sexta-feira, 12 de junho de 2020

Venerável Maria Consolata Betrone, “Consoladora” do Sagrado Coração de Jesus


   Há 117 anos, nascia a “Consoladora” do Sagrado Coração de Jesus!
     Pierina Betrone, conhecida como Irmã Maria Consolata Betrone, nasceu em 6 de abril de 1903. Filha de Pedro Betrone e de Josefina Nirino, proprietários de uma padaria em Saluzzo, na província de Cuneo, e mais tarde gerentes de um pequenino restaurante em Airasca, na província de Turim. Pierina é a segunda de seis filhas nascidas do segundo casamento do pai.
     Aos 13 anos, a jovenzinha apressa-se para ir fazer compras à cidade. De repente, brota-lhe do coração uma intensa e particular oração: “Meu Deus, eu Vos amo!”. Aquela insólita emoção espiritual surpreende-a: para ela é o encontro com o Senhor.
     Nos seus apontamentos autobiográficos, anotará anos depois aquela experiência com a simplicidade e a frescura do momento que se tinha gravado para sempre dentro de si.
     A 8 de dezembro de 1916, Solenidade da Imaculada Conceição, Pierina consagra-se à Virgem. Ao receber a Sagrada Comunhão, o convite torna-se ainda mais explícito, pois sente distintamente em si as palavras: “Queres ser toda minha?”. Profundamente tocada pela graça, chora e “com o pranto, mesmo sem compreender a extensão da pergunta, responde: Sim, Jesus”.
     A 26 de fevereiro de 1917, a família Betrone muda-se para Turim: Pierina tem 14 anos e, no meio de provações familiares e espirituais, escrúpulos e tentações, insídias e sofrimentos interiores, terá de esperar até aos 21 anos para poder realizar a própria vocação. Até lá, para ela será verdade apenas aquilo que o profeta diz numa história análoga de divina sedução e de salvação da amada: “Atrai-la-ei a Mim, conduzi-la-ei ao deserto e falarei ao seu coração” (Os 2,16).
     É o retrato interior da jovem Pierina: conquistada outrora pelo Senhor, tem saudade de um ideal de perfeição, vive na lembrança de uma promessa e aguarda a sua realização.
Confidente do Senhor
     “Nada me atrai para as Capuchinhas”, tinha sido a observação de Pierina quando, depois de três tentativas falhadas de se consagrar em institutos de vida ativa, aconselhada pelo confessor Pe. Accomasso, tomou a decisão de entrar no Mosteiro das Clarissas Capuchinhas, em Turim. Pierina teve muito que lutar pela vocação. Viveu mesmo durante algum tempo sob dolorosa prova de espírito. Mas finalmente, a 1º de abril de 1929, festa do Patrocínio de São José, viu realizada a sua ardente aspiração: nesse dia entrava pelos um­brais do Mosteiro das Capuchinhas de Turim.
     Efetivamente, para além de uma particular propensão para a penitência, evidenciam-se nela outros três elementos peculiares do carisma seráfico: a pobreza, a vida comum e a alegria. A 28 de fevereiro de 1930, dá-se então a sua tomada de hábito com o nome de Irmã Maria Consolata. A Bem-aventurada Virgem Maria é venerada em Turim com o título de Consolata, isto é, consoladora dos aflitos.
     Para a jovem o novo nome indica, mais do que a sua missão, a sua própria existência: ser consoladora do Coração de Jesus e de todos aqueles que não são capazes de perceber ou de acolher o amor do Senhor. Segundo aquilo que ela irá pressentir, será “missionária, mas até ao infinito”. No dia da tomada de hábito, sente uma sugestão divina que lhe indica como: “Não te peço senão isto: um ato de amor contínuo”. E durante mais de 16 anos de vida claustral capuchinha, este será o fundamento sobre o qual se concentrará e unificará toda a sua pessoa, plasmando-a em cada instante da sua existência até ao “consummatum est”.
