser negociado com a fé. O filho não se convenceu, mas, o que é pior, viu nela a maior inimiga e o maior obstáculo para alcançar os seus anelos políticos.
     Imediatamente após sua posse como Prefeito de Dublin em 1580, Walter teve sua mãe e seu capelão pessoal presos e levados para as masmorras do Castelo de Dublin. Devido à sua idade avançada e artrite grave, ela teve que ser transportada para lá em um palete de madeira.
     Margarida, na idade de quase 70 anos, foi levada em uma carroça pelas ruas de Dublin, exposta ao escárnio e zombaria de toda a cidade. Uma cela suja, gotejando umidade, sem ar, a esperava, o que inevitavelmente prejudicou a sua saúde.
     Quando a família protestou, Walter declarou que sua mãe deveria ter sido executada, mas ele a poupou. Ela teria permissão para ser libertada se "tomasse o juramento", que provavelmente se referia ao Juramento de Supremacia. Seu segundo filho, Nicolas, que a apoiou, foi eleito prefeito de Dublin em 1582. No entanto, Walter ainda era Comissário para Causas Eclesiásticas, que era uma nomeação real. Ele superou Nicolas e o impediu de garantir a libertação de sua mãe da prisão. Nicolas a visitava diariamente, levando comida, roupas e velas.
     Precisamente por causa de sua saúde precária, uns anos depois lhe ofereceram a liberdade em troca de uma negação pública da sua fé. Receberam a resposta negativa desta mulher forte e corajosa, que escolheu terminar seus dias na prisão, mártir da Eucaristia e do Primado Pontifício.
     Margarida Ball morreu em 1584 aos sessenta e nove anos, o que era uma idade avançada na época. Ela vivera por três anos na masmorra fria e úmida do Castelo de Dublin, sem luz natural. Ela foi enterrada no cemitério da Igreja de St. Audoen, em Dublin. Embora ela pudesse ter alterado seu testamento, ela ainda deixou sua propriedade para Walter após sua morte.
     Juntamente com dezesseis outros fiéis (incluindo quatro bispos, seis padres, um irmão religioso e cinco leigos), ela, a única mãe de família do grupo, foi beatificada por João Paulo II em 27 de setembro de 1992.
Veneração
      A Beata Margarida Ball permaneceu na masmorra quando ela poderia ter retornado a uma vida de conforto a qualquer momento, simplesmente "fazendo o juramento". Duas gerações depois, esse padrão se repetiu quando o Beato Francis Taylor, que foi prefeito de Dublin (1595-1596) e casado com Gennet Shelton, uma neta de Ball, foi condenado às masmorras depois de expor fraudes nas eleições parlamentares para a Câmara Irlandesa dos Comuns. Ele também se recusou a "fazer o juramento" e morreu no Castelo de Dublin em 1621.
      Ball e Taylor não se conheceram, mas foram beatificados juntos, incluindo Dermot O'Hurley e outros 14 mártires católicos, em 27 de setembro de 1992.
Legado
     
A Capela da Beata Margaret Ball em Santry é dedicada a ela.
    A Beata Margarida Ball, juntamente com São Columbano e Santa Maria MacKillop RSJ, foi nomeada santa padroeira do 50º Congresso Eucarístico Internacional realizado na Irlanda em junho de 2012.
     Escultura dos "Mártires de Dublin", o prefeito Francis Taylor e sua avó prefeita Margarida Ball. Fica do lado de fora da Catedral de Santa Maria em Dublin. Inaugurado em 2001, retrata "Margarida Ball, que deu refúgio a um padre em sua casa, foi presa durante a celebração da missa e morreu na prisão em 1584 aos 69 anos. Francis Taylor, também um ex-prefeito de Dublin, tinha 71 anos quando faleceu na prisão em 1621, tendo sido preso por sete anos sem acusação ou julgamento".
 
