quarta-feira, 12 de maio de 2021

Irmã Amália de Jesus Flagelado e a Coroa de Nossa Senhora das Lágrimas

     
     Treze anos depois das Aparições de Fátima, em 13 de maio de 1917, e correspondendo ao ano em que estas últimas foram oficialmente reconhecidas pelo Bispo de Leiria Fátima, D. José Alves Correia da Silva, a 8 de março de 1930, Jesus cumpriu a Sua promessa à Irmã Amália. Tal como lhe predissera, a Bem-Aventurada Virgem Maria conferiu um tesouro ao Instituto tão querido do Céu.
     No final daquela fatídica década, desencadear-se-ia a 2ª Guerra Mundial, predita em Fátima. Curiosamente, estas Aparições tiveram particular divulgação na Alemanha, que esteve no cerne do conflito mundial.
     Na década de 1930, na capela da Av. Benjamin Constant, n.º 1344 (esquina com a Rua Luzitana, n.º 1331), em Campinas, no Estado de São Paulo, a Virgem Maria e o Seu próprio filho, Jesus Cristo, apareceram várias vezes à Irmã Amália de Jesus Flagelado, comunicando-lhe muitas mensagens com apelos de oração, sacrifício e penitência.
     No Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado, fundado no Brasil por D. Francisco de Campos Barreto, Bispo de Campinas, e Madre Maria Villac, viveu a piedosa religiosa Irmã Amália de Jesus Flagelado. Tal como outras almas privilegiadas – São Francisco de Assis, Padre Pio de Pietrelcina e Teresa Neumann –, ela recebeu em seu corpo os sagrados Estigmas de Jesus.
     Amália Aguirre nasceu em Riós, na Galiza, junto à fronteira de Espanha-Portugal, a 22 de julho de 1901. Pertencia a uma família antiga, de longa tradição católica, seus pais eram admirados pela santidade de costumes, pela fervorosa piedade e sua inesgotável caridade para com o próximo. Circunstâncias econômicas obrigaram a família a deixar a Espanha e mudar-se para o Brasil, cuja língua lhes era bem conhecida, permitindo-lhes se comunicar e trabalhar sem dificuldades. Inicialmente estiveram no Estado da Bahia, mudaram-se depois para Campinas, Estado de São Paulo
     Amália não acompanhou seus pais na vinda para o Brasil, pois ficou cuidando de sua avó, já muito idosa e doente. Somente após a morte de sua avó é que ela atravessou o oceano Atlântico, chegando em Campinas no dia 16 de junho de 1919.
     Poucas informações temos relativas ao período que vai de sua chegada ao Brasil em 1919 e a sua entrada no Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado, que ocorreu em 20 de abril de 1927. A Irmã Amália de Jesus Flagelado pertenceu ao primeiro grupo de jovens freiras, cofundadoras do Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado. No dia 8 de dezembro de 1927, junto com outras religiosas, recebeu o hábito religioso e fez os seus votos perpétuos a 8 de dezembro de 1931.
     No outono de 1929, um parente de Irmã Amália apareceu no convento em meio à uma grande aflição: sua esposa estava gravemente enferma, sendo que vários médicos lhe declararam que não havia nenhum remédio que pudesse salvá-la. Não sabendo mais o que fazer, recorreu a Irmã Amália, que era sua última esperança. O pobre homem derramando lágrimas, interrogou: “O que vai ser então dos meus filhos?”
     Irmã Amália compadecida com a situação daquele pai aflito, imediatamente quis ajudá-lo de todas as formas possíveis. Enquanto seu parente lhe contava sua triste história, a Irmã Amália rezava interiormente ao Divino Redentor, pensando o que poderia oferecer ou fazer. Ela então sentiu-se impelida a recorrer a Jesus presente no Sacrário. Assim que terminou a conversa com seu parente, ela foi para a capela do convento onde se pôs de joelhos diante do altar, dizendo a Jesus Sacramentado: “Se já não há salvação para a mulher de T., eu mesma estou disposta a oferecer a minha vida pela mãe desta família. Que quereis que eu faça?”.
     Naquele momento Jesus apareceu e lhe respondeu: “Se desejas obter esta graça, peça-a a Mim pelos merecimentos das Lágrimas de Minha Mãe”. Perguntou a Irmã Amália: “Como devo rezar?” Foi então que Jesus ensinou as seguintes invocações: 
     “Meu Jesus, ouvi os nossos rogos, pelas Lágrimas de Vossa Mãe Santíssima”.
     “Vede, ó Jesus, que são as lágrimas d'Aquela que mais Vos amou na Terra, e que mais Vos ama no Céu”.
     Nosso Senhor acrescentou uma promessa: “Minha filha: o que os homens Me pedem pelas lágrimas de Minha Mãe, Eu amorosamente concedo. Mais tarde, Minha Mãe entregará este tesouro para o nosso querido Instituto, como um sinal de Sua Misericórdia”.
     Isto aconteceu no dia 8 de novembro de 1929.
     
