Santa
Joana Francisca Frémiot nasceu a 23 de janeiro de 1572, na cidade de Dijon,
França, nove anos depois do término do Concílio de Trento. Estava destinada a
ser um dos grandes santos que o Senhor suscitou para defender e renovar a
Igreja depois do caos causado pela divisão dos protestantes. Santa Joana foi
contemporânea de São Carlos Borromeu da Itália, de Santa Teresa d' Ávila e de
São João da Cruz da Espanha, de São João Eudes e de seus compatriotas, o
Cardeal de Berulle, o Padre Olier e seus dois renomados diretores espirituais, São
Francisco de Sales e São Vicente de Paulo. No mundo secular Joana foi
contemporânea de Catarina de Médici, do Rei Luís XIII, Richelieu, Maria Stuart,
a Rainha Isabel e Shakespeare.
Ela
própria se apresenta: "Sou Joana Francisca Frémiot, natural de Dijon,
capital da Borgonha, filha do senhor Frémiot, presidente do Parlamento de
Dijon, e da senhora Margarida de Barbisey”.
Com
apenas um ano e meio de idade perdeu a mãe, e seu pai se dedicou inteiramente à
educação dos seus três filhos, inculcando-lhes antes de tudo o amor de Deus e a
doutrina da fé católica.
Joana
Francisca era a admiração de todos os que com ela conviviam, por sua
inteligência viva, seu reto e sólido juízo, seu caráter firme e varonil, sua
prudência e discrição, que unidos ao seu coração inclinado ao bem e à virtude
foram a base sobre a qual se elevou o edifício de sua perfeição.
Contraiu matrimônio com o jovem Christophe de Rabutin-Chantal, Barão de
Chantal. Desde sua chegada ao castelo do esposo demonstrou sua habilidade na
administração das propriedades, fazendo-as mais produtivas que antes. Deus
abençoou seu lar com seis filhos. Os dois primeiros morreram ao nascer. Enfim,
após três ou quatro anos de casamento, ela deu à luz o seu primogênito Celso
Benigno, nascendo a seguir Maria Amada, Francisca e Carlota.
Sta. Joana com 20 anos |
Assumiu
em todo o momento o seu papel de mulher “perfeita”, dedicada à educação de seus
filhos e às obras de caridade. Depois de algumas semanas do nascimento de
Carlota, o barão sofreu um acidente de caça e morreu. Viúva aos 28 anos, apesar
da sua profunda tristeza, abraçou a vontade de Deus e perdoou de coração o
responsável involuntário pela morte de seu esposo. Experimentou o quão efêmera
é a felicidade nesta vida.
Desabrochou
nela um vivo desejo de ser toda de Deus. Anos antes fizera, juntamente com seu
esposo, uma promessa: aquele que sobrevivesse ao outro se consagraria a Deus.
Repartiu suas joias e vestidos de gala entre os pobres e a Igreja. A partir de
então, se constitui “mãe de todos os pobres”. Acompanhada pelos filhos,
visitava os enfermos em suas próprias casas, levava-lhes alimentos, remédios, e
ela mesma limpava e curava suas chagas e as beijava, vendo a Nosso Senhor em
cada um deles. Fazia estas obras de caridade com tanto esmero e carinho que
todos diziam: “Que bom é estar doente, para receber a visita da santa
baronesa!”
No
outono de 1602, o sogro de Joana forçou-a a viver em seu castelo de Monthelon,
ameaçando-a deserdar seus filhos se se recusasse. Ela passou uns sete anos sob
sua errática e dominante custódia, aguentando maus tratos e humilhações.
Joana
Francisca sentia uma sede ardente do infinito e pedia insistentemente ao Céu um
guia espiritual que lhe mostrasse a vontade de Deus. Ouvia em seu íntimo a voz
que lhe diz: “Eu te darei esse guia”.
Na
quaresma de 1604, Joana estava na casa de seu pai em Dijon. O Bispo Francisco
de Sales foi àquela cidade para fazer a pregação da Quaresma. Ambos se
reconhecem sem nunca se haverem visto e desde o primeiro momento se compreendem.
Ela se colocou sob sua direção espiritual. Começou uma rica correspondência
entre os dois: são alguns dos mais belos escritos que existem e refletem a
profunda amizade vivida entre os santos.
No
dia 4 de junho de 1607, Francisco de Sales lhe revelou o desígnio que Deus lhe
havia inspirado de fundar uma nova Congregação, e ela acolheu o projeto muito
feliz e com perfeita obediência.
Em
1609, sua filha mais velha, Maria Amada, se casava, e no ano seguinte sua filha
caçula falecia. Francisca continuou sua educação por algum tempo sob a direção
da mãe e Celso Benigno foi entregue aos cuidados do avô materno.
Chegou
o momento da partida para iniciar a vida religiosa, em Annecy, Savóia. No dia 6
de junho de 1610, Domingo da Santíssima Trindade, Joana Francisca de Chantal,
acompanhada por Joana Carlota de Brechard, Jaquelina Favre e Ana Jaquelina
Costa, entrou na pequena Casa da Galeria, onde receberam a bênção do Bispo
Francisco de Sales, juntamente com as Constituições religiosas que ele mesmo redigira.
Nesta Casa residiriam durante alguns anos até se transferirem definitivamente
em 1613 para o primeiro Mosteiro da Visitação nesta mesma cidade.
Joana
Francisca sofreu sucessivamente a perda dos parentes que lhe eram mais
queridos. A estas dolorosas partidas se unem enfermidades, críticas e
perseguições de todo o tipo. Tudo ela recebia e abraçava com espírito de fé,
vendo em tudo a vontade de Deus. É admirável em seu ardente amor a Deus. Amor
forte, generoso e provado, que a faz dizer: “Saborear a suavidade de
Deus, não é amor sólido; mas humilhar-se, sofrer e morrer a si mesmo, este é
verdadeiro amor”.
Sta. Joana recebe a Regra das mãos de S. Francisco de Sales |
Em
1632, profundamente tocada pelo amor divino, partilhou com as Irmãs sua
experiência acerca de um martírio que chamou de Martírio de Amor, explicando-lhes
textualmente: “... Deus, sustentando a vida de seus servidores e
servidoras para fazê-los trabalhar para a sua glória, os torna mártires e
confessores ao mesmo tempo (...). É que o Divino amor faz passar sua espada
pelas partes mais secretas e íntimas de nossas almas, e nos separa de nós
mesmas. Eu conheço uma alma a quem o amor separou das coisas que lhe eram mais
caras, de tal modo, como se tiranos houvessem separado seu corpo de sua alma,
esquartejando-o com suas espadas”. As Irmãs entenderam que Joana
Francisca falava de si mesma.
Diferentemente
de Santa Teresa d’ Ávila e de outros santos, Joana não escreveu suas
exortações, conferências e instruções, elas foram anotadas e entregues à
posteridade graças a muitas monjas fiéis e admiradoras de sua Ordem.
Tendo
vivido em profunda humildade, gozou de paz e serenidade constantes. Ao falecer,
em 13 de dezembro de 1641, às vésperas de seus 70 anos de idade, deixou
fundados 87 Mosteiros.
Em
1751 foi beatificada pelo Papa Bento XIV e em 16 de julho de 1767, canonizada
por Clemente XIII.
Seu
coração permanece incorrupto no Mosteiro da Visitação, na cidade de Nevers,
França.
Fontes:
Postado
neste blog em 12 de dezembro de 2012
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