sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Santa Catarina de Ricci, Dominicana e grande Mística do Séc. XVI – 13 de fevereiro

A Santa com seus irmãos

     Santa Catarina, uma das maiores Santas da Idade Moderna, nasceu em Florença, de família ilustríssima. Os Ricci são uma família antiga, que ainda subsiste em condições prósperas na Toscana. Pedro de Ricci, o pai de nossa santa, era casado com Catarina Bonza, uma senhora de bom nascimento. A santa nasceu em 1522, e no batismo recebeu o nome de Alexandrina, mas tomou o nome de Catarina na profissão religiosa.
     Tendo perdido a mãe na infância, ela foi formada para a virtude por uma madrinha muito piedosa, e sempre que ela estava ausente, era encontrada de joelhos em alguma parte secreta da casa.
     Quando ela tinha entre seis e sete anos, seu pai a colocou no convento de Monticelli, perto dos portões de Florença, onde sua tia, Luísa de Ricci, era freira. Este lugar era para ela um paraíso: distante do barulho e do tumulto do mundo, ela servia a Deus sem impedimento ou distração.
     Depois de alguns anos, seu pai a levou para casa. Ela continuou seus exercícios habituais no mundo tanto quanto foi possível, mas as interrupções e dissipação, inseparáveis ​​de sua posição, causavam-lhe tanto mal-estar. Com o consentimento de seu pai, que ela obteve com grande dificuldade, no ano de 1535, décimo quarto de sua idade, ela recebeu o véu religioso no convento dos dominicanos em Prat, na Toscana, do qual seu tio, Frei Timóteo de Ricci, era superior.
     Tendo se separado definitivamente do mundo, Catarina não só sentiu a alma invadida da mais pura alegria, como tratou, desde o primeiro instante, de adquirir as virtudes de religiosa perfeita. A bula da canonização confirma que sua vida no noviciado foi de uma santidade angélica. Admirável era sua humildade, que a fazia não recuar diante dos trabalhos mais humildes de casa, ficando-lhe o espírito sempre unido a Deus.
     Tendo apenas 25 anos de idade, foi eleita superiora, cargo que ocupou até a morte, contribuindo assim para maior satisfação das Irmãs, para as quais era uma verdadeira mãe. Governava pelo bom exemplo na prática de todas as virtudes, conseguindo assim que na comunidade reinasse sempre ótimo espírito, e as religiosas se esforçavam a seguir o exemplo da superiora.
     A reputação de sua extraordinária santidade e prudência atraiu muitas visitas de grande número de bispos, príncipes e cardeais - entre outros, de Cervini, Alexandre de Medicis e Aldobrandini, que todos os três foram posteriormente elevados à cátedra de São Pedro, sob os nomes de Marcelo II, Clemente VIII e Leão XI.
     Catarina tomara para exemplo o modelo Jesus Crucificado, a quem dedicava o mais terno amor. A Sagrada Paixão e Morte de Jesus estava-lhe sempre diante dos olhos, e os lábios pronunciavam constantemente jaculatórias e saudações ao bem amado na Cruz, cuja meditação era, por assim dizer, o pão de cada dia da Santa. O maior desejo consistia-lhe em poder participar dos sofrimentos de Jesus Cristo e sentir no corpo o que Ele sentiu nas três horas de agonia.
     Sempre que nas quintas-feiras de tarde começava a meditação da Sagrada Paixão e Morte de Jesus, entrava em êxtase, permanecendo neste estado até o dia seguinte. Era nestas ocasiões que sua alma via a Sagrada Paixão e Morte de Jesus em todos os pormenores, tomando parte mais ou menos ativa no grande sofrimento do divino Mestre. Além destes sofrimentos místicos, Deus mandou-lhe outros em forma de doenças graves e dolorosas. Em vez de lhe diminuírem a fé, aumentavam-na, e na santa Comunhão encontrava a graça e força divinas, para levar a cruz com merecimento.
     As Irmãs observaram muitas vezes que Catarina, tendo recebido a santa Comunhão, parecia rodeada de luz celestial, e o corpo elevava-se acima do leito. Inimiga do próprio corpo, castigava-o com duras mortificações, quanto às Irmãs dedicava as maiores atenções, vendo-as sofrer qualquer coisa. Durante 48 anos não se alimentava senão de pão e água concedendo ao corpo um repouso noturno de três horas apenas. Tanto mais é para admirar este espírito de penitência, sabendo-se que a santa nunca cometera um pecado mortal.
     Grandes e extraordinárias foram também as graças de que Deus cumulou sua serva. Catarina possuía o dom da profecia, do conhecimento de coisas ocultas, da cura de doenças e da multiplicação de mantimentos em favor dos pobres.
   