     No dia 8 de abril de 1934, Domingo de Pascoela, emite os votos perpétuos. No mosteiro, trabalha como cozinheira, porteira e sapateira. Quando, a 22 de julho de 1939, foi transferida para a nova fundação de Moriondo Moncalieri (Turim), será também enfermeira e secretária.
     A sua vida comum passar-se-á sempre num dia-a-dia penitente e abnegado, no cumprimento das tarefas que lhe são destinadas. Por isso o extraordinário da sua aventura dá-se inteiramente na intimidade do seu espírito. Autêntica contemplativa, entre Deus e ela está o mundo inteiro e cada criatura necessitada de misericórdia. Por graça, tornar-se-á, mais com o amor do que com a sensibilidade do dom místico, a confidente daquele Coração divino que é também perfeitamente humano, como o próprio Senhor lhe ensina: “Não façais de Mim um Deus rigoroso, pois Eu não sou senão um Deus de amor!”.
     Através de Consolata, Deus parece querer educar novamente o coração do homem na união com Ele: entre a criatura e o Criador não deve existir mais subordinação servil, mas sim intimidade. É este, essencialmente, o conteúdo espiritual da invocação “Jesus, Maria amo-Vos, salvai almas!”, característica do Pequeníssimo caminho de amor indicado pelo Senhor à humilde capuchinha para reconquistar para a graça e a misericórdia milhões de almas atormentadas pelo pecado, com um simples ato de confiança.
     Em particular, é ao Padre Lorenzo Sales (1889-1972), seu confessor e diretor espiritual desde 11 de setembro de 1935, que se deve o mérito de ter ajudado com sabedoria e discernimento a Obra de Deus escrita mais na vida da Irmã Consolata do que nas anotações do seu diário. Nesta Obra de misericórdia, ela será, por primeira, submetida a toda a prova, que requer da criatura a pura confiança n’Aquele que tudo pode. Consolata chegará ao ponto de gemer: “Sinto tumultuar em mim todas as paixões dos vícios capitais”. Mas o Esposo divino, neste martírio “até à última gota de sangue” para salvar o mundo, também lhe assegura: “Dado que sou a Santidade, tenho sede de a comunicar às almas... Tu, ama apenas. És muito pequenina para subir o cume: levar-te-ei Eu nos meus braços”.
Martírio de amor
     Em novembro de 1944, ela anota: “Há vários dias que a minha alma se deteve sobre esta frase divina: ‘Hóstia por hóstia’”. É assim que repete várias vezes, pela paz do mundo, pelos moribundos e por todas as almas, o oferecimento de si mesma em sacrifício de expiação, de verdadeira contemplativa que intercede por toda a humanidade. Em particular, aquele amor redentor que a tornava crucificada com o Crucificado era por aqueles que, tendo também eles sido chamados ao caminho especial do seguimento de Cristo, tinham faltado à fidelidade por se terem deixado vencer pelo pecado.
     A 9 de novembro de 1934, Consolata tinha escrito: “Jesus desvendou-me os sofrimentos íntimos do seu Coração provocados pela infidelidade de almas a Ele consagradas”. Entramos assim no frêmito mais profundo do seu mundo interior, aquele que a conduzirá com generosidade ao “cume da dor” e a uma maternidade ilimitada de almas a gerar para a salvação. Jesus e Consolata: juntos no amor, juntos na dor, juntos para devolver ao Pai, rico de Misericórdia, milhões de almas.
     A 24 de setembro de 1945, a Irmã Consolata pede meio dia de repouso e vai se deitar. A Madre Abadessa mede-lhe a febre: quase 39°! Há quanto tempo anda assim? Em junho de 1939, no meio do sofrimento, tinha-lhe escapado uma frase: “Custa-me morrer aos bocadinhos”.
