quarta-feira, 12 de junho de 2013

Chá da tarde: um costume que ajudou a unir um império

    
     O chá foi introduzido pela primeira vez na Europa pelo jesuíta português Pe. Jasper de Cruz, em 1560, e foi uma princesa portuguesa, Catarina de Bragança, esposa de Carlos II, que o introduziu na Grã-Bretanha. Na verdade, parte de seu dote consistia em um baú de chá da China.

     Uma apreciadora do chá desde a infância, a Rainha Catarina trouxe para a Corte o hábito de beber chá, ajudando a definir uma tendência entre a aristocracia da Inglaterra do século XVII. Da nobreza, o chá se difundiu entre as boas famílias e os níveis mais baixos da sociedade, tornando-se rapidamente uma bebida popular e nacional.
     Foi somente no final dos anos 1830, que a apreciação do chá na Grã-Bretanha atingiu o seu apogeu com a instituição da tradição social que veio a ser conhecida como o "chá da tarde". Este costume social foi fruto da imaginação de uma rica aristocrata inglesa, Lady Ana Maria Stanhope, esposa do 7º Duque de Bedford. Ela divertia seus amigos na Abadia de Woburn, no Salão Azul, e acreditava que o tempo entre o almoço e o jantar era muito longo. Assim, para atenuar as longas horas, ela concebeu a ideia de um chá da tarde e pediu que o chá fosse servido juntamente com um lanche leve de pão, manteiga, bolos, tortas e biscoitos.
     Por volta dos anos 1860, o chá da tarde havia se tornado moda e se generalizado. Era uma combinação elegante entre linho fino e prata de lei. O chá era servido na melhor porcelana da anfitriã e pequenas quantidades de quitutes saborosos eram apresentados em perfeita harmonia em pequenas baixelas.
     Esta crescente popularidade do chá da tarde coincidiu com a idade de ouro do Império Britânico e, portanto, da Inglaterra à Austrália, da Escócia à África do Sul, da Irlanda à Índia, senhoras e senhores paravam suas ocupações para desfrutarem juntos de alguns momentos de lazer refinado e conversa gentil durante o chá da tarde. Este costume social ajudou a unir os mais longínquos rincões do império, de modo que, assim como a pessoa do Rei ou da Rainha servia para unir o império no governo, assim também o chá da tarde os unia na tradição britânica e nas boas maneiras sociais.
     Apesar de não ser religioso em sua natureza, o chá da tarde forjou uma imponderável união metafísica, espiritual. Era um símbolo. Um símbolo elegante e visível da nação britânica.
    
      Admirando este refinado e elegante símbolo e tradição, o Professor Plinio Corrêa de Oliveira se perguntava se Deus havia designado um anjo da guarda só para inspirar, orientar e nutrir esse costume social. "Nesse caso", ele conjeturou, "poderíamos chamá-lo de ‘o anjo do chá das cinco’".

 
 
 
 

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