Fontes: www.santiebeati.it; https://en.wikipedia.org/wiki/Margaret_Ball

Beata Margarida Ebner, Mística Dominicana - 20 de junho

     Margarida pertencia à família Ebner, da aristocracia alemã, muito rica e respeitada. Nasceu em Donauwörth, em 1291. Quando fez quinze anos de idade vestiu o hábito dominicano no Mosteiro de Maria Santíssima em Medingen, na diocese de Augusta.
     De 1314 até 1326, sofreu diversas e graves enfermidades, permanecendo a maior parte do tempo confinada em seu leito. Era consolada por Deus e chamada a cumprir em tudo a sua divina vontade. Devido às enfermidades não podia realizar as grandes penitências exteriores. Margarida então se mortificava no alimento, no porte, no sono, dedicando-se a uma vida de orações inspirada nos ciclos do ano litúrgico e caracterizada pela meditação dos mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Destacou-se pelo silêncio e pela paciência com que suportou suas constantes enfermidades.
     A política influenciou muito a vida da Beata Margarida. Foi uma contemplativa comprometida com a trama da História. Durante oito anos a Alemanha esteve em guerra de disputa da coroa. Para as monjas de Medingen, e especialmente para Margarida, a pátria e o imperador tinham muito espaço em suas orações. Rogavam com fervor pela volta da paz.
     Durante o período do Grande Cisma na Igreja Católica, quando havia três diferentes aspirantes ao trono papal, as monjas do Mosteiro de Medingen ficaram leais ao Papa de Roma. Como resultado, a comunidade foi forçada a se dispersar durante a campanha militar do imperador Luís IV contra as forças papais.
     Em 1324, as monjas saíram do mosteiro devido aquele conflito. Margarida passou dois anos com sua família acompanhada de uma conversa, dentro da segurança dos muros da cidade de Donauwörth, antes de poder voltar para o Mosteiro de Maria Medingen. Quando tudo retornou ao normal ela voltou para a clausura daquele mosteiro.
     Margarida era devotíssima da Eucaristia, do Santo Nome e do Coração de Jesus. E ao constatar que os homens morriam aos milhares por causa da guerra, se dedicou particularmente a realizar sufrágios pelos defuntos.
     Em 28 de outubro de 1332, Henrique de Nördlingen visitou o Mosteiro de Maria Medingen. Ali conheceu Margarida e assumiu sua direção espiritual.
     Margarida Ebner foi, sem dúvida, a figura central do movimento espiritual alemão dos "amigos de Deus", e uma das grandes místicas da região do Reno no século XIV, nos mais de setenta mosteiros alemães da Ordem Dominicana. O seu diário espiritual, escrito de 1312 até 1348, que chegou até os nossos dias, revela a vida humilde, devotada, caritativa e confiante em Deus de uma religiosa provada por muitas penas e doenças. Ela viveu e morreu no amor de Deus, fiel na certeza de encontrar-se em plena comunhão com seu Filho Jesus, como sempre dizia: "Eu não posso separar-me de ti em coisa alguma".
     A santa humanidade de Jesus foi o divino objeto da sua constante e amorosa contemplação e nela reviveu os vários mistérios no exercício da virtude, no holocausto ininterrupto dela mesma, no sofrimento interno e externo, todo aceito e ofertado com Jesus, para Jesus e em Jesus.
     Na noite de Pentecostes de 1348, quando entrava no coro para o Ofício solene de Matinas, a Beata teve a impressão de receber uma graça que declarava incapaz de descrever, similar a recebida pelos Apóstolos quando sobre eles pousou o Espírito Santo. O Senhor prometeu assisti-la em seu trânsito com a Virgem Maria e o Apóstolo São João, e fez uma revelação particular a respeito de sua morte.
     Margarida Ebner morreu aos 60 anos no dia 20 de junho de 1351, no Mosteiro de Medingen, onde foi sepultada. Suas últimas palavras foram: “Demos graças a Deus. Virgem Maria, Mãe de Deus, tem misericórdia de mim”. Seu corpo se venera na igreja de seu convento, que hoje é habitado pelas franciscanas de Medingen. Seu culto imemorial foi confirmado e ratificado por João Paulo II em 24 de fevereiro de 1979.
     Entre os grandes místicos dominicanos do século XIV, brilha a suave figura desta religiosa de clausura que conquistou o apelido de "Imitadora Fiel da Humanidade de Jesus". 
Mosteiro de Maria Medingen
 
Fontes: Thos. M. Schwertner (Catholic Encylopedia)
https://nobility.org/2022/06/margaretha-ebner/?utm_source=feedburner&utm_medium=email
 
Postado neste blog em 19 de junho de 2012

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Santa Germana Cousin, Padroeira das crianças vítimas de maus tratos - 15 de junho