Encontramos nas memórias da Irmã Amália o relato do que aconteceu com a Virgem Santíssima.
     “Era o dia 8 de março de 1930. Eu estava na capela ajoelhada nos degraus do altar, quando de repente senti-me elevar. Então vi uma mulher de beleza indescritível a aproximar-Se de mim. Ela tinha um vestido roxo, um manto azul e um véu branco sobre os ombros. A sorrir, Ela flutuava no ar na minha direção, segurando nas mãos um Rosário, a que chamava “Coroa”. As contas brilhavam como o sol e eram brancas como a neve. Dando-me aquela “Coroa” disse-me: 
     “Esta é a coroa (rosário) de Minhas lágrimas que foi prometida pelo Meu Filho ao nosso querido Instituto como uma parte de seu legado. Ele também já lhe deu as orações. Meu Filho quer Me honrar especialmente com essas invocações e, além disso, Ele concederá todas as graças que forem pedidas pelos merecimentos de Minhas lágrimas. Este rosário alcançará a conversão de muitos pecadores, especialmente os que estão possuídos pelo demônio. Uma especial graça está reservada para o Instituto de Jesus Crucificado, principalmente a conversão de vários membros de uma parte dissidente da Igreja. Por meio deste rosário o demônio será derrotado e o poder do inferno destruído. Arme-se para esta grande batalha”.
     Quando a Nossa Senhora acabou de falar, desapareceu.
     Na Aparição do dia 8 de abril de 1930, a Santíssima Virgem pediu à Irmã Amália que mandasse cunhar uma medalha de Nossa Senhora das Lágrimas e de Jesus Manietado, e disse que essa mesma Medalha devia ser largamente divulgada para que o poder de Satanás no mundo fosse vencido. Nossa Senhora acrescentou que todos os fiéis que a trouxessem com amor e devoção obteriam inúmeras graças. 
     Por ordem da Santíssima Mãe de Deus, a Medalha traz cunhada na frente a imagem de Nossa Senhora das Lágrimas em atitude de entrega da Coroa das Lágrimas, exatamente como aconteceu na aparição de 8 de março de 1930 à Irmã Amália, rodeada pelas palavras: 
     “Ó Virgem Dolorosíssima, as Vossas Lágrimas derrubaram o império infernal!”
     No verso, a medalha traz cunhada a imagem de Jesus Manietado - ou seja, amarrado durante a Sua Dolorosa Paixão - e com as seguintes palavras: 
     “Por Vossa Mansidão Divina, ó Jesus Manietado, salvai o mundo do erro que o ameaça!”
     Esta medalha servirá para aumentar a humildade dos fiéis e para servir de modo especial na conversão dos ateus, hereges, comunistas, e com a Coroa das Lágrimas, aqueles possuídos pelo diabo.
     A medalha por si incutirá as virtudes da mansidão e humildade, simbolizados no Jesus manietado e a Sua Mãe das Dores, Nossa Senhora das Lágrimas.
     Embora a Irmã Amália de Jesus Flagelado, tenha conseguido divulgar a Medalha e a Coroa das Lágrimas no ano de 1930, e essa devoção até tenha chegado a alguns países estrangeiros, esses meios de salvação revelados pela Mãe de Deus permaneceram quase desconhecidos durante várias décadas.
     Em 8 de março de 1931, D. Francisco de Campos Barreto, Bispo de Campinas, reconheceu a veracidade dos fenômenos de estigmatização e as aparições recebidas pela Irmã Amália de Jesus Flagelado e concedeu as devidas autorizações – entre elas, o Imprimatur – para a publicação de todos os seus escritos (que incluíam as mensagens originais de Jesus e de Nossa Senhora) e das orações da Coroa (ou Rosário) de Nossa Senhora das Lágrimas.
     Em 20 de fevereiro de 1934, o mesmo prelado publicou uma declaração episcopal e reforçou a importância da devoção à Virgem Maria sob a invocação de Nossa Senhora das Lágrimas.
     Em 1935, a própria Coroa (ou Rosário) de Nossa Senhora das Lágrimas recebeu mais autorizações para sua divulgação: pelo Arcebispo John Robert Roach da Arquidiocese de Saint Paul e Minneapolis, no Minnesota (EUA); pelo Bispo Michael James Gallagher da Diocese de Detroit, no Michigan (EUA); pelo Censor Diocesano em Sopron (Hungria); pelo Bispo Stephanus Breyer da Diocese de Győr (Hungria); e, ainda, pelo Vigário Geral Ferdinand Buchwieser da Arquidiocese de Munich e Frising (Alemanha).
 
