Na noite de Natal de 1907 o coração
generoso de Madre Maria dos Apóstolos cessava de bater. Terminava em Roma a sua
vida operosa, cheia de ardor missionário, tendo fundado em Tivoli, no Lácio, o
Instituto das Irmãs do Divino Salvador.
Teresa von Wüllenweber nasceu
aos 19 de fevereiro de 1833 no Castelo de Myllendonk, em Neuwerk, próximo de
Mönchengladbach, Alemanha. Sendo a primogênita dentre as cinco filhas do casal
Joseph Theodor, Barão de Wüllenweber, e Constância Elizabeth Lefort, Teresa
devia herdar o castelo.
Cresceu em um ambiente profundamente
religioso, com alguns aspectos austeros, mas caracterizado por um forte afeto
familiar. O pai, homem reto e afável, era bem quisto por todos. Teresa recebeu
a primeira instrução em casa com sua mãe e com alguns sacerdotes. Na idade de
15 anos aperfeiçoou sua educação e instrução junto às Beneditinas de Liège,
Bélgica, onde, pensando em Roma como o coração da cristandade, desejou estudar
também o italiano.
Em 1850 regressou ao castelo e ajudava sua
mãe nos afazeres da casa e seu pai nos trabalhos administrativos; exercitava-se
ao piano e gostava de trabalhos artísticos; junto com a mãe visitava os pobres
e os doentes dos arredores. O Evangelho passou a ser seu estudo preferido.
Em 1853 e em 1857 participou com a mãe e a
irmã de retiros espirituais dos Jesuítas, durante os quais nasceu nela o grande
amor pelas missões.
Aos 24 anos, contra a vontade do pai, mas
com a permissão da mãe, entrou no convento do Sagrado Coração de Blumenthal,
perto de Aquisgrana. Exerceu vários ofícios em Warendolf e em Orleans (França),
mas embora fosse feliz no apostolado que exercia e aproximando-se a profissão
solene, sentia em seu coração que o Senhor tinha para ela outros desígnios.
Deixou amigavelmente o Instituto em março de 1863.
Na nota de demissão a fundadora, Santa
Madalena Sofia Barat, anotou: “piedosa e
de bom caráter ... não se encontrou nela a disposição para ser educadora”.
Foi uma experiência muito importante que a tornou uma grande devota do Sagrado
Coração por toda vida.
Por algum tempo se preocupou com a casa e
as irmãs, até que, em 1868, ingressou na Congregação da Adoração Perpétua de
Bruxelas, com encargos em Liège. Ali constatou que milhares de alemães pobres
emigravam para Liège, porque não sendo obrigatório dar estudo às crianças, os
mandavam trabalhar nas minas de carvão. Se tornavam assim vítimas da corrupção,
sem religião, arruinando-se espiritual e fisicamente. Ela pensava em uma
fundação na Alemanha, mas eram os anos da kulturkampt com perseguições
anticlericais, dioceses vazias, seminários fechados, sacerdotes no exílio. Dois
anos depois Teresa voltou para casa.
Em 1872, Teresa conheceu o pároco de
Neuwerk que se tornou seu diretor espiritual. Começaram a falar de uma nova
fundação. Em 1876 alugou uma parte do ex-mosteiro beneditino de Neuwerk e ali
abriu o Instituto Santa Bárbara para assistência dos órfãos, das jovens e das
senhoras sozinhas. Tentou sem sucesso a união com um instituto similar. Entre
outros, conheceu Santo Arnoldo Janssen.
Finalmente, após ler um anúncio no jornal
da Sociedade Apostólica Instrutiva, em 4 de julho de 1882 encontrou-se com o
jovem sacerdote João Batista Jordan (Francisco da Cruz), que seis anos antes
havia fundado em Roma o Instituto (o termo Apostólica seria substituído por
Católica).
Embora a diferença de idade entre os dois
fosse de 15 anos e pertencessem a classes sociais diferentes (o Padre Jordan
era de humilde origem), logo se tornaram muito unidos.
Dois meses após o primeiro encontro,
Teresa (então com 49 anos) se ligou com votos privados à Sociedade, dando-lhe
“o seu convento”. Em 1888, com um pequeno grupo de coirmãs, foi chamada pelo
Padre Jordan para ir a Tivoli. Em 8 de dezembro de 1888, nasceu o novo ramo
feminino da Sociedade Católica Instrutiva; Teresa foi eleita Superiora com o
nome de Irmã Maria dos Apóstolos. Ela é considerada cofundadora da Congregação
das Irmãs do Divino Salvador.
A nova Congregação logo recebeu vocações
da Alemanha, Suíça, Áustria, Hungria e do Tirol do Sul. Desde os primeiros
tempos o seu espírito foi missionário, tanto que poucos anos depois Madre Maria
enviava as primeiras Irmãs para a Índia e o Equador, mantendo sempre com elas
contatos através de correspondência.
Em Tivoli, no ano de 1894, abriu um
seminário magistral para uma maior preparação das Irmãs, sob o olhar vigilante
do Padre Jordan. A obediência ao Fundador por parte de Madre Maria foi sempre
um dever.
Pelo fim de 1905, aconteceu o
Primeiro Capítulo, com a Madre já doente e envelhecida, tendo quase perdido a
visão. Foi reeleita, mas as condições de saúde, suportadas com paciência,
pioraram progressivamente com ataques de asma e problemas de mobilidade. Dois
anos depois uma meningite foi fatal: enquanto as Irmãs se encontravam na igreja
para a Missa de Natal, ela faleceu.
Em 4 de agosto de 1903 ela tinha escrito o
seu testamento espiritual: “Espero
humildemente que as minhas boas Irmãs rezarão muito por mim. Que continuarão a
trabalhar com santo zelo pela própria perfeição, procurando sempre fazer o
verdadeiro bem ao próximo, mantendo-se firmes no espírito do Fundador”.
Madre Maria dos Apóstolos foi beatificada
em 13 de outubro de 1968 pelo Papa Paulo VI. As suas relíquias são veneradas na
igreja da Casa Generalícia de Roma.
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