Palavras escritas por Santa Catarina Labouré sobre a aparição de Nossa Senhora e a revelação da Medalha Milagrosa
Vi a Santíssima virgem à altura do quadro de São José. A Santíssima Virgem, de estatura média, estava de pé, vestida de branco, com um vestido de seda branco-aurora… com um véu branco que Lhe cobria a cabeça e descia de cada lado até em baixo.
Sob o véu, vi os cabelos lisos repartidos ao meio e por cima uma renda a mais ou menos três centímetros de altura, sem franzido, isto é, apoiada ligeiramente sobre os cabelos.
O rosto bastante descoberto, bem descoberto mesmo, os pés apoiados sobre uma esfera, quer dizer, uma metade da esfera… tendo uma esfera de ouro, nas mãos, que representava o globo. Ela tinha as mãos elevadas à altura do cinto de uma maneira muito natural, os olhos elevados para o Céu… seu rosto era magnificamente belo.
Eu não saberia descrevê-lo… e depois, de repente, percebi anéis nos dedos, revestidos de pedras, mais belas umas que as outras, umas maiores e outras menores, que despediam raios mais belos uns que os outros.
Partiam das pedras maiores os mais belos raios, sempre alargando para baixo, o que enchia toda a parte de baixo. Eu não via mais os seus pés… Nesse momento em que estava a contemplá-La, a Santíssima Virgem baixou os olhos, olhando-me. Uma voz se fez ouvir, e me disse estas palavras:
A esfera, que vedes, representa o mundo inteiro, particularmente a França e cada pessoa em particular.
Aqui eu não sei exprimir o que senti e o que vi; a beleza e o fulgor; os raios tão belos…
- É o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que as pedem, fazendo-me compreender quanto era agradável rezar à Santíssima Virgem e quanto ela era generosa para com as pessoas que rezam a Ela, quantas graças concedia às pessoas que rezam a Ela, que alegria Ela sente concedendo-as…
Formou-se um quadro em trono da Santíssima Virgem, um pouco oval, onde havia, no alto, estas palavras: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós, escrita em letras de ouro.
A inscrição, em semicírculo, começava à altura da mão direita, passava por cima da cabeça e acabava na altura da mão esquerda. Então, uma voz se fez ouvir, e me disse:
Fazei, fazei cunhar uma medalha com este modelo. Todas as pessoas que a usarem receberão grandes graças, trazendo-a ao pescoço. As graças serão abundantes para as pessoas que a usarem com confiança.
No mês seguinte, outra vez Santa Catarina viu Nossa Senhora. Ela estava, como em novembro, segurando o globo de ouro, encimado por uma pequena cruz também de ouro, e dos anéis jorravam os mesmos raios de luz desigual.
“Dizer-vos o que entendi no momento em que a Santíssima Virgem oferecia o globo a Nosso Senhor, é impossível transmitir. Como eu estivesse ocupada em contemplar a Santíssima Virgem, uma voz se fez ouvir no fundo do meu coração, e me disse: Estes raios são o símbolo das graças que a Santíssima Virgem obtém para as pessoas que as pedem”.
Santa Catarina reparou que, de algumas pedras dos anéis não partiam raios. Uma voz lhe esclareceu o porquê disso: “Estas pedras das quais nada sai são graças que os homens se esquecem de Me pedir”.
Durante mais de um ano, a religiosa incansavelmente insistiu com o Sacerdote para que fossem cunhadas as medalhas, conforme Nossa Senhora determinara. Mas ele, inflexível, sempre resistia.
Afinal, depois de um longo período de aflição para a santa religiosa, o Pe. Aladel, acompanhando seu superior numa audiência com o Arcebispo de Paris, Mons. De Quélen, aproveitou a oportunidade para expor ao Prelado o que acontecera na Rue Du bac, ocultando, porém, o nome da vidente. Essa audiência se deu em janeiro de 1832.
O Arcebispo, diferentemente do Pe. Aladel, desde logo viu com bons olhos a iniciativa e incentivou a confecção da medalha. Encorajado, o Pe. Aladel mudou de atitude e, quatro meses depois, em maio, encomendou à Casa Vachette um primeiro lote de 20 mil medalhas.
No momento que iam ser cunhadas as primeiras medalhas, uma terrível epidemia de cólera, proveniente da Europa oriental, atingia Paris.
O morbo se manifestou a 26 de março de 1832 e se estendeu até meados do ano. A 1° de abril, faleceram 79 pessoas; no dia 2 168; no dia seguinte, 216, e assim foram aumentando os óbitos, até atingirem 861 no dia 9.
No total, faleceram 18.400 pessoas, oficialmente; na realidade, esse número foi maior, dado que as estatísticas oficiais e a imprensa diminuíram os números para evitar a intensificação do pânico popular.
No dia 30 de junho, as primeiras 1500 medalhas foram entregues pela Casa Vachette, e as Filhas da Caridade começaram a distribuí-las entre os flagelados. Na mesma hora refluiu a peste e começaram, em série, os prodígios que em poucos anos tornariam a Medalha Milagrosa mundialmente célebre.
O Arcebispo, que recebera logo algumas das primeiras medalhas, alcançou imediatamente uma graça extraordinária por meio delas, e passou a ser entusiasta propagandista e protetor da nova devoção.