Apostolado Internacional
     No início do século XXI, após vários anos de pesquisa, de um estudo rigoroso dos recursos documentais existentes e da recolha e análise de testemunhos pessoais, o missionário católico português Pe. Renato Carrasquinho dedicou-se a compilar todos os escritos e as mensagens originais reveladas à Irmã Amália e reconstruiu biograficamente a vida da religiosa com total rigor. No dia 13 de maio de 2017, em pleno centenário evocativo das aparições de Fátima, em Portugal, e que antecederam as aparições ocorridas em Campinas, no Brasil, com o desejo de dar uma resposta mais eficaz aos apelos feitos por Cristo e pela Santíssima Virgem, ele próprio fundou, com representação em todo o mundo, a associação de fiéis católicos intitulada Apostolado Internacional de Nossa Senhora das Lágrimas.
     A Irmã Amália faleceu em odor de santidade na cidade de Taubaté, a 18 de abril de 1977.
     A festa litúrgica de Nossa Senhora das Lágrimas é celebrada no dia 8 de março.
 
Forma de Rezar a Coroa das Lágrimas:
     Começa-se com o Pai Nosso e a Ave Maria e continua-se:
 
Oração inicial:
     Eis-nos aqui aos Vossos pés, ó dulcíssimo Jesus Crucificado, para Vos oferecermos as lágrimas d'Aquela que com tanto amor Vos acompanhou no caminho doloroso do Calvário. Fazei, ó bom Mestre, que nós saibamos aproveitar da lição que elas nos dão, para que, na Terra, realizando a Vossa Santíssima Vontade, possamos um dia, no Céu, Vos louvar por toda a eternidade.
 
Nas contas maiores (que separam os grupos de 7):
     V. Vede, ó Jesus, que são as lágrimas d'Aquela que mais Vos amou na Terra,
     R. E que mais Vos ama no Céu.
 
Nas sete contas menores (grupos de 7):
     V. Meu Jesus, ouvi os nossos rogos,
     R. Pelas Lágrimas de Vossa Mãe Santíssima.
 
Nas três contas finais, repete-se três vezes:
     Vede, ó Jesus, que são as lágrimas d'Aquela que mais Vos amou na Terra, e que mais Vos ama no Céu.
 
Oração final:
     Virgem Santíssima e Mãe das Dores, nós Vos pedimos que junteis os Vossos rogos aos nossos, a fim de que Jesus, Vosso Divino Filho, a quem nos dirigimos em nome das Vossas lágrimas de Mãe, ouça as nossas preces e nos conceda, com as graças que desejamos, a coroa da vida eterna. Amem.
 
Jaculatórias finais (se devem dizer com toda a confiança):
– Por Vossa Mansidão Divina, ó Jesus Manietado, salvai o mundo do erro que o ameaça!
– Ó Virgem Dolorosíssima, as Vossas Lágrimas derrubaram o império infernal!
 
Fonte:
Renato Carrasquinho; Nossa Senhora das Lágrimas: Aparições, Mensagens e Devoção. Edição: Apostolado Internacional de Nossa Senhora das Lágrimas, 2017.

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