Serviu de para-raios, afastando os inimigos da Civilização Cristã nascente.
O Papa São Leão homenageou a Imperatriz
Pulquéria, digna neta de Teodósio, o Grande, com as seguintes palavras:
“É a vós que se deve a supressão dos
escândalos suscitados pelo espírito do mal; graças ao vosso esforço, toda a
terra está presentemente unida na mesma confissão de Fé. A parte principal em
tudo que neste tempo se fez contra os adversários da Verdade Divina, duas
palmas estão em suas mãos, duas coroas sobre sua cabeça, porque a Igreja lhe
deve a dupla vitória sobre a impiedade de Nestório e Eutíquio, que embora
divididos no ataque, visavam o mesmo fim: a negação da Encarnação e do papel da
Virgem Mãe na salvação do gênero humano”.
Pulquéria nasceu em 19 de janeiro de 399,
foi batizada por São João Crisóstomo em Constantinopla e muito nova ainda fez voto
de virgindade, juntamente com as duas irmãs mais novas.
Conta-se que ela e suas irmãs, virgens
como ela, entoavam os Salmos e com isto continham os bárbaros. Grande devota de
Nossa Senhora, ela construiu várias igrejas em sua honra em Bizâncio.
Quando
seu pai, Arcádio, morreu, em 414, foi proclamada "augusta" tendo
apenas quinze anos, e passou a governar tutelando seu irmão, Teodósio II, dois
anos mais novo do que ela. Assumiu todas as responsabilidades do governo e
raras vezes viu-se tanta prudência aliada à tamanha precocidade.
O palácio imperial quase havia se tornado
um convento, porque dia e noite ali as saudações divinas eram cantadas, lia-se
a Sagrada Escritura, jejuava-se e faziam-se trabalhos manuais. Pulquéria, tendo
como conselheiro o Patriarca Atiço, tornou-se defensora da ortodoxia católica,
emanando leis contra os hereges de vários movimentos, impedindo o acesso de
pagãos aos cargos públicos, moderando a influência dos judeus na vida do
império. Em 417, ela restabeleceu a comunhão entre a Sé Apostólica e o
patriarcado de Constantinopla.
Quando Teodósio chegou aos vinte anos,
Pulquéria concorreu para que ele desposasse Atenaide, filha de um filósofo
pagão de Atenas. O casamento aconteceu em 7 de junho de 421. Batizada com o
nome de Eudóxia, esta princesa acabou por perseguir a cunhada, por esta exercer
influência sobre Teodósio. Pulquéria teve que se retirar da corte.
Na realidade, a heresia de Eutíquio
(378-454), superior de um mosteiro de Constantinopla, havia agravado a tensão
entre as duas damas, que estavam em posições opostas.
Pulquéria se retirou no seu palácio de
Ebdomon, e ali residia quando a 13 de junho de 449 o Papa São Leão Magno, em
luta contra o herege Eutíquio, enviou-lhe várias cartas pedindo insistentemente
que viesse em auxílio da ortodoxia ameaçada. Com uma carta datada de 17 de
março de 450, a Augusta Pulquéria respondeu afirmativamente ao pedido do Papa.
Eutíquio tinha, com efeito, caído nas boas
graças do Imperador Teodósio II, e a heresia triunfava então na sé de
Constantinopla. Bastou que Pulquéria aparecesse na corte para acabar com tais
abusos. Estimulou a convocação do Concílio de Calcedônia que condenou o
eutiquianismo e seus adeptos. Ela também foi envolvida na controvérsia que teve
como protagonista São Flaviano, patriarca de Constantinopla, episódio que expôs
o erro de Teodósio II, e também contribuiu para a volta de Pulquéria à corte.
Em 28 de junho de 450, com o falecimento
de Teodósio, Eudóxia foi afastada e Pulquéria tornou-se senhora absoluta do
Império, então ameaçado por Átila, rei dos hunos.
A fim de estabilizar a sua autoridade,
Pulquéria decidiu casar-se com o General Marciano, que respeitou seu voto de
virgindade. O General Marciano perseguiu os partidários dos heresiarcas
Nestório e Eutíquio, e obrigou Átila a afastar-se das fronteiras.
Durante o Concílio de Calcedônia (451), do
qual participaram também os soberanos bizantinos, na presença de seu marido, o
Imperador Marciano, Pulquéria foi aclamada como a nova Santa Helena, defensora
e salvadora da Cruz de Cristo.
Entre o Papa São Leão Magno e os soberanos
se estabeleceu uma correspondência intensa para consolidar as normas do
Concílio, e quando surgiram sucessivas agitações heréticas, especialmente na
Palestina (453), Pulquéria interveio com duas cartas dirigidas aos monges
palestinos e a São Bassa e suas monjas.
A Imperatriz Pulquéria faleceu no terceiro
ano de reinado de Marciano, no mês de julho de 453. No seu testamento, ela
deixou todos os seus bens para os pobres.
Os historiadores bizantinos mencionam,
entre suas obras, a construção de suntuosos templos em honra dos mártires, de
numerosos mosteiros, hospitais, aos quais destinava dotes para seu sustento.
Algumas de suas obras: a Igreja dos 40
Mártires de Sebaste, o Santuário dedicado a Santo Estevão, que abriga a
relíquia da mão direita do protomártir, uma igreja em honra ao Profeta Isaias,
a Igreja de São Mena. Santa Pulquéria é recordada também por ter dado início,
em 449, e depois com o apoio de Marciano, à construção de santuários marianos.
O corpo de Santa Pulquéria foi sepultado
na Igreja dos Santos Apóstolos de Constantinopla, aonde já repousavam São
Gregório de Nazianzeno, São João Crisóstomo e São Flaviano. O sucessor do
Imperador Marciano, Imperador Leão (457-474), cheio de admiração pela
Imperatriz falecida, fez colocar uma imagem dela sobre seu túmulo.
No Ocidente, o culto de Santa Pulquéria
teve novo impulso com o Papa Bento XIV. Seu decreto de 2 de fevereiro de 1752
estendia o culto de Santa Pulquéria e de São Marciano, com Missa própria, a uma
boa parte da Europa, e elogiava os valores altamente expressivos do casto
casamento dos soberanos.
Santa Pulquéria é recordada no dia 10 de
setembro e, junto com São Marciano, São Flaviano e São Leão, no dia 17 de
fevereiro. Ela recebeu o título de "custódia da Fé" devido a
sua grande participação na defesa da ortodoxia católica.
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