Santa
Lídia foi inscrita na lista dos santos católicos pelo cardeal Cesar Barônio em
1607. Ela e os familiares da sua casa estavam entre os primeiros na Europa a
aceitar o Cristianismo, por volta de 60 d.C, em resultado da atividade do
Apóstolo São Paulo em Filipos.
Padroeira dos tintureiros e comerciantes,
a primeira mulher a se fazer cristã na Europa, e uma das primeiras aclamadas
santas e veneradas desde o início do cristianismo, era filha espiritual de São
Paulo e seus companheiros Lucas, Timóteo e Silas.
O que se sabe sobre Santa Lídia está
escrito no livro dos Atos dos Apóstolos 16, 14-40. Pela descrição de São Lucas,
que a conheceu pessoalmente, Lídia era uma mulher rica, influente, líder e
empreendedora. Ela era comerciante de púrpura nascida em Tiatira, Grécia, e
estabelecida em Filipos, colônia romana, também na Grécia. O comércio de
púrpura era dos mais caros e promissores da época. As roupas na cor púrpura
eram usadas somente por reis, rainhas e pessoas da nobreza. A cor púrpura era
tirada de um molusco nativo do Mar Mediterrâneo, abundante na região da
Fenícia, chamado Murici.
Santa Lídia tinha algumas características
incomuns para a época: era empresária, dona do próprio comércio e chefe de
família. É o que lemos em At 16, 14 e 15. O versículo 15 diz que depois de
ouvir São Paulo falar sobre Jesus Cristo. ela quis ser batizada e levou junto
toda a sua família. Este fato mostra a liderança que ela tinha sobre os seus,
fato notável na sociedade em que ela vivia. E pelo que lemos nos Atos dos
Apóstolos, a influência e a posição social de Santa Lídia ajudaram
decisivamente a São Paulo e seus companheiros na missão em Filipos.
O texto de São Lucas diz que Santa Lídia
era prosélita, isto é, ela era de origem pagã (não judaica) e que tinha se
convertido ao judaísmo. O fato mostra que Santa Lídia já vinha de uma caminhada
de busca da verdade. Abandonou as crenças politeístas gregas e abraçou o
monoteísmo pregado pelo judaísmo. Porém, ao ouvir São Paulo, reconheceu
prontamente a verdade e abraçou-a. Em seguida, tornou-se evangelizadora,
anunciando a Boa Nova para a sua família e ajudando na missão de São Paulo e
seus companheiros.
São Paulo e seus companheiros pensavam em
ficar em Filipos apenas alguns dias e partir em missão. Porém, Santa Lídia
insistiu: "Se vocês me consideram fiel ao Senhor, permaneçam em minha
casa". E os forçou a aceitar (At 16, 15). Então, os Apóstolos mudaram seus
planos e ficaram. Em Filipos, São Paulo sofreu várias perseguições. Ele e seus
amigos foram presos e soltos milagrosamente por um terremoto. Depois disso,
voltaram para a casa de Santa Lídia onde confortaram os irmãos na fé – vários
que tinham ouvido Paulo e se fizeram batizar, formando a comunidade cristã de
Filipos, para a qual, mais tarde, São Paulo escreveu sua “Carta aos
Filipenses”. A casa de Santa Lídia transformou-se na primeira Igreja da Europa,
como vemos em At 15, 14.
Santa Lídia influenciou não apenas sua
família como também outras mulheres e pessoas de todos os tipos com quem lidava
em seu comércio de púrpura. Por isso, ela também foi missionária, mostrando
através de seu testemunho, a verdade sobre Jesus Cristo. Ela é uma das grandes
responsáveis pela sustentação da Comunidade Cristã de Filipos. Santa Lídia e
São Paulo tiveram um profundo laço de amizade cristã, admirado por todos.
O culto a Santa Lídia faz parte da
Tradição desde os tempos mais antigos. Seu nome aparece em inscrições nas
catacumbas. No Livro dos Atos dos Apóstolos seu nome é mencionado duas vezes.
