quinta-feira, 13 de abril de 2023

Santa Teresa de Jesus dos Andes, Carmelita Descalça - 13 de abril


Padroeira da Juventude da América Latina
 
          Nasceu em Santiago do Chile em 13 de julho de 1900. Na pia batismal foi chamada Joana Henriqueta Josefina dos Sagrados Corações Fernández Solar. Era conhecida familiarmente com o nome de Juanita.
     Seus pais, Miguel Fernández e Lucia Solar, três irmãos e duas irmãs, avô materno, tios, tias e primos: no seio desta família passou sua infância. Nasceu numa família católica e aristocrática. "Jesus não quis que eu nascesse como Ele, pobre. E nasci no meio das riquezas, mimada por todos" – escreveu ela em seu diário.
     Joana recebeu sua formação escolar no colégio das monjas francesas do Sagrado Coração. Sua curta e intensa história se desenvolveu entre a vida estudantil e a vida familiar. Aos catorze anos, inspirada por Deus, decidiu consagrar-se a Ele como religiosa, em concreto, como carmelita descalça. Seu desejo se realizou em 7 de maio de 1919, quando ingressou no pequeno mosteiro do Espírito Santo no povoado de Los Andes, a uns 90 k de Santiago.
     No dia 14 de outubro deste mesmo ano vestiu o hábito de carmelita, iniciando assim seu noviciado com o nome de Teresa de Jesus. Sabia desde há muito tempo que morreria jovem. O Senhor lhe revelaria também, como ela mesma o comunicou a seu confessor um mês antes de sua partida. Aceitou esta realidade com alegria, serenidade e confiança, certa de que continuaria na eternidade sua missão de fazer Deus conhecido e amado.
     Depois de muitas tribulações interiores e indizíveis sofrimentos físicos causados por um violento ataque de tifo que acabou com sua vida, faleceu ao entardecer do dia 12 de abril de 1920. Havia recebido com intenso fervor os santos sacramentos da Igreja e no dia 7 de abril havia feito a profissão religiosa em artigo de morte. Ainda lhe faltavam três meses para cumprir 20 anos de idade e seis meses para acabar seu noviciado canônico e poder emitir juridicamente sua profissão religiosa. Morreu como noviça carmelita descalça.
     Ela havia despertado para a vida da graça muito pequenina. Assegura que aos seis anos, atraída por Deus, começou a voltar sua afetividade totalmente para Ele. “Quando houve o terremoto de 1906, pouco tempo depois Jesus começou a tomar meu coração para Si” (Diário, n. 3, p. 26).
     Sua natureza era totalmente contrária à exigência evangélica: orgulhosa, egoísta, com todos os defeitos que isto supõe, como acontece com todos nós. Porém, o que ela fez, diferente de nós, foi iniciar uma batalha encarniçada contra todo impulso que não nascesse do amor de Deus. 
   
