sábado, 13 de março de 2021

Beata Justina Bezzoli Francucci, Virgem beneditina - 12 de março

Martirológio Romano: Em Arezzo, na Toscana (Itália), Beata Justina Bezzoli Francucci, virgem da Ordem de São Bento e reclusa († 1319)

     Em Florença, no mosteiro beneditino de Santa Maria das Flores, em Lapo, se conserva e venera o corpo incorrupto da Beata Justina Bezzoli Francucci, aqui trazido do mosteiro do Espírito Santo de Arezzo em 1968. Desde 1938 a igreja do mosteiro é também uma paroquia. O coro das monjas é uma extensão da igreja e o centro é o Tabernáculo.
     Em 1350 as primeiras monjas ali se instalaram e em 13 de outubro daquele ano o bispo Santo Andrea Corsini consagrou o mosteiro com a Regra de Santo Agostinho e o título de Santa Maria das Flores, tornando-se a mais antiga igreja de Florença. Em 1808, as monjas tiveram que abandonar o mosteiro devido as leis de supressão das ordens religiosas. Os beneditinos depois se encarregaram dele em 1817. A urna com o corpo da Beata se encontra em uma parede que une as duas comunidades. Seu rosto pode ser visto através do vidro e parece nos convidar a dedicar um tempo adequado a oração.
     Descendente da nobre família Bezzoli Francucci, Justina nasceu em Arezzo entre 1257 e 1260. De caráter humilde e amável, cresceu adquirindo uma certa maturidade. Na casa do pai rico, na facilidade e comodidade, assimilava com a oração diária os sentimentos religiosos mais genuínos. Com frequência se privava de alimento e gostava de se retirar para rezar; sentiu-se atraída a consagrar-se a Deus, o que resultou na imediata negativa dos pais e sem apelação. Era filha única, herdeira amada de uma fortuna considerável, tinha como futuro invejável o casamento com um homem digno de sua linhagem.
     Os caminhos de Deus, entretanto, não são os caminhos dos homens: primeiro convenceu seu pai a custo de lágrimas, depois foi a vez de seu tio paterno, que também não queria se privar de sua única sobrinha. Uma grave doença de seu pai o fez refletir sobre a transitoriedade de todas as coisas e Justina obteve a sua aprovação.
     Justina tinha tão somente 12 anos de idade e esta decisão nos parece incompreensível, mas naquela época as decisões importantes eram tomadas algumas vezes nessa idade. Justina foi recebida no Mosteiro de São Marcos (que já não existe) levando somente uma imagem do Crucificado.  Deixou tudo para se dedicar à meditação da Palavra de Deus; o hábito grosseiro tomou lugar das roupas opulentas. Nas tarefas mais simples mostrava encanto em responder com obediência às necessidades da comunidade.
     Justina permaneceu no mosteiro por quatro anos, quando foi obrigada a sair com as irmãs por causa das guerras que sacudiram a cidade. Com seu crucifixo se transferiu para o Mosteiro de Todos os Santos, porém neste local não ficou por muito tempo. Chegara aos seus ouvidos que numa cela, no Castillo di Civitella (Civitella dela Ciana), vivia reclusa voluntariamente uma virgem chamada Lúcia. Compartilhar as práticas mais austeras das virtudes cristãs se converteu em seu desejo supremo.
     Com a permissão do bispo Umbertini, mudou-se para a ermida de Santa Lúcia que muito feliz a recebeu. Na pobreza extrema foram visitadas pelo pai de Justina, o qual, podemos imaginar com que angústia, tratou em vão levá-la para casa.
     A coexistência destas anacoretas durou somente uns anos, até que Lúcia adoeceu gravemente e sua jovem companheira ajudou-a até o momento de sua morte. Uma vez sozinha, Justina continuou vivendo dedicada à oração e à penitência, visivelmente aliviada pelo Esposo Celestial, que por meio de um anjo a defendeu em várias ocasiões de ataques de lobos.
     Estas e muitas privações minaram sua saúde e aos trinta e cinco anos começou a ter sérios problemas de visão. Viu-se obrigada a retornar ao mosteiro, para a alegria das irmãs, que agora viam que sua alma não era deste mundo. O mosteiro, porém, foi objeto de incursões de soldados e o bispo teve que transladá-las a um lugar mais seguro. Era o ano de 1315 e Justina voltou a mudar de casa.
     A Beata tinha uma singular devoção pela Paixão de Cristo e mesmo doente utilizava os cilícios, chegando inclusive à flagelação. Passou os últimos vinte anos de sua vida completamente cega, caindo muitas vezes em êxtase, inclusive na presença das irmãs. Morreu rezando, rodeada de suas companheiras, no dia 12 de março de 1319. Eram evidentes em seu corpo as feridas causadas por uma corrente de ferro que usou durante anos.
     As graças obtidas por sua intercessão são numerosas. Um lírio branco nasceu espontaneamente em seu túmulo. O corpo, dez anos depois de sua morte, era surpreendentemente flexível e o bispo de Arezzo ratificou a veneração de que se tornou objeto.
     Dois séculos depois de ter sido colocado em uma caixa de ferro, o corpo tornou a aparecer excepcionalmente incorrupto. Em seu caixão foi encontrada uma bandeira de guerra deixada por um capitão como um ex-voto em torno de 1384. Alguns fragmentos da bandeira foram distribuídos aos fiéis como relíquias.
     A Beata Justina é invocada especialmente pelas pessoas cegas; diante de sua urna também foram exorcizados alguns demônios. Seu culto foi confirmado pela Santa Sé em 14 de janeiro de 1891. No dia 12 de cada mês uma associação faz celebrar Missa em recordação de sua comemoração litúrgica.
 
Corpo incorrupto da Beata

Para maior informação contatar:
Mosteiro de Santa Maria del Fiore en Lapo
Via Faenza, 24750133 Florença 055/587444
Fonte: Santi e Beati
 
Postado neste blog em10 de março de 2017

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