Filha de Pepino o Breve e de Berta de
Laon, irmã de Carlos Magno, Imperador do Sacro Império Romano, Gisela nasceu em
757. O Papa Estevão II era seu padrinho de batismo. Assim, ao escrever a esse
Papa, o Rei Pepino chamava-o de “meu caro compadre”, pois ambos eram pais desta
criança, um a título espiritual e o outro segundo a carne.
O nome primitivo desta Santa era Ghirla em
latim, Giselle em francês. Ghirla é a tradução de Estevão, o nome do Papa, seu
padrinho. Estevão, em latim Stephanus, vem do nome grego que significa coroa. Pouco tempo antes Pepino tinha
recebido de um Papa a coroa da França. Era conveniente que a filha espiritual
daquele que se chamava coroa, tivesse
um nome que lembrasse esse duplo fato.
Assim, Ghirla é a abreviação do nome
Ghirlanda, que significa coroa de flores. Após a morte da Santa, o local onde
repousava seu corpo foi chamado de Montanha de Ghisla (Montanha de Gisela ou
Ghisleberg). Por fim, chegou-se ao nome Isbergue ou Isberga.
Após retornar de uma expedição, o Rei Pepino decidiu viver com sua
família na região da cidade de Aire-sur-la-Lys, uma planície rodeada de colinas
e regada por três rios, o que a tornava muito fecunda. Ali ele construiu uma
residência real, onde Gisela crescia em idade e em beleza.
Eginardo, primeiro biógrafo de Carlos
Magno, afirma que Gisela estava destinada à vida religiosa desde a infância.
Venâncio, filho do Duque de Lorena, após uma carreira militar (fora oficial
de Pepino o Breve), e de ter sofrido um grave ferimento na perna, resolveu
deixar a corte e se retirar para uma ermida na floresta de Wastelau, não longe
de Aire. Este santo eremita veio a ser confessor e diretor espiritual de
Gisela.
Orientada por seu confessor, Gisela consagrou a Deus sua virgindade. A
princesa tornou-se monja na Abadia Real de Chelles, aonde chegou a ser nomeada
abadessa. Na qualidade de abadessa de Chelles, ela supervisionou um dos mais
importantes e profícuos conventos de monjas de sua época.
Sendo uma princesa, por finalidades políticas ela era constrangida a
contrair matrimônio, mas Gisela foi fiel a sua consagração a Deus. Tendo sido
pedida em casamento pelo Imperador do Oriente, Constantino Coprônimo (+ 775),
recusou tal honra. Depois, foi a vez do rei dos Lombardos ser recusado, apesar
de este ser apoiado pela Rainha Berta, mãe de Gisela, e por vários bispos. O
terceiro dos soberanos afastados foi o rei da Escócia. Persistindo ela na
recusa, este rei mandou assassinar aquele a quem atribuía as suas decepções, o
eremita Venâncio, que desde então é venerado como mártir.
Gisela mandou construir uma abadia em Aire-sur-la-Lys, no local onde São
Venâncio fora supliciado, e passou nela os últimos anos de sua vida.
Segundo Eginardo, Gisela tinha um bom convívio com seu irmão Carlos
Magno, o qual “a tratava com o mesmo respeito que demonstrava à mãe”. O
historiador relata que Gisela morreu em 810, poucos anos antes de Carlos Magno.
Este imperador e sua mulher, Ildegarda, batizaram uma filha com o nome de
Gisela, esta provavelmente viveu entre 781 e 808, mas pouco se sabe de sua
vida.
Santa Gisela figura nos calendários da diocese francesa de Arras e é
patrona de Artois. Até hoje peregrinos dirigem-se a Fonte de Santa Isbergues
(Gisela), que segundo a tradição existe desde a época em que ela vivia, e tem
poder curativo para a pele e os olhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário