quarta-feira, 3 de março de 2021

Santa Cunegundes, Imperatriz, viúva e religiosa - 3 de março

      
     Santa Cunegundes era filha de Sigfrid, primeiro Conde de Luxemburgo, e de Edviges, sua piedosa esposa. Ela nasceu por volta do ano 975. Ela era uma descendente de sétima geração de Carlos Magno. Seus pais instilaram nela desde o berço os sentimentos mais ternos de piedade; casaram-na com Henrique, Duque da Baviera.
     O seu casamento com Henrique II foi espiritual, isto é, eles casaram-se com companheirismo religioso e pelo mútuo acordo de não consumarem o seu relacionamento. Os historiadores ainda debatem sobre a veracidade da história, mas segundo alguma fonte, o casal – inspirado pelo modelo de São José e da Virgem Maria – teria feito voto de perpétua virgindade, haja visto que não tiveram filhos. Outra fonte, no entanto, dá a entender que Henrique, ao perceber que Cunegundes era estéril, e embora ele a pudesse rejeitar, conforme os costumes germânicos, decidiu não repudiar sua mulher. O amor que ele nutria por Cunegundes era tão grande que o Imperador preferiu não ter filhos a ter que repudiar sua amada esposa.
     Ela foi coroada em Paderborn no dia de São Lourenço, ocasião em que fez grandes presentes para as igrejas da cidade. No ano de 1014, Cunegundes foi com o marido a Roma, e com ele recebeu a coroa do Sacro Império Romano das mãos do Papa Bento VIII.
     Antes de seu casamento, com o consentimento de Henrique, ela havia feito voto de virgindade. Caluniadores depois a acusaram junto a ele de ter tido liberdades com outros homens. Para remover o escândalo de tal calúnia, confiando em Deus, a santa Imperatriz andou sobre brasas incandescentes sem ser ferida provando assim sua inocência. O imperador condenou suas suspeitas e credulidade, e fez as pazes com ela. Eles viveram a partir desse momento com a maior união de corações, trabalhando para promover a honra de Deus e o avanço da piedade.
     Logo, a fama de santidade começou a circundar o casal. Durante sua vida, Cunegundes deu grandes mostras de piedade e caridade para com os pobres.
     Tendo certa vez se retirado em Hesse, ela caiu gravemente enferma e fez um voto: caso ela se recuperasse, fundaria um mosteiro, o que aconteceu. O mosteiro foi mandado executar por ela de forma imponente em um lugar chamado então Capungen, agora Kaffungen, perto de Cassel, na diocese de Paderborn, e deu-o às religiosas da Ordem de São Bento.
     Antes que a construção acabasse, Santo Henrique morreu, em 1024. Ela recomendou sua alma às orações dos súditos, especialmente às suas queridas monjas, e expressou seu desejo de se juntar a elas. Ela já havia esgotado os seus bens fundando bispados e mosteiros, e no auxílio aos pobres. Tudo o que era rico ou magnificente ela pensava ser mais adequado dar às igrejas do que ao seu palácio. Ela, portanto, tinha agora pouco para dar. Mas estava ainda sedenta de abraçar a pobreza evangélica perfeita e de renunciar a tudo para servir a Deus sem obstáculos.
     No dia do aniversário da morte de seu marido, no ano de 1025, ela reuniu muitos prelados para a dedicação da igreja de Kaffungen, e, após a leitura do Evangelho na Missa, Cunegundes ofereceu um pedaço da verdadeira cruz; depois tirou suas vestes imperiais e vestiu-se com um hábito pobre, seu cabelo foi cortado e o bispo colocou o véu e um anel como garantia de sua fidelidade a seu esposo celeste.
     Assim que foi consagrada a Deus, parecia ter esquecido totalmente que ela tinha sido imperatriz, e comportava-se como a última na casa. Nada ela temia mais do que aquilo que pudesse trazer-lhe à mente a lembrança de sua antiga dignidade. Ela rezava e lia muito, trabalhava com suas mãos, abominava a mínima aparência de mundanismo, e tinha um prazer singular em visitar e confortar os doentes. Assim ela passou os últimos 15 anos de sua vida, sem nunca gozar da menor preferência a qualquer religiosa da comunidade.
     Suas mortificações tornaram-na muito fraca e causaram sua última enfermidade. Seu mosteiro e toda a cidade de Cassel ficaram penalizados diante do pensamento de sua perda estar se aproximando; ela, porém, não parecia se preocupar: deitada sobre um tecido grosseiro, estava pronta para entregar sua alma, enquanto as orações da agonia eram lidas ao lado dela. Percebendo que estavam preparando um pano com franjas de ouro para cobrir seu corpo após a sua morte, ela ordenou que fosse retirado. Ela não ficou descansada enquanto não lhe foi prometido que ela seria enterrada como uma pobre religiosa em seu hábito.
     Ela faleceu no dia 3 de março de 1040.
O seu corpo foi depositado com honras solenes em Bamberg, junto dos ossos de seu esposo, Santo Henrique. A maior parte de suas relíquias ainda permanece na mesma igreja. Ela foi solenemente canonizada por Inocêncio III, em 19 de março de 1200. O autor de sua vida relaciona muitos milagres ocorridos em seu túmulo pela intercessão desta santa virgem e viúva.
     Santa Cunegundes é padroeira da diocese de Bamberg (Alemanha), de Luxemburgo, da Lituânia e da Polônia
 
Fontes:
De sua vida, escrito por um cânone de Bamberg, cerca do ano 1152: também a Dissertação de Henschenius, p. 267
cfr. As Vidas dos Santos, por Rev. Alban Butler, 1866. Volume III: Março, p. 501-502
 
Postado neste blog em 3 de março de 2013

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