Francisca Nisch nasceu em 18 de setembro de 1882 e foi batizada no dia
seguinte. Ela veio ao mundo em Oberdorf-Mittelbiberach (diocese de
Rottenburg-Stuttgart), Alemanha. O pai trabalhava no castelo, a mãe era
doméstica em uma pensão; foi a primeira de onze filhos.
Devido a extrema pobreza da família, a pequena “Franzi” foi
criada por sua avó e por sua madrinha, que lhe dispensaram todo o afeto que ela
não encontrou junto a seu pai, que era muito duro com ela, mas a quem ela
sempre obedecia. A avó e a tia lhe deram uma profunda formação religiosa, bem
como lhe incutiram sentimentos de bondade e cordialidade.
Na escola, Franzi quase não se destacava, um pouco bobinha; frequentemente
quebrava as coisas, solitária, simples, piedosa e sempre amável. Como sua
família era pobre, Franzi, junto com seus irmãos e irmãs mais novos, conseguiam
arrecadar alguns donativos junto às pessoas das redondezas: pão, ovos, frutas.
Sempre adoentada, ela faltava muito às aulas e seus resultados acabavam não
sendo muito bons.
Após terminar os estudos primários, Francisca, já aos doze anos,
trabalhou como doméstica na Alemanha e finalmente foi admitida como empregada
na casa de uma família em Rorschach, na Suíça. Conquistava a admiração de todos
com o seu procedimento correto e particularmente com o exemplo de uma singular
piedade.
Em 1901, tendo adoecido gravemente, precisou ser internada. No hospital,
foi tratada com grande carinho e bondade pelas Irmãs de Caridade da Santa Cruz
de Ingenbohl. Em contato com a vida exemplar das Irmãs do hospital, decidiu
entrar para esta Congregação. Em 7 de outubro de 1904, foi recebida na Casa
provincial de Hagne, próximo de Constança, onde adotou o nome de Irmã Ulrica.
Em 24 de abril de 1907, emitiu a profissão religiosa. Foi mandada para o
hospital de Bühl, em Mittelbaden, como auxiliar de cozinha. Depois, como
segunda cozinheira, foi enviada para a Casa de São Vicente de Baden-Baden, onde
permaneceu por quatro anos, até fins de agosto de 1912.
Plena de humildade e dedicando-se aos serviços os mais ocultos e
desagradáveis, os trabalhos não a impediam de ajudar as Irmãs e aos parentes
com bons conselhos. Seguia rigorosamente o programa das Irmãs da Santa Cruz: Toda do Crucificado, porque toda do próximo,
representantes do amor de Cristo. Ela soube impregnar de espírito
sobrenatural o trabalho mais obscuro, elevando-o à dignidade de frutuoso
apostolado.
Às vezes, ela se sentia em meio a trevas durante suas orações. Irmã Ulrica
rezava dia e noite. Tudo para ela se transformava em oração. Alma toda entregue
à vontade de Deus em constante oração, foi favorecida com particulares graças místicas,
vivia mais no céu do que na terra. Junto dela as pessoas se sentiam como se
estivessem no Paraíso.
Os trabalhos pesados e uma vida de renúncia exauriram as forças de Irmã
Ulrica; adoecendo novamente devido à tuberculose, ela foi levada para o
Hospital de Santa Isabel, próximo da Casa provincial de Hagne, onde morreu aos
31 anos, em 8 de maio de 1913. A sua grande abnegação a fez morrer sozinha,
pois nos últimos momentos de lucidez renunciou à assistência da Irmã a favor de
outra coirmã doente.
Quando decidiram escrever sua biografia, algumas pessoas se espantaram,
pois não viam onde residiria sua santidade. Aliás, os títulos das primeiras
publicações são eloquentes: “A santa do nada”, “A santa das marmitas”,
“A voz silenciosa”. Mas os fatos falam por si: calcula-se que seu túmulo,
que está sempre florido, é visitado por cem mil pessoas anualmente; as pessoas
ali vão rezar e inúmeros testemunhos dão provas de graças alcançadas por sua
intercessão.
Sua beatificação teve lugar no dia 1º. de novembro de 1987, antes da
fundadora de sua Congregação, Madre Maria Teresa Scherer, outra grande santa.
Etimologia: Ulrica = do alemão Ulrich, o mesmo que Udalrico
(Uodalrich), "senhor (rich) de bens (uodl)".
Oratório da Beata Ulrica em Hagne |
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