Dez anos mais tarde foi eleita Superiora
das monjas, que não tinham abadessa, pois dependiam do abade, que era então
Egberto (+ 1184), irmão de Isabel. Este sempre exerceu grande influência sobre
Isabel e foi seu conselheiro espiritual e seu primeiro biógrafo. Isabel tinha
ainda outro irmão, Rogério, premostratense, que foi preboste em Pòhlde
(Saxônia), e um sobrinho, Simão, que também se tornou abade de Schönau.
Recuperada de uma grave doença em 1152,
Isabel começou a ter visões e êxtases, durante os quais falava com Nosso
Senhor, Nossa Senhora e com os santos do dia. Às vezes seus êxtases duravam
semanas, e aos poucos debilitaram de tal forma o seu físico, que ela faleceu
com apenas 35 anos em Schönau no dia 18 de junho de 1164 ou 1165.
Em 1155, seu irmão Egberto, conhecido pelo
seu engajamento contra os cátaros, transcreveu as suas visões em latim. Egbert
incitou Isabel a pedir ao Anjo que lhe aparecia algumas explicações sobre
certas questões litigiosas. Eis a razão de Isabel ter várias visões que atestam
a realidade da transubstanciação, ponto sensível na luta contra os cátaros.
Entre os livros que escreveu estão Visões (três volumes), Liber viarum Dei e Revelações do
martírio de Santa Úrsula e suas companheiras.
Os três livros das visões tiveram larga
difusão durante a Idade Média. O Liber viarum
Dei compilado à imitação da Scivias
de Santa Hildegarda, se concentra quase inteiramente na necessidade da
penitência e de uma reforma moral da Igreja. As visões De resurrectione beatae Mariae Virginis tratam da Assunção de Maria
Santíssima, ou seja, a gloriosa trasladação da Mãe de Deus em corpo e alma da
terra ao céu. O Liber revelationum de
sacro exercitu virginum Coloniensium, escrito entre outubro de 1156 e
outubro de 1157, trata em termos legendários de Santa Úrsula e suas
companheiras. O primeiro livro é de uma linguagem simples que Isabel pode ter
usado, mas os outros empregam uma linguagem mais sofisticada que provavelmente
é de Egberto.
As opiniões divergem quanto às visões e
revelações de Isabel. A Igreja nunca se pronunciou a este respeito e nunca
mesmo as examinou. A própria Isabel estava convencida do carácter sobrenatural
destas, como ela o diz numa carta endereçada a Santa Hildegarda, da qual era
muito amiga e que a vinha visitar. Quinze cartas suas autênticas, das quais uma
a santa Hildegarda, chegou até aos nossos dias. Ela aí fala dos êxtases com que
Deus a agracia.
As suas obras eram, no seu tempo, mais
conhecidas do que as de Santa Hildegarda de Bingen, da qual apenas alguns
manuscritos chegaram até nós. Entretanto, numa leitura atenta das obras é
possível distinguir nelas a influência do irmão, Egberto.
As cartas de Isabel de Schönau, de
conteúdos variados, são dirigidas a bispos, abades, monjas, escritas de 1154
até o ano de sua morte, nas quais ela usa uma linguagem dura para estigmatizar
os vícios da época, linguagem que contrasta com a simplicidade de seu caráter
infantil, mostrando-se menos original que sua grande amiga Santa Hildegarda de
Bingen, a "profetisa da Alemanha".
Objeto de veneração particular já em vida
e mais ainda depois da morte, em 1584, no tempo de Gregório XIII, o nome de
Isabel de Schönau foi inscrito no Martirológio Romano sob a data de 18 de junho
«Schonaugiae, in Germania, sanctae Elisabeth virginis, ob monasticae vitae
observantiam Celebris» (Comm. Martyr. Rom., p. 244, n. 8). Depois o seu ofício
litúrgico foi inscrito na Diocese de Limburgo, que celebra a festa da santa no
dia indicado. Das relíquias da santa, profanadas pelos suecos em 1632, foi
possível salvar a cabeça, que é venerada atualmente na igreja paroquial de
Schönau. Santa Isabel de Schönau é invocada contra as tentações.
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