Aos dez anos, fez sua Primeira Comunhão. Compreendendo que nada menos que Deus ia morar dentro dela, trabalhou para adquirir todas as virtudes que a fariam menos indigna desta graça, conseguindo em pouquíssimo tempo transformar seu caráter por completo.
Desde então, como ela revelou a seu confessor, o Pe. Antonio Falgueras, SJ, “Nosso Senhor me falava depois de comungar; dizia-me coisas das quais eu não suspeitava. E quando eu Lhe perguntava, me revelava coisas que iam suceder e que de fato aconteciam. Mas eu achava que ocorria o mesmo com todas as pessoas que comungavam”.
     Aos 15 anos fez o voto de virgindade por nove dias, renovando-o depois continuamente. A santidade de sua vida resplandeceu nos atos de cada dia nos ambientes onde transcorreu sua vida: a família, as amigas, os inquilinos com quem compartilhava suas férias e a quem, com zelo apostólico, catequisou e ajudou.
     Jovial, alegre, simpática, atraente, desportista, comunicativa, nos anos de sua adolescência alcançou o perfeito equilíbrio psíquico e espiritual, fruto de sua ascese e de sua oração. A serenidade de seu rosto era reflexo dAquele que vivia nela.
     Suas brincadeiras eram animadas e entusiasmadas. À sua casa acorriam muitos parentes e amigos. Na fazenda Chacabuco, de seus pais, andava a cavalo montada de lado como uma grande dama. Era difícil ultrapassá-la nos passeios a galope com seus irmãos e primos.
     Durante as férias na fazenda, muito cedo se dirigia à capela para saudar o Senhor Sacramentado e tocar o harmônio como forma de oração. Durante as tardes, após o rosário em família, pediam-lhe para tocar também o harmônio, o que ela fazia com encanto de todos, mas, sobretudo, de Deus. Escrevia muito bem, e no colégio obtinha as melhores notas em literatura, história, religião e filosofia.
     Em carta a seu pai, pedindo permissão para ser carmelita, narra: “Desde pequena amei muito a Santíssima Virgem, a quem confiava todos os meus assuntos. Só com Ela me desafogava. Ela correspondeu a esse carinho; protegia-me, e escutava sempre o que eu lhe pedia. E Ela me ensinou a amar Nosso Senhor (...) Um dia (...) ouvi a voz do Sagrado Coração que me pedia que eu fosse toda d'Ele. Não creio que isso tenha sido uma ilusão, porque nesse mesmo instante me vi transformada: aquela que procurava o amor das criaturas, não desejou senão o de Deus”.
     No dia 8 de dezembro de 1919, já no convento, consagrou-se como escrava de Maria, segundo o método ensinado por São Luís Grignion de Montfort. Doravante, seus atos e sacrifícios seriam todos para Nossa Senhora. “Combinei com a Santíssima Virgem que Ela passasse a ser meu sacerdote, que me oferecesse a cada momento pelos pecadores e pelos sacerdotes, mas banhada com o sangue do Coração de Jesus”, escreveu.
     Sua vida monástica, de 7 de maio de 1919 até sua morte, foi o último degrau de sua ascensão ao cume da santidade: onze meses foram suficientes para consumar sua vida totalmente transformada em Cristo. A Ordem da Virgem Maria do Monte Carmelo preencheu os desejos de Juanita ao comprovar que a Mãe de Deus, a quem amou desde menina, a havia atraído para formar parte dela.
     Foi beatificada em 3 de abril de 1987 e canonizada em 21 de março de 1993. Seus restos mortais são venerados no Santuário de Auco-Rinconada de Los Andes por milhares de peregrinos que buscam e encontram nela o consolo, a luz e o caminho reto para Deus.
     Santa Teresa de Jesus dos Andes é a primeira Santa chilena, a primeira Santa carmelita descalça fora das fronteiras da Europa e a quarta Santa Teresa do Carmelo, após Santa Teresa de Ávila, Santa Teresa de Florença e Santa Teresa de Lisieux.
 