Maria Santíssima dignou-se de aparecer à serva de Deus e reclinou nos seus braços o Menino Jesus, que a consolava com dulcíssimos colóquios, e lhe imprimiu os sinais das chagas nas mãos, nos pés e no lado. Célebre é a visão de Jesus Cristo Crucificado, o qual desprendeu a mão da Cruz e a abraçou ternamente.
     Em outra visão lhe ofereceu um anel, em sinal de sua união mística. (O Papa Bento XIV menciona na bula de canonização todos estes fatos extraordinários. O sábio e esclarecido Papa não o teria feito, se, após sério estudo, não tivesse certeza da autenticidade dos mesmos). Catarina, porém, permaneceu humilde, procurando ocultar perante os homens todas as provas de predileção divina.
     Tendo tido notícia de que uma das Irmãs havia tomado nota do que de extraordinário e louvável lhe ocorrera na vida, deu ordem para que tudo fosse entregue às chamas. Contudo não lhe era possível impedir que a fama de sua santidade se divulgasse dia por dia. De toda a parte vinham pessoas, entre as quais algumas de alta colocação social e política, ouvir seus conselhos e pedir-lhe intercessão junto a Deus. Sendo-lhe insuportável isto, pediu a Deus que restringisse os benefícios ou, que pelo menos não os manifestasse aos homens. Também este pedido teve acolhimento. 
     Deus permitiu que a fama se transformasse em desprezo, e que Catarina por muitos fosse taxada de impostora e hipócrita. Esta provação Catarina a suportou com maior indiferença e uma paciência admirável. Conhecedores da vida religiosa dizem que a santidade de Catarina mais se manifestou e brilhou nos dias tristíssimos da difamação e calúnia, do que na época das profecias e grandes milagres. São Felipe Neri, contemporâneo de Catarina, tinha em grande consideração a serva de Deus, com a qual mantinha viva correspondência. Ele mesmo diz que, por uma graça excepcional de Deus, teve a visão da Santa, com a qual se deteve demoradamente. (*)
     Pelo fim da vida, Catarina foi acometida de doenças gravíssimas e dolorosas. Se a Sagrada Paixão e Morte de Jesus lhe era sempre a meditação predileta, muito mais quando a alma se preparava para as núpcias eternas. Com muita devoção recebeu os últimos Sacramentos, segurando sempre nas mãos a imagem do Crucifixo. Na hora da morte abriu os braços em cruz, e nesta posição entregou o espírito a Deus. As Irmãs que se achavam presentes, ouviram distintamente uma música de harmonias celestiais e Santa Madalena de Pazzi, que se achava em Florença, viu numa visão a alma de Catarina fazer a entrada triunfal no céu, acompanhada de grande multidão de Anjos.
     Ela passou desta vida mortal à bem-aventurança eterna e à posse do objeto de todos os seus desejos, na festa da Purificação de Nossa Senhora, no dia 2 de fevereiro de 1589, aos 67 anos de idade. A cerimônia de sua beatificação foi realizada por Clemente XII em 1732, e a de sua canonização por Bento XIV em 1746.
     Sua festa é adiada para o dia 13 de fevereiro.

(*) Algo parecido com o que Santo Agostinho relata sobre São João do Egito aconteceu entre São Filipe Neri e Santa Catarina de Ricci. Por terem algum tempo se entretido em uma troca de cartas, para satisfazer o desejo mútuo de se verem, enquanto ele estava detido em Roma ela apareceu a ele em uma visão, e eles conversaram um tempo considerável, cada um sem dúvida em êxtase. São Filipe Neri, embora muito circunspecto em dar crédito ou em publicar visões, declarou que enquanto viva Catarina de Ricci tinha aparecido a ele em visão, como seu discípulo Galloni nos assegura em sua vida. (1) E os continuadores dos Bollandistas nos informam que isso foi confirmado pelos juramentos de cinco testemunhas. (2)
     Bacci, em sua vida de São Filipe, menciona a mesma coisa, e o Papa Gregório XV, em sua bula pela canonização de São Filipe Neri, afirma que enquanto este santo viveu em Roma, conversou um tempo considerável com Catarina de Ricci, uma freira, que então estava em Prat, na Toscana. (3)
 
Note 1. Gallon. apud Contin. Bolland. Acta Sanctorum, Maii, t. 6. p. 503. col. 2. n. 146.
Note 2. Gallon. apud Contin. Bolland. Acta Sanctorum, Maii, t. 6. p. 504. col. 2.
Note 3. In Bullar. Cherubini, t. 4. p. 8.
 
Fontes:
www.santiebeati.it/
cfr. The Lives of the Saints, by Rev. Alban Butler, 1866. Volume II: February, p. 406-408.
Santos, Beatos, Veneráveis e Servos de Deus: SANTA CATARINA DE RICCI, Virgem Dominicana e grande Mística do Séc. XVI. (santosebeatoscatolicos.com)

Um comentário:

  1. Prezada Sra. fiquei muito triste com o ocorrido com seu irmão. Meus sentimentos. Estou rezando muito por ele.

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