Santa Rictrude nasceu na Gasconha em 612, em
uma família basca tão rica quanto devota. Bem jovem teve como diretor
espiritual Santo Amando de Maastricht, que estava exilado naquela região pelo
Rei Dagoberto, a quem tinha condenado a conduta licenciosa. Amando vivia naquele
período como hóspede da família de Rictrude e a partir daquela casa o santo
franco iniciou sua obra de evangelização da Gasconha.
Um outro nobre franco, Adalbaldo, Duque de
Douai, chegou também àquela região, ganhando logo o favor do Rei Clóvis II, e,
apesar da oposição dos nobres bascos, obteve a mão de Rictrude em casamento.
O casal foi viver em Ostrevant, nas
Flandres, e tiveram quatro filhos, todos eles venerados como santos: Adalsinda,
Closinda, Mauroncio e Eusébia.
Amando os visitava com frequência; o casal
levava uma vida “devota e feliz”, como descreve o seu biógrafo, Hucbaldo, em Vita Rictrudis , escrita em 907, a pedido da Abadia de
Marchiennes.
Infelizmente a felicidade de
dezesseis anos teve um fim trágico quando Adalbaldo foi assassinado
presumivelmente como resultado ainda das hostilidades contra o matrimônio com
Rictrude. Ele é honrado como mártir, embora a sua comemoração tradicional em 2
de fevereiro não seja relatada no Martirológio Romano.
Devido à trágica perda do esposo, Rictrude
expressou o desejo de se tornar monja, mas Amando aconselhou-a a aguardar que
seu filho Mauroncio fosse grande o bastante para ser introduzido na vida da
corte.
Clóvis II tinha entretanto outros projetos
para ela, desejando que desposasse um de seus protegidos. Santo Amando
conseguiu persuadi-lo a deixá-la livre e ela pode assim recolher-se em
Marchiennes, onde havia fundado um mosteiro masculino e feminino.
Em 648 tornou-se abadessa daquele
mosteiro, cargo que ocupou até sua morte, e as suas duas filhas mais velhas,
Adalsinda e Closinda, se juntaram a ela. Mais tarde também o filho, Mauroncio,
que estivera a ponto de casar-se, deixou a corte e ingressou na abadia.
Posteriormente, São Mauroncio foi abade de Bruel.
A primeira filha morreu jovem, mas a
segunda sucedeu a mãe como abadessa de Marchiennes quando Rictrude faleceu, em 678. A última filha, Santa
Eusébia, que fora enviada para a Abadia de Hamage após o assassinato do pai,
onde sua avó era abadessa, mais tarde também foi eleita abadessa de Hamage.
Venerada como santa pouco depois de sua
morte, muitos milagres são atribuídos à intercessão de Santa Rictrude.
Foi sepultada na Abadia de Marchiennes, e
em sua lápide foi inscrito "Virtutis ager, pietatis imago" - campo
da virtude, imagem da piedade. O túmulo foi refeito por diversas vezes. As
relíquias foram transladadas para Paris, onde foram perdidas durante a terrível
Revolução Francesa, em 1793. Algumas fontes referem que parte das relíquias foi
levada para Douai.
Esta família, quase toda ela elevada à
honra dos altares, não é senão um dos muitos casos semelhantes que aconteceram
nos dois mil anos de Cristianismo.
O Martirológio Romano comemora Santa
Rictrude no dia 12 de maio.
Abadia de Marchiennes
Esta Abadia foi fundada cerca de 630 por Santo
Adalbaldo, Duque de Douai, e monges irlandeses, discípulos de São Columbano,
sob a direção de Santo Amando. Santa Rictrude tornou-a mosteiro duplo em 643,
sendo ela mesma abadessa durante anos.
Por volta de 1024, tornou-se mosteiro
masculino novamente e a Regra beneditina foi adotada. No nascimento da cidade
de Marchiennes, a Abadia tornou-se seu motor econômico até sua supressão em
1791, durante a nefasta Revolução Francesa. Em 1814 foi demolida. Suas ruínas
foram inscritas no inventário de monumentos históricos em 17 de maio de 1974.
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