"Os anciãos viram nela um anjo do Senhor, algo como um anjo da guarda visível; assim como distribuía os bens de comida e roupas, distribuía conforto e, sobretudo, a luz da fé e o fogo de seu amor por Deus". 1
Aconselhada por seu tio, o Beato Francisco Palau y Quer, carmelita descalço, estudou em Lérida, se formando professora e dava aula na cidade de Argensola. Com grande espírito de piedade, percorria 2 k a pé até Lérida para confessar-se.
O Beato Palau havia pensado em Teresa como uma possível colaboradora de uma fundação que ele havia iniciado. Em 1862 Teresa de associou as Terceiras Carmelitas dirigidas pelo tio, tornando-se diretora da escola; ela trabalhou por alguns anos na direção de várias escolas de seu trabalho nascente, os Terciários Carmelitas, mas ela não se ligou religiosamente a eles.
Nos primeiros dias de julho de 1868, desejando maior perfeição, entrou no convento das Clarissas de Briviesca, perto de Burgos. Lá fez o seu postulantado e noviciado com grande alegria, esperando o dia tão sonhado de sua profissão religiosa. Quando já se preparava para emitir os seus votos, uma ordem do governo republicano proibiu a emissão de votos religiosos e Teresa não pode professar.
Como os desígnios de Deus são outros, um dia surgiu no seu rosto uma ferida rebelde que alarma toda a comunidade; não sabendo se essa ferida era maligna, ou até contagiosa, por prudência a mandaram para casa para se tratar.
Ela sentiu muito a partida do convento, sofreu muito em ver seu grande sonho desvanecer, mais seguiu adiante, confiando na Providência de Deus. Voltou a colaborar com seu tio, o Pe. Palau, sofrendo na carne as perseguições e contratempos que o afligiram, e o acompanhou até sua morte em 20 de março de 1872.
Em junho de 1872, Teresa e sua mãe chegaram de passagem a Barbastro e encontraram um amigo de seu tio, o Pe. Pedro Llacera, que era muito amigo do Pe. Saturnino López Novoa, que nessa época estava com planos de fundar uma congregação para o cuidado dos velhinhos pobres e desamparados. Pe. Pedro, conhecendo a vida e o espírito de Teresa, convidou-a a fazer parte dessa fundação que estava marcada para os primeiros dias de outubro.
Teresa, vendo aí a mão de Deus, sem hesitar respondeu o seu sim, e nos primeiros dias de outubro, foi para Barbastro, não sozinha, mas com sua irmã, Maria Jornet, e uma amiga, Mercedes Calzada, frutos de seu apostolado de amor.
Juntamente com as outras 11 aspirantes, durante o mês de novembro realizaram os Exercícios Espirituais de Santo Inácio, sob a direção do padre jesuíta Francisco Puig, diretor espiritual do seminário daquela cidade. Finalmente, em 27 de janeiro de 1873, foi realizada a tomada solene do hábito das Irmãzinhas na capela do seminário.
Quando os tempos para a religião são difíceis, há aqueles que recomendam, em nome da prudência, que usem o hábito apenas dentro de casa e que para sair na rua usem vestidos seculares. As noviças se surpreendem com a sugestão, porque estavam dispostas a alcançar o martírio, se necessário. Elas pedem poder usá-lo sempre. O povo também expressou seu prazer. Foi um primeiro triunfo do bom espírito.
Em Valência, leigos pretendiam fundar um lar para idosos indefesos. Diante da recusa de um instituto francês em frequentar o asilo, eles então recorreram ao Pe. Saturnino López, que aceitou a oferta e decidiu mudar a fundação incipiente do Barbastro para Valência. Lá, elas receberam o apoio do arcebispo e a ajuda incondicional de seu secretário, Dom Francisco García y López (1833-1909), bispo auxiliar; embora para as Irmãzinhas sempre será o Padre Francisco, considerado cofundador do Instituto. Particularmente, em Valência, Nossa Senhora dos Desamparados as aguardava, e a partir de então seria a padroeira da congregação nascente. Assim, no domingo, 11 de maio de 1873, na festa da Virgem dos Desamparados, a inauguração do asilo ocorreu na Calle de la Almoina, com a admissão das duas primeiras idosas.
Teresa foi nomeada Superiora Geral da nascente Congregação e, em 25 anos de mandato, fundou 103 casas.
O número de postulantes crescia com rapidez, e em 21 de novembro de 1874, graças a generosidade de alguns benfeitores, a Congregação conseguiu adquirir o edifício de Santa Mônica, que pertencia aos Recolhimentos Agostinianos, e desde então tem sido o foco irradiador da alma de Santa Teresa Jornet. "Nela passaram os anos de maturidade espiritual e governo da santa, que santificou suas veneráveis mãos com suas virtudes heroicas e testemunha de sua dedicação aos idosos pobres, e em Santa Mônica ela formou suas filhas para continuar seu trabalho de caridade". 2
"Cuidar dos corpos para salvar as almas", era a máxima constante nos lábios da santa, e como sua grande fé a fazia ver nos idosos pobres e abandonados a figura de Cristo, toda sua ambição era ajudá-los a se livrar das escórias do pecado, recuperar, se tivessem perdido, a graça, e com a graça a dignidade dos filhos de Deus. Quantas orações e sacrifícios até obtermos a conversão de algum coração inveterado! Quanta delicadeza não atrapalhar com as explosões de um zelo prematuro a ação de Deus na alma! Quantas noites sem dormir na cabeça dos moribundos, para ajudá-los até o último momento e entregá-los, serenos e purificados, nas mãos de Deus!" 3 Antes de expirar, Madre Teresa recebeu a tão esperada comunicação da aprovação final das Constituições de seu Instituto, elaborada pelo Servo de Deus Saturnino López Novoa. Ela tirou-os de suas mãos como um verdadeiro código de obediência e disse-lhe: "Este pequeno livro, Pai, é ou para me salvar ou é para me condenar".
Aos 54 anos, depois de uma longa e dolorosa enfermidade, morreu santamente na cidade de Liria, no dia 26 de agosto de 1897, deixando um rastro de santidade em toda a Congregação. Em 1904, seus despojos foram transladados de Liria para a Casa-mãe de Valência.
O seu testamento espiritual foi esse: "Cuidem com interesse e esmero dos anciãos, tenham muita caridade e observem fielmente as Constituições, nisso está a nossa santificação".
Foi beatificada por Pio XII no dia 27 de abril de 1958, e canonizada por Paulo VI em 27 de janeiro de 1974, ano centenário da fundação da Congregação. É considerada a padroeira dos anciãos e dos pensionistas idosos. Sua festa é celebrada no dia 26 de agosto.
1. P. José María de Garganta O.P. y P. Vito Tomás Gómez O.P., Santa Teresa Jornet – Carisma y Espíritu, Casa Generalícia das Irmãzinhas, Valencia, 1983, p. 64.
2. Ibid., p. 55.
3. M. Eugenia Pietromarchi; O.S.B., Santa Teresa de Jesús Jornet e Ibars, Casa Generalicia de las Hermanitas, Valência, 1974, pp. 37-38.
https://www.tesorosdelafe.com/
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