A descoberta
     Numa fria manhã de dezembro de 1644, Guilherme Cassé, coveiro e sineiro da igreja de Pibrac, pequena cidade francesa, e seu ajudante, Gaillard Baron, iniciaram os trabalhos de escavação de um túmulo para enterrar uma defunta. 
     Eles golpeavam o solo diante do altar, quando estarrecidos descobrem o corpo de uma jovem de uns vinte anos, conservado em sua mortalha um tanto escurecida. O corpo parecia ter sido colocado no túmulo há poucos dias. A jovem apresentava cicatrizes no pescoço e sua mão direita era deformada. Quem seria aquela jovem? Após se acalmarem, levaram o caso ao conhecimento do Pároco e de seu assistente, que não souberam identificar o cadáver.
     A notícia rapidamente se espalhou pela pequena Pibrac. Dois anciãos, Pedro Pailhès e Joana Salères, reconheceram-na como sendo Germana Cousin, falecida em 1601.
     O corpo foi instalado num caixão perto do púlpito da igreja paroquial, e o povo, que a tinha em conta de santa, logo afluiu para contemplá-la. Outros ridicularizam os ingênuos que ali vão e exigem que o caixão seja transferido para outro lugar. Entre estes estava Maria de Clément Gras, esposa do nobre Francisco de Beauregard.
     Pouco tempo depois, esta senhora foi surpreendida por um câncer no seio, e a criança que ela amamentava ficou doente e esteve às portas da morte. O esposo então se lembrou do desprezo que ela demonstrara pela pobre Germana, e comentou com ela se Deus não ficara ofendido e quisera puni-la. Maria de Clément Gras foi então para junto do corpo de Germana e pediu perdão por sua atitude, suplicando também a sua cura e a de seu filho, prometendo oferecer à igreja um caixão de chumbo para colocar seu corpo.
     Na noite seguinte, ela foi despertada por uma grande claridade em seu quarto: Germana lhe aparece e prediz a cura de seu filho! Após a visão, a chaga do seu seio estava quase fechada. Ela fez vir seu filhinho: ele estava são e sugou longamente o leite que ele recusava há tempos.
     A cura da Sra. Beauregard e de seu filho foram atribuídas à intercessão de Germana. O fato é reconhecido como o primeiro milagre realizado pela intercessão da jovem após a descoberta de seus despojos.
Feia, escrofulosa e aleijada
     Germana Cousin foi a última filha de Lourenço Cousin, pequeno e honrado proprietário agrícola de Pibrac, e de sua terceira esposa, Maria Laroche, mulher piedosa e de saúde frágil. Mestre Lourenço chegou a ser alcaide de Pibrac em 1573 e em 1574.
     A data de nascimento de Germana não é precisa, mas ela provavelmente veio ao mundo no ano de 1579. Talvez devido a avançada idade dos pais, ela nasceu com um corpo débil e repleto de escrófulas, além de uma deformação na mão direita. Não chegou a conhecer a mãe, que faleceu pouco tempo depois de seu nascimento. Mais ou menos dois anos após seu nascimento, perdeu também o pai.
     Hugo, seu irmão mais velho, filho do primeiro casamento paterno, tornou-se o herdeiro dos bens de Mestre Lourenço e acolheu a pequena órfã. Esse irmão era casado com Armanda Rajols, uma mulher de péssimo caráter, que não poupava maus tratos à pequena. Dava-lhe pouco alimento e pouco zelava por sua saúde, deixando-a aos cuidados de uma criada, Joana Aubian. Essa boa mulher tratava das feridas da criança, dividia com ela a comida e a cama.
     Mais tarde, Germana foi obrigada a dormir no paiol. Seu leito era de palhas e de ramagem de vinhedo; o único aquecimento nas noites frias de inverno eram as ovelhas que ali dormiam também. No verão ela ficava alojada num pequeno compartimento sob a escada da casa. Ninguém na família parecia notar sua inteligência. Não lhe ensinaram a ler e a escrever, nem mesmo a fazer os trabalhos domésticos.
     Quando Germana completou nove anos, Armanda achou que ela já estava na idade de poder prestar algum serviço: encarregou-a do pastoreio do rebanho da família. Era também uma forma de mantê-la longe da vista, pois ela passaria o dia todo com o rebanho nas pastagens à margem do rio Courbet.
Uma alma admirável num corpo disforme
     A França enfrentava então uma guerra de religião entre católicos e huguenotes, como eram chamados os protestantes franceses. Era uma trágica crise em que se via a aristocracia dividida em dois partidos: a Casa de Valois e a Casa de Guise. O conflito se estendeu pelos séculos XVI e XVII. Havia saques e conflitos por toda parte.
     Germana enfrentava uma situação difícil dentro e fora de casa, pois horríveis sacrilégios eram cometidos pelos hereges nas igrejas da vizinhança. Ela rezava, fazia sacrifícios em reparação, confiava em Deus e em Nossa Senhora.
     Felizmente Joana Aubian, que velara pelos primeiros anos de Germana, era uma excelente e piedosa mulher que lhe incutiu os fundamentos da religião e, em alto grau, a virtude da caridade.
    Frequentando a igreja paroquial de Pibrac, o zeloso Pároco viu naquela criança inocente uma alma escolhida por Deus. Graças àquele virtuoso sacerdote, Germana conseguiu ter uma boa instrução religiosa que aprimorou os primeiros ensinamentos dados por sua boa ama.
     Correspondendo às graças que recebia, Germana cumpria à risca os deveres de estado. Mostrava-se em tudo um modelo de simplicidade, modéstia, doçura e paciência. Revelou-se uma ótima catequista. Ensinava doutrina às crianças pobres, que ouviam atentas suas histórias.
     Vivendo ela mesma apenas de pão e água, com frequência levava pão para as crianças e os pobres, pois era grande a miséria causada pela guerra civil.