-.-.-
Lídia morava em Filipos, a principal
cidade da Macedônia, mas seria originária de Tiatira, ou pelo menos teria
morado lá anteriormente. Tiatira era uma cidade que ficava na região
chamada Lídia, na parte ocidental da Ásia Menor. Por esta razão, alguns creem
que Lídia não seria o seu nome, mas simplesmente uma alcunha ou apelido que os
filipenses lhe teriam atribuído. Ou seja, ela seria chamada "a lídia",
assim como a mulher com quem Jesus Cristo falou em Sicar podia ser
chamada de "a mulher samaritana", por viver em Samaria.
Independentemente disso, o termo "Lídia" veio a tornar-se um prenome feminino
da onomástica da língua portuguesa.
Tiatira era bem conhecida pela sua
indústria de tingimento e é provável que Lídia tivesse aprendido ali as
habilidades que vieram a tornar-se a sua profissão. A existência de fabricantes
de corante tanto em Tiatira como em Filipos é comprovada por inscrições
descobertas por arqueólogos. É possível que Lídia se tivesse mudado por causa
do trabalho, quer para cuidar do seu próprio negócio, quer como representante
de uma firma de tintureiros tiatirenos. Mais tarde, já em Filipos, Lídia vendia
púrpura tíria, quer o corante, quer o vestuário e tecidos tingidos com ele.
Parece que era ela quem dirigia a sua casa, o que pode ter incluído escravos ou
servos, e, portanto, possivelmente era viúva ou solteira.
O corante púrpura era extraído de várias
fontes. O mais caro era de certos tipos de moluscos marinhos. Segundo Marcial,
poeta romano do Século I, um manto da mais fina púrpura de Tiro, outro centro
fabricante dessa substância, chegava a custar 10.000 sestércios, ou 2.500
denários, o equivalente ao salário de 2.500 dias de um trabalhador. É óbvio que
essas roupas eram artigos de luxo ao alcance de poucos. Vê-se que Lídia devia
viver bem em sentido financeiro, ela tinha condições de receber o Apóstolo
Paulo e seus companheiros, Lucas, Silas, Timóteo e talvez outros.
Torna-se
cristã
Santa Lídia é descrita como
"adoradora de Deus", o que indica que poderia ser uma pagã convertida
ao judaísmo.
Tudo indica que ela não era materialista,
embora tivesse uma boa fonte de rendimento, visto que reservava tempo para as
atividades religiosas no sábado, tendo ainda de enfrentar crescentes
sentimentos de anti-semitismo.
A vida em Filipos não devia ser fácil para
os judeus e para os prosélitos do judaísmo, pois pouco antes da visita de
São Paulo, o Imperador Cláudio havia banido os judeus de Roma. Talvez
houvesse poucos judeus e nenhuma sinagoga em Filipos, portanto, no sábado,
ela e outras mulheres devotas se reuniam junto a um rio fora da cidade. Há quem
afirme, porém, que a lei romana proibia aos judeus a prática de sua religião
nos "limites sagrados" de Filipos. Portanto, depois de passar
"alguns dias" lá, os missionários encontraram, no sábado, o tal lugar
junto a um rio, fora da cidade, onde "pensaram haver um lugar de
oração" (Atos 16:12-13). Pelo visto era o Rio Gangites. Lá os missionários
encontraram só mulheres, uma das quais era Lídia. Quando São Paulo pregou a
estas mulheres, Lídia escutou com atenção acerca de Jesus.
Depois de ser batizada, junto com os da
sua casa, ela mostrou a sua hospitalidade ao suplicar a Paulo e aos seus
companheiros que ficassem no seu lar. O escritor dos Atos dos Apóstolos,
companheiro de viagem de São Paulo, acrescenta: "Ela simplesmente nos
fez ir" (Atos 16: 11-15).
A Bíblia não especifica quem eram os
membros da família de Lídia, que podia ser solteira ou viúva, já que não se
fala do marido. A sua família talvez fosse composta de parentes, mas esse termo
podia referir-se também a escravos ou servos. De qualquer forma, Lídia foi
pronta a transmitir às pessoas que moravam com ela a sua nova fé e as coisas
que havia aprendido.
Mais tarde, depois de São Paulo e Silas
terem sido soltos da prisão, eles foram novamente ao lar de Lídia. Encorajaram
ali os irmãos e então partiram de Filipos (Atos 16: 36-40). Pode ser que os fiéis
da recém-formada congregação ou igreja filipense usassem a casa de Lídia como
local para reuniões. É lógico imaginar que sua casa tenha continuado a ser um
centro de atividades cristãs na cidade.
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