quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Santa Joana Francisca Frémiot de Chantal, Cofundadora – 12 de agosto


     Santa Joana Francisca Frémiot nasceu a 23 de janeiro de 1572, na cidade de Dijon, França, nove anos depois do término do Concílio de Trento. Estava destinada a ser um dos grandes santos que o Senhor suscitou para defender e renovar a Igreja depois do caos causado pela divisão dos protestantes. Santa Joana foi contemporânea de São Carlos Borromeu da Itália, de Santa Teresa d' Ávila e de São João da Cruz da Espanha, de São João Eudes e de seus compatriotas, o Cardeal de Berulle, o Padre Olier e seus dois renomados diretores espirituais, São Francisco de Sales e São Vicente de Paulo. No mundo secular Joana foi contemporânea de Catarina de Médici, do Rei Luís XIII, Richelieu, Maria Stuart, a Rainha Isabel e Shakespeare.
     Ela própria se apresenta: "Sou Joana Francisca Frémiot, natural de Dijon, capital da Borgonha, filha do senhor Frémiot, presidente do Parlamento de Dijon, e da senhora Margarida de Barbisey”.
     Com apenas um ano e meio de idade perdeu a mãe, e seu pai se dedicou inteiramente à educação dos seus três filhos, inculcando-lhes antes de tudo o amor de Deus e a doutrina da fé católica.
     Joana Francisca era a admiração de todos os que com ela conviviam, por sua inteligência viva, seu reto e sólido juízo, seu caráter firme e varonil, sua prudência e discrição, que unidos ao seu coração inclinado ao bem e à virtude foram a base sobre a qual se elevou o edifício de sua perfeição.
     Contraiu matrimônio com o jovem Christophe de Rabutin-Chantal, Barão de Chantal. Desde sua chegada ao castelo do esposo demonstrou sua habilidade na administração das propriedades, fazendo-as mais produtivas que antes. Deus abençoou seu lar com seis filhos. Os dois primeiros morreram ao nascer. Enfim, após três ou quatro anos de casamento, ela deu à luz o seu primogênito Celso Benigno, nascendo a seguir Maria Amada, Francisca e Carlota.
Sta. Joana com 20 anos
     Assumiu em todo o momento o seu papel de mulher “perfeita”, dedicada à educação de seus filhos e às obras de caridade. Depois de algumas semanas do nascimento de Carlota, o barão sofreu um acidente de caça e morreu. Viúva aos 28 anos, apesar da sua profunda tristeza, abraçou a vontade de Deus e perdoou de coração o responsável involuntário pela morte de seu esposo. Experimentou o quão efêmera é a felicidade nesta vida.
     Desabrochou nela um vivo desejo de ser toda de Deus. Anos antes fizera, juntamente com seu esposo, uma promessa: aquele que sobrevivesse ao outro se consagraria a Deus. Repartiu suas joias e vestidos de gala entre os pobres e a Igreja. A partir de então, se constitui “mãe de todos os pobres”. Acompanhada pelos filhos, visitava os enfermos em suas próprias casas, levava-lhes alimentos, remédios, e ela mesma limpava e curava suas chagas e as beijava, vendo a Nosso Senhor em cada um deles. Fazia estas obras de caridade com tanto esmero e carinho que todos diziam: “Que bom é estar doente, para receber a visita da santa baronesa!”
     No outono de 1602, o sogro de Joana forçou-a a viver em seu castelo de Monthelon, ameaçando-a deserdar seus filhos se se recusasse. Ela passou uns sete anos sob sua errática e dominante custódia, aguentando maus tratos e humilhações.
     Joana Francisca sentia uma sede ardente do infinito e pedia insistentemente ao Céu um guia espiritual que lhe mostrasse a vontade de Deus. Ouvia em seu íntimo a voz que lhe diz: “Eu te darei esse guia”. 
    Na quaresma de 1604, Joana estava na casa de seu pai em Dijon. O Bispo Francisco de Sales foi àquela cidade para fazer a pregação da Quaresma. Ambos se reconhecem sem nunca se haverem visto e desde o primeiro momento se compreendem. Ela se colocou sob sua direção espiritual. Começou uma rica correspondência entre os dois: são alguns dos mais belos escritos que existem e refletem a profunda amizade vivida entre os santos.
     No dia 4 de junho de 1607, Francisco de Sales lhe revelou o desígnio que Deus lhe havia inspirado de fundar uma nova Congregação, e ela acolheu o projeto muito feliz e com perfeita obediência.
     Em 1609, sua filha mais velha, Maria Amada, se casava, e no ano seguinte sua filha caçula falecia. Francisca continuou sua educação por algum tempo sob a direção da mãe e Celso Benigno foi entregue aos cuidados do avô materno.
     Chegou o momento da partida para iniciar a vida religiosa, em Annecy, Savóia. No dia 6 de junho de 1610, Domingo da Santíssima Trindade, Joana Francisca de Chantal, acompanhada por Joana Carlota de Brechard, Jaquelina Favre e Ana Jaquelina Costa, entrou na pequena Casa da Galeria, onde receberam a bênção do Bispo Francisco de Sales, juntamente com as Constituições religiosas que ele mesmo redigira. Nesta Casa residiriam durante alguns anos até se transferirem definitivamente em 1613 para o primeiro Mosteiro da Visitação nesta mesma cidade.
     Joana Francisca sofreu sucessivamente a perda dos parentes que lhe eram mais queridos. A estas dolorosas partidas se unem enfermidades, críticas e perseguições de todo o tipo. Tudo ela recebia e abraçava com espírito de fé, vendo em tudo a vontade de Deus. É admirável em seu ardente amor a Deus. Amor forte, generoso e provado, que a faz dizer: “Saborear a suavidade de Deus, não é amor sólido; mas humilhar-se, sofrer e morrer a si mesmo, este é verdadeiro amor”.
Sta. Joana recebe a Regra das
mãos de S. Francisco de Sales
     Em 1632, profundamente tocada pelo amor divino, partilhou com as Irmãs sua experiência acerca de um martírio que chamou de Martírio de Amor, explicando-lhes textualmente: “... Deus, sustentando a vida de seus servidores e servidoras para fazê-los trabalhar para a sua glória, os torna mártires e confessores ao mesmo tempo (...). É que o Divino amor faz passar sua espada pelas partes mais secretas e íntimas de nossas almas, e nos separa de nós mesmas. Eu conheço uma alma a quem o amor separou das coisas que lhe eram mais caras, de tal modo, como se tiranos houvessem separado seu corpo de sua alma, esquartejando-o com suas espadas”. As Irmãs entenderam que Joana Francisca falava de si mesma.
     Diferentemente de Santa Teresa d’ Ávila e de outros santos, Joana não escreveu suas exortações, conferências e instruções, elas foram anotadas e entregues à posteridade graças a muitas monjas fiéis e admiradoras de sua Ordem.
     Tendo vivido em profunda humildade, gozou de paz e serenidade constantes. Ao falecer, em 13 de dezembro de 1641, às vésperas de seus 70 anos de idade, deixou fundados 87 Mosteiros.
     Em 1751 foi beatificada pelo Papa Bento XIV e em 16 de julho de 1767, canonizada por Clemente XIII.
     Seu coração permanece incorrupto no Mosteiro da Visitação, na cidade de Nevers, França.

Fontes:

Postado neste blog em 12 de dezembro de 2012

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