Diana de Andaló (abreviação do nome do nobre pai: Andrea Lovello), é uma
das mais características e simpáticas figuras das origens da Ordem Dominicana.
Ajudou na fundação do convento de Bolonha.
Quando São Domingos procurou um campo mais amplo para as atividades de
sua Ordem na Itália, elegeu de maneira muito especial a região da Bolonha,
porque previa que sua famosa Universidade haveria de prover-lhe as pessoas que
necessitava recrutar.
Diana, a filha única da família d’Andaló, uma piedosa jovem que desde a
chegada dos Pregadores havia escutado seus sermões com profunda emoção, apoiou
o Beato Reginaldo de Orleans, um dos padres pregadores mandados por São
Domingos a Bolonha, na compra da localidade de Vigne, ao lado da igreja de São
Nicolau, a futura igreja de São Domingos. Este ato ocorreu em 14 de março de
1219.
Em agosto do mesmo ano o Santo Fundador foi a Bolonha, e o próprio São
Domingos recebeu em particular, quase em segredo, os votos de Diana para
conservar sua virgindade, junto com um compromisso de ingressar na vida
religiosa tão logo quanto fosse possível.
Durante algum tempo Diana continuou vivendo em sua casa, porém às
escondidas de seus pais se levantava antes do alvorecer para rezar suas
devoções e praticar suas penitências. Diana pensava então que não teria maiores
dificuldades para convencer sua família a fundar um convento de monjas
dominicanas no qual ela pudesse ingressar. Mas, quando abordou o assunto com
seu pai, este se negou terminantemente a considerar aquela fundação e muito
menos autorizar sua filha a ser religiosa.
Diana decidiu fazer justiça por si mesma. Com o pretexto de visitar suas
amigas, foi ao Mosteiro das Cônegas de Ronzano, se entrevistou com a superiora
das agostinianas e tanto pediu e discutiu, que acabou por convencê-la a que lhe
impusesse o véu. Assim que seus familiares tomaram conhecimento do que havia
acontecido, foram a Ronzano decididos a tirá-la do convento a força, se fosse
necessário, e por certo o fizeram, pois na disputa quebraram uma costela da
desafortunada Diana, e a tiraram do convento arrastada.
De volta a casa, trancaram-na a chave, mas nada disto fez a valente
jovem desistir. São Domingos a consolou com cartas, hoje perdidas. Quando viu
restabelecida dos golpes recebidos, escapou e voltou a Ronzano. Desde então
seus familiares não voltaram a tentar dissuadi-la, pelo contrário, todos
acabaram por atender aos desejos da jovem.
O Beato Jordão da Saxônia ganhou a confiança do Senhor d'Andaló e de
seus filhos de uma forma tão completa, que entre todos fundaram um pequeno
convento para as monjas dominicanas.
Em 1222, ali se instalou Diana com outras quatro companheiras. Como
nenhuma delas tinha experiência na vida religiosa, foram chamadas quatro monjas
do convento de São Sisto de Roma para que as instruíssem. Duas destas monjas,
Cecília e Amada, ficaram desde então intimamente ligadas a Diana. As duas foram
sepultadas no túmulo de Diana, e as três foram beatificadas ao mesmo tempo em
1891.
De Amada nada se sabe e embora seu culto tenha sido autorizado para a
Ordem dos Pregadores, não está inscrita no Martirológio Romano. Mas Cecília,
que era da nobre família dos Cesarini e em todos os sentidos uma mulher
notável, é mencionada nele.
Quando Cecília era uma jovem de 17 anos e se encontrava no convento de
Trastevere, antes de se trasladar para São Sisto, se distinguiu por ter sido
das primeiras religiosas a responder aos esforços de São Domingos para reformar
as Ordens e foi ela quem convenceu a abadessa e as outras irmãs para que se
submetessem à Regra do Santo. Como foi Cecília a primeira mulher que recebeu o
hábito das dominicanas, era a indicada para governar o pequeno convento de
Santa Inês, em Bolonha, durante seus primeiros tempos de existência.
Diana foi mais tarde eleita superiora. Era uma verdadeira mãe para as
monjas.
O Beato Jordão sentia um afeto especial por aquela pequena comunidade
que ele mesmo havia fundado e além de suas frequentes visitas, manteve sempre
uma ativa correspondência com Diana. Com frequência dizia em suas cartas que os
rápidos progressos da Ordem podiam se atribuir às orações das monjas de Santa
Inês. Mas, por outro lado, constantemente lhes recomendava que não pusessem a
prova suas forças com penitências exageradas.
A Beata Diana faleceu no dia 10 de junho de 1236, quando tinha apenas
trinta e seis anos. Cecília a sobreviveu por muito tempo: morreu em 4 de agosto
de 1290, e era já anciã quando ditou a uma secretária suas recordações de São
Domingos. Nesse escrito aparece uma descrição muito gráfica do santo fundador.
Diana foi sepultada na igreja de Santa Inês, mas, 17 anos mais tarde os
seus restos foram transladados junto com o convento, que se instalou na cidade.
Cecília e Amada vieram depois a partilhar com ela a sepultura. O convento foi
suprimido em 1793, mas um relicário, na igreja dos Pregadores, conserva ainda
os restos das beatas.
Há uma biografia em latim da Beata Diana, encontrada no volume de H. M.
Cormier, La b. Diane d'Ándalo (1892). As cartas do Beato Jordão foram reeditadas
em 1925, por B. Altaner, en Die Briefe Jordans von Sachsen. A. Butler indica a
data da morte de Diana como 9 de janeiro, mas a inscrição no Martirológio e a
consulta em outros santorais fazem pensar que essa data não pode ser
considerada correta, mas sim a data 10 de junho.
Fontes: «Vidas de los
santos de A. Butler», Herbert Thurston, SI; www.santiebeati.it
Etimologia: Diana = celeste, luminosa, divina, do sanscrito
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