     À sua oculta situação de doença e à rigorosa vida de penitência juntar-se-ão em breve também as privações dos anos da Segunda Guerra Mundial. Consolata sofrerá literalmente a fome, mas com a generosidade de sempre: transformará esta tragédia numa “ascética do apetite”! É o último ato de amor: aquele que lhe custará a vida. No Inverno de 1944, a sua cor cadavérica atraiçoa-a. Por obediência, submete-se a uma consulta médica. O diagnóstico do médico é “simplesmente”: “Esta irmã não tem doenças: está destruída”. A 25 de outubro de 1945, uma radiografia revela a catástrofe nos seus pulmões. A 4 de novembro vai para o sanatório.
     Ficará ali até 3 de julho de 1946, altura em que uma ambulância a trará de volta, consumida até ao impossível, para o Mosteiro de Moriondo. “Tudo acabou” para começar no Céu. Na madrugada do dia 18 de julho cumpre-se na transfiguração de uma única oração: “Eu Vos amo, Senhor, minha força”. (Sl 17, 2). Os seus despojos mortais repousam no cemitério de Monca­ Ueri.
Atualidade de uma mensagem
     Irmã Maria Consolata Betrone foi uma mística favorecida com locuções e talvez até com visões de Jesus. Ela refere-o pontualmente no seu diário, examinado atentamente pelo Padre Lorenzo Sales, Missionário da Consolata, inicialmente cético e desconfiado, mas que se tornou depois, por sua vez, divulgador da Obra do Senhor.
     “Humilde e grande, ativa e contemplativa, serena e atormentada, sofredora e cheia de alegria, Consolata levou uma vida linear, conciliando em si todos os aspectos contrastantes e unificando tudo no ardente amor de Deus. Tendo sido tentada, ela própria, por longo tempo e intensamente, mostrou uma delicada compreensão para com os pecadores, especialmente para com as almas consagradas que tinham prevaricado, e oferecia a Deus pela sua conversão todas as suas penas e dores, acabando por oferecer a sua própria vida”.
     No coração de um século votado ao pecado, ao ateísmo e, enfim, ao indiferentismo religioso, a mensagem da vida e da oração da Irmã Consolata Betrone sobressai pela sua evidente atualidade como reparação e antídoto para a cultura de morte espiritual do homem.
* * *
Jesus, Maria, amo-Vos, salvai almas!
     A importância desta breve, mas poderosíssima invocação pode-se compreender pelas palavras que Jesus inspirou à Irmã Maria Consolata Betrone, que lemos no seu diário:
     “Não te peço senão isto: um ato de amor contínuo, Jesus, Maria, amo-Vos, salvai almas. Diz-Me Consolata, que oração mais bela Me podes fazer? Jesus, Maria, amo-Vos, salvai almas: amor e almas! Que queres de mais belo?
     “Tenho sede do teu ato de amor! Consolata, ama-Me muito, ama-Me somente, ama-Me sempre! Tenho sede de amor, mas do amor total, de corações não divididos. Ama-Me tu por todos e por cada coração humano que existe. Tenho tanta sede de amor! Dessedenta-Me tu, tu o podes, tu o queres! Coragem e avante!”
     Jesus não pode ser mais explícito e a Irmã Maria Consolata exprime-se assim: “Assim que acordo, de manhã, começar logo o ato de amor e, com a força da vontade, não o interromper até adormecer à noite, pedindo que durante o meu sono o meu Anjo da Guarda reze em meu lugar… Manter este propósito, renovando-o constantemente de manhã e à noite. Passar bem o meu dia, sempre unida a Jesus com o ato de amor; Ele infundirá em mim a sua paciência, fortaleza e generosidade”.
* * *
TERÇO pelas almas ensinado por Nosso Senhor a Irmã Consolata Betrone

No início, rezar:
O Pai Nosso, a Ave-Maria e o Credo.

Nas contas do Pai Nosso, rezar:
Doce Coração de Jesus, sede meu amor!
Doce Coração de Maria, sede minha salvação!

Nas contas da Ave-Maria, rezar:
Jesus, Maria, eu Vos amo! Salvai as Almas!

No final do terço, rezar:
Sagrado Coração de Jesus, fazei que eu Vos ame cada vez mais! (3 vezes)

Fontes: Padre Lourenço Sales, O Coração de Jesus de Jesus ao Mundo, dos Escritos de Sóror Maria Consolata Betrone. Edição de 1952 – 252 páginas. 

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