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Foto da Santa
ainda noviça
     Como interna no Colégio das Mestras do Sagrado Coração, Juanita recebeu em 27 de junho de 1917 o prêmio como melhor aluna de História daquele estabelecimento de ensino.
     Corria o ano de 1918. A jovem Juanita apresenta três composições literárias que lhe valerão obter o primeiro prêmio da Academia patrocinadora de um concurso.
     Sombra e Luz na Idade Moderna - Demolidores e Criadores, foi o expressivo título da primeira dessas composições.
     Seu conteúdo revela traços admiráveis e pouco conhecidos do pensamento e da personalidade da primeira Santa chilena. Sua visão de conjunto sobre os decisivos acontecimentos históricos dos últimos séculos demonstra até que ponto Santa Teresa dos Andes estava compenetrada da crise que em nossos dias vem destruindo a Civilização Cristã.
Demolidores e Criadores
     "Há um poder sempre reinante, uma dinastia que não conhece ocaso, uma luz que nunca se extingue, e este poder tem sido sempre combatido, esta dinastia sempre perseguida, esta luz tem estado continuamente circundada de trevas.
     "Eis a eterna história do poder da Igreja; dinastia do Papado; da luz, da verdade. Enquanto tudo passa e fenece a seus pés, a Igreja mantém-se erguida, porque está sustentada pelo poder do alto. Descortinemos o cenário dos povos modernos e veremos que, em cada século, os filhos da Igreja têm que levar em seus lábios o clarim guerreiro.
     "Essa luta não terminará porque é eterno o antagonismo entre a sombra e a luz. Enquanto os filhos da sombra demolem, os filhos da luz regeneram. Daí o título que adotei: Demolidores e Criadores.
     "Que sucede no século XVI? Os países da Europa se abrasam no fogo de uma guerra fratricida. Na Alemanha, um astro sinistro se interpõe entre as almas e o sol da verdade. Lutero e seus sequazes dão o brado de guerra, o alvo de seus ataques é a autoridade da Igreja... Qual o fruto dessa rebelião? A destruição da comunhão de ideias. As nações se afogam no sangue, as almas se veem envolvidas nas trevas do erro, e a heresia, como rio que transborda, arrasta as massas populares, a nobreza, os tronos e até os ministros do altar. Portanto, os canais através dos quais Deus derrama as graças sobre as almas estão envenenados!
     "Mas, será possível que o mundo pereça? Não. Um novo astro surge no horizonte: é o ferido de Pamplona, Inácio de Loiola, que cai como soldado de um rei terreno e se levanta como guerreiro do Rei do Céu. Vede-o alistar uma companhia que não manejará o canhão, nem empunhará a espada. Quereis conhecer suas armas? O crucifixo! Sua divisa? A maior glória divina! Seus soldados se espalharão por toda parte e, portadores da luz da verdade, deixarão após si um rastro luminoso; luz espargem eles na Europa, na controvérsia, na pregação, no ensino, luz espargem nas Índias com Francisco Xavier que regenera nas águas do Batismo milhões de almas; luz espargem os soldados da nova milícia em todos os lugares onde passam.
     "Passemos a página do século XVI e veremos no século seguinte o mesmo espetáculo de sombra e luz de demolidores e criadores.
     "No século XVII vemos desta­car-se entre as sombras uma figura de aspecto rígido e severo: Jansênio que lança o gelo e a sombra por onde passa. a chama do amor vacila e acaba por se extinguir com seu brado ímpio: 'Cristo não morreu por todos!' Já não apresenta o Crucifixo com os braços abertos para receber a todos sem exceção, mas sim com os braços entreabertos para receber a uns quantos e rechaçar aos demais...
     "Fugi! Fugi!... clamam os demolidores do século XVII e as almas aterradas fogem... regelam-se e se perdem!
     "Deus estava ferido no mais delicado de seu amor... o Verbo pronuncia uma vez mais a palavra criadora que fará brilhar a luz no meio das trevas: em Paray-Le-Monial se levanta um sol esplendoroso e vivificante. Jesus Cristo mostra a uma humilde visitandina seu Coração aberto, abrasado em chamas de amor, queixa-se do esquecimento dos homens e os chama a todos com insistência.
     "A legião jansenista brada: Fugi! Fugi!... A voz de Paray-Le-Monial clama: Vinde! Vinde!... A bandeira negra do terror cederá diante do formoso estandarte do amor. Será tudo? Não. Ali está o grande apóstolo da caridade, São Vicente de Paula que, a imitação do Mestre divino, chama o pobre, o doente, o menino. Para todos há guarida em seu coração. Sua bela legião de Filhas da Caridade arranca do inferno milhares de almas no instante supremo. O amor desterrado reanima as almas, a luz tira os espíritos das sombras. O Coração divino de Jesus e o coração deificado de São Vicente de Paula, falam do amor, do amor infinito um e da compaixão até o heroísmo outro.
     "A luta não terminou: o inimigo acossa sempre a Igreja. A tempestade é mais terrível que nunca no século XVIII. Os corifeus da maldade, Voltaire e Rous­seau se mostram, o primeiro com o sorriso burlesco nos lábios e a blasfêmia na pena, o segundo com o sofisma e a confusão nas ideias, e ambos com a corrupção no coração. Os pretensos filósofos querem explicar tudo racionalmente e proclamam diante do mundo que não há Deus, arrancam Cristo do coração de nobres e plebeus, e ainda se atrevem a arrancá-lo do coração do menino. Detende-vos, infames! Está cheia vossa medida, esse santuário de inocência não pode ser transpassado, esses meninos pertencem a Jesus Cristo! Um apóstolo se levanta em nome do Deus da infância: João Batista La Salle, funda as Escolas Cristãs, colocando no coração dos meninos desvalidos a chama da Fé que se extingue por todos os lados.
     "Guerra ao Papa! É o brado da falange mortífera, e em seu frenético entusiasmo diz que já não haverá quem suceda ao mártir da impiedade, a Pio VI. Mas, não bradeis tão alto, Deus disse que as portas do inferno não prevalecerão, e se rirá de vossos desígnios. Vede sentado e estabelecido no trono um novo Papa...
     "Ó Igreja, teu poder jamais será destruído! As trevas cobriram a face do universo na aurora do Tempo e ao Fiat Lux fogem vencidas. Mais tarde, as sombras da idolatria cobriram o mundo antigo, veio o Verbo e dissipou as trevas, porque o Verbo era a Luz.
Hoje as sombras cobrem novamente o orbe cristão; mas ali está a palavra de Cristo, Verdade Eterna: 'Aquele que Me segue e cumpre minha palavra não anda nas trevas'.
     "Ó palavra de vida! A Ti amor eterno, a Ti eterna fidelidade!".
 
Fontes:
http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm/idmat/9A2A792A-3048-313C-2EF1A53C8E6309A2/mes/Abril1995
http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_19930321_teresa-de-jesus_sp.html (excertos)
 
Postado neste blog em 13 de abril de 2013

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