Também o Papa Gregório XVI recebeu um lote de medalhas, e passou a distribuí-las a pessoas que o visitavam.
Até 1836, mais de 15 milhões de medalhas tinham sido cunhadas e distribuídas, no mundo inteiro. Em 1842, essa cifra atingia a casa dos 100 milhões. Dos mais remotos países chegavam relatos de graças extraordinárias alcançadas por meio da medalha: curas, conversões, proteção contra perigos iminentes etc.
Extraído do livro: “A verdadeira História da Medalha Milagrosa” – Armando Alexandre dos Santos
Santa Catarina Labouré, Virgem – 28 de novembro
Por muitos anos ninguém soube como surgiu a Medalha Milagrosa, cuja festa comemoramos ontem. Apenas em 1876 tornou-se público que uma humilde religiosa vicentina, falecida nesse ano, e que vivera durante os 46 anos de sua vida religiosa na mais completa obscuridade, é que recebera da Mãe de Deus a revelação dessa Medalha. Essa santa é Catarina Labouré.
Na pequena aldeia de Fain-les-Moutiers, na Borgonha, Catarina nasceu a 2 de maio de 1806, a nona dos onze filhos de Pedro e de Luísa Labouré, honestos e religiosos agricultores. Aos 9 anos perdeu a mãe e pediu a Nossa Senhora que a substituísse.
Catarina queria ser religiosa, e quando estava por decidir em que Congregação entrar, sonhou com São Vicente de Paulo, a quem não conhecia, que lhe disse que seria sua filha em religião. E realmente, em janeiro de 1830, ela entrou para as Filhas da Caridade, fundadas por aquele Santo.
Depois de passar pelo postulantado em Chatillon, Catarina foi mandada para o noviciado na Casa-mãe das vicentinas, na Rue du Bac, em Paris.
Catarina foi agraciada com muitas visões de São Vicente de Paulo e de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento, sendo algumas delas proféticas, a respeito do futuro da França.
Na véspera da festa de São Vicente, ainda em 1830, a Mestra de Noviças tinha feito uma preleção sobre a devoção aos santos, e especialmente a Nossa Senhora. Isso inflamou na Irmã Catarina o desejo de ver a Mãe de Deus. Quando foi deitar-se, pegou um pedacinho de uma sobrepeliz de São Vicente, que a Mestra tinha dado como relíquia às noviças, e engoliu-o julgando que São Vicente poderia alcançar-lhe essa graça.
Às onze e meia da noite, ela ouviu uma voz de criança, que lhe disse: “Venha à capela. A santíssima Virgem a espera”.
Lá Catarina viu a Santíssima Virgem sentar-se numa cadeira no presbitério. Conta-nos Catarina: “Ela me disse como eu devia proceder para com meu diretor, como devia proceder nas horas de sofrimento e muitas outras coisas que não posso revelar”. Essas coisas que ela não podia revelar eram sobre próximos acontecimentos políticos que teriam lugar em Paris.
No dia 27 de novembro de 1830, Catarina estava na capela, quando ouviu o característico frufru de um vestido de seda. Olhou para o lado e viu Nossa Senhora vestida de branco, sobre uma meia-esfera. Tinha nas mãos uma bola que representava o globo terrestre, e olhava para o céu.
“De repente – narra Catarina – percebi anéis nos seus dedos, engastados de pedras brilhantes, umas maiores e mais belas do que as outras, das quais saíam raios que eram, também, uns mais belos que os outros”. Nossa Senhora explicou-lhe que tais raios simbolizavam as graças que derramava sobre as pessoas que as pediam.
Teve então a visão da Medalha Milagrosa, como dissemos ontem, na festa dessa medalha.
Catarina perguntou a Nossa Senhora a quem recorrer para a confecção da medalha, e a Mãe de Deus lhe respondeu que deveria procurar seu confessor, o Pe. João Maria Aladel: “Ele é meu servidor”.
O Pe. Aladel procurou o Arcebispo, que ordenou em 20 de junho de 1832, que fossem cunhadas duas mil medalhas.
Ora, em março de 1832, quando iam ser confeccionadas essas primeiras medalhas, uma terrível epidemia de cólera, proveniente da Europa oriental, atingiu Paris. Mais de 18 mil pessoas morreram em poucas semanas. Num único dia, chegou a haver 861 mortes.
No fim de junho, as primeiras medalhas ficaram prontas e começaram a ser distribuídas entre os flagelados. Na mesma hora refluiu a peste, e tiveram início, em série, os prodígios que em poucos anos tornariam a Medalha Milagrosa mundialmente célebre.
A missão de Catarina Labouré estava cumprida. Os 46 anos que lhe restaram de vida, ela os passou como uma humilde irmã, da qual praticamente nada havia para falar. Só quando se aproximou sua morte, em 1876, sua Superiora soube que fora ela a privilegiada Irmã que recebera aquela sublime missão.
Cinquenta e seis anos após sua morte, o corpo de Catarina foi encontrado inteiramente incorrupto, e é como se encontra ainda hoje na capela das Irmãs da Caridade, na Rue du Bac, em Paris.
© 2024 Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. Todos os direitos reservados
Link original: https://www.ipco.org.br/2811-santa-catarina-labourevirgem
Nenhum comentário:
Postar um comentário