Gala era filha do Consul Aurélio Memmio
Simmaco, membro do senado, um inteligente e virtuoso patrício de Roma, que por
muitos anos foi conselheiro do Rei Teodorico, que entretanto o fez matar em
Ravena (525) sob infundadas suspeitas de traição. Santa Gala foi entregue como
esposa a um jovem patrício de quem não se conhece o nome. Tendo enviuvado um
ano depois, embora fosse estimulada pelos parentes a contrair novas núpcias,
preferiu se consagrar a Deus, inicialmente no exercício das obras de
misericórdia e depois se retirando em um mosteiro nas proximidades da basílica
vaticana de São Pedro.
Ali viveu, afirma São Gregório Magno,
muitos anos “na simplicidade do coração, dedicada à oração, distribuindo
grandes esmolas aos pobres”. A decisão da jovem suscitou uma salutar impressão
em Roma e se difundiu largamente. Da Sardenha, onde se encontrava em exílio
pela segunda vez, São Fulgêncio de Ruspe (que tinha tido ocasião de conhecer a
família da santa em Roma) lhe enviou uma belíssima carta, quase um pequeno
tratado em 21 capítulos ("De statu viduarum”), no qual a confirma na
decisão tomada e lhe dá conselhos ascéticos.
Antes de morrer a santa teve uma visão do
apóstolo São Pedro, convidando-a ao céu. São Gregório se refere a esta visão em
seus Diálogos, no livro IV, que tem
por meta demonstrar a imortalidade da alma por meio de aparições ou visões
ocorridas com almas eleitas. Segundo a tradição, a Virgem teria aparecido à
santa enquanto esta executava uma de suas obras de caridade. A milagrosa
aparição é recordada em uma apreciada pintura do século XI na igreja de Santa
Maria em Portico in Campitelli. Esta pintura é considerada milagrosa e era
levada em procissão em tempos de peste.
A festa comemorativa de tal aparição, por
concessão da Congregação dos Ritos, se celebra em Roma no dia 17 de julho,
enquanto Santa Gala é comemorada no Martirologio Romano no dia 5 de outubro.
Por volta da metade do século XVII, surgiu em Roma, por obra de M. A. Anastásio
Odescalchi, primo do Beato Inocêncio XI, e com a aprovação deste Papa, um
hospital dedicado à santa, no qual São João B. de Rossi desenvolveu durante
muitos anos suas atividades e reagrupou em especial associações e sacerdotes
dedicados a obras de apostolado entre as classes mais humildes. Em 1940, uma
igreja paroquial foi dedicada à santa em Roma.
Etimologia: Gala é um nome de origem latina derivado de
Gallus/Galla, gentílico para referir-se aos naturais da Gália, que seria a
atual França. Este nome já fora usado como nome próprio na época romana. Foi,
por exemplo, o nome de uma imperatriz romana, Gala Placidia, filha de Teodósio
o Grande. Seu uso se estendeu na época cristã, quando alguns santos e santas
tinham este nome, como São Galo, Bispo de Clermont, ou Santa Gala, viúva,
século VI, objeto desta publicação.
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