Ana Monteagudo Ponce de León nasceu em Arequipa no dia 26 de julho de 1602, filha do espanhol Sebastián Monteagudo de la Jara e da arequipenha Francisca Ponce de León.
Conforme os costumes da época, com três anos seus pais a enviaram ao Mosteiro de Santa Catarina para ali ser educada. Voltou ao lar por decisão de seus pais quando tinha 14 anos. Nem os atrativos do mundo nem as perspectivas de um vantajoso casamento a atraiam.
Conta-se que um dia teve uma visão de Santa Catarina de Sena na qual a santa lhe mostrava o hábito das freiras dominicanas de clausura. Para Ana, aquela visão era confirmação suficiente de seu chamado e se tornaria um poderoso argumento para voltar ao mosteiro.
Seus pais tentaram dissuadi-la. Ofereceram-lhe joias, vestidos e confortos, mas a beata manteve-se firme. Com o tempo, seu pai seria o primeiro a aceitar sua decisão, enquanto sua mãe, com o coração partido, deu seu consentimento, mas pediu que ela não voltasse mais para casa. O dote para entrar no mosteiro foi pago pelo seu irmão Francisco, que teria sido padre.
Em 1618 iniciou o noviciado e acrescentou o apelativo "dos Anjos" ao seu nome. A aspereza da vida conventual não a intimidava. Vivia com entusiasmo o ideal de São Domingo de Guzmán e de Santa Catarina de Siena.
No mosteiro, até 1632, exerceu os cargos de Sacristã; depois, até 1645, o de Mestra de Noviças; finalmente, o de Priora até 1647.
Conta-se que a Irmã Ana sempre se sentiu incapaz para o cargo mais elevado do mosteiro, mas que repetia continuamente que fazia o possível para servir a Deus no lugar que lhe fora confiado.
Algumas dessas histórias evocam as tentativas de rebelião de suas irmãs e mais de uma conspiração para envenená-la. A causa: o descontentamento com as medidas de austeridade que a irmã Ana tinha imposto e a sua ordem expressa de que as freiras vestissem apenas o hábito, sem qualquer adorno adicional – um regresso ao espírito essencial da Ordem.
Na época o mosteiro era habitado por cerca de 300 religiosas, nem todas desejosas de perfeição. Sua obra reformadora sofreu oposições, mas ela permaneceu sempre fiel à observância conventual, mantendo maturidade e equilíbrio.
Assim, Irmã Ana acabou por liderar uma reforma radical do mosteiro centrada exclusivamente no desejo de santidade: “Ela sabia acolher todos os que dela dependiam, orientando-os pelos caminhos do perdão e da vida da graça”.
Exemplar na oração e na caridade, atendeu com abnegação e heroicidade as vítimas de uma peste que assolou Arequipa. “Ela fez sua presença escondida ser notada além dos muros do seu convento, com a fama da sua santidade. Ajudava os bispos e os padres com as suas orações e conselhos; acompanhava com a sua oração os caminhantes e peregrinos que a procuravam”,
Dentro e fora do mosteiro praticava as virtudes, mantinha a serenidade e a paciência nos sofrimentos, prodigalizando nos conselhos e no espírito apostólico, com grande misericórdia inclusive com relação às almas do Purgatório.
Um aspecto muito bonito da vida da beata era a estreita relação que mantinha com as almas do Purgatório, a quem chamava de “suas amigas” e pelas quais rezava incessantemente. “Desta forma, iluminando a piedade ancestral pelos defuntos com a doutrina da Igreja, seguindo o exemplo de São Nicolau de Tolentino, de quem era devota, estendeu a sua caridade aos defuntos com suas orações e sufrágios.
Procissão com a imagem da beata |
Irmã Ana também é conhecida pelo seu dom de profecia. Previu várias vezes sobre as doenças de seus parentes: para alguns ela previu a cura e, em outros casos, a morte inevitável.
Depois de dez anos de enfermidade, que a tornaram paralítica e cega, faleceu no dia 10 de janeiro de 1686, aos 84 anos de idade. Já em vida gozava de fama de santidade.
Em 2 de fevereiro de 1985 foi beatificada em Arequipa por João Paulo II, durante sua viagem ao Peru.
A Beata Ana dos Anjos passou quase setenta anos no mosteiro dominicano em Arequipa, Peru. Inteiramente dedicada ao serviço divino, ela era como um anjo do bom conselho para seu povo. Seus restos mortais repousam em Arequipa, no mosteiro de Santa Catarina de Sena.
Mosteiro de Sta Catarina de Siena, Arequipa, Peru |
Martirológio romano: Em Arequipa, no Peru, a Beata Ana dos Anjos Monteagudo, virgem da Ordem dos Pregadores, que com o dom do conselho e com a profecia trabalhou generosamente pelo bem de toda a cidade.
Fontes: http://www.santiebeati.it/detaglio/90750
Santo do dia: Hoje é celebrada a beata Ana dos Anjos, amiga das almas do purgatório
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