     Santa Germana tinha um amor ardente pela Sagrada Eucaristia, que recebia com frequência, e uma devoção especial pela Santa Missa, que assistia diariamente.
O Bom Pastor
     Germana logo se adaptou ao seu ofício de pastora. Ela aproveitava o tempo do pastoreio de suas ovelhas para pensar e rezar. Ao invés de se sentir só, ela encontrou um amigo em Deus Nosso Senhor. Nessa escola de pobreza, sofrimento do corpo e da alma, Germana aprendeu bem cedo a prática da paciência e da humildade. A vida solitária tornou-se para ela uma fonte de luz e de bênçãos. Ela foi agraciada por um maravilhoso senso da presença de Deus.
     Ela não tinha conhecimentos de teologia - ela havia adquirido apenas os conhecimentos básicos do Catecismo - mas possuía um Rosário feito de nós numa corda... Na meditação dos mistérios do Rosário ela se unia a Mãe de Deus e ao Divino Redentor, e desta contemplação advinha a sua sabedoria.
     As pessoas notavam que ao se aproximar uma festa de Nossa Senhora a piedade de Germana aumentava. Sua devoção pelo Ângelus era tão grande, que ao primeiro toque dos sinos ela costumava cair de joelhos aonde quer que se encontrasse, mesmo atravessando algum córrego.
     Os seus únicos bens materiais eram o cajado de pastora e a roca com a qual fiava lã.
     A fim de atender ao apelo do Rei dos reis, que a atraía para a Santa Missa, sem se descuidar de seu dever de cuidar das ovelhas, Germana usava um método singular: apenas ouvia o sino soar chamando para a Missa, ela cravava o seu cajado de pastora no solo e ordenava às ovelhas que dele não se afastassem.
     Seu rebanho era o mais bem tratado da região e embora as pastagens ficassem próximas da floresta de Bouconne, onde havia muitos lobos, nunca um só dos seus animais foi atacado por eles. O rebanho era cuidado pelo Bom Pastor, enquanto a sua humilde pastora rendia-Lhe suas homenagens na igreja paroquial.
Glorificação da rejeitada 
    Numa noite de junho de 1601, um sacerdote da diocese de Auch, que seguia de viagem para Toulose, e dois religiosos que tinham encontrado asilo nas ruínas de um antigo castelo próximo de Pibrac, afirmaram que em meio à noite foram despertados pelo som de uma música maravilhosa. Eles olharam ao redor, e viram o céu iluminar-se e um cortejo celeste de virgens descer sobre uma casa rural das redondezas de Pibrac. Em seguida, o mesmo cortejo subiu para o céu acompanhado de uma jovem vestida de luz e coroada de flores silvestres.
     Ao amanhecer, entrando no povoado, eles relataram o maravilhoso fato aos habitantes de Pibrac, e estes constataram que se tratava da casa onde pouco antes fora encontrada morta uma pobre pastora chamada Germana Cousin.
     Naquela manhã de verão, percebendo que ela não se levantara no horário costumeiro, seu irmão foi chamá-la. Ele encontrou-a morta no seu humilde refúgio sob a escada. Ela morrera sem ruído, sozinha, tal como havia vivido.
     Seu corpo foi sepultado na Igreja de Santa Madalena e tudo parecia esquecido... Na memória do povo ela ficou esquecida, mas não nos planos de Deus!
Fatos posteriores a descoberta de seu corpo
     Em 22 de setembro de 1661, o Vigário Geral da Arquidiocese de Toulouse, Jean Dufour, foi a Pibrac. Ele ficou admirado ao ver uma urna funerária na sacristia e mandou que a abrissem. O corpo de Germana permanecia intacto! Ele fez uma declaração oficial do fato.
     Depoimentos de médicos especialistas evidenciaram que o corpo não havia sido embalsamado, e testes mostraram que a preservação não se devia a qualquer propriedade do solo. O vigário mostrou-lhe um relatório de inúmeras curas milagrosas atribuídas a Germana.
     Em 1739, um conjunto de documentos foi confiado a um missionário apostólico, para que ele o entregasse à Sagrada Congregação de Ritos na sua passagem por Roma. Tal documentação deve ter-se extraviado, pois nunca chegou ao seu destino.
     Em 1793, durante a sangrenta Revolução Francesa, os membros do "comitê de salvação pública" levaram a cabo um desígnio sacrílego de subtrair o precioso cadáver à devoção das multidões: o caixão foi profanado por um revolucionário de nome Toulza, fabricante de estanho.
     Acompanhado de três cúmplices, Toulza retirou o corpo do caixão e nem à vista do milagre de um corpo incorrupto aqueles corações endurecidos se comoveram: enterraram-no na sacristia, jogando cal e água sobre ele. O caixão de chumbo foi enviado para Toulouse para ser usado na fabricação de balas. Os revolucionários foram atacados por dolorosas deformações: dois arrependeram-se e invocaram o auxílio da Santa e foram ouvidos.
Relicário de Sta. Germana
     Depois da Revolução Francesa, a pedido da população o prefeito de Pibrac, Jean Cabriforce, mandou procurar o local onde os revolucionários haviam enterrado o corpo de Germana. Uma vez mais Germana foi descoberta: seu corpo estava quase intacto, apesar de ter permanecido durante anos sob a ação da cal viva.
     Em janeiro de 1845, os documentos que compunham o processo de beatificação foram entregues. Eles atestavam mais de 400 milagres ou graças extraordinárias, além de 30 cartas de Bispos e Arcebispos da França, dirigidas a Santa Sé, pedindo a beatificação de Germana.
     Gregório XVI assinou a aprovação dos trabalhos da Comissão apostólica. Mas, foi o Beato Pio IX quem proclamou, no dia 7 de maio de 1854, a beatificação de Germana. E em 29 de junho de 1867, foi ele quem a colocou entre as virgens santas.
 
