quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Beata Maria Rosa Durocher, Fundadora - 6 de outubro

     
Uma jovem nascida em um pequeno vilarejo, de saúde frágil, jamais pensou que um dia iria fundar uma congregação de irmãs educadoras, difundida hoje em várias partes do mundo. Mas Nosso Senhor se serve de instrumentos pequenos.
     Eulália Melânia Durocher nasceu em Saint-Antoine-sur-Richelieu, pequena aldeia de Quebec (Canadá), no dia 6 de outubro de 1811, de uma família muito religiosa. Filha de Olivier Durocher e Geneviève Durocher, ela era a décima de 11 crianças, 3 das quais morreram na infância, três se tornaram sacerdotes e duas religiosas. Seu pai, um fazendeiro rico, havia recebido parte de sua educação clássica, e sua mãe havia recebido uma educação muito cuidadosa das Ursulinas de Quebec. Ambos conseguiram, portanto, proporcionar aos filhos uma educação de qualidade. Os pais também na juventude tinham pensado em consagrar-se a Deus.
     Eulália cresceu em um ambiente sadio, tranquilo e profundamente católico. Aprendeu com a mãe a rezar e a socorrer os pobres e doentes. O avô paterno, um ex-soldado e defensor de Fort Carillon, ministrou-lhe os primeiros rudimentos de letras.
     Na idade de 10 anos foi mandada para o Colégio das Irmãs de Nossa Senhora em S. Denis, onde permaneceu por dois anos e recebeu a Primeira Comunhão. Retornou para casa por problemas de saúde, até que em 1827, amadurecendo a vocação religiosa, entrou na comunidade de Montreal daquela Congregação. Nos três anos seguintes, teve que voltar para casa várias vezes, sempre devido a saúde precária, e, finalmente, renunciou ao seu desejo de tornar-se religiosa.
     Um contemporâneo de Durocher de seu tempo no internato escreveu mais tarde: “[Durocher] foi maravilhosa; só ela desconhecia o seu próprio valor, atribuindo a Deus tudo o que nela se encontrava favorável, e afirmando que de si mesma era apenas fraqueza e miséria. Possuía charmosa modéstia, era gentil e amável; atenta sempre à voz de seus mestres, era ainda mais à voz de Deus, que falava ao seu coração”.
     Com a idade de 19 anos, quando da morte de sua mãe, teve que assumir a responsabilidade do governo da casa. Pouco depois, o seu irmão Teófilo, pároco de Beloeil, chamou-a para tomar conta da residência paroquial, onde se alojavam padres e seminaristas doentes. Transferiu-se então com o pai para junto do irmão sacerdote.
     Não lhe faltaram sofrimentos da parte das empregadas mais antigas, que suportou com paciência, sem se queixar. No ano seguinte, algumas jovens começaram a ajudá-la e formaram a associação das Filhas de Maria, a primeira do Canadá. Eulália foi eleita diretora da associação, mas o seu desejo de consagrar-se toda a Deus permanecia forte e, em 1841, pronunciou, nas mãos do confessor, os votos privados de pobreza, castidade e obediência.
     No presbitério, Durocher trabalhou como governanta e secretária do Padre Teófilo entre 1831 e 1843. Durante o curso deste trabalho, ela foi informada da grave escassez de escolas e professores no interior circundante (em 1835 Quebec era o lar de apenas 15 escolas) e discutiu com sua família e conhecidos a necessidade de uma comunidade religiosa especificamente dedicada à educação de crianças ricas e pobres. O trabalho na paróquia a fazia compreender quão necessária era a instrução dos pobres, que naquele tempo estavam quase privados dela.
     A situação sociopolítica de Quebec era complicada. No século anterior, depois da guerra entre a França e a Inglaterra (1763), o país havia passado para o controle inglês. Desde a sua fundação (1603), a “Nouvelle France” (a Nova França) havia nascido graças à imigração do velho continente, regulada por normas precisas. Os habitantes eram todos católicos franceses e a convivência com os ingleses (protestantes) não era fácil.
