Lucrécia Garcia Solanas nasceu em Aniñon, perto de Zaragoza, no dia 13 de agosto de 1866. Em 9 de outubro de 1910 casou-se com José Gaudi Negre, que faleceu em 1926. Não se sabe se tiveram filhos. Desde então ela passou a viver no convento das monjas do Instituto das Descalças Mínimas de São Francisco de Paula, em Barcelona, em uma casa fora da clausura, para ficar próxima de sua irmã, Madre Maria de Montserrat.
Sempre
à disposição das monjas, atuava como porteira recebendo as mensagens para elas;
era mediadora entre o mosteiro e o mundo exterior. Muito piedosa, se habituara
a seguir as orações da comunidade.
Sua
história foi recentemente relatada pelo Monsenhor Vicente Cárcel Ortí,
historiador e autor de vários livros que contam a história de católicos
perseguidos na Espanha.
Conforme
seu relato, tudo começou no dia 19 de julho de 1936, quando Lucrécia foi
correndo ao convento para avisar as religiosas para deixarem o lugar
imediatamente, uma vez que várias igrejas em Barcelona estavam sendo queimadas
pelos responsáveis pela perseguição religiosa.
Madre
Maria de Montserrat, superiora daquele Instituto, que apesar da violência até
aquele momento não quisera deixar o convento, ordenou às irmãs que se vestissem
como civis, se escondendo em uma torre nas proximidades do local, além de se
refugiarem em vários lugares, incluindo o porão da casa da viúva, que ficava ao
lado do convento.
Em
21 de julho um grupo armado entrou no mosteiro, forçando a porta com dinamite.
Os “vermelhos” entraram na igreja adjacente, a profanaram e depois a queimaram.
Tentando saquear o mosteiro, os republicanos profanaram os corpos de duas irmãs
enterradas alguns meses antes, deixando-os expostos ao ridículo público.
De
onde estavam escondidas, algumas das Irmãs podiam ouvir o ruído dos milicianos
que com a ajuda de cães buscavam suas vítimas.
No
dia 22 de julho, o grupo de refugiadas aumentou, porque algumas delas voltaram
por não poderem permanecer mais em suas casas. No dia seguinte, o porteiro do
convento as traiu. Os anticatólicos as encontraram na torre rezando o Rosário.
Perguntaram quem era a Madre Superiora para interrogá-la sobre as riquezas que
esperavam encontrar no mosteiro.
A
Madre ofereceu a própria vida em troca da de suas Irmãs, disse aos milicianos
que Lucrécia era uma leiga, porém eles não a escutaram e quiseram saber onde
estavam as outras monjas. Encontraram-nas no sótão, rezando de joelhos. Todas
foram aprisionadas e começou para elas o Calvário.
Os
comunistas insultaram as religiosas, colocaram seus rosários ao redor de seus
pescoços e, ridicularizando-as, puseram-nas em fila para arrastá-las pela rua.
Somente uma delas, irmã de um famoso anarquista, foi poupada. Amparo Bosch
Vilanova, testemunha ocular, descreveu o fim das outras Irmãs: “Colocaram-nas
em fila como se fossem receber a Comunhão, empurraram-nas para a rua onde
havia um caminhão, onde as jogaram como sacos de batatas, com uma violência
tal, que com certeza lhes quebraram algum osso”.
O
caminhão se dirigiu a Santo André, onde as mulheres, depois de terem sido
submetidas a prolongadas torturas, foram assassinadas. Algumas testemunhas
disseram que por volta das 19 h desse dia foram ouvidos vários disparos. Os
corpos das monjas foram deixados amontoados. Era um total de dez, nove
religiosas e uma leiga. Tinham feridas de arma branca no peito e nas partes
íntimas, as roupas arrancadas.
Enquanto
eram torturadas pelos “vermelhos”, todas as monjas, e com elas Lucrécia, temiam
mais a violação do que a morte e em seus corpos deixaram sinais de uma luta
terrível. Uma mulher relatou que os próprios agressores ficaram perturbados
diante da valentia dessas mulheres, inclusive comentado no bar, depois de
tê-las martirizado: “Que monjas mais valentes morreram hoje!” Segundo
outras testemunhas, as dez mártires haviam dado suas vidas rezando de joelhos e
pedindo o perdão para seus verdugos.
No
dia 13 de outubro de 2013, 522 mártires da Guerra Civil Espanhola foram
beatificados em Tarragona. Entre os mártires estavam sacerdotes, religiosos,
religiosas, vários leigos que deram sua vida em defesa da Fé, inclusive
Lucrécia Garcia Solanas.
As mártires Descalças Mínimas |
Fontes: http://www.santiebeati.it/dettaglio/96157; http://moralyluces.wordpress.com/2013/10/08/sirvio-a-sus-hermanas-religiosas-hasta-sufrir-el-martirio/
Etimologia: Lucrécia,
do latim Lucretius: “que atrai, que lucra”. Alguns estudiosos acreditam
que deriva do Monte Lucretilis, em Sabina, Itália, de onde a gens
Lucretia proveio.
Postado
neste blog em 20 de julho de 2014
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