Fontes: 1) Les Petits Boullandistes, Vie des Saints, d'aprés de Père Giry, Bloud et Barral, Paris, 1882, t. VII; 2) José Leite, S.J., Santos de Cada Dia, Edit. A. O. - Braga
https://es.catholic.net/op/articulos/36134/germana-cousin-santa.html#modal
 
Vista de Pibrac, com o Santuário de Santa Germana

Postado neste blog em 14 de junho de 2011

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Beata Barbara de Milão, Clarissa – 14 de junho

     
A Beata Bárbara de Milão é uma Clarissa que viveu no século XV. Decidida a tornar-se freira entre as filhas de Santa Chiara, chegou a Vercelli e naquela cidade fundou um mosteiro de Clarissas.
     A única notícia histórica que temos dela é esta: "No ano do Senhor de 1447, uma freira do Mosteiro de Santa Clara em Milão, Irmã Bárbara veio para Vercelli com 7 (aparentemente eram apenas 4 ou 5) companheiras. Elas não haviam sido chamadas por nenhuma autoridade, mas se estabeleceram espontaneamente nesta cidade antiga e gloriosa, de modo que a princípio não eram altamente consideradas. A caridade do povo, porém, deu-lhes uma casa em Porta Torino; não podendo adaptá-la a um mosteiro ficaram lá apenas 7 meses, depois foi-lhes dado um edifício dos Cônegos Regulares de Santa Cruz”.
     Não sabemos nada mais sobre a bem-aventurada Bárbara. No texto de Aldo Ponso "Dois mil anos de santidade no Piemonte e Valle d'Aosta" é relatado que ela morreu em 1475.
     O estudioso Massa a recorda apenas com estas palavras: "Tendo conhecido a integridade desta noiva de Cristo, muitas donzelas nobres pedem imediatamente para se tornarem suas discípulas, para que este novo mosteiro logo se torne um jardim de cândidos lírios".
     No Menológio franciscano ela é celebrada no dia 14 de junho.
 
http://www.santiebeati.it/dettaglio/97796

sexta-feira, 10 de junho de 2022

Santa Paula Frassinetti, Fundadora - 11 de junho

 
   
