Santa Eulália de Mérida (finais do
século III - inícios do século IV), festejada a 10 de dezembro, é com frequência
confundida com Santa Eulália de Barcelona, cuja hagiografia é semelhante.
Santa Eulália é uma
das mais famosas santas da Espanha. Os dados sobre sua vida e sua morte são
encontrados em um hino escrito em sua honra pelo poeta Prudêncio no século IV. Ela
também é cantada na célebre Sequência de Santa Eulália (ou Cantilena de
Santa Eulália), o primeiro texto poético em língua francesa de fins do
século IX.
Eulália nasceu em
Emerita Augusta no ano 292. Quando completou 12 anos, o imperador Maximiliano
decretou a proibição do culto a Jesus Cristo pelos cristãos e ordenou que eles
adorassem os ídolos pagãos. A menina sentiu um grande desgosto por leis tão
injustas e se propôs protestar junto aos delegados do governo. Sua mãe a levou
para viver no campo, pois temia que a jovem pudesse correr algum perigo de
morte afrontando a perseguição dos governantes, mas ela deixou seu lar e se
dirigiu à cidade de Mérida, indo enfrentar Daciano, o governador.
Assim narra o
martírio de Eulália de Mérida o poeta Prudêncio:
''De madrugada, antes da saída do
sol, chegou à cidade, e, corajosa, se apresentou diante do tribunal, em meio de
cujos leitores bradou aos magistrados: "Dizei-me, que fúria é essa que os
move a fazer perder as almas, a adorar aos ídolos e a negar o Deus criador de
todas as coisas? Se buscais cristãos, aqui me tendes a mim: sou inimiga de
vossos deuses e estou disposta a pisoteá-los; com a boca e o coração confesso o
Deus verdadeiro. Isis, Apolo, Vênus e até mesmo Maximiliano são nada: aqueles
porque são obra da mão dos homens, este porque adora coisas feitas com as mãos.
Não vos detenhais, pois: queimem, cortem, dividam estes meus membros; é coisa
fácil quebrar um vaso frágil, porém minha alma não morrerá, por maior que seja
a dor".
Daciano tentou a princípio
oferecer presentes e prometeu ajudar a menina se mudasse de opinião, porém ela
continuou profundamente convencida de suas convicções cristãs. Enfurecido
mandou torturá-la e a submeteu a sofrimentos atrozes. Mas nada fez com que ela
deixasse de louvar ao Senhor.
O poeta Prudêncio narra que ao morrer a
santa, as pessoas viram uma pomba mais branca do que a neve que subindo tomou o
caminho das estrelas: era a alma de Eulália, branca e doce como o leite, ágil e
incontaminada.
O culto de Santa Eulália se tornou tão
popular, que Santo Agostinho fez sermões em honra desta jovem santa. Já em uma
antiquíssima lista de mártires da Igreja Católica, o Martirológio Romano,
constava a seguinte frase: “em 10 de
dezembro se comemora Santa Eulália, mártir da Espanha, morta por proclamar sua
Fé em Jesus Cristo”.
Sepultada em Mérida, capital da Lusitânia,
cidade da qual é patrona, parece que algumas das suas relíquias terão ido para
Barcelona, donde a confusão com a santa homônima, Santa Eulália de Barcelona.
Ela é também patrona da Arquidiocese de Oviedo, em cuja catedral repousam os
seus restos.
Etimologia:
Eulália, do grego Eulálios: “que fala bem”, “eloquente” - Eu
= “bem”, Lálios = “falar”.
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