     Com a Revolução Americana, os colonos que não queriam separar-se da Coroa Britânica se refugiaram no Canadá. Eles se estabeleceram sobretudo no Oeste, em Ontário, deixando aos franceses os territórios do Leste. A convivência entre as duas comunidades, que implicava na escolha dos governos, a liberdade de imprensa e o controle do comércio, era difícil. Houve revoltas contidas à força (1838), porque os franceses, sendo a maioria, tinham menos direitos.
     Nesse ambiente complexo se insere a história da beata. Na sua cidadezinha, para instruir o povo, se procurou fazer vir da França a Congregação dos Santos Nomes de Jesus e Maria que, impossibilitada de abrir uma casa no ultramar, mandou suas próprias constituições para que se inspirassem nelas.
     O confessor de Eulália, um Missionário Oblato de Maria Imaculada (fundados por Santo Eugênio de Mazenod), aconselhou então a jovem a dar vida a uma nova família religiosa.
     Eulália, contra toda expectativa, junto com duas amigas formou a primeira comunidade, alojando-se em uma velha escola. Naquele mesmo ano, Santo Eugênio de Mazenod enviou da França os seus missionários a Montreal, o que facilitava o desenvolvimento de sua Congregação. A diocese católica era grande e havia muito trabalho a fazer.
     Nasceu assim, em Longueuil, no dia 28 de outubro de 1843, as Irmãs dos Santos Nomes de Jesus e Maria. Aprovada pelo Bispo Ignace Bourget em 29 de fevereiro do ano seguinte; em 8 de dezembro de 1844, procedeu-se à profissão religiosa e Eulália adotou o nome de Maria Rosa, sendo nomeada superiora e mestra de noviças.
     Em 1845, a Congregação teve sua personalidade jurídica reconhecida por parte do parlamento. A direção dos Oblatos de Santo Eugênio foi fundamental na formação das religiosas, bem como a ajuda dos irmãos de Madre Maria Rosa, em particular de Teófilo. Mantiveram as constituições do Instituto de Marselha, adotando o método de ensino dos Irmãos das Escolas Cristãs.
     A Congregação multiplicou o seu apostolado, algumas iniciativas eram a pagamento e assim se pode financiar a atividade educativa para as famílias pobres.
     Madre Maria Rosa tinha finalmente cumprido sua missão terrena, lançando no seio da Santa Igreja uma semente fecunda. Morreu com somente 38 anos, em 6 de outubro de 1849. Pouco antes de expirar, sorridente, disse às Irmãs reunidas em torno de seu leito: “As vossas orações me detêm aqui, deixem-me ir!
     Mulher de excepcional virtude, muito unida ao Senhor, educadora como nenhuma outra, deu à comunidade um impulso para que o tempo não parasse. Quando faleceu a comunidade já contava com 30 freiras professas, 7 noviças, 7 postulantes e 448 estudantes em 4 conventos.
     No dia seguinte ao funeral, Dom Bourget disse às irmãs enlutadas: “Confesso-vos com toda a sinceridade do meu coração que fiquei profundamente comovido quando vi tantas virtudes unidas numa só alma. Implorei-lhe que obtivesse para mim o mesmo zelo para governar a minha diocese que ela tinha para vos dirigir”.
     Em 1880, Dom Bourget declarou: “Eu a invoco em minha vida privada como santa e espero que o Senhor a glorifique diante dos homens”. Este último desejo foi realizado no domingo, 23 de maio de 1982, quando na Praça de São Pedro, em Roma, diante de uma imensa multidão, João Paulo II proclamou Maria Rosa Durocher Bem-aventurada.
     A Congregação, que em 1877 se tornou de direito pontifício, se dedica ainda hoje principalmente à instrução e à catequese, seguindo a espiritualidade inaciana. Difundiu-se por várias partes do mundo: além do Canadá e dos Estados Unidos, está presente no Japão, Brasil, Peru, Camarões, Haiti, Nigéria.
     Os despojos mortais de Madre Maria Rosa são venerados na Catedral de Santo Antonio da diocese de St-Jean-Longueuil.
 
Fontes: www.santiebeati.it; Santos de Cada Dia, Pe. José Leite, S.J.
 

Convento da Congregação em Longueil, Canadá
 
Postado neste blog em 5 de outubro de 2012

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