Igreja de Santa Clara em Albaro (Gênova), 12 de agosto de 1834: nasce uma comunidade de futuras irmãs educadoras. Elas são sete; abrem escolas para crianças pobres, logo recebem novas aspirantes, algumas das quais adoecem, outras vão embora... E o pai da fundadora, João Batista Frassinetti, a faz voltar para casa. Assim nasceram as Filhas da Santa Fé, depois Irmãs de Santa Doroteia, fundadas por Paula Frassinetti, de 25 anos, de saúde frágil, de modos tímidos e doces, mas de uma força de vontade férrea.
     Paula Ângela Maria Frassinetti nasceu em 3 de março de 1809, na cidade de Gênova, Itália. No próprio dia do seu nascimento, Paula Frassinetti torna-se filha de Deus, recebendo o Batismo na Paróquia de Santo Estêvão. Precedida de dois irmãos, José e Francisco, a infância de Paula decorre tranquilamente na casa paterna; outros dois irmãos, João e Rafael, virão completar a alegria da família. Ângela, sua mãe, é para ela o mais vivo exemplo de virtude, e a pequena vai-se abrindo à graça divina que nela opera maravilhas.
     Aos nove anos Paula perdeu a mãe e com o falecimento de uma tia que cuidava da casa, Paula assumiu suas tarefas aos 12 anos. Seu pai incutiu nos filhos profundos princípios católicos e todos seguiram a vida sacerdotal. O mais velho foi o fundador da Congregação dos Filhos de Maria Imaculada.
     Paula tinha uma inteligência aguçada e uma preferência para o estudo da filosofia e da teologia. O pai não consentiu que frequentasse as escolas de Gênova, receando as ideias novas trazidas pelos soldados de Napoleão. Seu pai e seus irmãos assumiram sua educação.
     Em 1827, seu irmão José, já sacerdote, foi encarregado da paróquia da aldeia de Quinto, perto de Gênova. Enfraquecida por um teor de vida rígido, Paula adoeceu gravemente. O irmão convenceu o pai a deixá-la ir para aquela aldeia, para mudanças de ares. A casa do pároco ficava ao lado da igreja e Paula podia ver o sacrário de seu quarto. A pedido do irmão abriu uma escola paroquial para as crianças da aldeia, iniciando uma ação fecunda de apostolado com um pequeno grupo de sete fiéis seguidoras.
     Em 12 de agosto de 1834, aos 25 anos, à frente daquele grupo, Paula fundou uma congregação religiosa com o nome de Filhas da Santa Fé, com o propósito de "evangelizar por meio da educação, com preferência pelos jovens e pelos mais pobres".
     Cerca de um ano depois, o Pe. Luca de Passi visitou Gênova. Este sacerdote se preocupava com a situação das crianças do meio operário e criava na Itália comunidades apostólicas de Santa Dorotéia, com a finalidade de formar animadoras jovens também operárias, auxiliadas por adultos. Pe. Passi temia pelo futuro dessa obra e pediu a Paula que se responsabilizasse por ela. Após consultar o irmão e as companheiras Paula aceitou e o antigo Instituto das Filhas da Santa Fé passou a ser chamado de Irmãs de Santa Dorotéia.
     Após as dificuldades inerentes a todo início de grandes empreendimentos, a obra se expandiu e foram abertos novos colégios pelas religiosas. Primeiro em Gênova, depois em Roma, sendo que o de Santo Onofre, instituído em 1844, em Roma, foi mais tarde escolhido para ser a Casa-mãe da instituição.
     Inspirada nas regras de Santo Inácio, fundador da Companhia de Jesus, Paula elaborou os estatutos das Irmãs de Santa Dorotéia à semelhança das religiosas francesas do Sagrado Coração. Estabelecida em Roma com seu instituto, Madre Paula foi recebida pela primeira vez pelo papa Gregório XVI, por quem foi abençoada, recebendo novo estímulo para sua obra.
     O ano de 1848, devido as lutas pela unificação da Itália, foi muito doloroso para as Irmãs de Gênova. Num clima de intolerância, as Doroteias foram expulsas das suas casas e só pouco a pouco conseguiram reunir-se de novo.
     Estamos em 1850. Madre Paula obtém a desejada audiência com Pio IX, que é para ela corno um pai. Movida por um grande amor ao Papa e à Igreja, dirige-se a Gaeta, onde o pontífice estava refugiado, renovando assim o gesto de Santa Catarina de Sena. Inicia-se a última etapa da vida da Fundadora, que podemos considerar o período da grande expansão do Instituto, que não só se consolida na Ligúria e nos Estados Pontifícios, como se estende no resto da Itália o no mundo. De fato, surgem em Roma vários centros educativos, e Madre Paula inicia as negociações para a abertura de uma casa em Nápoles, um internato em Bolonha e um orfanato em Recanati.
     Logo a força de sua obra foi reconhecida e difundiu-se com a criação de novas casas por toda a Itália. Em 10 de janeiro de 1866 seis Irmãs chegaram ao Brasil, e em 16 de junho do mesmo ano as Doroteias chegavam em Portugal. Daí por diante se propagou por todos os continentes, com suas missionárias animadas por suas palavras, que ainda ecoam entre elas: "O Senhor as encha do seu Espírito e as converta em outras tantas chamas ardentes que, onde tocarem, acendam o fogo do amor de Deus".

     No dia 11 de junho de 1882, aos setenta e três anos de idade, Madre Paula faleceu em Roma, sendo sepultada no cemitério de São Lourenço. A sua morte, calma e tranquila, deixa entrever a riqueza da sua vida. Invoca a Virgem Santíssima a quem sempre tanto amou: "Senhora minha, lembrai-Vos de que sou Vossa filha".
     Em 1903, seus restos mortais foram exumados, e seu corpo foi encontrado intacto. Três anos depois, foi transferido para a capela da Casa-mãe do Instituto de Santo Onofre, em Roma.
     Muitas foram as graças e milagres atribuídos à intercessão de Madre Paula, e sua veneração tornou-se vigorosa entre os fiéis. Em 8 de junho de 1930, foi beatificada pelo Papa Pio XI. Depois, em 11 de março de 1984, Paula Frassinetti foi canonizada durante uma comovente cerimônia solene em Roma.
 
     ... Àquelas de entre as noviças que estão prestes a fazer os Santos Votos, quantas coisas belas quereria dizer! Mas, para não alongar demasiado a conversa, apenas direi que procurem preparar-se com redobrado fervor para um ato tão grande, que se lembrem de que, no feliz dia em que fizerem o seu holocausto, se tornarão verdadeiras esposas do Cordeiro Imaculado. Por isso, o seu maior empenho deverá consistir em procurar sempre, em todas as coisas, o maior gosto do seu Divino Esposo, que se delicia entre os lírios e quer que as suas esposas O sigam sempre com a sua cruz sobre os ombros, ainda que o caminho por onde tenham de passar seja eriçado de espinhos. Mas, se elas procurarem seguir as suas pegadas divinas, os espinhos transformar-se-ão em rosas. ...
Carta de Sta. Paula Frassinetti de 31 janeiro 1876.
 
