Seu pai era um próspero químico e descendente do Beato Giovanni
Leonardi. A mãe de Gema era também de origem nobre. Henrique Galgani e Aurélia
Landi proporcionaram um ambiente de virtude favorável para desabrochar uma
grande santa dos tempos modernos. Os Galgani eram uma família católica
tradicional que foi abençoada com oito filhos. Batizaram a filha como
"Gemma" que, em italiano, significa joia.
Ela foi a quinta a nascer e a primeira menina da família, desenvolveu
uma atração irresistível pela oração desde muito pequena. Essa atração pela
oração lhe veio de sua piedosa mãe, que lhe ensinou a fé católica; foi ela
também que infundiu em Gema o amor por Nosso Senhor Jesus Cristo Crucificado.
Já aos cinco anos lia o Ofício de Nossa Senhora e o dos defuntos. A
piedade desenvolvera nela uma majestade de porte que não se costuma encontrar
em idade infantil. Embora fosse a mais jovem aluna de sua classe, inspirava tal
respeito, que era tratada como a mais velha. Nada se fazia sem ela e todas as
colegas a estimavam. Com fisionomia serena, mostrava-se sempre a mesma, fosse
elogiada ou repreendida.
Sua mãe morreu de tuberculose quando Gema tinha apenas sete anos e desde
então passou a ter muito trabalho doméstico e muitos problemas pessoais e
espirituais. Mas ela os suportou com paz e extraordinária paciência. Desde
muito cedo experimentava fenômenos sobrenaturais como visões, êxtases,
revelações, manifestações sobrenaturais miraculosas e estigmas periódicos.
Seu pai faleceu quando Gema tinha 18 anos e ela passou a residir na casa
de Mateo Giannini como serviçal doméstica. Ela desejava entrar para o convento
das Passionistas em Lucca, no qual o seu confessor era diretor espiritual, mas
devido à sua fragilidade física, saúde precária, que incluía uma meningite
espinhal, e por ter visões místicas, foi rejeitada. Mais tarde, Gema curou-se
graças à intercessão de São Gabriel da Virgem Dolorosa.
Aos 21 anos era humilde, dócil, respeitosa, incapaz de uma leviandade ou
de um capricho. Ouvia duas missas antes que os outros levantassem: uma em
preparação para a comunhão e outra em ação de graças. Ao regressar da igreja,
juntava-se imediatamente às criadas para cuidar dos mais novos, tirar água,
arrumar os quartos, lavar a louça, auxiliar a cozinheira e atender aos enfermos
da casa.
Mesmo depois de ter visto a face de Jesus Crucificado, sofrido com Ele e
contemplado os grandes mistérios da Redenção, encontrava-se perfeitamente
disposta a presidir os divertimentos das crianças.
O Sacerdote que frequentava a casa dos Giannini comentou que ela
praticava as virtudes com tanto entusiasmo, constância e serenidade de espírito
que pareciam ser naturais para ela. Estava acostumada a praticar com heroísmo a
virtude da obediência. E, de modo especial, em relação à palavra do Pe. Germano
de Santo Estanislau, C.S.S.R., seu diretor espiritual.
Entre 1899 e 1901 Gema sofreu por 18 meses os estigmas da Crucificação
de Cristo (stigmata), além das marcas dos espinhos e dos açoites de
Jesus. Experimentou visões de Cristo e da Virgem Maria e do seu Anjo da Guarda.
Quando em êxtase, fenômenos sobrenaturais (supranormais) manifestavam-se nela,
entre os quais a mudança do som de sua voz e o falar em linguagem usada na
época de Cristo (aramaico), da qual não poderia ter conhecimento, visto que
apenas poucos luminares em Roma foram capazes de decifrar suas visões e
revelações (fenômeno conhecido como glossolalia religiosa).
Gema tinha uma imensa devoção à Sagrada Eucaristia. Ela escreveu ao seu
diretor espiritual: "Se o Senhor pudesse ver, provar, e se dar conta das
boas dádivas que Jesus me dá! Digo, Pai, que não há um minuto em que eu não
sinta a Sua doce presença. Ele se revela cada vez mais amoroso. Hoje, na
Comunhão, Ele estava quase brincalhão, Ele disse: 'Vê, Gema, tenho no meu
Coração uma filhinha que eu amo muito, e por quem Eu sou muito amado, (ela)
está sempre me pedindo amor e pureza, e Eu, que sou o próprio Amor e a própria
Pureza, derramei sobre ela tanto desses tesouros quanto é possível a uma
criatura humana possuir. Sempre preservei a pureza do coração dessa criança
como o coração de alguém escolhido pelo próprio Divino Esposo, e eu a preservei
como um lírio imaculado do Paraíso em meu puro amor'".
Gema não esquecia nenhum meio de defesa contra os ataques que sofria por
parte do demônio: cruz, relíquias dos santos, escapulários, exorcismos e, acima
de tudo, recurso filial a Deus, à Maria Santíssima, ao Anjo da Guarda e ao seu
diretor espiritual.
Morreu placidamente, sem agonia, na data de uma importante festa
litúrgica, como sempre desejou: era uma hora da tarde do Sábado Santo, dia 11
de abril de 1903.
Sua popularidade aumentou em 1943, quando foram publicadas suas cartas
para o Pe. Germano. Além das memórias, dela nos restaram os colóquios de 150
êxtases, anotados pelas piedosas senhoras que a cercavam.
Foi beatificada em 1933 e canonizada pelo Papa Pio XII em 1940.
Esta jovem italiana, falecida no início do século e quase desconhecida
no Brasil, é certamente um providencial modelo de serenidade, espírito de
renúncia, pureza e radicalidade antidemoníaca para a juventude intemperante e
agitada da época do rock.
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