Fontes: https://www.vatican.va/; https://cruzterrasanta.com.br/
 
Postado neste blog em 10 de junho de 2012

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Beata Ana Maria Taïgi, Mãe de Família e Mística – 9 de junho


Sem deixar de ser mera dona de casa, Ana Maria Taigi foi conselheira de nobres e eclesiásticos. Acompanhou e profetizou acontecimentos vistos na própria luz de Deus, que nunca a abandonou.
 
     Para fazer face à irreligião e ateísmo crescentes nos fins do século XVII, suscitou Deus, de diversos modos e em lugares distintos, almas de escol, a fim de reconduzir a humanidade que se perdia no pecado e na incredulidade. Entre estas houve uma que foi, sem dúvida, nas palavras de Louis Veuillot, a "resposta divina a todos os vitoriosos do campo de batalha, da política e das academias", e cujas orações, conforme afirmação do Cardeal Salotti, "tinham diante de Deus mais poder que os exércitos napoleônicos": a Beata Ana Maria Taïgi.
Infância no seio da honrada burguesia de Sena
     Nascida a 29 de maio de 1769, já no dia seguinte recebeu o nome Ana Maria Antonia Gesualda Giannetti, na pia batismal da Igreja de São João Batista, de Sena. Seus pais, Luigi Giannetti e Maria Santa Masi, procediam da pequena, mas próspera burguesia da cidade. Luigi herdara de seu pai uma conceituada farmácia, considerada como um dos melhores boticários de toda a Toscana.
     Durante seis anos, Ana brincará despreocupada entre os vinhedos, ciprestes e olivais daquelas arenosas planícies toscanas, coroadas pelas rubras muralhas dos roseirais, onde vivia a família Giannetti, em uma bela casa da Rua San Martin. Filha única do jovem casal, a encantadora pequena crescia recebendo os primeiros ensinamentos cristãos da boa mãe, que modelava seu caráter, inculcando-lhe o senso do dever e da responsabilidade, sem fazer-lhe perder a alegria e vivacidade que sempre a caracterizaram.
     Entretanto, os anos de alegria duraram pouco, pois Luigi, de espírito imprevidente e extravagante, não tardou em ter de vender tudo a fim de pagar suas dívidas e abandonar a cidade. Na completa ruína, todavia com a honra salva, decidiu recomeçar a vida bem longe. E para tal escolheu a Cidade Eterna.
Os primeiros anos em Roma
     A vida em Roma trouxe uma mudança radical nos hábitos da família, que passou a morar em uma pobre e pequena casa no bairro Monti. Os pais de Ana viram-se obrigados a trabalhar como empregados em casas de família, ganhando tão somente o necessário para garantir parca alimentação.
     Nesse período, a pequena Ana foi matriculada na escola gratuita da Via Graziosa, sob os cuidados do Instituto Pias Mestras Filipinas. Por suas maneiras distintas, espírito afetuoso e verdadeira piedade, a menina tornou-se a alegria das irmãs encarregadas da escola. Ali aprendeu lições de religião, leitura, cálculo e trabalhos domésticos, mas da arte da escrita só soube grafar o próprio nome, pois foi obrigada a interromper seus estudos devido a uma epidemia de varíola.
     Não mais frequentando os bancos escolares, viu-se na contingência de trabalhar a fim de ajudar nas despesas familiares. Empregou-se em um pequeno ateliê, onde cardava a seda e cosia. Regressando do trabalho, dedicava-se às prendas domésticas. Ao contrário dos pais, mesmo na adversidade, a jovem mantinha um constante sorriso.
Vida de vaidades mundanas
     Com o passar dos anos, Ana tornou-se uma bela e vaidosa moça, sonhando em constituir um feliz e próspero lar. Interessava-se muito pela literatura romântica da época e era assídua na participação de festas e bailes. Em 1787, abandonou o trabalho no ateliê para empregar-se como doméstica no Palácio Maccarani, onde trabalhava o pai. A patroa, a senhora Maria Serra Marini, satisfeita com a nova empregada, ofereceu ofício também à mãe, bem como alguns cômodos no palácio, e para lá se trasladou a família Giannetti.
A senhora Serra Marini, encantada com a jovem, não cessava de elogiá-la, deixando-a cada vez mais vaidosa. Presenteava-a com os vestidos que não mais queria usar, e Ana os aceitava comprazida. A influência desta vida mundana, aliada a seu temperamento amável e extrovertido, ameaçavam sua honestidade, e só não caiu nos abismos do mal graças a seus bons princípios. Em 1790, se casou com Domenico Taïgi, um servidor do vizinho Palácio do Príncipe Chigi. Fixaram residência em um pequeno apartamento na ala de serviço do Palácio Chigi, oferta do generoso Príncipe aos novos cônjuges.
     Domenico se orgulhava da bela esposa, que se adornava elegantemente, fazendo-a ser admirada por todos nos bailes, teatros de marionetes e passeios. Ela levava a fidelidade matrimonial muito a sério, cumprindo todas as suas obrigações de esposa e tomando o marido como seu senhor, tendo-lhe uma inteira submissão afetuosa, suavizando aos poucos seu difícil caráter. Aos vinte e um anos nasceu-lhe o primeiro filho.
Uma conversão plena e completa
     Até então, nada fazia entrever o especial chamado a que fora predestinada pela Providência. Pouco a pouco, contudo, a graça foi se fazendo sentir em sua alma. Sem explicação aparente, uma angústia e uma inquietação começaram a tomar conta do coração da jovem mãe, mostrando-lhe o vazio daquela vida.
     Em um domingo, passeando com o esposo pela colunata de Bernini, na Praça de São Pedro, cruzou ela com um religioso Servita de Maria, o padre Angelo Verardi, a quem nunca tinha visto. Os dois se entreolharam e o sacerdote ouviu uma voz sobrenatural advertindo-o: "Preste atenção nesta mulher, ela lhe será confiada um dia e tu trabalharás por sua conversão. Ela se santificará, porque Eu a escolhi para ser uma santa".
     Ana percebeu aquele olhar fitando-a com profundidade, porém não o entendeu. Mas, desde então, começou a perder o gosto pelas coisas do mundo. Tentou aquietar a ansiedade falando com seu confessor, mas este se limitou aos conselhos habituais para as senhoras casadas: seja fiel e obediente a seu marido...
     Buscou, então, outros confessores. No entanto, nenhum conseguiu devolver-lhe a paz de alma. Por fim, decidiu visitar a Igreja de São Marcelo, onde se casara, e encontrou um sacerdote no confessionário. Era o padre Angelo Verardi! Ao ajoelhar Ana para confessar-se, o sacerdote ouviu de novo a mesma voz: "Olhe-a... Eu a chamo à santidade". Cheio de alegria e satisfação, disse-lhe ele: "Afinal viestes, minha filha. O Senhor vos chama à perfeição e vós não podeis recusar o seu chamado".  Contou-lhe, então, a mensagem recebida na Praça São Pedro. Finalmente Deus concedera àquela alma escolhida a graça da conversão. A partir daí, renunciou a todas as vaidades do mundo e não participou mais de diversões fúteis, encontrando o maior consolo e alegria na oração.
Início de uma nova vida
     Começava para esta bem-aventurada, de condição simples e desconhecida, uma vida de oração, penitência e austeridade. Visões, revelações, sofrimentos, curas e milagres serão agora o seu cotidiano, sem nunca deixar de cumprir seus deveres de esposa e mãe.
Sete crianças abençoaram aquele lar, sendo três meninos e quatro meninas. Entretanto, quis a Providência levar três deles ainda pequenos. Como mãe extremosa, velava pela educação dos pequenos, transformando a casa em um verdadeiro santuário. A ordem reinava em cada canto. Nas paredes, símbolos religiosos dispostos com gosto e piedade. Uma lamparina se mantinha acesa continuamente em honra de Maria Santíssima e nunca se secava a pia de água-benta, reabastecida todos os dias para afugentar os demônios.
     A rotina seguia uma disciplina quase monacal, com horários de orações, de refeições, de conversa e lazer, sempre na harmonia e paz características de uma família católica. Nunca discutiu com o marido, conseguindo mediar as dificuldades entre ambos, e jamais deixou de corrigir as crianças, velando por sua inocência e pela salvação de suas almas.
Com o consentimento de Domenico, depois da conversão, decidira ela entrar para a Ordem Terceira Trinitária, considerando uma glória portar como insígnia seu escapulário branco com a cruz azul e vermelha. Porém, teve de esperar ainda vários anos para receber o santo hábito trinitário, o que se deu somente em 1808.
     Neste dia tão esperado, ouviu a voz do Salvador a lhe dizer: "Eu te destino para converter as almas pecadoras, para consolar as pessoas de todas as condições: padres, prelados e até mesmo meu Vigário. A todos que escutarem tuas palavras, Eu os cumularei com graças especiais... Contudo, tu encontrarás também inúmeras almas falsas e pérfidas, e te tornarás motivo de escárnio, desprezo e calúnias. Mas tudo suportarás por meu amor". Ana respondeu um tanto atemorizada: "Meu Deus, quem escolhestes para esta obra? Sou uma indigna criatura". A mesma voz lhe replicou: "Assim o quero. Sou Eu que te guiarei pela mão, como um cordeiro levado por seu pastor ao altar do sacrifício".
 
(continua)